Lembre-se

Capítulo vinte e sete


Com um movimento rápido e preciso Hermione sacudiu a varinha e empurrou a porta com força, fechando-a num baque surdo e barulhento, se não fosse o feitiço teria acordado Draco com o ruído. Jogou-se de joelhos em frente à privada e despejou todo o jantar da noite anterior. Tossiu e sentiu a garganta arranhar, arder. Assim que teve certeza de que terminara, baixou a tampa da privada e mandou tudo embora. Apoiou as costas na parede fria e segurou a cabeça, tentando controlar a tontura que deixava-a com a visão embaçada e pouco nítida.

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Depois de respirar fundo algumas vezes conseguiu focalizar a estampa infantil de sua meia, e após alguns segundos levantou-se e parou em frente a pia. Encheu as mãos em concha de água e jogou no rosto, livrando-se de qualquer resquício do vômito, escovou os dentes e em momento algum encarou seu reflexo, devia estar péssima e não queria ver-se pálida e trêmula pela terceira vez em dois dias.

Saiu do banheiro em passos tão silenciosos que nem mesmo um gato seria capaz de ouvir, deitou-se na cama com cuidado para não acordar o marido e cobriu-se com delicadeza, aquecendo-se dos últimos dias de frio antes da entrada do verão.

Hermione sabia o que motivara as ânsias de vômito. Não fora nenhuma comida estragada, ou a falta dela, mas antes de alertar qualquer um, queria ter certeza de que tudo daria certo. Não aguentaria ver a expectativa e depois ter de encarar a decepção novamente, superara a frustração com o apoio de Draco, mesmo sabendo que ele estava chocado demais para dar o auxilio necessário na primeira vez.

Quando o despertador tocou jogou as pernas para fora da cama e sentou-se na frente da penteadeira, onde cobriu as olheiras com maquiagem e ajeitou o cabelo num penteado rápido e prático.

— Dia!

— Ah, olá. — Respondeu depois de receber um beijinho simples nos lábios. — Não esqueça do fechamento do caso, precisamos do seu testemunho como médibruxo.

— Às duas e trinta. Eu sei, Hermione, eu sei. — Draco seguiu para o banheiro e logo o som da água caindo se fez presente. — Estarei lá para ajudar a prender os lobisomens que tiraram a minha memória. Não há destino mais cruel para um homem do que esquecer a bela esposa!

— Tem vezes que me esqueço do quanto pode ser sarcástico! — Revirou os olhos e passou os dedos pelos lábios rosados. — Tenho que ir.

— Não é cedo?

Fechou o último botão da camisa e pegou a varinha, deixando a casa em direção ao trabalho sem dar uma resposta à Draco. Aparatar começara a lhe dar enjoos, e evitava ao máximo a sensação do seu estômago revirando a cada vez que precisava se locomover. Por isso inscrevera-se, junto de Theodore, no programa de treinamento. Era no Ministério e deixava-os de fora de qualquer missão. Tinha de ter extremo cuidado, ao menos até ter absoluta certeza de que tudo ficaria bem.

— Está atrasada, Granger. — Theodore lhe ofereceu um copo de café, comprado numa cafeteria famosa no mundo trouxa. — Já resolveu seu mal-estar?

— Tive outro probleminha logo pela manhã. — Inalou o aroma do café e sorveu o líquido quente com cuidado. — Vou resolver isso.

Olhou-o de esguelha, parecia pensativo e frustrado.

— Desculpe te prender aqui comigo, só não quero correr o risco de...

Theodore tocou seu ombro e apertou-o gentilmente.

— Não tem problema, de verdade. — Sorriu. — Contanto que eu seja o padrinho!

Hermione riu e sacudiu a cabeça.

— Vamos logo, os recrutas ficam brincando com as varinhas quando demoramos muito!

— Melhor com as varinhas do que...

O olhar de Hermione calou-o imediatamente, mas não foi capaz de conter o sorriso malicioso nos lábios de Theodore Nott.

***

Quando o dia começou ninguém poderia imaginar no desastre que se tornaria em poucos minutos após o inicio do julgamento dos lobisomens. Os réus sentaram-se, algemados, um ao lado do outro no centro da sala oval. Draco estava ao lado de Hermione e o auror que participou da investigação naquele final de ano, todos testemunhariam.

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A irritabilidade do bruxo algemado não passou despercebida por Hermione, que segurava a varinha com força o suficiente para quebrá-la num simples movimento.

Aos poucos o veredito se tornava claro, os lobisomens seriam presos por agressão à Oficiais do Ministério da Magia e descuido fisiológico durante as noites de Lua Cheia. Um crime grave para a sociedade Lupina.

E foi pouco antes do veredito. O lobisomem mais alto soltou-se das algemas e libertou o amigo. O uivo excruciante cortou a corte silenciando todos os presentes.

— Pegue-os!

— Hermione? — Draco tentou segurá-la, mas a esposa já havia saltado por cima da bancada em direção aos lobisomens. A varinha em riste, pronta para o que fosse.

Por um átimo de segundos percebeu que amava aquela a coragem em Hermione, vê-la voraz diante do perigo, sem dúvida alguma fazia seu coração bater mais forte. E não tinha certeza do que motivava as palpitações.

— Cuidado! — Theodore empurrou-o e acima de suas cabeça um archote explodiu.

O amigo levantou-se e correu para o lado de Hermione, juntou suas costas para não serem pegos de surpresa e continuou a lançar feitiços. Hermione duelava com o maior dos homens que apanharam as varinhas de aurors caídos ou feridos.

Draco levantou-se, segurando sua varinha correu para uma oficial que sangrava caída ao lado da porta, tinha de leva-la para fora ou então, estancar o sangramento.

— Leve-a, Draco. — Hermione berrou antes de uma explosão forte que lançou-a contra a parede. Theodore correu e protegeu-a de um feitiço e mandou que Draco fosse logo.

Antes de aparatar, tudo em que conseguia pensar era no corpo de Hermione voando diante de seus olhos, o som do corpo imóvel chocando-se contra a parede e caindo em queda livre até o chão, onde ficou. Protegida por alguém que não ele, ainda em fogo-cruzado. Estava decidido, voltaria para busca-la!

Mas quando aparatou, um dos lobisomens segurou-lhe e acabou sendo levado junto para fora do Ministério.

No Hospital, foi arremessado para longe assim que seus pés tocaram no chão. A última coisa que ouviu foi um grito feminino e logo depois, o impacto da sua cabeça contra algo realmente duro e então tudo se tornou escuro.