O Quinjet voou até o prédio da S.H.I.E.L.D.

Os Vingadores não demoraram a aparecer quando chegamos e invadimos o prédio. Foi uma luta complicada, principalmente pelo elo emocional que ainda havia entre alguns. Ver Scott e Hope lutando foi de partir o coração. Ou seria se eu tivesse presado atenção. Estava muito focada em um confronto contra Matt, o Demolidor. Tendo derrotado ele com uma flecha elétrica colocada na testa dele com minhas próprias mãos, fui a primeira do time do Capitão a conseguir entrar.

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Segui por algum tempo pelos corredores, com uma flecha pronta para atirar. Vários agentes da S.H.I.E.L.D. me cercaram. Foi quando ouvi uma voz atrás de mim.

— Deixem-na comigo. — Era minha mãe, Natasha.

Tudo o que eu queria era abraça-la com força. Depois da morte de Elinor, eu não via a hora de reencontrar minha outra mãe e passar com ela o tempo que não consegui com a que se foi. Minha mãe caminhou em minha direção. Não consegui apontar a flecha. Os agentes da SHIELD se afastaram e nos deixaram a sós. Ela correu e me abraçou. Larguei minhas armas e a abracei.

— Ela se foi, mamãe... e eu não pude salva-la. — Falei.

— Eu sei, filha. Ela chegou a me contar que estava partindo. — Contou, acariciando meus cabelos, enquanto uma lágrima escorria em meu rosto — Eu senti tanto a sua falta, Merida.

— Também senti a sua. — Admiti.

— Venha comigo! Não precisa continuar nessa luta sem sentido. Já está registrada mesmo! Conversarei com a SHIELD para diminuir sua penalidade pelos erros que seu pai a fez cometer.

Foi quando tudo ficou claro. Ela ainda estava em guerra. Ela queria que eu lutasse contra algo que eu não acreditava, só porque ela achava certo. Mas eu não faria isso. Me afastei do abraço e peguei meu arco e a flecha que deixei no chão.

— Mãe, você não entende. Talbot, Ross... eles não são quem vocês pensam que são. Eles são alienígenas querendo nos dividir para invadir o planeta.

Ao invés de surpresa, minha mãe me encarou com estranheza.

— Essa é a história mais absurda que já ouvi.

— Por favor, mãe! Olhe ao redor! Pense nas coisas que já te aconteceram! Nova York em 2012, antes de meu nascimento. Não é como se não existissem alienígenas.

— Merida! — Disse outra voz.

Era meu pai, Clint.

Apontei a minha flecha para minha mãe.

— Me desculpe, mas eu sei muito bem de que lado eu estou. — Afirmei.

— Princesa... não precisa fazer parte disso. — Ele insistia.

Então, ele atacou minha mãe, e eles começaram a lutar. Era como um pesadelo diante dos meus olhos. Um pesadelo terrível. Tentava pensar em como Lion era minha família agora, mas nada adiantava e eu continuava sofrendo.

— Eu amo vocês!

Gritei, o que chamou a atenção deles. Então, dei as costas e comecei a correr, mas minha mãe me deu um tiro de choque com as mordidas em uma de minhas pernas, me derrubando.

— Eu sinto muito pelas coisas terem que ser assim. — Respondeu ela.

Meu pai correu até mim e me ergueu, beijando minha cabeça.

— Você está bem? — Ele perguntou.

— Preciso ir atrás do Talbot. Tenho uma câmera no meu traje que a Danvers me deu. Se eu conseguir nocauteá-lo, ele volta a sua forma original.

— Não se preocupe. Corra, e eu cuido da sua mãe.

Concordando com a cabeça, segui para o escritório do diretor, pelas escadas de incêndio, o que foi cansativo. Tive que lutar contra diversos agentes, o que foi complicado, mas não os matei. Ao derrubar uma porção de agentes da escada e nocauteá-los, me sentei no chão e respirei fundo. Naquele momento, fechei os olhos e comecei a pensar. Quando tudo acabar... minha família vai voltar? No fim de tudo, meus pais vão se reconciliar? Será esse o fim de tudo ou um recomeço?

Naquele momento, meus olhos se encheram de lágrimas. Comecei a pensar se meus pais estariam presentes no meu segundo casamento. Pensei se meu pai me levaria ao altar se minha mãe estivesse lá. Pensei se minha mãe elogiaria meu vestido se meu pai estivesse me esperando para começar a cerimônia. Me perguntei como eles se relacionariam com meus filhos.

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Sim, pela primeira vez eu pensei em filhos.

Mas antes que eu pudesse me aprofundar em temas como que nome eu daria a eles ou se eles teriam meus cachos ruivos, uma voz me chamou.

— Merida?

Quando me virei, já apontando uma flecha, dei de cara com uma Melinda May de rosto um tanto enrugado e alguns cabelos brancos, mas trajada com o uniforme da SHIELD.

— Não se mova, ou eu...

— Eu não quero lutar, minha criança. Quero apenas conversar.

— Tentar me fazer voltar à razão?

— Talvez.

Abaixei a flecha. Ela se aproximou e se sentou ao meu lado, quando um agente ameaçou acordar. May sorriu e bateu a cabeça dele contra a parede, me fazendo rir.

— Não vai me fazer mudar de opinião.

— Eu sei. — Ela respondeu, calmamente — Meri, até eu sei que tem algo errado.

— Você conhece a Danvers?

— Já a vi algumas vezes. Ela sabe de alguma coisa?

— Sim, ela disse que o Talbot não é o Talbot. É um alienígena.

— Skrulls... os dados da SHIELD dizem que eles são do bem!

— Ah, qual é?! Existem pessoas boas e ruins de todos os tipos, raças e origens.

— Okay, isso faz sentido. Fury confiava nela, Coulson confiava no Fury e eu confio no Coulson. Acho que automaticamente confio na Danvers.

— Estranho, você não parece surpresa.

Com isso, ela soltou a sugestão de uma risada.

— Eu já sabia que tinha algo muito errado.

— E você já teve contato com aliens antes, não é?

— É, eu já tive. — Ela respondeu — Vamos ter que tomar uma atitude.

— Vai me ajudar?

Então, May sorriu, apoiando a mão em meu ombro.

— Pode contar comigo, Valente.

Com um sorriso confiante, me levantei e preparei mais uma flecha. Naquele momento eu me lembrei de quando minha mãe cantou pra mim uma vez, anos atrás. Me lembrei de cada palavra sobre autoconfiança e liberdade que ela já disse a mim. Com isso, sorri e murmurei:

— O frio não vai mesmo me incomodar.

— Disse alguma coisa? — Perguntou May, que já havia seguido escada a cima e estava alguns degraus a minha frente.

— Nada não! — Respondi com um sorriso, a seguindo.

Então continuamos seguindo escada a cima. Volta e meia, meia dúzia de agentes apareciam para lutar comigo e com May. Era incrível como ela permanecia em forma apesar da idade. Era a senhorinha mais forte que eu já havia visto lutar. Subimos pelas escadas de incêndio de paredes cinzas escuras e acabamos com vários agentes, até chegar no último andar, o vigésimo. Eu estava com tanta adrenalina que nem senti a subida. Mas May estava parecendo ofegante.

— May! Você tá bem?

— Eu não tenho mais vinte e dois anos, Merida.

— Mas quebra mais caras do que muita gente da minha idade. —Brinquei.

May riu, se erguendo novamente.

— Acho que eu ainda sou a Cavalaria.

Com isso, nós duas saímos da escada de incêndio e entramos no andar. O prédio era bem bonito e moderno, apesar de não ser o prédio principal da SHIELD. O principal fica em Washington e é muito maior. Mas o diretor Talbot decidiu passar um tempo em Nova York pra resolver problemas dos Acordos de Sokovia, ou LRS, os dois são a mesma coisa no final. May segurou meus pulsos e começou a me levar como se eu estivesse presa. Isso me fez questionar:

— Isso é um disfarce para vê-lo?

— Exatamente.

Mas então, ela me algemou. Uma algema bem tecnológica que dá choques se eu resistir. Não precisei testar, já a conhecia. Então, ela me levou até o escritório. Talbot estava de pé na frente de algumas telas. Então, ela segurou meu braço e esperou o diretor. O mesmo se virou para nós duas e sorriu.

— Vejo que a trouxe pra mim, assim como foi solicitado.

— Foi fácil. Foi só fingir que estava do lado dela. E ela acreditou facilmente.

Aquilo me deixou sem chão. May havia mentido pra mim?! Ela realmente mentiu pra mim? Na verdade... até fazia sentido. Ela era muito amiga de minha mãe e talvez houvesse feito isso por causa dela. Fazia sentido também. Mas eu não queria acreditar.

— Você é basicamente a minha madrinha! Como pôde me enganar?!

— Você é uma criminosa agora, Merida. Ordens são ordens.

Aquilo me frustrou, não por ela ter me traído, mas por eu ter confiado nela. Talvez eu confiasse demais nas pessoas. Mais do que eu devia. Como confiei naquela bruxa anos atrás nas minhas falsas memórias. Uma lagrima escorreu por meu rosto quando me dei conta do que havia acontecido. Uma pessoa que eu achei que nunca mentiria pra mim, me atraiu para uma armadilha.

— Perfeito. — Disse Talbot, caminhando até mim — Ah, Srta. Barton, teria sido tão infinitamente mais fácil se você tivesse ficado na Escócia com seu namoradinho.

— Não é com facilidade que se salva o mundo.

— Salvar o mundo? Eu é quem estou tentando salvar o mundo! Pondo sob controle a ameaça dos que se autointitulam “heróis”. Acha mesmo que podemos confiar em qualquer um que veste uma máscara e sai por aí combatendo o crime? Você chama de “heróis”, eu chamo de “vigilantes”.

— Esses “vigilantes” conquistaram a confiança do povo mais do que vocês! Protegemos pessoas de ameaças que vocês jamais seriam capazes de enfrentar. Porque vocês são limitados por protocolos.

— Limitados por protocolos? Protocolos impediriam Stark de criar o Ultron! — Ele esbravejou com fúria.

— Mas os protocolos não impediram vocês de criarem Aida!

May me encarou com os olhos arregalados, espantada. Talbot parecia confuso, como se não se lembrasse do que havia acontecido. Com aquilo, eu sorri. Um sorriso muito diferente do habitual. Mais sinistro e sombrio do que eu já tinha mostrado em qualquer momento.

— Que estranho você não se lembrar! — Comentei, com o mesmo sorriso sombrio e um tom um tanto ríspido — Dasye me contou uma vez. A mim, Krys e o filho dela, Neo. Ela disse que a SHIELD queria desenvolver uma IA e tudo saiu do controle. Ela era pior que o Ultron. Ia transformar a Terra numa Matrix. Qual era mesmo o nome? Era... Estrutura?

— Eu não sei do que você está falando.

— Por que será que isso não me surpreende? Você não é o Talbot! Você é um alienígena que tomou o lugar dele. Um Skrull.

Com isso, o falso Talbot começou a rir. Mas por algum motivo, eu estava sorrindo! Nem eu sabia o porquê. Tudo estava caindo, meu mundo estava desabando, e eu estava sorrindo! Parecia que eu estava confiante de que no final tudo daria certo. Eu tinha fé. Fé no Deus que Lion me fez crer. Fé no amor que meus pais ainda nutriam um pelo outro. Fé na união entre os Vingadores. E fé em mim mesma.

— Você só pode estar louca! Delirante! Parece que afetou seu psicológico a divisão dos seus colegas de trabalho.

— Colegas de trabalho? Os Vingadores são uma família! Coisa que vocês, agentes da SHIELD, nunca vão entender. Nunca!

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— Uma família? Então por que estão brigando? Quanto aos seus pais? Estão de lados opostos, não? Sabia que sua mãe pediu que a chamássemos pelo nome de solteira? Ela deve ter pedido o divórcio, provavelmente.

Meu coração ardeu. Eu não sabia se estava triste, frustrada, decepcionada...

Ou se sentia o mais puro ódio.

Com o amadurecimento, aprendi a não odiar as pessoas. A faculdade de psicologia fala muito sobre pontos de vista e subjetividade. Sobre entrar na loucura do outro para o entender. E isso me ajudou a não odiar ativamente cada um que foi atingido por minhas flechas. Mas naquele momento, eu senti. Senti aquela repulsa e fúria. Aquele desejo de ver o coração do outro parar de bater. Aquele desejo de repetir o que fiz com Jen e acertar uma flecha bem na garganta dele.

Quando eu abriria a boca para responder, o sistema da sala foi invadido e os computadores começaram a bugar. As portas selaram e foram lacradas. Foi quando eu notei que já fazia um bom tempo que Mey não estava mais atrás de mim. Ela estava na frente dos computadores. Havia feito alguma coisa.

— Agente Mey! O que você fez?!

— O que o Coulson faria. — Ela respondeu, em seguida, apertando um botão no pulso e me libertando.

Aquilo me fez sorrir. Ela estava ao meu lado! Aquilo foi um imenso alívio. No final, valeu a pena confiar nela. E eu estava feliz por isso.

Talbot soltou uma risada e falou.

— Logo os melhores agentes da SHIELD vão estar aqui. E vão defender seu diretor.

— Já cuidei disso. — Respondeu May — Valente, acho que somos nós duas contra ele.

Com um sorriso um pouco animado e um pouco sombrio, respondi:

— Com prazer.

Então, a luta começou. Ele era muito bom em combate e parecia em forma, o que não era compatível com sua idade. Houve uma certa desvantagem de minha parte por arco e flecha não ser muito prático em uma luta corpo a corpo. Mas com um botão, meu arco se tornou uma espada, e eu consegui ganhar uma certa vantagem. Mas então, ele sacou duas armas e ficou ainda mais difícil lutar, mas May também tinha armas e em outro movimento, meu arco volta a ser arco.

Foi só aí que eu consegui acertar uma flecha, bem no ombro dele. Não havia exatamente errada, mas antes ele estava tão perto que desviava meus braços com arco e tudo. Quando nos distanciamos, foi mais fácil o acertar. Acho que se eu usasse armas de fogo, eu seria uma sniper. Estou bem mais para isso. Por fim, as balas dele acabaram e ele arregalou os olhos e soltou as armas. Então, me ergui, com um olhar frio.

— Ninguém invade o meu planeta.

Por fim, acertei seu peito, e como previsto, sua pele ficou verde e sua fisionomia mudou. Carol estava falando a verdade. Valeu a pena confiar nela. Então, com um sorriso calmo, me virei para Mey e disse.

— Acabou.

Mey se colocou ao meu lado e apoiou a mão em meu ombro.

— Deve ser duro. Matar alguém de novo.

— Eu não sei o que os levaram a isso. Mas eu quero que isso acabe e logo. — Então, toquei a câmera presa no meu traje, minúscula, como um boton no meu peito — Agora é só compartilhar.

— Não se preocupe. Eu, Carol e Dasye tínhamos tudo arquitetado.

Então, olhei para ela, confusa.

— O que quer dizer?

— Dasye começou a transmissão em diversas redes sociais assim que nós duas entramos aqui. Sim, eu já sabia de tudo. Mas eu não podia confiar no seu nível de atuação. Não sei o quão boa atriz você é.

Foi então que a porta abriu, e uma radiante agente Johnson entrou, com um tablet transparente em mãos.

— Mandaram bem! As pessoas já estão comentando. O governo ainda não deu uma resposta sobre os Acordos de Sokovia, mas provavelmente essa lei vai ser revogada.

— Bem, embora eu apoie um acordo entre as partes, ela ser revogada também não seria ruim. — Respondi.

— Achei que você fosse um arauto da liberdade, Valente! — Dasye comentou.

— Verdade! Depois de toda a sua história... acredita em um acordo entre as partes? — Perguntou May.

— Eu acho que eles só precisam se ouvir. — Respondi — Melhor a gente ir descendo. Lá embaixo deve estar uma confusão.

Então, concordamos e fomos para o elevador. No caminho, vários cientistas se aproximavam e começaram a avaliar o diretor farsante. Outros olhavam para nós três com certo respeito. Então, descemos pelo elevador principal e saímos pela frente. Eu mal podia esperar para ver os outros, e mal esperava para ver meus pais se reconciliando, e principalmente, mal esperava para ver Steve e Tony entrando em consenso.

Quando chegamos, minha mãe estava com meu pai nos braços, extremamente ferido. Os outros Vingadores haviam parado de lutar, mas Krys, Steve e Stark não estavam lá. Corri até os dois e me ajoelhei, quando vi a ambulância chegar.

— Mãe! Pai! Vocês viram a transmissão?

— Stark viu, e avisou aos outros. — Respondeu meu pai, que parecia abatido por ter perdido sangue. Ele tinha uma marca de tiro na barriga, e minha mãe também tinha vários ferimentos.

— E onde ele está? — Perguntei — Cadê a Krystal?

Meus pais se entreolharam, mas logo meu pai soltou um gemido de dor e eu segurei sua mão, preocupada.

— Pai, não se preocupe. Vai ficar tudo bem. — Confortei — Cadê o Steve e o Tony? E onde está a Krys?

Minha mãe soltou um suspiro. Então começou a contar.

— A transmissão não foi a única coisa que o Tony recebeu. O amigo do Steve, o Barnes... foi ele quem matou os pais do Tony.

Arregalei os olhos e cobri o rosto. Não podia acreditar. Krys disse para que eu acreditasse nele! Não fazia sentido!

— Mas... Steve confia nele! O que...?

— Parece que Barnes estava sendo controlado quando fez isso. Mas Stark continua furioso. — Então, houve uma pausa, e ela continuou — Krys foi defender o pai.

Naquele momento, fechei os olhos e orei por proteção a ela, em silêncio. Estava com medo de algo atingir minha amiga. Estava com medo de perdê-la e nunca mais a ver! Então me senti de certa forma aliviada quando ela desceu a escada principal.

Banhada em sangue e com o escudo de seu pai.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.