Love, Love Day

Dakota

O homem loiro olhou com suas órbitas azuis intrigado para o sobrinho.

Você quer meu carro emprestado? – o loiro de músculos salientes perguntou um pouco desconfiado, pois normalmente o mais novo não gostava de dirigir.

Boris olhou para o sobrinho com olhos estreitos.

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Não era de hoje que o professor notava que o menor estava há agir um pouco estranho. Saia quase todas as tardes e fins de semanas e era muitas vezes em que voltava com um grande sorriso que fazia seus olhos brilharem. Boris sempre soube que o adolescente surfista seria um conquistador de pobres corações das moças; sempre fora um galanteador desde pequeno. E por tal, achava que suas saídas remetiam a isso. Contudo, nada explicava aquela expressão pura de contentamento e felicidade. O professor de Sweet Amoris não tardou a descobrir a razão. Era sim uma garota, mas uma que era especial demais para Dakota— ou Dake como preferia ser chamado –, pois a mesma conseguira enlaçar o coração do surfista de uma forma profunda. Ao ponto em que Dake até mesmo mudara a sua natureza galanteador; esse aspecto que apenas era dirigido para sua namorada.

Ah, sim! Dake namorava, e apesar de não contar, Boris sabia.

E também muito queria conhecer a garota.

O mais velho sorrira jovialmente.

— Bem, aqui está sobrinho. – entregou-lhe as chaves do carro e aproveitando e segurando a mão igualmente bronzeada do loiro tingido. Aproximando-se, continuou: - E quero conhecer logo essa sua namorada, hun!

Piscando-lhe um olho, Boris saíra da garagem da cada deixando um atordoado garoto para trás. Não tardou para que Dake soltasse uma gargalhada. É claro que o tio descobriria, pensou adolescente abanando a cabeça com diversão. Admitia que subestimou o tio um pouco, esquecendo-se que o licenciado poderia ser tão perspicaz quanto si quando era a família envolvida. Fizera uma promessa silenciosa que apresentaria seu tio a sua linda garota dos olhos ambíguos.

Dake não demorou em colocar no carro todas as coisas que preparara para aquela tarde onde passaria na companhia de sua amada. Aradna. A menina bagunceira e de língua ferina tornou-se seu mundo, mostrando toda a ironia do mundo que constantemente lhe desafiava. Primeiro de tudo, Aradna era hidrofóbica, ou seja, o mar seria uma das últimas coisas em que a garota se aproximaria; ao contrário de Dake que adorava a água salgada e as coisas mais belas que a mesma escondia em suas profundezas.

Além disso, Aradna não era fã de gente tatuada e era contra marcar o corpo de qualquer forma; o surfista deveria já ter umas três tatuagens tribais pelo corpo. Sem contar que Dakota não se dava bem com gente ‘fresca’ demais ou como se agisse que o mundo era feito apenas de roupas da tendência. Resumindo, Aradna e Dake tinham tudo para estarem em pólos opostos e nunca se encontraram.

Mas novamente, o mundo adorava uma boa ironia.

Quando o jovem surfista havia sido convidado para uma ação beneficente – em prol dos animais em extinção – da própria cidade pelo seu tio Boris; a pessoa que menos Dakota esperava encontrar nesse tipo de evento seria Aradna. E muito menos pensar que ela seria a mais ativa durante o evento, que mais tarde o loiro descobrira que era promovido pelos próprios pais da garota.

Em pouco menos de tempo que Dake achou não ser possível, mas ele e Aradna conseguiram engatar em conversas que evoluíram a troca de números e email; sem contar os encontros entre os dois começara a ser mais e mais frequentes. Todavia, não se poderia deixar de lado a personalidade de cada um, assim somando em diversas trocas de palavras afiadas e então algum gesto ou dizer que deixado um ou ambos envergonhados. E em meio aos gestos inconscientes, o cortejo de Dakota - que o mesmo só pode notar que fazia tal coisa pouco tempo de ter a oportunidade de trocar o primeiro beijo com a garota. Logo então, Aradna se tornara a sua garota definitivamente.

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Dakota mesmo sabia que os dois formavam um casal inusitado. A maioria de seus amigos nunca imaginou que as aquelas duas pessoas que viviam na garganta um do outro quando tinham oportunidade – e agora estavam juntos, como um recém casal muito enamorado que queria aproveitar aquela data da melhor forma possível. O loiro teria a certeza que a namorada pudesse ter um belo resto de tarde depois de muito Aradna se estressar na parte da manhã.

Sorrindo com o pensamento de agradar a dona dos cabelos ondulados e olhos entre um azul e verde; nem um nem outro. O australiano parara o carro emprestado do tio, sendo cuidadoso antes de literalmente saltar do carro e dirigir-se ao estabelecimento de fachada com vitral colorido e paredes em tons de marrom com um amarelo areia dando detalhes adicionais. O lugar em si era belo e grande; o cheiro de doces – principalmente os chocolates – tomou as narinas do homem de pele bronzeada.

Era notável, Paradise’ Chocolats estava apinhada de pessoas.

Dispensando habilmente um atendente que parecia prestes a correr do amontoado de pessoas na loja – e Dake maldosamente tivera que conter um sorriso devido a isso –, o surfista navegou por entre as prateleiras e escolhendo com sabedoria as caixas na qual levaria. Não se importava muito com o preço das coisas naquele momento. Além disso, sabia quase de cor todo o estabelecimento devido a ser um dos melhores amigos dos donos da doceira. O mesmo em que encontrara no caixa – mesmo o outro também sendo gerente – e Dakota não pode deixar de notar o olhar distante e desconfortável do moreno.

Charli visivelmente estava estranho.

— Então, pra que todos esses chocolates? – indagou Charli como se para descontrair o clima imposto entre os dois. Dake sorriu.

— Ah, para alguém especial. – disse com um sorriso bobo que fez com que Charli um tanto surpreso e curioso já que nunca vira o loiro tingido daquele jeito. – Você sabe que comecei a sair com uma garota recentemente, então, as coisas deram mais certo que o esperado.

Estão namorando?!— Charli não pode conter a incredulidade presente em sua voz, coisa que fez o outro gargalhar. Não era segredo que Dakota era conhecido por ser galanteador demais.

— Sim. – maneou a cabeça ainda divertindo-se com a reação do amigo. Então, uma seriedade tomou conta de seu rosto, incaracterístico. – Aconteceu algo Charli? Sua cara não me parece boa.

— Nada, só pode ter agido como um idiota que eu sou. Novamente.— comentou o moreno dando de ombros enquanto contabilizando a compra do maior. – Nada que não irei resolver, eventualmente.

— Se você diz, mas se precisar não hesite em me chamar. – contou e não querendo pressionar o outro rapaz a falar mais alguma coisa. Sua mente já clicando nos possíveis cenários para que seu amigo tornar-se deprimido.

— Obrigado. – agradeceu depois de embalar as compras. – São no total de € 62,92... Cara, você não economizou, não?

— Por Aradna? Não, não realmente. – o loiro pagou ao amigo tomando as compras em mãos. – Ainda irei os apresentar.

— Sim, adoraria. – sorriu minimamente tentando imaginar que tipo de garota seria a relacionar com Dakota. Só esperava que fosse alguém gente boa.

— Com certeza. E até lá, espero que você e Adele finalmente se acertem. – comentou com um sorriso de lado, malicioso.

O australiano não esperou receber uma resposta de Charli, apenas saíra de lá preservando em sua mente o olhar atônico e pálido do moreno. Tinha certo divertimento em atormentar seus queridos amigos apenas para poder ver suas reações. Era simplesmente hilariante, ainda mais quando as suas declarações eram a mais pura verdade.

Já dentro do automóvel de cor de um cinza grafite e com estufado vermelho de couro, seguia ao ponto de encontro que marcara com Aradna. Não aprovava muito os gostos de seu tio Boris, contudo, sabia que a namorada tinha certo fraquinho pelo carro do professor de Sweet Amoris desde que vira Dake o dirigindo há algumas semanas atrás. E só para poder fazer um agrado para ela que o loiro se permitia dirigir naquele carro, o bom ainda era que o carro do tio poderia abaixar perfeitamente o capô deixando o rosto e cabelos ao vento. Era uma ótima sensação, pensou o rapaz ao estacionar o carro em frente a uma lanchonete pequena, de vitrais e letreiros coloridos.

— Dake!! – mal saíra do carro e fora abordado pelo corpo menor e esbelto da namorada, a mesma que o abraçava com possessividade; levando em conta que o garoto havia chamado demasiada atenção com sua chegada.

— Olá, ma belle. – cumprimentou-a e não tardando em lhe tascar um beijo calmo e lento, assegurando para a morena que ele era apenas dela. – Esperou por muito tempo? – indagou ao termino do ósculo, mas ainda se mantinha abraçado à outra.

— Não, cheguei há pouco tempo. – respondeu com um pequeno sorriso, as bochechas ruborizadas enquanto seus olhos brilhavam. – Vamos?

Oui. – dito isso, o loiro deu a volta no carro e abrindo a porta ao lado do motorista como um perfeito cavalheiro. Aradna revirou os olhos, rindo. – Mademoiselle...?

Merci beaucoup!

Em um clima confortável e alegre – além de apaixonados, claro – o jovem casal seguia pela estrada. O som do rádio em suas músicas preferidas, o vento contra seus rostos e com o sol sob suas cabeças, em meio aos risos e palavras proferidas com amor; seguiam seu rumo com graça.

Não tardaram a chegar ao seu destino, o som das águas calmas batendo contras as rochas da encosta, a brisa que trazia o cheiro do mar. Além disso, os olhos que visualizam a praia calma e o mar brilhando pelo sol da tarde. Eram poucas as pessoas que passeavam pela areia quentinha. Dake sorriu largamente, sentindo já falta de poder entrar na água e aproveitar as ondas com sua prancha. Contudo, hoje estava ali por um objetivo diferente. Enquanto Aradna não arriscava entrar nas águas, ela ainda não podia negar que a visão de uma bela como aquela que Village’s Kiss abrigava não lhe afetava; era magnífica demais para ignorá-la.

E por tal que escolhera a praia para passar aquele dia com Dakota.

O carro abrandou até parar em um estacionamento propício aos visitantes. Os dois desceram do carro, com Aradna não tardando a revelar a parte de cima de seu biquíni, aliás, um dos primeiros presentes do namorado. E fora o mesmo que aos poucos estava lhe introduzindo para as águas; até agora seu progresso se resumia a conseguir pelo menos, molhar até as panturrilhas, coisa que antes nem chegava perto.

E Dake já estava bem orgulhoso de seu progresso.

Aradna ainda mais.

Os dois adolescentes montaram o guarda-sol, além de estenderem uma toalha onde se sentaram. Aradna olhou com curiosidade quando o namorado pegou várias caixas de seus preferidos doces, contudo estranhou já que havia recebido um monte delas naquela manhã. Porém, antes mesmo de conseguir questionar o maior, o mesmo tirara da bolsa que trazia consigo uma caixa de morangos e também uma coisa que não soube identificar. Era metálica, redonda como uma chaleira e com uma abertura em cima.

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— Você sempre me disse que queria experimentar. – Dake disse notando o olhar curioso da namorada e esta apenas ficou ainda mais confusa, levando o loiro a rir. – Não pensa em nada? – indagou, enquanto acendia um isqueiro debaixo do objeto metálico que estava em um suporte na areia e ainda tinha uma corda de plástico ligado a um pequeno botijão de gás dentro da sacola de loiro.

Aradna arregalou os olhos.

— Você... Você está fazendo fundi com morango para mim? – perguntou surpresa.

— No espetinho. – completou mostrando os palitos ensacados.

Não fazia muito tempo que Aradna revelara que nunca provou o fundi e tinha o desejo de experimentá-lo. Mas não pensou que Dake faria isso para ela. Aradna jogou-se nos braços do outro lhe dando mil beijinhos pelo rosto de um risonho surfista. Dake gostava de realizar os desejos da namorada.

Isso era mais um deles.