Caderno de ideias

Sempre Lembrar


Joguei-me na cama, sem conseguir parar de chorar. A carta chegara há pouco tempo, e eu a tinha apertada contra o peito, sem coragem de lê-la desde algumas horas atrás, quando Thalia me dissera que Percy havia falhado na missão, que ele nunca mais voltaria. Foi como se meu mundo inteiro desabasse.

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Finalmente consegui parar de chorar, depois de horas. Afastando os cabelos do rosto, abri a carta e comecei a ler o que Percy escrevera:

Sabidinha,

Nunca fui muito bom com palavras, essa sempre foi a sua especialidade. De qualquer jeito, eu precisava escrever, porque sua mãe me avisou que eu não iria voltar. Não adianta lutar contra o inevitável, Annabeth.

Não vou me enrolar e escrever aquelas cartas longas, mesmo que eu saiba que você adoraria algo do tipo. Só o que eu queria dizer, Annie, é que eu te amo. E sinto muito.

Seu,

Percy

P.S: Nunca se esqueça da gente.

Chorando novamente, larguei a carta. Deitei novamente, encarando o teto, perdida em memórias:

O garoto estava sujo, machucado e obviamente exausto. Mesmo assim, era o garoto mais bonito que eu já havia visto. Os olhos verde-mar dele prenderam-se aos meus e senti um arrepio desconhecido percorrer-me a espinha. Perguntei-me o que era aquela sensação esquisita.

Jamais esqueceria da primeira vez que o vira, de como meu coração soubera, mesmo sem eu perceber, que ele era o cara certo. Aquele primeiro encontro ficaria gravado a ferro e fogo em minha mente para sempre, assim como todos os outros momentos que passara ao lado de Percy:

Eu o observava dormir, incapaz de desviar os olhos. Ele era mesmo muito bonito, mais do que imaginara a princípio. Sem resistir, passei os dedos por entre seu cabelo negro, adorando a sensação dos fios sob meus dedos. Ele moveu a mão e colocou-a sobre a minha, que estava apoiada na beira da cama. Mesmo aquele contato inocente me fez sentir como se tivesse levado um choque.

No começo, apesar de ficar meio boba perto dele, achava-o um garoto irritante, lento e idiota. Nós dois brigávamos como cão e gato, mas eu não conseguia ficar longe dele.

Percy e eu estávamos perto do lago de canoagem, observando a água. De repente, uma onda nos atingiu, deixando-me encharcada.

— Perseu! — Gritei, sentindo minhas bochechas esquentarem de raiva. Ele ria a mais não poder.

— Ficou bonita molhada, Sabidinha.

Eu bati o pé no chão, lutando para controlar minha raiva.

— Eu vou te matar, Percy!

Ele deu um sorriso maligno.

— Vai ter que me pegar primeiro, Sabidinha.

Eu saí correndo atrás dele, tentando acertá-lo com pedras que pegava no chão, mas ele apenas desviava, gargalhando. Essa perseguição durou um longo tempo e, quando finalmente sentamos debaixo de uma árvore, eu também estava rindo.

Mesmo com tantas brigas, ele sempre me fazia rir, era o único que realmente me compreendia, e sempre conseguia fazer as coisas parecerem melhores, mesmo quando eu estava me sentindo horrível.

Corri para os braços de Percy e chorei, sem conseguir aguentar mais aquela situação. Meu pai havia morrido e eu tinha fugido do enterro, sem conseguir ficar nem mais um segundo. Ao invés de dizer qualquer coisa, ele apenas me abraçou forte.

— Vai ficar tudo bem, Sabidinha. Eu sempre vou estar aqui por você.

Eu ergui o rosto de seu peito, limpando as lágrimas com as costas de uma das mãos.

— Promete?

— Eu prometo.

Era difícil ver Percy com aquela expressão séria, tão intensa. Ele parecia bem mais velho, mais forte. Isso me reconfortou.

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Através das lágrimas, um pequeno sorriso brincou em meus lábios. Não, eu jamais o esqueceria. Ele estaria sempre em meu coração. Percy sempre seria o único para mim. Meu Cabeça de Alga.