Dejame Ser

Alguém sai do sério


Quando acordou, Remo sentiu-a dormindo tranquilamente entre seus braços fortes, marcados pelas cicatrizes causadas pelas transformações. Beijou-a na testa e, sorrindo, ela acordou.

- Bom dia, Remmy.

- Bom dia, Dora. Dormiu bem? – perguntou-lhe ele, sorrindo também.

- Há muito tempo não dormia tão bem. E só dormi assim porque dormi com você.

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- Não diga isso, eu não mereço.

- Merece sim. Você é um homem muito gentil, educado, inteligente, lindo e...

Algumas batidas na porta do quarto interrompem a listagem da metamorfomaga.

- Tonks? Você está acordada?

A garota riu e o lobisomem corou ao ouvirem a voz de Sirius.

- Olá, pulguento, pode entrar. – respondeu ela, enquanto Remo escondia o rosto nos lençóis.

Ele abriu a porta e se surpreendeu ao ver o amigo.

- Aluado? Uau! Nunca consegui imaginar você deitado na mesma cama que uma mulher, de tão sério que você é. – e sussurrando ele continuou: - Muito menos que a mulher fosse a minha prima, né, seu safado?!

- Me desculpa, Almofadinhas. – respondeu Remo. – Mas o que você precisa? - perguntou ele sutilmente, ainda corado.

- Contar a você que a Annabeth está fazendo um escândalo desgraçado, e é sobre você. Não está ouvindo? Ela até derrubou duas das cabeças de elfos!

- Ah, Sirius, poupe-me! – disse Tonks. – Você nunca se importou com aquelas cabeças.

- Eu sei, e ainda não me importo. Só as mencionei pra fazer um draminha. – respondeu ele, simplesmente, dando de ombros.

Enquanto isso, gritos podiam ser ouvidos, vindos da sala de estar da Mansão dos Black. Era a escandalosa Annabeth.

“- Caramba, Thalita! Eu passei todos esses anos esperando por ele, me guardando pra ele, porque até hoje eu ainda o amo!”

Os gritos ecoavam e chegavam nitidamente ao quarto em que os três se encontravam.

- É... parece que temos uma explicação para ontem, Tonks. – comentou Remo.

- Sim, temos... – respondeu a garota, enquanto seus cabelos anteriormente cor-de-rosa tornavam-se vermelhos.

Ela levantou-se e rapidamente foi em direção à porta.

- Onde você vai, Tonks? – perguntou Sirius.

- O que você acha? Vou descer até lá e tirar satisfações com ela sobre essa historia.

- Dora, Dora! – chamava Remo inutilmente, levantando-se também. Porém, ela já havia inclusive descido boa parte da escadaria.

Ele atravessou o corredor e entrou em seu próprio quarto para trocar de roupas enquanto Sirius descia no encalço de Tonks. Lá encontravam-se Annabeth, Thalita, e Joseph.

- Escuta aqui, garota. – a metamorfomaga chamou a atenção de Annabeth. – Eu sinceramente não queria brigar com ninguém no momento em que eu acabo de acordar, e muito menos brigar por causa de homem. Mas se o homem em questão já é meu homem, eu abro uma exceção. – Todos os presentes olhavam perplexos para ela. – Então me diga: que história é essa de “ainda estar esperando por ele”?

- Como assim? – perguntou Annabeth, fingindo desentendimento. – Não sei do que está falando e mesmo que soubesse, eu não lhe devo satisfações de minha vida, garota!

- Ah, pare com isso porque você sabe exatamente do que eu estou falando, não se faça de desentendida. Estou falando dessa algazarra que você está fazendo.

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- Sobre o Remo? Ah, sim, agora sei do que está falando, querida.

- Não me chame de querida, pois sei que você bem gostaria que eu nem tivesse nascido! – gritou Tonks.

- Ah, sim. Nisso eu sou obrigada a concordar com você. – respondeu Annabeth, desprezando a metamorfomaga à sua frente.

- E então? Vai me explicar a bendita historia ou não?

- Se você me deu duas opções de escolha, acho que não. – respondeu Annabeth, em um tom esnobe.

- Peraí! Você vai me explicar isso, querendo ou não! – gritou Tonks.

- U-hul, a briga tá ficando cada vez melhor – sussurrou Sirius, que não gostava nada de perder uma briga, principalmente se for entre mulheres.

- Te explicar o que, sua piranha? – a garota havia explodido todos os seus pensamentos. - Explicar que eu conheci o seu namoradinho bem antes de você, que já era apaixonada por ele talvez até desde antes de você nascer e que fui eu que sofri todos esses anos esperando encontrá-lo de novo? É isso que você quer que eu explique?

Tonks ficou estupefata, sem reação ao que acabara de ouvir. Lágrimas tímidas começaram a rolar pelo seu rosto em formato de coração e ela virou lentamente seu olhar para Remo que já estava prontamente vestido e assistia petrificado a discussão das duas mulheres. Não sabia o que dizer e sentiu um aperto no coração ao ver as lágrimas da metamorfomaga.

- Remo, eu não sabia que era tão sério, me desculpe... – sussurrou Tonks.

- Dora, você não tem nada que se desculpar, eu que tenho. Fui eu que deixei que a situação chegasse à esse ponto.

- Ah, Remo. Você ta dizendo pra “essazinha” aí que você é o culpado? Culpado de que?

- Annabeth Legeno! Nunca, em hipótese alguma, chame a Dora de “essazinha” – exaltou-se Remo –, está me entendendo? Porque eu não admito que você nem ninguém fale assim com a minha namorada.

- Vai nessa, Aluado! Mostra que é nesse coração que você habita! – gritou Sirius do outro lado da sala, entusiasmado.

- Cala a boca, Sirius Black! – respondeu Annabeth, em tom alto também.

- Annabeth. Você está na casa dele, então por favor respeite-o. Respeite a todos aqui, que estão fazendo o máximo para aguentar você. – respondeu Remo.

- Como é, Remo?

- É isso mesmo o que você está ouvindo. Acorda! Já passou muito tempo, eu pensei até que nunca mais te encontraria. – ele parou e respirou fundo antes de continuar a falar, e completou calmamente – Mas agora, Annabeth, eu estou apaixonado pela Dora, sinto muito.

- Sente muito, Remo? Sente muito? Eu duvido! Na verdade a gente nem tinha terminado o namoro direito aquele dia. – Annabeth continuava a gritar.

- Claro que tínhamos, foi você mesma que pediu que terminássemos.

- Eu só queria um tempo até que meu braço se ajeitasse.

- Te dei tempo demais, não foi melhor?

- Não, Remo, não foi melhor. Porque eu ainda te amo, até hoje eu te amo.

- Nem ama nada, sua biscate – gritou Tonks.

- Dora, por favor, quieta. – pediu Remo calmamente. - Annabeth, vamos esclarecer algumas coisas aqui: eu achei ótima a sua ideia de voltar para a Ordem da Fênix e ajudar na causa, mas se o seu motivo principal para voltar foi para me encontrar achando que eu estaria de braços aberto para você, se enganou! E não é só porque eu estou namorando a Dora que não vou lhe dar outra chance, é porque eu não tenho motivo nenhum pra te aceitar de novo. – Tudo isso saiu quase que num único fôlego e, depois de respirar, Remo continuou: - Você não percebeu que é com a Dora que eu me sinto feliz?

- Com licença, Lupin, mas não foi o que eu percebi outro dia. Vocês brigaram, discutiram e Dora até lhe deu um tapa no rosto, não foi? – Joseph se fez lembrar que estava ali.

- Meu caro jovem, o dia que você me apresentar um casal que nunca tenha discutido, eu mergulho num lago de grindylows. – disse Remo, que já estava saindo do sério com toda essa situação. – Existem coisas chamadas “arrependimento, perdão e amor”. Não seria uma discussão que nos faria terminar.

- Pronto, agora ele paga de homem apaixonado! – desdenhou Annabeth.

Remo se exaltara completamente por dentro, mas se esforçava ao máximo para conter tamanha raiva. Baixou o rosto, passou os dedos por entre os cabelos e se virou. Foi até a mesa da cozinha, apanhou um copo vazio e o jogara com toda força no chão.

Voltou à sala, gritando:

- Cala a boca, Annabeth! Você não sabe nem de metade da história, está legal? Você não sabe de nada pelo que eu e Tonks passamos até hoje! Eu te amava, admito, te amei muito aquela época. Mas passou, Annabeth. Eu sinto muito, mas passou! – Remo gritava e gesticulava furioso – Eu nunca esqueci você, outro dia falei de você pra Tonks e cheguei a chorar, sem mentira, porque você realmente me marcou! Mas isso foi passado, entende? Por favor, tenta superar! Entre nós dois já não existe mais nada há muito tempo!

Remo parou e continuou observando a garota, enquanto lágrimas corriam seu rosto. Annabeth se jogou no sofá e já não suportava mais ouvir tanto, seus olhos se inundavam. Sirius, que não estava mais rindo da situação há alguns minutos, foi em direção à prima e a abraçou, numa falha tentativa de acalmá-la. Já Thalita e Joseph estavam quietos, trocando olhares comunicativos, tentando decidir o que fazer.

O lobisomem, então, olhou para os lados e viu que ninguém mais se manifestaria, subiu as escadas em direção a seu quarto, bateu a porta e jogou-se na cama, derramando todas as lágrimas no travesseiro.