POV Edward

Sentamos na grande mesa de jantar — um dos artifícios da farsa — para discutirmos esses novos visitantes. Eles não eram humanos,disso eu tinha plena certeza,mas também não eram como minha família.

O que mais me atormentava, eram seus pensamentos inexistentes. Enquanto Stefan possuía uma mente de poucas palavras, Bella Salvatore não possuía nenhum pensamento. Absolutamente nada.

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Carlisle havia acabado de chegar, e rapidamente começamos a descrever aquelas estranhas criaturas.

Seus corações batiam, mas não possuíam o comum cheiro atrativo dos humanos. E certamente, por mais que algumas coisas biológicas dissessem ao contrario, eles não estavam vivos. Não tão vivos como um humano, mas vivos como minha raça.

Entreguei a Carlisle o pequeno papel que a garota de olhos chocolate havia me dado.

Ele leu atentamente, e pude escutar sua mente trabalhar.

“Bella Salvatore... Isabella Salvatore...”

Ele anunciou seus pensamentos em voz alta para que os outros entendessem, embora eu já tenha compreendido a situação.

— Deixe-me adivinhar... Seus nomes são Isabella, Damon e Stefan Salvatore.

— Sim — confirmou Rosalie — Mas não há nenhum Damon.

Carlisle riu internamente.

“É claro que Damon se recusaria a se misturar com humanos” ele pensou

Lentamente, meu pai, abriu um pequeno sorriso discreto.

— Eu os conheço, Não iram dar nenhum problema para nós.

— Como tem tanta certeza disso Carlisle? — questionou Jasper

— Os irmãos Salvatore têm um autocontrole inimaginável. Eles são adeptos da mesma dieta que levamos. Embora Damon, prefira o sangue humano, ele nunca se expõe.

Rosalie bufou

— Mas eles não são vampiros!

Carlisle riu, e arregalei os olhos enquanto ele lembrava coisas que já haviam se perdido em sua memória.

— Eles são vampiros, embora não sejam iguais a nós. Não sei explicar. Os Volturi fazem de tudo pára manter sua existência em segredo. Eu não questionei na época, mesmo tendo percebido que eles eram diferentes de mim. — Carlisle deu de ombros como se isso fosse insignificante.

— Há outra raça de vampiros? — perguntou Esme, chocada.

Eu,assim como os outros,compartilhava esse sentimento.

— Aparentemente — falou à figura que considerávamos um pai com uma calma inigualável.

— Certo. Mas porque eu não consigo ler a mente de Bella Salvatore? — questionei

Eu soube a resposta no momento em que ele pensou, mesmo assim, Carlisle falou em voz alta:

— Eu não sei.

Suspirei frustrado.

— Isso não importa. O que importa é que vamos encontrá-los hoje à noite.

*******************

POV Bella

— Sinto muito — falei para Stefan,enquanto ele dirigia de volta para casa — Sei que foi doloroso.

Ele me olhou de esguelha, sabendo exatamente sobre o que me referia. Depois, franziu o cenho em um gesto de negação.

— Surpreso talvez. Mas não me machucou.

Olhei-o

— Serio? — disse com ceticismo — Você encontra a cópia perfeita de sua “namorada” — fiz aspas com os dedos — que morreu a mis de cento e cinqüenta anos e não fica nem um pouco abalado?

— Sinceramente? Não. O meu amor por Katherine era falso. Ela me controlava. — falou batendo levemente a testa com a mão — Estou mais preocupado com, essa coisa com os Cullens.

Franzi os lábios

— Vamos resolver — afirmei com a maior quantidade de convicção que pude reunir.

*******************

Nervosa, enchi um copo de uísque, imitando um típico gesto de Damon. E assim, recebendo uma careta de reprovação e um olhar de diversão.

— O que foi? — falei impaciente — Estou com sede.

Stefan se restringiu a dar de ombros e comprimir os lábios, enquanto Damon abria um largo sorriso cínico.

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— Finalmente. Você é tão certinha. — ele me olhou de cima a baixo — E tão chata.

Reprimi o impulso de revirar os olhos.

— O sobrenome Cullen me soa familiar. — murmurei enquanto tamborilava a ponta dos dedos em meus lábios em um gesto pensativo.

Meus irmãos me ignoraram.

— Vamos ir embora. Não criamos raízes ainda. Vamos dizer que fomos para o inventario de nossa avó que morreu há pouco tempo, e simplesmente sumimos.

— Isso é ridículo Stefan. Não vou fugir. Acabei de chegar, e não pretendo ir embora tão cedo. — Damon encheu o copo outra vez e começou a andar em círculos pela sala — Eu digo o que devemos fazer. Vamos matá-los. E como mágica... Todos os nossos problemas iram acabar. — ele fez um gesto dramático.

Estava muito absorta em meus pensamentos para perceber que ambos começavam a discutir.

Aquele sobrenome me era estranhamente familiar. Devia tê-lo o ouvido há séculos atrás, a tempo o bastante para ter esquecido. Não devia ter sido uma década importante. Mas de uma coisa eu estava convicta: não seria a primeira e nem a ultima vez que ouviria aquele nome.

Enquanto devaneava, tanto Damon quanto Stefan, se encaravam a poucos centímetros de distancia. Se alguém olhasse para seus rostos não suspeitaria de absolutamente nada. Porém, a face calma era um pretexto. Eu sabia que era assim que eles costumavam a se ameaçar. Nenhum mostraria que estava desesperado a ponto de fazer uma ameaça verdadeira.

Apontei um para o outro.

— Podem parar.

Com relutância, eles se afastaram um do outro, mas demorou alguns segundos para eles cortarem a relação visual.

— Não vamos matar ninguém. — olhei para Damon que fingiu se entristecer — Mas também não vamos embora — a expressão de Stefan desmoronou — Não enquanto não conversarmos com os outros vampiros.

— Qual é o objetivo disso? — Damon falou secamente

— Humm... Fazer amigos? — era para ser uma afirmação, mas pareceu mais uma pergunta.

Ele riu com desdém.

— Certo. — falei — Tentar não ter que mudar de Forks.

— E se caso eles disserem que não nos querem aqui? — Damon supôs — Você vai embora? Sem reagir?

— Sim Damon. O território é deles. Já que estão aqui há mais tempo.

— Isso é ridículo.

—Você quer o que? Mais mortes? Você só procura isso? —falou Stefan

— Talvez — Damon ironizou — Mas não vou ir embora.

— Porque tanta relutância? — questionei

Ele suspirou frustrado.

— Eu só não quero me mudar de novo. Não tenho motivos para ir.

— Acredite, eu posso achar.

—Esses vampiros? — ele bufou — Posso lidar com isso facilmente.

E Elena Gilbert? Perguntei a mim mesma. Foi ai que percebi Damon ainda não sabia de sua existência.

— Você não contou a ele contou? — disse, me virando para Stefan.

Ele negou com a cabeça

— E você tem consciência de que eu não vou falar nada para ele.

Ele mexeu de novo a cabeça.

— Do que vocês estão falando?— Damon indagou.

Stefan deu um longo suspiro, parecendo enraivecido.

Balancei a cabeça em exaspero.

— Conte a ele.

Com outro suspiro, ele começou a descrever o seu dia e como havia encontrado Elena Gilbert. Observei a expressão entediada de Damon, o que significava que o assunto pouco lhe importava.

— Igual Katherine é? — disse zombeteiro — Talvez eu deva conhecê-la.

Franzi a testa.

— Você não vai fazer isso com a pobre garota.

—E porque não?

— Tia Isabella tem razão. Você não vai chegar perto de nenhum humano — falou Zack entrando na sala.

— Obrigado Zack — falei

Damon deu uma risada diabólica. Com minha visão periférica, vi Zack estremecer.

— Ninguém manda em mim.

—Querendo desligar as emoções de n ovo irmão? —provocou Stefan

Damon lhe deu um olhar enojado e o ignorou, se virando para seu descendente.

— O que faz aqui Zack?

— Ainda é minha casa. — ele falou secamente, todos nós sabíamos que ele não gostava de Damon, por causa de sua personalidade impulsiva e sua dieta.

— Obrigado por nos abrigar. — falei

— Sem problemas. Mas temos um trato.

— Que não vai ser quebrado.

Ele assentiu e saiu.

Com desdém e enchendo seu copo outra vez,mas com sangue,Damon se voltou para mim.

— Que horas você marcou com esses vampiros?

— Meia noite.

Ele anuiu.

Em um gesto ansioso, peguei outra vez a garrafa de uísque e a virei, sentindo seu liquido escorrer pela minha garganta e apaziguando a sensação que deixava minha garganta em brasas.

*******************

Caminhava pelas arvores com — o costumeiro, porém entediante — passo humano, sem a menor pressa. Stefan caminhava ao meu lado, enquanto a sombra de Damon sumirá a tempos por entre as copas tortuosas e a escuridão de arrepiar. A imagem da floresta lembrava os velhos quadros de época, retratando suas características trevosas e amedrontadoras. Fazendo com que se tornasse um perfeito painel para criaturas como nós: Vampiros.

Damon já nos esperava no local marcado, sentado na copa de uma arvore próxima.

Nos juntamos a ele sem vontade, e eu suspirei,sentindo que os outros vampiros se aproximavam em um passo apressado.

Um por um eles surgiram entre a floresta. Eram 7. Um grupo grande. Em minha mente escutei Damon praguejar palavrões.

Observei os rostos de cada um, parando no homem loiro que certamente era o líder, reconhecendo suas feições. Stefan viu a mesma coisa e se desencostou da arvore que até agora se apoiava.

— Carlisle!Que bom te ver outra vez amigo! — falei lhe estendendo a mão.

Ele me cumprimentou e sorriu

— É um prazer revê-los depois de tanto tempo.

Stefan sorriu e tomou o meu lugar.

— O prazer é todo nosso.

— Tão sentimental — Damon zombou em cima da arvore

Stefan bufou

— Damon — Carlisle cumprimentou e foi respondido com um leve aceno de cabeça de Damon.

Percebi que os outros, se moviam desconfortáveis. Assim como eu, meu irmão caçula percebeu os gestos. Então pigarreou, e tentou quebrar o clima tenso.

— Vejo que conseguiu o que queria. — falou indicando os outros.

— Ah sim. Essa é minha família. Esme, Rosalie, Emmett, Alice, Jasper e Edward. — falou apontando — Esses são Isabella, Stefan e Damon Salvatore.

Sorri

— É um prazer conhecê-los.

Eles sorriram de novo.

— Vocês gostariam de conversar conosco? — ele questionou.

— Sim — falei séria — Estamos cientes de que esse território pertence a vocês. E se houver qualquer problema com a nossa estadia, não hesitaremos em ir.

Eu hesitarei, a voz de Damon escoou em minha cabeça. O ignorei.

— Não haverá problema algum de vocês ficarem, a não ser é claro suas dietas. Somos discretos, e não queremos ser descobertos.

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Acenei com a cabeça.

— Compreendemos — falei — Eu e Stefan nos alimentamos de animais... Mas... — olhei para Damon que já havia descido da árvore agora estava ao meu lado.

Ele deu de ombros

— Não preciso de humanos, tenho um banco de sangue. E também não quero as autoridades humanas no meu pé. Eles já sabem mais do que deveriam.

Suspirei

— Para Damon isso significa: Não vou sair matando toda cidade — Stefan zombou

Dei-lhe um olhar repreensivo.

— Não vamos fazer nada de errado. E a qualquer incidente, partiremos imediatamente.

— Espero que isso não seja necessário. — o vampiro loiro disse sincero.

Controlei a vontade de suspirar outra vez.

— Eu também.