Era uma noite fria em Washington DC. Era cerca de nove da noite, a cidade estava tranquila. Poucos se arriscavam a sair no frio da noite. Enquanto isso, em um condomínio, uma menininha de oito anos se prepara pra dormir.

— Já escovou os dentes?

— Já, mamãe. – a menina de cabelos loiro-platinados e ondulados respondeu, enquanto a mãe a cobria com a coberta rosa. – Quero ouvir uma história.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Hum... que história quer ouvir? – a mãe pergunta, curiosa. – Qual quer que eu conte?

— Desculpa, mamãe. Mas eu quero que a tia me conte. – ela retrucou.

— Sua tia acabou de chegar de viagem, amor. Deve estar cansada. – a mãe tentou explicar.

— Por favor! – a menininha insistiu com um olhar brilhante. A mãe riu.

— Tá bom. Eu vou chamá-la. – ela se levantou, dando um beijo na testa da filha. – Boa noite, amor.

— Boa noite, mamãe. – a menina respondeu.

A mãe saiu do quarto em direção à sala, onde algumas poucas pessoas conversavam.

— E como tem sido na Torre? Teve alguma novidade? – uma mulher perguntou. Devia ter cerca de 50 a 52 anos.

— Bom, eles foram pra uma missão não tem muito tempo. Como eu fiquei, pensei de vir dar uma passada aqui, pra ver como vocês estão. – uma moça respondeu. Era loira, com olhos esverdeados. Tinha cerca de 26 anos.

— E você? Tem saído em campo? – um rapaz respondeu. Ele era mais velho que ela.

— Só quando necessário, Site. Só quando eles realmente precisam. Se não, eu fico no laboratório. Eu gosto. Gosto de trabalhar com a Dra. Cho. – a moça respondeu.

— Lena?

— Sim, Frankie? – a moça a olhou na entrada da sala.

— Ela quer você. – a mulher respondeu. A moça concordou com um aceno.

***

— Oi pequena! – a moça abriu a porta do quarto.

— Oi, tia Lena. – a menininha cumprimentou. Lena entrou no quarto fechando a porta.

— Então... – ela se sentou na cama, olhando a sobrinha. – O que vai ser hoje, Sophie?

— Você sempre me contou as aventuras dos seus heróis.

— Meus heróis? Achei que fossem nossos. – a moça comentou.

— Não. Meus heróis são você, o papai, a mamãe e o Batman. – a menininha retrucou. Lena riu. – Principalmente o Batman.

— Certo. Então o que você quer ouvir? – Lena perguntou.

— Cansei de histórias de aventura. Quero um mistério, com um pouco de romance. – a menina respondeu, convicta.

— Hum... Parece saber bem o que quer. – Lena falou em tom formal e divertido. – Certo. Hum... eu acho que tenho uma que se encaixa nesse padrão.

— Tem? – a menininha perguntou animada.

— Tenho. Quer que eu comece? – Lena perguntou. A garotinha concordou. – Há muito tempo, numa galáxia muito, muito distante...

— Pera! Essa é a abertura de Star Wars! – a garotinha brigou.

— Você não deixa passar nada, né? – a tia a olhou, indignada. A garotinha negou com a cabeça rindo. – Certo. Não faz tanto tempo, e nem foi tão longe. Na verdade, aconteceu aqui mesmo. Em Washington DC.

— Aqui? Tão pertinho!

— É.

— Sobre quem é essa história? – a loirinha perguntou.

— Sobre um certo pássaro e uma certa aranha. – Lena respondeu divertida tentando fazer mistério.

— Tá! Conta logo, tia! – a garotinha apressou.

— Tá bom. Calma. – Lena respondeu. – Era uma tarde como outra qualquer em Baltimore, arredores de Washington, e uma dupla de agentes estava em uma missão importante...

***

— Agente Romanoff. Como está o andamento da missão? – Fury perguntou pelo comunicador.

— Está tudo nos conformes. Barton está se dirigindo ao apartamento com o pacote. – ela respondeu, observando o parceiro pelas câmeras da vã em que ela estava. – Como estão as coisas por aí, Gavião?

— Por enquanto tudo certo. Mas tá meio suspeito. Tá muito tranquilo. – ele respondeu pelo comunicador.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Tudo bem. Siga o plano. Qualquer coisa, eu entro em cena. – Romanoff o tranquilizou, observando-o seguir em direção ao pequeno prédio. Aparentava ser velho. O reboco das paredes estava descascado, revelando alguns tijolos. Barton bateu na porta, e ela se abriu. Ele entrou e a porta se fechou.

A ruiva observou atenta. Depois de alguns segundos, ouviu-se o som de tiros, ela se levantou e saiu do furgão da vã, correndo em direção ao prédio. Mas antes que pudesse entrar, ele explodiu, lançando-a longe.

Depois de alguns segundos, ela se levantou com um zunido agudo no ouvido.

— Ai! – ela reclamou, encostando sua mão na testa. Afastando, viu que seus dedos estavam salpicados de sangue. Então pareceu se tocar de algo. – Clint. – ela sussurrou e olhou o prédio que estava em chamas. – Clint! – ela correu em direção ao prédio.

Ela iria mesmo entrar lá pra tirar seu parceiro, mas sentiu ser segurada pela cintura, impedida de continuar seu trajeto.

— Natasha! – ela ouviu sussurrarem perto de seu ouvido. – É tarde agora!

— Me solta, Coulson! Ele tá lá! Eu preciso tirar ele de lá! – ela tentava se soltar.

— Nat, ninguém poderia sobreviver a uma explosão dessas! – ele insistiu. Ela parou, sentindo seu coração apertado. – Nem mesmo o Barton. Ele se foi.

— Ele se foi... – ela repetiu, soltando o ar dos pulmões. – Me deixou...

— Lamento. – Coulson falou, soltando-a. Ela suspirou, tentando pensar.

— Como... como chegou tão rápido? – Natasha perguntou.

— Fury me enviou com uma equipe pra monitorar. Disse que Barton não foi muito honesto no último relatório. – Coulson explicou.

— E não fizeram nada? – Natasha se indignou.

— Recebi ordens pra não... interferir. – ele respondeu.

Natasha se encheu de fúria.

***

— Hill. – Fury chamou pelo comunicador em sua mesa. – Quem estava no apartamento?

— Não sabemos exatamente, senhor. A única câmera da qual tínhamos acesso no apartamento era a que estava com o agente Barton. Mas temos suspeitas de que poderiam ser um grupo de contrabandistas ou mercenários. Tinha mais gente perigosa atrás desses caras, então, acredito que a explosão não tenha sido causada pra atingir especificamente um dos nossos. - Hill explicou. – Mas isso é só uma especulação. Vou ver se consigo mais informações.

— Seja breve. Quero saber quem eles eram. E tenho certeza de que a agente Romanoff vai querer saber também. – Fury falou. – E sejam quem forem, eles eram bons, porque Barton era um dos meus melhores agentes.

— Farei o possível, senhor. – Hill prometeu e Fury desligou.

Romanoff entrou no escritório de Fury. E não estava feliz.

— Agente Romanoff. Que bom saber que está bem. – ele falou em tom manso.

— Cala a boca! – ela o cortou. – O que estava pensando quando mandou agentes pra nos espionar, mas não nos ajudar?

— Se você se acalmar, podemos ter uma conversa civilizada. – Fury respondeu em tom calmo.

— Nick, se você tem amor à sua vida, é melhor não falar pra uma mulher que está furiosa se acalmar. Podem ser as suas últimas palavras. – Romanoff falou em tom baixo e furioso.

— Devo tomar isso como uma ameaça, agente Romanoff? – ele perguntou sério.

— Como um aviso. – ela respondeu.

— Certo, sente-se. – ele indicou a cadeira à frente de sua mesa. E assim ela o fez.

— Fury, quem estava dentro do apartamento? – Natasha perguntou.

— Lamento dizer que não sei. – Fury respondeu.

— Eu também. – Natasha concordou.

— Mas estamos trabalhando pra descobrir o que aconteceu exatamente. Se tiver novidades, te aviso. – Fury prometeu. Natasha suspirou desviando o olhar.

— Vai ter um funeral? – ela perguntou.

— Não por enquanto. Vamos descobrir o que aconteceu primeiro. Depois faremos tudo nos conformes. – Fury respondeu. – Até lá, descanse. Considere-se em férias.

— Férias? Eu nunca tirei férias. – Natasha retrucou.

— Sempre tem uma primeira vez. Descanse, viaje, faça o que quiser. – Fury falou.

— Mas...

— Isso é tudo, agente Romanoff? – Fury a interrompeu. Ela suspirou.

— Sim, isso é tudo, diretor. – ela respondeu.

— Então, está dispensada. Pode ir pra casa. – Fury a dispensou.

Natasha se levantou e saiu, sem dizer nada.

— Natasha, eu...

— Agora não, Coulson! – ela o cortou passando por ele. Ele a observou se afastar, sem entender.

Ela desceu pelo elevador e entrou no estacionamento. Foi até seu carro esporte azul escuro e entrou sentando-se no banco do motorista. Olhou pro banco do passageiro lembrando-se das diversas vezes em que Barton se sentara ali. Uma lágrima escapou de seus olhos esverdeados. Mas ela enxugou rapidamente.

— Não, Romanoff. Não na frente dos agentes. – ela falou para si mesma colocando o cinto, destravou o freio de mão.

Dirigiu pelas ruas de Washington DC. Ela não podia morar muito longe da base, mas podia escolher o lugar. Ela morava na parte mais tranquila da cidade, pra evitar o estresse e relaxar um pouco, depois de missões agitadas. Apesar de essa ser a parte que ela mais odiava das missões: ter que voltar pra casa.

Logo chegou na rua em que morava, e estacionou na garagem de sua casa. Ela morava num lugar confortável, e aconchegante. Era um pequeno sobrado com uma varanda e um lindo jardim na frente. Apesar dela achar que morava em uma casa grande demais pra quem vive sozinho. Bom, sozinho, com um Husky Siberiano.

Ela entrou em casa, e foi recepcionada pelo grande cão russo.

Oi Arman. Tudo bem, garoto? Se comportou?— ela falou em russo, afagando as orelhas do seu cachorro. Ele era muito grande e um bom cão de guarda. Ela o treinou desde filhote em russo, pra que atendesse somente à ela. Ele tinha a pelagem longa e malhada com branco, e machas castanhas e acinzentadas. Ele pulou, apoiando as patas da frente nos ombros da dona e lambeu seu rosto. – Pare com isso. — ela riu, afastando-o. – Também senti saudades, garoto.— ela afagou novamente suas orelhas e se afastou, atravessando a sala.

Foi até sua cozinha que era separada da sala por um balcão. Arman a seguia de perto. Ela colocou ração na vasilha dele e água em outra. Então saiu, subindo as escadas. Atravessou o corredor e entrou em seu quarto, a última porta.

Pegou duas toalhas no armário, e seu roupão que estava pendurado ao lado de seu robe preto e vermelho. Entrou no banheiro e ligou o chuveiro, enquanto tirava o uniforme. Notou que Arman a fitava na porta do banheiro.

O que tá olhando, heim? — ela perguntou. Ele deu um latido baixo e abafado, botou a ponta da sua língua rosa pra fora, fazendo uma cara fofa. – Ah! Vai arranjar o que fazer. Corre atrás do próprio rabo, mastiga um dos meus chinelos, essas coisas de cachorro. Me deixa, cara!— ela ralhou, fechando a porta na cara dele.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Arman latiu alto na porta do banheiro e saiu abanando a calda. Natasha suspirou reprimindo os lábios. Ela amava seu cachorro. Mas não estava no clima pra brincar com ele. Entrou no chuveiro e relaxou ao sentir a água morna correr por seu corpo como um cobertor quente que a recebia com um abraço. Ela só conseguia pensar em Clint.

Ela não acreditava. Eles são amigos a tantos anos, e agora, ele simplesmente se foi. Tão fácil, tão rápido. Claro que, em missões, tem que estar pronto pra tudo, mas ela não esperava que isso acontecesse desse jeito. Tão cedo. Sentia seu peito doer por isso. Mas dessa vez, não segurou as lágrimas. Deixou que elas rolassem num choro silencioso. Além da tristeza, ela também se sentia culpada, principalmente por não ter feito nada.

Depois do banho, ela se enrolou no robe, e secou seus cabelos rubros e ondulados com secador. Depois, vestiu uma roupa confortável, amarrou o cabelo num coque e saiu do quarto, descendo as escadas. Ela sabia que deveria comer algo, mas estava tão triste que não sentia fome.

Saiu de casa e encontrou Arman sentado na varanda fitando a rua. Ela sentou-se no balanço da varanda.

Arman, junto.— ela ordenou, e ele subiu no balanço deitando ao lado dela, com a cabeça em seu colo. Ela afagou suas orelhas, enquanto observava o horizonte. O sol estava se pondo. O céu tomava cores rosadas e alaranjadas como uma linda pintura de tela. – Ele adorava o pôr-do-sol, Arman.— Natasha comentou sem desviar os olhos do céu. O Husky apenas chiou baixo em resposta. – Sinto falta dele, Arman. Queria ele comigo. Ele já me salvou tantas vezes, mas quando ele precisou, não pude salvá-lo. Talvez eu não seja tão boa quanto penso. — ela comentou, olhando-o. Ele apenas piscou lentamente.

— Senhorita Romanoff! – ela ouviu uma voz feminina chamar. Natasha viu uma senhora se aproximar, saindo do quintal da casa ao lado.

— Sra. Carter. – ela sorriu gentilmente. – Olá! Venha!

— Como foi de viajem? – a senhora perguntou, entrando na varanda.

— Foi tudo bem. – Natasha respondeu, sem hesitar. – Como Arman se comportou?

— Bem. É um ótimo cão de guarda, mas o carteiro ainda tem medo. – ela respondeu fazendo Natasha rir baixo. – Ele me pediu pra te entregar. Chegou hoje de manhã. – ela entregou uma caixa com uma carta. Natasha agradeceu e a idosa voltou para sua casa.

Natasha colocou a caixinha ao seu lado, e abriu a carta, que não continha nenhuma identificação.

Foi muito fácil se livrar do seu guarda costas.

É melhor andar de olhos bem abertos, agora que está indefesa. Não se preocupe. Vou mandar outra mensagem logo.”

— Não foi acidente. – Natasha concluiu com certo tom de ódio.

Olhou a caixa ao seu lado. Pegou e abriu. Ficou surpresa com o que viu. Tirou dali de dentro, um pequeno punhal. O cabo era preto de metal e a lâmina era de dois gumes, afiada e brilhante. Natasha suspirou. Era o punhal que ela deu para Clint no aniversário dele. Ele sempre carregava consigo, como uma espécie de talismã. Arman rosnou ao ver o punhal, considerando como uma ameaça.

Calminha, rapaz. Tudo bem.— ela falou em tom tranquilo, e se levantou. – Vamos. Pra dentro.— ela abriu a porta de casa. O grande Husky malhado desceu do balanço e pegou a dianteira. Natasha olhou ao redor. Estava tudo tranquilo como sempre. Então, entrou trancando a porta. Arman foi pra cozinha comer, e Natasha voltou pro seu quarto. Entrou no closet, e se dirigiu a uma arara com vários casacos e jaquetas, e alguns trajes especiais. Ela afastou as peças de roupas revelando a parede de MDF cor de creme. Ela pressionou a tábua e ela saiu, revelando um cofre de aço reforçado com teclado digital. Ela digitou a senha.

Senha de voz.— a voz eletrônica do teclado digital falou.

Sala Vermelha. — Natasha falou em russo. Ouviu-se um “click” e a portinha do cofre se abriu revelando os poucos objetos que continha, os quais eu não estou autorizada a citar, mas enfim. Natasha guardou lá dentro o punhal, e trancou novamente o cofre. Tampou com a tábua e arrumou seus casacos que estavam organizados por cores e conforme a intensidade do frio.

Saiu do closet fechando a porta, e viu que Arman a esperava na cama. Ela deu um pequeno sorriso.

Vai querer me acompanhar hoje, meu Czar? — ela perguntou. Arman simplesmente deitou. Ela sentou-se na cama tirando os sapatos e deitou se cobrindo. Arman se deitou aos pés dela na ponta da cama, assim, ficaria de guarda, e dormiria perto de sua dona. Natasha suspirou abraçando um dos seus travesseiros, e fechou os olhos, relaxando. Logo adormeceu.