Digital Love
Humano.
—Senhor?-A voz melodiosa de Jarvis soou suavemente insegura.
—Senta aí-Tony estava sentado no terraço deserto da Torre dos Vingadores. Havia chamado Jarvis para ter uma conversa com ele mesmo não sendo dado a seriedades, uma vez que deixava isso para o chato do Cap Steve, reconhecia que não poderia adiar a conversa, não com o ex-AI sabendo de tudo que sabia. O bilionário sentia-se nu, exposto. E não tinha a menor pretensão de prosseguir com essa sensação.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!O menino sentou-se, ajeitando a roupa folgada no corpo.
—Lembre-me de mandar Pepper arranjar algumas roupas para você, magrelo- Brincou, tentando suavizar ao máximo o nervosismo que o consumia.
—Sim, senhor- O jovem sorriu-lhe, tímido, a face rubra. Era... Adorável.
Mas o que diabos estava pensando!
Tony soltou uma bufadela, ainda surpreso pelo caminho que seus pensamentos o levavam e sorveu um grande gole do Martini que descansava em um copo ao seu lado.
—Então... -Anthony inclinou a cabeça para um lado-Você lembra-se de tudo?
—Sim, senhor- Assentiu-lhe, sério-Desde quando o senhor me criou até agora.
—Sinceramente não me chame de senhor-Riu um tanto perante a expressão de pasmo do garoto-Tony basta. Devia saber.
—Mas o senhor... -Ele corou mais-O senhor sempre disse que devia o chamar de senhor, estava no meu HD e...
—Você é um humano agora, com todas as implicações chatas e inúteis-Fez um gesto de tédio com a mão-Não tem senhores.
—Mas... Mas... -Jarvis o olhou, perplexo-Eu...Isso significa que eu não posso mais o ajudar? Eu gostava de trabalhar com o senhor. Eu quero. Esse é o termo? E todos o chamam de ‘Tony’. Eu fui criado para o servir e não quero que isso acabe, por favor meu senhor, por favor- O jovem rapaz parecia a beira das lágrimas, o olhando, suplicante, como se de repente o seu mundo estivesse desmoronando.
Primeiramente Tony ficou confuso. E logo depois entendeu.
Jarvis tinha corpo de humano e só. Suas diversas concepções de mundo ainda não eram humanas, eram de um AI. Ele de fato fora criado para ser um servo, para obedecer e ter um mestre, como AI não foi feito para a liberdade e nem sabia o que ela era, dessa forma, não a queria. Sem falar que nunca tivera sentimentos, sempre preso em um estado de absoluta placidez, logo, qualquer emoção que o atingisse seria naturalmente... Arrebatadora.
Mesmo assim, a ideia do jovem ser apenas um...Servo ou uma casca vazia, o enchia de repugnância. Ter um serviçal digital era uma coisa e ter um humano sem liberdade era outra totalmente diferente. Tony não queria aquilo e nunca iria querer.
No entanto... No entanto o pobre menino estava quase implorando e por algum motivo que Tony desconhecia, a possível imagem do rapaz em lágrimas fazia seu coração doer e falhar uma batida.
Decidiu então cuidar dele.
É, isso mesmo. Iria fazê-lo, suavemente, desejar a liberdade. Não o trataria como um AI e sim como um ajudante até que o mesmo se sentisse seguro e quisesse tomar as rédeas da sua vida.
Uma ótima ideia, digna do gênio que Tony era.
O ensinaria a ser um humano.
Quis rir, ele não era exemplo para ninguém, a vida o estava pregando uma peça realmente irônica.
—Hey, baby, acalme-se-De maneira desajeitada, envolveu o corpo frágil do menor em um abraço zeloso-Está tudo bem. Você pode continuar a ser meu ajudante, não vejo problema.
—Mesmo?-Indagou choroso. Tony teve que admitir para si mesmo que não havia algo mais adorável do que aquele menino. Oras! O garoto transbordava inocência!
—Mesmo-Tentou seu tom de voz mais doce. O mesmo que se utiliza ao falar com um animal selvagem assustadiço. -No entanto, realmente não quero que me chame se senhor. Chama-me de outra coisa, ok? Você não tem senhores agora e nem deve querer ter.
O menino soltou um gemido frouxo que fez o coração do bilionário derreter mais um pouquinho.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!—Anthony Edward?-Murmurou timidamente-Eu posso chama-lo assim? De Edward?
Agora foi a vez de Tony corar, ele pigarreou e gentilmente se desvencilhou do menino. Ninguém o chamava assim... Mas aparentemente, essa era a intenção do AI, chama-lo por um nome que só ele utilizaria a famosa exclusividade.
Sorriu, bagunçando os cabelos castanhos do jovem.
—Com certeza Jarvy-Usou o apelido costumeiro do ex-AI-Você é um baita de um menininho astuto. Será que vou ter que o batizar de Jarvip?
—Isso não soa bem-Negou envergonhado -E eu não sou um menininho! Sou tão velho quanto o senho... Você.
—Que eu saiba você só tem, oficialmente, um dia e meio de vida como um humano-Zombou, porque Tony Stark sem zombarias não era Tony Stark.
O menino franziu o cenho, fazendo bico.
—Isso é uma... Calúnia-Decretou solene.
—Está aí uma acusação grave, pirralho-Anthony cruzou os braços, fazendo-se de irritado.
—O que os dois estão tramando aí?-Uma voz interrompeu a conversa.
Natasha os olhava de braços cruzados, batendo o pé no terraço da Torre.
—Só estamos conversando, senhorita Romannoff- O menino sorriu repleto de vergonha.
‘’Ele vai ser um daqueles adolescentes tremendamente tímidos’’ Tony previu, olhando para o rapaz. Nunca teve esses problemas com timidez, na verdade, o problema sempre foi a falta dela.
A ruiva abriu a boca, chocada.
—Ele é adorável Tony- A mulher franziu as sobrancelhas-Venha cá, rapaz. Não deixe que o maldito Stark o macule com suas bebidas e tiradas sarcásticas.
Tony revirou os olhou terminando de sorver o líquido do copo qual desceu agradavelmente quente na garganta.
O menino corou mais, o rosto em tom permanente de vermelho.
—Eu vou ficar com... - Olhou de esguelha para Anthony que fez um gesto de tédio com a mão.
—Vá com ela, já terminei o que tinha para falar com você-Sorriu com leveza, ciente de que tinha que ser leve como uma pluma para não assustar o menino inseguro-Os outros vão querer falar com você um pouco também. Só garanta que eles não vão arrancar de você os meus segredinhos sórdidos.
—Oras!-Natasha aproximou-se, pegando o menino pelo braço-É exatamente isso que queremos! Venha Jarvis, compartilhe comigo os segredos sujos da Lata-Velha.
O menino corou e saiu junto com a ruiva tentando explicar que não sabia de nada.
Tony suspirou, aliviado. Tinha chamado Jarvis para garantir que ele... De alguma forma, ainda lhe era fiel o suficiente para manter só entre eles as coisas que compartilharam.
Acabou-se que o menino lhe era fiel demais. E por tudo que era sagrado, Tony iria resolver isso.
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