Sempre Ao Seu Lado

Capítulo 1


Era para ser apenas mais um dia comum, pelo menos era isso que ela esperava enquanto carregava o pequeno bebê com pouco mais de dois meses para dentro do consultório médico, seu rosto um pouco pálido devido a um mal estár súbito, os cabelos loiros presos em um rabo baixo e os belos olhos verdes junto com um carisma incomparável transformavam aquela mulher em uma beldade extraordinária.

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Ela estáva ali para uma consulta de rotina, pois vinha se sentindo mal há algum tempo, e seus sintomas eram de um resfriado leve, porém a preocupação de contagiar o seu pequeno filho a fez procurar o hospital, buscado uma consulta com um clínico geral para que este lhe passasse alguns remédios que de preferência não fizessem mal ao bebe.

O doutor lhe atendeu com um sorriso simpático, mas quando a loira começou a relatar seus sintomas, seu sorriso simpático foi substituído por uma expressão preocupada, após o relato o médico lhe passou uma bateria de exames, algo bem diferente do que ela esperava.

Preocupada, a mulher preferiu fazer os exames logo em seguida, mas os funcionários do laboratório lhe disseram que demoraria uma semana para que saíssem os resultados, e em uma semana seu filho começou a apresentar os mesmos sintomas.

Preocupada ela fez o que podia, optando por remédios naturais para dar ao pequeno menino com cabelos tão loiros como os seus. Assim que saiu o resultado dos exames, a mulher imediatamente foi ao hospital, marcando uma nova consulta com o mesmo médico que a recebeu com o mesmo sorriso simpático da primeira vez.

Mas destá vez seu sorriso mudou drasticamente ao ver o resultado dos exames, dessa vez sua expressão não foi de preocupação, mas sim de pena.

—Eu não sei como dizer isso de uma maneira mais… leve… – começou o médico, passando a mão por seus cabelos negros – Você contraiu HIV – falou o médico olhando a loira nos olhos.

Aquilo foi um choque, algo que ela de fato não esperava, mas a verdadeira pergunta que rondava sua mente era como ela havia contraído tal doença. Mas seus pensamentos logo foram retirados dessa pergunta após olhar para o pequeno bebe em seu colo.

Seu olhar então recaiu sobre o médico que olhava para a criança com pena, aquilo foi a confirmação para a sua pergunta, mais mesmo assim ela preferiu colocar em palavras, mesmo sabendo que a confirmação definitiva doeria.

—Adrien… meu filho… ele… – falou ela, pausadamente, como se tentasse aceitar a notícia – Ele também foi contaminado?

—Possivelmente sim – falou o médico ficando em silêncio em seguida, como se procurasse as palavras certas – É muito provável que sim, pois quando você o amamenta, a sucção do bico do seio faz os vasos sanguíneos na pele se romperem e o bebe absorve esse sangue junto com o leite – falou o médico, um pouco receoso – Normalmente é uma quantidade insignificante de sangue mais…para passar essa doença, qualquer quantidade é o suficiente.

A mulher ficou em silêncio enquanto observava o bebe em seus braços, sentindo uma enorme culpa crescer dentro de si. Ela o havia contaminado, ela o havia condenado.

—Olha, é possível ter uma vida normal, mesmo possuindo HIV – começou o médico, enquanto pegava alguns panfletos em sua gaveta e os entregava a loira, que mantinha no rosto uma expressão de choque – O hospital fornece todos os medicamentos, e o governo oferece uma pensão, você não terá que se preocupar com nada – continuou o médico, abrindo um dos panfletos e mostrando alguns telefones para contato – Basta seguir as ordens medicas, tomar os medicamentos e você…vocês viverão bem.

Lagrimas escorriam pelos olhos verdes da mulher, enquanto está assentiu com a cabeça, pegando os panfletos da mesa do médico que tentava confortá-la de alguma maneira. Mesmo em choque a loira foi até o local pedido, fez seu cadastro e pegou a primeira leva do medicamento, recebeu também orientações de saúde como praticar exercícios físicos e se alimentar corretamente.

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—Dentro de dois dias alguém vai ligar em sua casa para falar sobre o beneficio e a pensão – falou a atendente – Você terá que ir até uma agência afiliada do governo e criar uma conta…

A jovem continuou passando as instruções enquanto mostrava em um panfleto a onde estáriam as instruções caso a loira esquecesse, porém seu pensamento estáva unicamente em seu filho, e na culpa que sentia.

O tratamento começou, a mulher fez tudo como mandado, criando a conta no banco e tomando corretamente os medicamentos, porém está acabou sofrendo de um efeito colateral, que a fez sentir fortes dores de cabeça.

Mas felizmente Adrien, seu filho, não sofreu com nenhum tipo de efeito colateral, na verdade o fato de ingerir o medicamento através do leite fez os sintomas de gripe que o pequeno estáva tendo sumirem, o que ajudou no desenvolvimento do menino.

Tudo estáva indo muito bem, felizmente os medicamentos fizeram o efeito esperado e após três semanas tomando os efeitos colaterais sumiram. Para evitar ficar fazendo viagens longas para o hospital, a loira resolveu comprar uma casa próxima ao hospital, dentro de um condomínio fechado.

E assim o tempo passou, mais depressa do que qualquer um esperava.

***

Uma mulher loira levava um menino loiro pela mão, ambos andavam calmamente pela rua, como se tivessem todo o tempo do mundo para chegarem ao seu destino. O menino aparentava ter três anos, e andava a passos rápidos ao lado de sua mãe, tentando manter a mesma velocidade que ela.

—Estou muito rápido? – perguntou ela para o pequenino, que balançou a cabeça sorrindo.

—Não mamãe – falou este, dando uma leve corrida para alcançá-la – Assim está bom!

—É mesmo? – falou a loira, sorrindo e diminuindo levemente sua velocidade, para que Adrien pudesse andar ao seu lado tranquilamente.

Ambos estávam indo ao hospital para poderem pegar os medicamentos e fazer alguns exames para terem certeza de que tudo estáva ok. Ao chegarem foram direto para a ala de entrega de medicamentos. Adrien observou atentamente enquanto a loira pegava uma senha do aparelho e ia até os bancos para esperarem a sua vez.

Enquanto esperava uma das moradoras do condomínio viu os dois ali e estranhou, afinal ambos pareciam ser completamente saudáveis, um pouco desconfiada a senhora resolveu sentar-se próxima aos guichês de atendimento e ficou ali esperando.

Em poucos minutos a senha de Adrien e sua mãe foi chamada, a loira então levantou-se e seguiu até o guichê, sendo seguida pela sua vizinha que também havia sido chamada.

—Bom dia – falou a atendente, sorrindo enquanto colocava uma mecha teimosa de seus cabelos negros atrás da orelha.

—Bom dia – respondeu a loira, enquanto retirava da bolsa alguns documentos e as duas carteirinhas. A atendente pegou as carteirinhas, conferindo a foto, para então abrir o sistema, vendo com cautela os medicamentos que a loira viria buscar e se seus exames estávam em dia.

Dois exames estávam quase vencendo, porém bastou um olhar para a atendente ver o papel dos exames da mão da loira que sorria calmamente. A moça então imprimiu a lista com os medicamentos, que incluíam não somente os remédios para aids como também alguns remédios para dor e muitas vitaminas que só poderiam ser vendidas com receita, mas era possível pegar de graça nos hospitais.

A morena então levantou-se e foi até as prateleiras, procurando os remédios, a jovem preferiu começar pelas vitaminas, em seguida pegou os dois medicamentos para dor para enfim ir até os medicamentos para aids, porém o hospital estáva com falta dos medicamentos. A atendente voltou ao guichê com um sorriso de desculpas.

—O remédios para aids estão em falta – falou ela, um pouco decepcionada – Vão chegar só semana que vem. Mais temos todos os outros, gostaria de levar?

A loira pareceu pensativa porém resolveu levar os remédios, prometendo que iria voltar semana que vem. A senhora sentada no guichê ao lado havia escutado toda a conversa, quase não acreditando no o que havia escutado e pensando no risco que havia corrido ao apertar a mão da loira quando está havia acabado de se mudar, decidida de que iria contar a todos sobre isto, a senhora ajeitou melhor a sua bolsa, enquanto esperava a atendente trazer a sua insulina.

Adrien observou sua mãe se aproximar com uma sacola negra com um olhar um pouco preocupado, porém ao olhar para o filho o olhar preocupado transformou-se em um sorriso calmo enquanto ela estiva sua mão para que Adrien pudesse segurá-la.

—Vamos? – falou ela, sorrindo quando o seu amado filho balançava a cabeça e descia da cadeira.

Naquele dia ambos fizeram exames de sangue e passaram por uma consulta médica para exames rotineiros, mas naquele momento ambos vinham andando para a casa com sorrisos satisfeitos no rosto, principalmente Adrien que havia recebido muitos elogios do médico.

—Bem… – falou sua mãe sorrindo – O que farei para o almoço?

Adrien arregalou os olhos enquanto um sorriso ainda maior brotava em seus lábios.

Hambúlguer! – falou o loiro com os olhos brilhantes enquanto errava na pronuncia, porém sua mãe o corrigiu sorrindo – Hambúrguer com um ovo por cima e bastante ketchup!

A loira riu enquanto acariciava os cabelos loiros de Adrien.

—Certo, então será hambúrguer com ovo e bastante ketchup – falou ela sorridente enquanto levava o garoto para casa.

Mas o tempo calmo e alegre começou a mudar naquele dia. Como prometido na próxima semana Adrien e sua mãe iam em direção ao hospital, porém tanto Adrien como a loira perceberam que a forma como todos os tratavam havia mudado, os moradores do seu condomínio agora mantinham-se distantes e evitavam falar com eles.

Enquanto andavam em direção ao hospital, os dois viram alguns de seus vizinhos indo buscar os filhos na escola, todos passavam longe e alguns até mesmo atravessavam a rua, tudo para fugir dos dois.

—Mamãe… – chamou Adrien, enquanto observava sua vizinha atravessando a rua correndo e evitando olhar para os dois – Por que todos parecem fugir?

A mulher abaixou-se ficando quase da mesma altura de Adrien.

—Eles possivelmente estão… – começou ela, como se procurasse as palavras certas – Receosos. Sim, eles estão receosos – repetiu ela, como se precisasse convencer a si mesma daquelas palavras – E por estárem receosos eles se afastam.

—Mas eu não quero que eles se afastem – falou o menino com um olhar tristinho.

—Não se preocupe, um dia eles vão entender – falou ela, sorrindo – Nós só temos que ter paciência.

Adrien assentiu enquanto olhava nos olhos de sua amada mãe.

—Certo, bom menino – falou ela, levantando-se e esticando a mão para que o garoto pudesse segura-la – Vamos?

—Sim! – falou ele, voltando a sorrir enquanto segurava a mão de sua mãe.

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Porém paciência não é algo que uma criança de três anos possui, e um belo dia enquanto sua mãe estáva de costas preparando o almoço, Adrien pegou sua bola azul e saiu da casa indo em direção ao parquinho do condomínio.

Ao chegar perto, o pequeno ouviu as risadas das outras crianças que brincavam alegremente umas com as outras, animado com a ideia de poder brincar com as outras crianças Adrien apertou o passo.

Assim que chegou ao parque, algumas mães que perceberam a sua presença começaram a chamar os filhos levando-os para dentro de casa. Adrien se aproximou mais, e percebeu que quase todas as crianças começaram a se afastar, exceto por três delas, que aparentavam ter de quatro a cinco anos e que estávam sozinhas.

—Oi – falou Adrien, sorrindo e mostrando sua bola – Vamos brincar?

As crianças ao perceberem a presença do loiro arregalaram os olhos e levantaram-se, pois estás estávam sentadas no chão brincando com a areia.

—Vem…vamos embora – falou a menina que aparentava ser a mais velha, puxando os dois meninos pela mão – Mamãe disse pra não falar com ele.

—Por que? – perguntou Adrien – Eu só quero brincar.

—Mamãe disse pra ficar longe de você – falou o garoto, seriamente – Ela disse que você é como veneno.

—E veneno mata as pessoas – falou o outro menino, enquanto saia de perto de Adrien correndo e gritando como se suas vidas dependessem disso.

Adrien abaixou a pequena bola de futebol enquanto sua expressão tornava-se triste, afinal tudo que ele queria era brincar, era ter um amigo. Sem escolha Adrien retornou para casa, pensando no que as crianças haviam dito, tentando entender o porquê ele ser igual a um veneno.

Ao chegar em casa Adrien ouviu sua mãe andando de um lado para o outro dentro da casa enquanto chama seu nome, o menino então respondeu ao chamado enquanto jogava sua bola em um canto qualquer e ia até a cozinha.

Sua mãe suspirou aliviada e perguntou aonde ele havia ido, porém sua pergunta foi respondida com outra.

—Mamãe… – chamou o menino enquanto sentava-se a mesa da cozinha com um olhar cabisbaixo – Eu sou como veneno?

A mulher arregalou os olhos enquanto aproximava-se do filho. Surpresa ela se abaixou ficando da mesma altura de Adrien, em seguida ela começou a acariciar os cabelos loiros do filho com muito carinho.

—Não meu amor – falou ela, sorrindo – Você não é como veneno.

—Mas…Mas as outras crianças…elas… – começou o loiro um pouco exaltado, porém começou a se acalmar – Elas disseram que eu sou como veneno.

Sua mãe se aproximou e depositou um beijo em sua testá.

—Não ligue para elas – falou ela sorrindo – Você não é como veneno, e nunca vai ser – falou ela, sorrindo calmamente, porém seu sorrido tornou-se travesso e em poucos segundos o clima tenso tornou-se alegre com as risadas de Adrien, pois ela estáva fazendo cócegas no menino, mas a mulher parou poucos segundos depois – Bem, vamos comer.

—Sim – respondeu Adrien um pouco ofegante, enquanto sentava-se corretamente na mesa esperando por sua mãe que colocava a comida em seu prato na beira do fogão – Mamãe… – chamou o menino, um pouco baixo.

—Hum? – falou ela, terminando d servir e se aproximando da mesa.

—Eu te amo – falou ele, abrindo os braços – Eu te amo um montão assim!

Ela sorriu, um sorriso ligeiramente triste.

—Eu também te amo meu filho – falou ela, abaixando-se e beijando sua testá – Te amo mais que tudo.