Elara

— Como foi o dia de vocês? - perguntou Aaron, quebrando o silêncio.

Eu, ele e May estávamos jantando juntos, já que ele saiu do trabalho mais cedo.

— Muito bom. - sorri - E o seu?

— Muito chato. - disse May de boca cheia - O que? Meditar não é legal!

— Meditar não é para ser legal, May. - a repreendi - É um momento de paz e reflexão que precisa ter consigo mesma. Um dia vai aprender.

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— Bom, o meu dia foi muito bom também. Bom até demais. - Aaron parecia pensativo - Quer dizer, só alguns funcionários apareceram. Tínhamos uma reunião marcada, mas o Chanceler não estava presente.

Encarei Aaron intensamente. Como ele só veio me contar isso agora?

— Qual o problema? - May perguntou.

— Estamos sob ataque. - disse me levantando e puxando Aaron junto - Vamos, temos que tirá-lo daqui.

Não acho que foi coincidência, mas quando disse isso o vidro da janela estourou, seguido por tiros. Joguei Aaron no chão e liguei meu sabre de luz, May fez o mesmo. Desviávamos de cada tiro, porém eram muitos e uma hora alguém acabaria morto.

— Eu distraio eles. Tire Aaron daqui! - gritei para May.

— Mas...

— Vá!

Entrei na frente deles enquanto May levava Aaron para longe. Por um segundo, olhei para trás, para ter certeza de que tinham saído daqui. Grande erro. Fui atingida e derrubada no chão, e só então os tiros cessaram. A imagem que apareceu em minha frente me congelou. Depois de todos esses anos.

— Vejo que não mudou. Sempre tentando ser a heroína. - a voz abafada de Phasma soou mais grossa do que nunca.

— Capitã. - a cumprimentei com a cabeça - Vejo que mudou. Sua armadura está mais brilhante. O que fez com ela?

Ela veio pra cima de mim e me levantou, segurando o meu braço ferido. Gritei alto, a dor era quase insuportável. Quase.

— Não tenho tempo para suas piadas, Elara. - disse com raiva - Onde está o Senador Maven?

— O Senador? Pensei que estavam atrás da garota. - essa me pegou de surpresa. O que eles queriam com Aaron?

— A garota é problema do seu irmão. - sibilou, apertando meu braço com mais força - Onde está o Senador?!

Precisava ganhar tempo para eles encontrarem Mestre Leia.

— Você realmente acha que mesmo que eu soubesse, eu iria te contar? - sussurrei, desmaiando de dor - Oh Capitã Phasma, você é uma mulher tão ingênua...

Isso foi a gota d'água para ela. Ela bateu minha cabeça com força no chão e chutou minha barriga.

— Se não vai me falar - sussurrou no meu ouvido, me dando calafrios -, pode ficar aí, agonizando até a morte. Vamos, o Senador pode estar com a garota, devem estar escondidos no Templo.

Minha visão estava embaçada, via uma figura preta vindo até mim. E então se ajoelhou em minha frente e vi que era uma pessoa. Um homem. Ele me levantou em seus braços fortes e me carregou até meu quarto, me depositando na cama. Depois trouxe uma toalha molhada e a colocou em minha testa. Estava me ajudando. Rasgou a manga das minhas vestes, examinando o ferimento que o tiro causou. Fez uma cara feia e começou a limpar.

— Quem é você? - perguntei, a voz embargada.

— Sério? - deu uma risada rouca - Você continua descuidada, Ela.

— Heath?!

— Olá, Ela. Que bom te ver de novo, Joaninha. - ele sorriu. Sorri com o som do meu antigo apelido. Só ele me chamava assim, e apesar de fingir que não, eu adorava. Mas meu sorriso sumiu quando me lembrei do porquê de Heath estar aqui.

— O que você fez?

Heath suspirou, terminando de enfaixar meu braço. Seus olhos derrubavam lágrimas pesadas e eu podia ver que havia um confronto dentro deles.

— Heath, o que você fez?! - perguntei de novo.

— Eu não fiz nada, ainda. Mas você sabe muito bem o que eu vim fazer.

— Por que está me ajudando? Até onde sei, seu mestre me quer morta.

— Porque você é minha irmã! E por mais que não pareça, eu ainda amo você e não te faria mal nenhum - ele engoliu em seco -, mesmo que esse seja meu dever. Lembra? Fiz uma promessa de que não deixaria nada de ruim acontecer com você.

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— Você também prometeu que seríamos uma família. - falei, tremendo de raiva - Prometeu que não me abandonaria que nem nossos pais!

— Elara, por favor, estou tentando te ajudar...

Não perdi tempo. Peguei meu sabre de luz e liguei; ele estava preparado e fez o mesmo. As cores azul e vermelha refletiam nas paredes de vidro. Seus golpes eram rápidos e violentos, típico dos Sith. Eu tentava acertar sua mão para não matá-lo, mas ele parecia disposto a decepar minha cabeça. Ele estava prestes a acertar meu rosto, mas consegui bloquear o golpe.

— Podia ser diferente! Você poderia vir comigo, e então, seríamos uma família! - gritou.

— Eu não quero fazer parte dessa família! - disse, jogando seu sabre pela janela.

— Vá embora. Vá e nunca mais volte. E deixe Aaron em paz, não tem nada com isso. - minha voz saía exasperada - SAIA DAQUI!

Ele me lançou um olhar mortal, colocou seu capuz e saiu da minha casa.

Gritei de angústia, de raiva. De tristeza. Minha cabeça doía e eu queria desaparecer. Derrubei minhas cortinas, quebrei os vasos e chutei a porta. Me deitei no chão frio e chorei.

— Outro ataque de ansiedade, minha criança? - perguntou o fantasma do meu avô.

— Não. - disse me sentando na varanda - É um ataque de raiva mesmo.

Ele riu e sentou ao meu lado, olhando a cidade. Ela estava mais calma do que o comum.

— Você me lembra a sua avó as vezes. Sempre agitada, sempre com a necessidade de demonstrar seus sentimentos. Não importa eles quais forem. Mas também sempre gentil, não importa o que aconteça. Sua bondade as vezes lhe atrapalha, querida Elara.

— Ela também tinha a má sorte que tenho? - disse, soando mais grossa do que deveria. Mas ele achou graça mesmo assim. Dei um sorrisinho, feliz por ele estar ali. Mas então me lembrei de algo mas importante.

— May e Aaron! E-eu tenho que achá-los e...

— Eles estão bem, criança. - falou, calmo como sempre - Estão com Leia.

— Eu o vi. Estava bonito como sempre, mas seus olhos... - pensei em meu irmão - Eles não eram mais os mesmos. Estavam dourados.

— Sim, isso é um efeito do Lado Negro. - ele analisou meu braço - Ele te fez isso?

— Não, foi Phasma. - toquei as ataduras - Na verdade, foi ele quem fez os curativos.

— Ainda sente a necessidade de te ajudar. - Obi-Wan falou vagamente.

— Acredite, isso não nos impediu de lutar.

— Preciso ir agora, minha neta. Que a força esteja com você. - e desapareceu.

— Que a força esteja com você.

Me levantei e fui atrás dos meus amigos. Quando saí de casa me dei conta da destruição causada. Prédios em chamas, carros caídos, pessoas feridas. Caos. Fui correndo até o Templo Jedi, já imaginando o pior. Mas quando cheguei lá Aaron conversava com Leia e May estava sentada em uma maca, com band-aid na testa. Aaron, quando me viu, veio correndo ao meu encontro e fez algo inesperado: me abraçou, me levantando no ar.

— Ah, você está viva! Me falaram que Phasma te encontrou e que você estava ferida. - disse passando a mão na minha cabeça - Isso é sangue? Elara, o que aconteceu com seu braço?!

— Phasma fez questão de bater minha cabeça no chão, sabe, para deixar lembranças. - olhei para baixo - E sobre o meu braço... Bom, eu fui atingida, mas Heath limpou e fez curativos.

— QUEM?! - Aaron rugiu. Eu tinha visto ele alterado apenas algumas vezes e não queria ver de novo.

— Está tudo bem Aaron, ele não fez nada. - coloquei as mãos em minha testa - Por favor, não grite.

— Desculpe. - falou, me envolvendo em seus braços.

Respirei aliviada. Meus amigos não estavam feridos e eu não estava morta. Tudo estava bem. Não por muito tempo.