Caderno de ideias

Beginning


PDV Glinda

Vi uma aglomeração na porta do vestiário feminino, gritando e rindo. Fui até lá, curiosa pra ver o que acontecia. Ao chegar, tive vontade de bater nos idiotas aglomerados. Elphaba estava coberta de tinta bege e todos riam.

— Aberração! — Alguém gritou.

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Isso foi o que bastou para me deixar zangada, além da visão das lágrimas ameaçando cair dos olhos azuis de minha colega de quarto. Abri caminho a cotoveladas até a mulher de pele verde.

— Deixem-na em paz! — Gritei. — Vão perturbar outra pessoa! Parece até que estou no meio de um bando de crianças.

Isso fez todos se calarem de surpresa. Eu nunca perdia as estribeiras. Ignorando a plateia, tirei o longo casaco branco que usava e passei-o pelos ombros de Elphaba, sem me importar com as possíveis manchas de tinta.

— Vá tirar essa tinta. — Sussurrei. — Eu cuido do resto.

Quase imperceptivelmente, a morena assentiu. Ajudei-a a levantar e a vi desaparecer no fim do corredor.

— A Sra. Horrible vem vindo. — Avisei aos valentões. — É melhor darem o fora.

Tarde demais. A diretora já nos vira e, exatamente como falei, dirigiu-se imediatamente até a aglomeração de estudantes, agora mergulhada num profundo silêncio.

— O que está acontecendo aqui? — Ela inquiriu severamente.

Os outros alunos se entreolharam. Ninguém queria ser o primeiro a falar.

— Estavam implicando com a Elphaba de novo. — Contei. — Jogaram tinta nela.

— Viu quem fez isso, Miss Galinda?

Sacudi a cabeça numa negativa inocente.

— Não, senhora. Cheguei depois que já havia acontecido.

— E Miss Elphaba?

— Está no quarto tirando a tinta.

— Muito bem. Para minha sala, todos vocês. Quanto à senhorita, é melhor estudar se quiser passar na minha matéria.

Disfarcei um sorriso, assentindo inocentemente.

— Sim senhora.

Virei-me e fingi estar indo para a biblioteca, no caso de alguém estar prestando atenção em mim. Depois, quando não podiam mais me ver, mudei de rumo e segui para o pátio. Sabia que Elphaba precisava de algum tempo sozinha, pois não gostaria que eu visse o quanto aquela "brincadeira" de nossos colegas a afetara.

Decidi que lhe daria uma hora a sós. Talvez um pouco mais, pensei, ao sentir o agradável calor do sol de fim de tarde no meu rosto.

PDV Elphaba

Já livre da tinta, dobrei o casaco de Galinda, coloquei-o em cima de sua cama e praticamente me arrastei para a minha. Sentia-me derrotada, um lixo, uma completa inútil.

As lágrimas queimavam ao escorrer por meu rosto. Enrolei-me no cobertor macio, desejando poder esquecer aquele dia. Bem, exceto pela parte em que Galinda me defendera. Aquilo fora mesmo qualquer coisa ... A pergunta era: por que?

Há muito eu aprendera que todos esperam algo em troca quando fazem algo por alguém. A questão restante era: o que ela queria? Balançando a cabeça, decidi deixar a questão de lado por algum tempo. Pensar naquilo me fazia sentir pior.

Minha cama ficava abaixo da janela, então sentei-me apoiada na parede para tentar me distrair com um livro. O quarto estava abafado e minha mente aos poucos foi ficando mais lenta. Pensar estava cada vez mais difícil ...

A próxima coisa de que me lembro foi sentir alguém sacudindo meu ombro levemente. Acordei assustada e a primeira coisa que vi foram os cachos loiros de minha colega de quarto, que estava levemente inclinada em minha direção.

— Hey, calma. — Sua voz era suave. — Sou só eu. Sinto muito pelo susto. É só que você pegou no sono curvada sobre o livro e eu pensei ... Que acabaria com dor depois.

— Obrigada.

Me deitei na cama, letárgica. Só queria ficar ali, escondida do mundo, de preferência para sempre.

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PDV Galinda

— Como você está? — Perguntei, sentando-me em minha cama.

Elphaba me lançou um olhar estranho, uma mescla de surpresa e ironia.

— Desde quando você se importa?

Sua pergunta me silenciou, pegando-me completamente desprevenida. O silêncio imperou até a hora de irmos jantar. Depois do jantar, tivemos aula com a Sra. Horrible e voltamos para nosso quarto.

— E então, já dominou a prática para a Sra. Horrible? — Elphaba perguntou, numa óbvia tentativa de puxar assunto.

— Não. — Admiti, jogando-me em minha cama. — Não decorei as palavras ainda. E você?

Com aquela pele verde não dava para ter certeza, mas eu podia jurar que Elphaba corara.

— Na verdade já. Não é tão difícil quanto parece.

— Você podia me ajudar. Esses feitiços acabam comigo. São tão difíceis!

Peguei meu bloco de anotações, onde escrevia os feitiços. Elphaba o folheou devagar, explicando os feitiços um por um. No final, consegui compreender um pouco. Eu tinha que admitir, ela era mesmo boa naquilo.

PDV Elphaba

Já na cama, eu mal mantinha os olhos abertos, mas estava decidida a terminar meu livro. Galinda ressonava baixinho. Ela de repente gemeu, exasperada.

— Argh, Elphie! — Resmungou.

Ri comigo mesma, aninhando-me sob as cobertas. Se ela começasse com essa de "Elphie", eu fugiria para as montanhas. Um momento depois o sono me pegou e eu ainda estava sorrindo.