Linhas Cruzadas.

Segredos.


"We've got each other and that's a lot for love - we'll give it a shot..."

Sarah Lance

Olhei aquela caixa uma ultima vez, sentindo o nó se formar em minha garganta, as lembranças flutuando em minha cabeça, como um aviso de que aquilo era minha culpa.

̶ Hey baby, acabei de receber uma mensagem do Diggle, por que não me disse que teremos um novo componente na equipe? – enxuguei a maldita lágrima a tempo de ver Ray entrar no quarto.
̶ Desculpa amor, com tanta coisa acontecendo, acabei por esquecer de te contar.
̶ Sarah, você vai me dizer o que está acontecendo? – ele pareceu me analisar.
̶ Não é nada, apenas briguei com Oliver. – levantei guardando a pequena caixa de volta no armário. - Vamos logo, quero conhecer esse novo agente ainda hoje.

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Assim que as portas do elevador se abriram vi uma cabeleira loira incomum ali. Ela parecia concentrada em algo no tablet e seja lá o que for, parecia algo serio levando em conta suas sobrancelhas pegadas e seus lábios contraídos em sinal de dificuldade. Olá. – observei seus ombros erguer em susto, vendo-a virar bruscamente em minha direção. ̶ O que faz aqui?
̶ Ah, sou Felicity Smoak. – estendeu a mão em cumprimento. – Nova agente.
̶ Sarah Lance, antiga agente dessa unidade. – a cumprimentei. – Desculpe o susto.
̶ Serve para eu aprender a não baixar a guarda.
̶ Seja bem vinda, Felicity. – a loira parecia legal, seria bom saber mais sobre ela se eu não tivesse um Queen furioso para acalmar. – Preciso ir.

Oliver e eu crescemos juntos, éramos tão amigos que bastava um olhar para entendermos um ao outro. Quando fomos para a faculdade, eu achei que Oliver seguiria com o negócio da família, se formaria em administração e se tornaria um grande magnata de Star, mas eu estava enganada. Ele sempre quis mais e por mais digo crescer sozinho, se tornar alguém por mérito próprio e não fazer um nome à custa do pai. Então Oliver optou por direito junto comigo. No quarto período a Argus nos procurou, convencer jovens com ideais de salvar a cidade a se juntar a eles não era difícil, especialmente quando se tratava de jovens problemáticos como Oliver e eu.

̶ Será que podemos conversar agora? – enfiei apenas a cabeça pela pequena brecha da porta.
̶ Eu não quero falar com você, Sarah.
̶ Pare de adiar o inevitável, você já deveria saber que eu sou tão cabeça dura quanto você e não vou desistir dessa conversa.
̶ Você mentiu para mim. – seu tom era acusador.
̶ Lembra quando começamos isso Ollie? – perguntei entrando de vez em sua sala.
̶ Claro, a Argus nos recrutou na fac...
̶ Não, eu me refiro a antes disso. – cortei sua fala. – Lembra quando éramos apenas jovens rebeldes querendo fazer justiça com as próprias mãos?
̶ Vigilantes. – me corrigiu.
̶ E você lembra qual foi a primeira regra que instauramos? Nós prometemos proteger um ao outro, essa era a regra.
̶ Não justifica sua mentira, Sarah.
̶ Pode parecer que não, mas eu estava te protegendo. – traguei o lábio inferior tentando controlar meu tom. – Você estava envolvido demais, lembro como você parecia um louco atrás de solução.
̶ Eu estava tentando fazer meu trabalho. – argumentou nervoso.
̶ Não Oliver, você estava tentando trazer ela de volta a todo custo e isso quase te rendeu o distintivo. Deus, eu pensei que você fosse enlouquecer e então Waller me chamou depois de mais um erro seu e eu sugeri que ela fechasse o caso, mas ela disse que não podia arquivar sem solucionar, mas que podia suspender em aberto e...
̶ E então vocês criaram essa mentira não é? Pobre do Oliver não é capaz de lidar com abandono, vamos mentir pra ele. Não foi assim, Sarah?
̶ Eu só não podia mais te ver daquele jeito Ollie, e acredite, eu arrisquei muito mais do que sua amizade. – seu olhar duro não me intimidava. – Se eu fiz o que fiz, foi para te proteger e se eu pudesse voltar no tempo... Faria tudo de novo.
̶ Temos uma reunião em cinco minutos, não se atrase. – e mais uma vez eu vi meu melhor amigo mascarar suas feições atribuladas.

A reunião seria para decidir o novo caso, precisávamos decidir a posição de cada um de acordo com o que tínhamos no arquivo, que por sinal não era muito.

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̶ Eu trouxe aqui algumas imagens de segurança do prédio do Adam e outras do escritório. - Roy começou soltando as imagens no monitor central.
̶ Nós não podemos iniciar uma investigação apenas com imagens desfocadas. – Felicity argumentou olhando para as imagens.
̶ Acredite, já começamos com bem menos. – toquei seu ombro voltando a prestar atenção no vídeo. – Espera, volta mais um pouco. – tinha algo estranho naquela sequencia. – Perceberam uma falha no vídeo?
̶ Nós temos Adam saindo do prédio, mas não temos ele voltando. – John parecia analisar tudo.
̶ Na certa ele deve ter dormido na casa de alguém. – Oliver pontuou.
̶ Ou estado com alguma das garotas, toda teoria é válida.
̶ Então querida, me responda como é possível alguém dormir fora e acordar em sua própria cama? – Ray cortou minha linha de raciocínio. – Olha. – apontou as imagens que mostrava a data de hoje no canto da tela e Adam saindo de seu prédio luxuoso.
̶ Então nosso suspeito entrou pelos fundos do prédio? Onde isso faz sentido? – Roy parecia tão confuso quanto nós.
̶ Espera gente, tem alguma coisa errada. - ouvi a voz de Felicity sobressair a nossa.
— Você acha? Ninguém percebeu. – OK, tinha um clima estranho entre Oliver e Felicity, e isso só ficou mais evidente quando ela o ignorou revirando os olhos.
̶ Ray, você pode voltar o vídeo , por favor? – pediu. – Ai, prestem atenção na sequência, percebem que aqui são 14:h e na sequência mostra que são 18:h? – ela apontou prendendo nossa atenção. – Adam não só dormiu em casa como voltou antes das 18:h quem quer que tenha cortado o vídeo sabia sobre ele estar sendo investigado.
̶ Você quer dizer que temos um x9 dentro da Argus? – questionei incrédula.
̶ Não sei, mas esse corte só prova que ele não chegou sozinho.
̶ Ele pode está querendo esconder qualquer envolvimento com uma das garotas. - Ray sugeriu enquanto revia a falha do vídeo mais uma vez.
̶ Não sei, Adam não parece o tipo de cara que fraudaria imagens de vídeo por uma garota, mesmo se ela estiver envolvida no caso.
̶ Por uma garota não, mas por um cara... – observei todos encarar Felicity curiosos com o ponto levantado. – É obvio que ele está protegendo alguém, por que não um chefe?
̶ E o que te leva a pensar que o próprio Adam não seja a cabeça disso tudo? – a pergunta de Oliver era desafiadora, ele estava testando a inteligência de Felicity e pela forma com que seus olhos comprimiram em fúria, ela percebeu.
̶ Sejamos óbvios Mr. Queen, por mais articulador e minucioso que seja um advogado, o salário de Adam não cobriria os custos de manter uma facção.
̶ Ele tem o próprio escritório. – e mais uma vez o sorriso desafiador a provocara.
̶ Acredita mesmo que um escritório de direito se envolveria em algo desse tipo? Não teste minha inteligência Oliver, é claro que tem um peixe muito maior nesse aquário. – segurei o riso enquanto observava toda a arrogância de Oliver ser pisada por saltos maravilhosos, só pra constar.
̶ Vamos confirmar sua teoria Smoak. – saiu pisando duro.
̶ Garota, nós vamos nos dar muito bem. – pisquei para ela que gargalhou em concordância.

Casos como aquele costumavam mexer comigo, se tratava de mulheres sendo escravizadas, humilhadas, sendo obrigadas a vender o próprio corpo. Senti meu estomago embrulhar com o pensamento, eu não podia deixar que me afetasse, precisava está com toda a guarda levantada, porque o que estava por vir não seria nada fácil.

̶ Você tinha razão. – pulei no ligar com a voz de Oliver invadindo o ambiente. Felicity parecia tão assustada quanto eu. - Ele esteve lá com um homem.
̶ E como você descobriu isso? – o olhar da garota era desconfiado.
̶ Vantagens de se ter um apartamento no mesmo prédio que Adam Donner.
̶ Espera, você é vizinho dele e não mencionou nada? – passei a prestar atenção no dialogo que se seguia aquilo seria engraçado.
̶ Não foi isso que eu disse, eu disse que tinha um apartamento lá.
̶ Da no mesmo. – Felicity estalou a língua impaciente.
̶ Eu não me lembro de ter dito que morava lá, só é considerado vizinho se estiver próximo. – Felicity puxou o ar para falar, mas foi cortada antes. – Agora você vem comigo. – apontou na minha direção e saindo em seguida. Ouvi um murmúrio de Felicity e resolvi ver logo o que ele queria.

̶ Sabe que a tratar mal não a espantará da equipe, não sabe? - o observei olhar através dos vidros.
̶ Não importa, não é sobre isso que eu quero falar. - se virou para me olhar. – Eu fiquei muito decepcionado com você Sarah, mas eu queria dizer que te entendo, eu teria feito o mesmo em seu lugar.
̶ Ollie, eu te amo e odeio quando brigamos. - suspirei. – Eu estou tão cansada de brigar com você, então, por favor, me diga que estamos fazendo as pazes.
̶ Sim, estamos fazendo as pazes. – vi um sorriso brincar em seus lábios.
̶ Isso é muito bom. – o abracei apertado. – Agora preciso ir, Ray está me esperando.
̶ Só mais uma coisa, Sarah. – me virei esperando. – Em algum momento você pensou nas mulheres que deixamos para trás? – seu olhar não era acusador, apenas cansado e curioso.
̶ Acredite, não tem um dia que eu não pense nelas, mas eu sabia que a Argus não deixaria passar. E eu precisava de você lúcido, então se você quer saber se eu me arrependo, não amigo, eu não me arrependo.

E era verdade, apesar de todo dia pensar em como estaria à vida daquelas mulheres hoje se tivéssemos continuado, eu sabia que tínhamos um grande risco de não conseguirmos nada e ainda arriscar nossas vidas e a operação. Oliver não estava em seu melhor estado emocional e se ele caísse, a equipe toda iria junto.

Estava deitada após um longo e cansativo dia, eu podia sentir o peso de minhas pernas como se duas bolas de ferro as tivessem prendendo. Ray estava no chuveiro, o que me deu algum tempo sozinha para pensar, minha mente vagando até um tempo atrás, eu podia recordar com clareza a verdadeira alegria que senti quando o descobri, mas também podia lembrar-me bem de sua partida. Senti as lágrimas queimar minha pele, era impossível não lembrar ele a cada vez que eu desocupava minha mente.

̶ Hey. – senti as mãos frias de Ray tocar a lateral do meu corpo enquanto o outro lado do colchão afundava.
̶ Eu sinto tanto a falta dele. – confessei me agarrando mais a seu corpo. – Ainda dói Ray, dói muito.
̶ Eu sei amor, eu sei. – ele afagou meus cabelos carinhosamente. – Não tem um dia em que eu não pense nele, ou em como seria seu rostinho, se teria esses olhos cor do céu como o seu ou os cabelos escuros como o meu. – à medida que sua voz pronunciava as palavras, eu fui sentindo uma calma amena, Ray tinha esse poder sobre mim, ele era minha paz.
̶ Será que um dia teremos outra chance?
̶ Claro que sim, no momento certo seremos muito felizes e completos. Eu sei que nosso anjinho está lá de cima olhando por nós. - senti seus lábios nos meus cabelos. – Agora dorme amor, precisamos descansar.

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