Natasha entrou no carro e arrancou. Uma lágrima correu por seu rosto, mas ela tratou logo de secá-la.

— Você não vai chorar por ele. – ela falou pra si mesma. Parou no semáforo. – Por que fez isso, Clint? Achei que seria o único que jamais me trairia. Principalmente com quem mais me odeia.

O sinal ficou verde e ela arrancou dirigindo até a base. Estacionou na garagem e entrou no elevador.

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— Análise. – ela falou.

— Confirmado. – a voz do programa falou.

Natasha suspirou olhando a paisagem. Ficou pensando. Se ele realmente a amava, então por que mentiria pra ela? Nada fazia sentido. E a possibilidade, de Clint ter compactuado com a KGB, era praticamente insuportável pra ela. E agora, seus sentimentos estavam confusos. Já sentiu algo por Clint, mas, enterrou esse sentimento. Não poderia se envolver com alguém do seu ramo. A última vez que isso aconteceu, o cara morreu.

— Pelo menos o Elihas nunca se aliou a inimigos. – ela comentou consigo mesma. – Mas morreu do mesmo jeito.

O elevador abriu e ela desceu. Entrou no andar. Alguns agentes trabalhavam em seus ofícios, analisando objetos e mexendo nos computadores. O andar não estava muito cheio, por ser final de semana.

— Agente Romanoff. – Coulson surgiu ao seu lado a assustando. Mas ela não demonstrou.

— Coulson.

— O que tinha pra me dizer? Eu não entendi muito bem. – ele perguntou.

— KGB. – ela falou. – Você achou os arquivos velhos? De quando eu era da KGB?

— Vasculhei tudo. Não tinha nada de interessante. – ele respondeu.

— Eles voltaram. – ela comentou.

— Como pode ter certeza? – ele perguntou. Ela o encarou. – Viu algum deles?

— Não.

— Como pode saber então? – ele perguntou. Agora era a hora. Natasha estava pronta pra entregar Clint.

— Porque eu vim de lá. – ela falou. Agora que acabaria com aquele traidor de uma vez por todas. – Conheço o padrão com o qual eles agem. – ela não poderia falhar. Precisava acabar com isso. E agora viria o golpe fatal. – E eles sabiam exatamente como me atingir. Fazendo eu me sentir responsável pela morte do meu colega de trabalho, e eliminando meu cachorro. - ela falou.

— Entendo. – ele concordou. – Arman morreu? – ele perguntou preocupado.

— Não. Não, ele está bem. Está vivo, e se recuperando da cirurgia. – ela respondeu.

— Que bom. – ele concordou. Natasha não só falhou em delatar Clint, como o fez se passar por vítima. Parabéns Cabeça de Fósforos. – Certo. KGB. OK. Tem algo mais que queria nos contar? – ele perguntou a olhando.

— Que pode ser que tenha um infiltrado aqui. – ela respondeu.

— Aqui? – ele perguntou. Ela concordou com um aceno. – Como assim?

— Pra eles saberem onde eu moro, e onde seria a missão, eles teriam que ter acesso aos registros e arquivos da SHIELD. Teriam que entrar no sistema e avisar aos outros sem levantar suspeitas. – ela falou. – A não ser, que tivessem um programa bem desenvolvido pra invadir nossos sistemas por fora.

— Não. Não há registros de rompimento de segurança no sistema. Não teria como ser por fora. – Coulson cortou.

— Então, a opção lógica...

— É que realmente tenha um infiltrado. – ele completou. Ela suspirou concordando. – Ah não. Aí vai mal. O Fury não vai gostar disso.

— É. Ele vai ficar doido. – ela concordou. – E ainda me afastou porque achou que eu não ajudaria em nada, sendo que as provas são largadas na minha porta. – ela comentou frustrada.

— Na verdade, ele te afastou pra você descansar. Porque estava nervosa. –ele comentou com ar de riso.

— Eu não estou nervosa. – ela retrucou. Coulson a olhou.

— Está sim. – retrucou. Natasha o encarou e ele concordou com um aceno de cabeça.

— Tá. O foco não é esse. – ela revirou os olhos. Ele deu ar de riso.

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— Analisamos o que você mandou. – ele comentou a guiando até uma bancada onde um agente trabalhava no rastreador. – Eu não acho que seja mesmo a KGB. Se for, eles tiveram ajuda, porque a tecnologia não bate. – ele comentou.

— Como assim não bate? – ela perguntou.

— É desenvolvida de mais pra ser dos russos. É semelhante à nossa. – o agente que trabalhava comentou.

— Então acha mesmo que russos são incapazes de ter um intelecto suficiente pra desenvolver uma tecnologia avançada? – Natasha perguntou com um olhar ameaçador. O agente se encolheu.

— Nã-não, agente Romanoff. Só estou dizendo que... é possível que eles tenham recebido ajuda de outras empresas. – ele gaguejou. Natasha fungou e se afastou.

— São eles sim. – ela bufou quando Coulson se aproximou.

— OK. Sei que vai ficar brava por isso, mas a verdade é que a tecnologia russa não chega nem perto da nossa. – ele comentou. – Historicamente falando, é claro. - ele comentou segurando o riso. Natasha o olhou indignada.

— Você quer discutir história comigo? – ela perguntou. – Vocês se gabam de terem ido pra lua, mas esquecem de que o primeiro homem a ir ao espaço, foi Iuri Alekseievitch Gagarin. Russo. E eu me lembro muito bem disso. Eu estava na KGB, e acompanhei o trajeto dele. – ela falou com raiva.

— Mas você não foi pro espaço. Estava ocupada sendo cobaia de laboratório. – Coulson retrucou. – Mas, não estamos aqui pra trocar farpas. Estamos pra cuidar dos russos.

— Você realmente consegue insultar um país inteiro, na frente de uma assassina que é desse mesmo país que você acaba de insultar. – Natasha cruzou os braços. – Isso é viver perigosamente.

— Você não vai me matar. Sou seu único amigo vivo. – ele falou rapidamente. – Ok. Vamos ter que contar ao chefe sobre o traidor, e o que eu posso fazer, é reforçar a segurança na cidade, e na sua casa. – ele falou.

— Nada de mandar agentes pra ficar parados num carro na frente da minha casa 24hrs por dia. Eu não vou ficar servindo lanchinho pra eles. Nem pense nisso. – ela o cortou.

— Ok. Quer ser morta por russos? Vai em frente. Só não quero o diretor no meu pé me culpando por ter deixado morrer dois dos melhores agentes dele. – Coulson deu de ombros. – Só estou fazendo meu trabalho.

— A Audrey não vai gostar se por acaso eu contar pra ela que você andou trocando farpas comigo de novo. – Natasha comentou. – Aposto que ela vai ficar decepcionada de saber que você magoou os sentimentos de uma pobre assassina russa.

— Você está me chantageando? – ele perguntou.

— Tome como quiser. – ela falou.

— Ok. – Coulson suspirou. – Eu mando eles passarem de hora em hora pra ver se está tudo bem. – ele falou. – Mas a vigilância no seu bairro vai ser reforçada. – ele alertou.

— Tudo bem. – ela concordou. – Mas não manda num carro padrão, não, ok? Não quero que os vizinhos fiquem comentando da coisa chata de ter um sedã preto que passa na rua o tempo todo.

— Ok. – Phil bufou. A olhou. – É tudo o que tinha pra me dizer? – ele perguntou.

— É sim. – ela concordou.

— Ok. Obrigado, agente Romanoff. Avançou em pelo menos uma semana nas investigações. Agora pode ir pra casa. Vou mandar uma escolta pra te acompanhar. – Coulson a dispensou.

— Obrigada, agente Coulson. – Natasha falou fria e formalmente, e se afastou entrando no elevador.

— Warley. – Coulson chamou pelo comunicador. – Manda um carro pra acompanhar a agente Romanoff até em casa. – ele pediu.

Natasha arrancou com o carro saindo da garagem. Há certa altura do trajeto, ela notou que um sedã estava seguindo ela.

— Escolta. – ela deu ar de riso, debochada. – E essas crianças por acaso vão saber reagir se virem um agente da KGB?

Ela dirigiu até sua casa, e estacionou na garagem. Entrou na varanda sem olhar pra trás. Não estava nem um pouco a fim de ver Clint. Mas não tinha muitas opções. Ela pegou a chave na bolsa pra destrancar a porta.

— Natasha? – ela ouviu uma voz conhecida chamar seu nome. Olhou em volta.

— David. – ela deu um sorriso simpático e forçado.

— Você está bem? – ele perguntou preocupado ao notar que ela não estava muito feliz.

— Já estive melhor. – ela respondeu.

— Sabe... eu estava indo no bar do Grayer pra ver como ele tá depois da reforma. Quer vir comigo? – ele perguntou. Natasha desviou o olhar pensando. – Olha, não precisa vir se não quiser...

— Eu quero. – ela respondeu. David parou um pouco surpreso.

— Sério? – ele perguntou esperançoso.

— Muito sério. Vamos? – ela se aproximou dele.

— Vamos, claro. – ele concordou. Os dois caminharam lado a lado. David falava com ela, e ela respondia normalmente. Mas estava com os pensamentos em outro lugar.

Entraram no bar, sentaram no balcão.

— E aí, Gray? A reforma ficou legal, cara. – David falou para o barmen.

— Pois é. E você estava demorando pra vir. – Grayer comentou.

— Pois é. Andei meio ocupado com o trabalho. – David respondeu.

— Ok. E nesse domingo resolveu relaxar. – Grayer sorriu.

— É. Acho que uma pausa sempre vai bem, né Natasha? – ele olhou para ela que ao ouvir seu nome, gemeu encarando os dois.

— É. É bom relaxar. Tentar esquecer os problemas do cotidiano. – ela comentou.

— É. – os dois concordaram.

— Bom, e o que vão querer? – Grayer perguntou.

— Um Martini pra mim, Gray. – David respondeu.

— E você, Natasha? Faz tempo que você não vem, mas deduzo que seja o de sempre, certo? – Grayer perguntou pra ela.

— Só uma cerveja pra mim, hoje, Gray. Obrigada. – ela respondeu.

— Como é? Você vem aqui depois de séculos, e ainda dispensa uma dose dupla de vodka? – Gray pergunta surpreso.

— Não tô com humor pra vodka, Gray. – ela reclamou.

— Ok. Não queremos deixar a russa estressada hoje. – Gray se afastou.

Natasha suspirou desviando o olhar. David a olhou incessante.

— O que aconteceu, Nat? – David perguntou preocupado. – Não te vejo tão distante desde que voltou daquela viagem em que seu namorado morreu num acidente.

— Pois é. – Natasha concordou. – São uns problemas no trabalho. – ela desconversou. Grayer entregou as bebidas deles e se afastou indo atender outros clientes.

— Sei... – David aproximou sua bebida. – E esse “problema” tem um nome?

— Muitos nomes. – ela respondeu tomando um gole de sua cerveja.

— Algum que eu conheça? – ele perguntou.

— Um deles se chama “Arman”. – ela respondeu. David a encarou confuso. Ela suspirou. – Invadiram minha casa ontem... e tentaram matar o Arman. – ela contou.

— Nossa! Ele tá bem? Como ele tá? – ele se assustou.

— Ele passou por uma cirurgia muito delicada, mas está vivo, e se recuperando. – ela o tranquilizou.

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— E os invasores levaram alguma coisa? – ele perguntou. Ela negou com a cabeça.

— Não. Eu nem tô preocupada com isso. Tomei um tremendo esporra do chefe, me estranhei com um colega... tá tudo de cabeça pra baixo. – ela contou com um olhar perdido.

— Entendo. Às vezes a vida nos prega uma peça atrás da outra, Natasha. Mas é nosso dever saber lidar com elas. Sabe é o que eu sempre digo: “Se a vida te der um limão, esprema ele nos olhos dela.” – David falou e Natasha riu com gosto.

— Olha, essa é nova pra mim. – ela comentou. Ele sorriu. – Muito boa.

— Te fazer sorrir já é uma boa pra mim. – David falou gentil.

— Tem algum tempo que eu não rio de verdade. – ela comentou.

— É o que o estresse faz com a gente. Sabe, sempre que eu me estresso, eu venho pra cá. – ele contou. – Eu fico observando as pessoas, e invento histórias pra elas.

— É mesmo? – ela perguntou interessada.

— É sim. – ele concordou. – Olha aquele cara ali. – ele indicou um cara sentado num canto isolado do bar. – Aquele cara vem aqui todos os fins de semana. Senta no mesmo lugar sempre e pede sempre dose dupla de conhaque sem gelo.

— E o que você imagina pra ele? – ela perguntou.

— Eu imagino que ele deve trabalhar num escritório pequeno no centro. Talvez... na recepção de um pequeno escritório de advocacia que ninguém conhece. E ele é traído pela mulher, e sabe disso. Mas é covarde demais pra reagir, porque tem medo que ela vá embora. – ele contou.

— Acho que pode ser um tanto cruel fazer dele um corno passivo. – ela comentou pensativa. – Mas a história é interessante.

— Olha. Tem aquele cara. – ele indicou um homem enorme, cheio de tatuagens e com cara de motoqueiro. – Ele tem um gatinho chamado Puff.

— Nossa. Disso eu não duvido. – ela riu tomando um gole de cerveja.

— Não duvide mesmo, porque outro dia, o cara contou tudo pro Gray. O gatinho é um siamês de quatro meses. – David contou.

— Bom, vou lembrar de manter distância dele. – Natasha comentou.

— Relaxa, ele é um doce. – David falou tranquilo se apoiando no balcão.

— Ele sim, o gato... eu já não garanto. – ela comentou bem humorada.

— Não gosta de gatos? Tem medo? – David a olhou.

— Não é que eu não goste... é que não tenho um bom histórico com eles.- ela deu de ombros.

— Nossa, nunca pensei que algo pudesse te deixar...

— Nervosa? – Natasha arriscou.

— Apreensiva. – ele corrigiu. – Você sempre foi durona.

— Eu sou russa, filho. É da minha natureza ser durona. – ela retrucou tomando outro gole de cerveja.

— É claro. Durões não entendem a natureza do medo e do nervosismo. – ele comentou com ar brincalhão. – É claro que você não tem medo de gatos.

— Os durões entendem sim, David. Só não posso arriscar que as pessoas percebam isso. – ela o olhou divertida.

— Claro. – ele concordou. – Devo admitir você até que tá lidando bem com o estresse. Mas confesso que estou me sentindo usado.

— Usado? – ela repetiu confusa. – Porque acha isso?

— Desde que nos conhecemos você me enrola dispensando todos os meus convites. Mas, de repente aceita. Com problemas no trabalho e com colegas. Se eu não te conhecesse, diria que você está me usando pra distração dos seus problemas, ou pra fazer ciúme em alguém. – ele comentou baixo.

— Pra quem eu iria fazer ciúmes, David?

— Não sei. Mas tem alguém, não tem? – ele perguntou.

— Tem. – ela concordou.

— Eu sabia. – ele sorriu.

— Você... está feliz por isso? – ela perguntou.

— Claro. Por que não estaria? – ele perguntou.

— Porque tem anos que você tá me cantando pra sair... então...

— Ah sim! Claro. Não se preocupe quanto a isso. – ele falou tranquilo. – Eu só insisti porque achei que você precisasse de amigos. E não tem muita simpatia nessa vizinhança.

— Você só quer minha amizade? – ela encarou incrédula.

— É. – ele concordou. Ela parou o observando. Se Natasha tivesse paro pra prestar a atenção aos detalhes, teria percebido isso há muito tempo. Como as sobrancelhas bem feitas dele, o cabelo sempre bem penteado, as roupas delicadamente bem passadas e com perfume de amaciante, braços depilados. E o mais importante, a bebida que ele escolheu.

— Você é gay... – ela deduziu surpresa.

— Tcharam. – ele sorriu. – Demorou um tempo pra perceber, né?

— Pois é... você foi sempre tão simpático e sempre me lançando esses sorrisos de galã, que eu nunca parei pra pensar nos detalhes. – ela comentou surpresa.

— É. Achei que isso poderia te fazer gostar de mim. Ao menos se sentir querida nesse meio de gente grosseira. Mas você sempre me deixou no vácuo. Mas eu não ligo. Gosto de você. – ele falou normalmente. – Tem algum problema pra você?

— Não. Não ligo. – ela deu de ombros.

— Então, o que me delatou? – ele perguntou.

— A bebida e as roupas. – ela respondeu.

— Eu não uso roupas escandalosas, uso roupas normais. –ele estranhou.

— Eu sei. Mas você usa amaciante. Homens nem sabem o que é isso. – ela respondeu. – E a menos que seja um play boy ricaço, eu nunca vi um homem pedir Martini num bar como esse.

— É. Olha, Natasha, poucas pessoas sabem sobre isso de mim, e eu realmente gostaria que se mante-se assim. O pessoal do nosso bairro não é muito do tipo que aceita qualquer excentricidade. – ele pediu. – E como você viu, eu me mantenho numa boa.

— Tranquilo cara. Sem problema. – ela prometeu.

— Valeu. – ele deu um pequeno sorriso. – Agora, vamos voltar ao seu problema com o tal ”cara”. – ele falou fazendo Natasha rir.