DISTRITO 1

Deixaram Kira em uma sala pequena e apertada, da qual ela não gostou nem um pouco. A consciência de que estava dentro dos Jogos vinha-lhe aos poucos, e, apesar de ter se acalmado da euforia de quando ouviu seu nome, ainda estava assustada e com medo.

— Vocês têm três minutos. – Disse um Pacificador, abrindo a porta e deixando seus pais e seu irmão entrarem.

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Merel correu para abraçar a filha, chorando em desespero. Já seu pai, Jarmo, apesar de estar sofrendo muito, não deixou nenhuma lágrima escorrer. Kira o abraçou em seguida, e foi um abraço forte, um abraço que dizia que tudo ia ficar bem.

— Kira… Kira escuta. – Sua mãe limpou as lágrimas, e olhou fundo nos olhos esverdeados da filha. – Você… você vai sobreviver. Vai ganhar.

— Sim, vai. – Falou seu irmão, Ayoub, se aproximando. – Você treinou muito, eu vi isso. Vai conseguir.

— Eu sei. – Kira sorriu. Não queria deixar os pais mal, e seu medo começara a ir embora ao ver o irmão. Ele era treinador do Centro, e era ele quem a treinava. Ela tinha chances. – E quando eu voltar, vou desenhar um vestido novo para a senhora, mãe.

O tempo passou voando enquanto eles se despediam. Na sala ao lado, Joshua abraçava a irmãzinha.

Dizia irmãzinha pelo fato dela ter 1,65m e ele 1,80m. Porque se dependesse de idade o irmãozinho seria ele (e coloca inho nisso). Digamos que seu pai teve Danielle quando tinha 18 anos, e, quando se casou de novo e Joshua nasceu, ele já tinha 48.

O que fazia ele e a irmã terem uns 30 anos de diferença, e ali naquele momento, a mulher forte de 46 anos que Danielle se tornara deixava-se desmoronar frente ao futuro incerto do meio irmão de apenas 16.

— Você vai sobreviver, Josh, você treinou naquele maldito Centro de Treinamento e…

— Assim como a garota do meu distrito. E os caras do 2, do 3 e do 4. E se bobear dos outros 9 distritos que sobraram.

— Mesmo assim. Você tem suas habilidades. Olhe para mim. Você sabe que... Olhe para mim Joshua Maldito Redlight! Você vai sobreviver, vai ganhar. Vai voltar e vai me ajudar a escolher o nome do bebê.

— Não era o pai que devia escolher o nome dele? – Perguntou Josh, sorrindo e apontando para a barriga saliente de 8 meses da irmã.

— Convenhamos… nós dois sabemos quem realmente toma decisões na minha casa. – Ela piscou o olho vermelho. – Além disso, o futuro padrinho pode perfeitamente ajudar uma mãe indecisa.

E essa frase surtiu mais efeito do que um “você tem que sobreviver”.

DISTRITO 2

Ashley viu sua irmã ser arrancada dos seus braços, chorando em pânico. Seus pais apenas a abraçaram e lhe desejaram boa sorte, mas foi Miranda quem realmente entendeu o que um simples nome em um papelzinho era capaz de fazer.

Então a porta se abriu, e Caleb entrou sorrindo.

— Meus parabéns, maninha! – ele a abraçou, sorrindo. – Espero que mate os do D3, nunca fui com a cara daquele distrito. Ah, e quando estiver na Capital diga ao Howard que lhe mandei uma vencedora! – falou, referindo-se ao apresentador e entrevistador. – Hey… que cara é essa?

Ashley respirou fundo.

— Estou com medo…

— Ah, deixa disso! Não te coloquei nisso sem ter a certeza absoluta que você vai ganhar e… - Ash não ouviu o restante e arregalou os olhos.

— Não “me colocou nisso”?

Caleb pareceu não saber o que falar, ficou nervoso e virou as costas.

— Só quis dizer que eu treinei você e tenho certeza absoluta da sua capacidade. – E saiu da sala, deixando a jovem garota pálida ao lentamente entender o que ele queria dizer antes.

Evans não esperava receber ninguém. Mas um velho homem apareceu. Não se conheciam, não foi nada além de um cumprimento de mãos, e um sinto muito.

— Vim em nome do seu irmão. Sou marido da Pamell. – falou, e Evans lembrou-se da doce enfermeira que cuidava do seu irmão. – Ele disse que se você não ganhar ele vai colocar você de castigo.

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Evans sentiu vontade de rir, ao imaginar o irmãozinho de 6 anos com a cara feia fazendo birra e dizendo que ia coloca-lo de castigo. Mas logo entristeceu.

— Se eu não ganhar eu vou morrer…

— Ele disse que se não ganhasse ele ia morrer também. – E Evans entendeu o tal do “castigo. No céu, no inferno, ou qualquer lugar para onde ele fosse depois de sua trágica morte na arena, seu castigo seria se sentir completamente e horrivelmente culpado por não cumprir sua promessa de cuidar do irmão, não importava o que acontecesse.

Distrito 3

Isabelly mentiria se dissesse que não queria ver o rosto dos seus familiares e amigos uma última vez antes dos Jogos, mas era essa a grande verdade. Ela não podia vê-los.

Ela não conseguia vê-los.

Por que se olhasse para eles uma última vez, ela desabaria. E não podia se dar a esse luxo. Todo seu futuro dependia das decisões e do quanto seria forte daqui para a frente.

Mandou uma mulher entregar uma mensagem a todos, dizendo que os amava e voltaria por eles, e passou longe da sala indicada para as despedidas.

Mas em uma daquelas salas, Morgan se despedia da alegre irmã mais velha. Era um D3, era um carreirista. Não dos melhores é verdade, mas ainda era uma grande honra para a família.

— Estamos muito orgulhosos, maninho! – Morgan sorriu. Ele não era muito de falar, sempre ficava calado na dele. Sorriu quando necessário. E Melissa sempre disse que seu sorriso era lindo.

— Isso ai, filho. E quando voltar prometemos te dar aquele kit que você tanto quer, e poderá virar artista à vontade. – Disse o pai, piscando o olho.

Sua mãe o abraçou.

—Nós te amamos!

— Também amo vocês! – Disse sorrindo. Mas tinha uma sensação ruim lhe dizendo que seria a última vez que ele lhes diria isso pessoalmente.

DISTRITO 4

Hemilin chorou e chorou no ombro da mãe. Ainda não conseguira se acalmar desde a Colheita, e a sensação horrível continuava em seu estomago, coração e mente.

Seu pai, a seu lado abraçando as duas, sempre falara coisas terríveis sobre os Jogos, enquanto a mãe apenas olhava de cara feia, como se pensasse “Exagerado…”, mas nunca contradisse, com medo de que a filha não absorvesse bem o quanto os Jogos eram cruéis.

Emy cresceu ouvindo garotas mais velhas treinando para se voluntariar, enquanto a mesma treinava para caso um dia fosse sorteada ter chances de voltar.

E agora Hemilin iria para os Jogos.

Quando seus pais tiveram que ir, foi a vez de Will e Elizabeth entrarem.

Na sala ao lado, o tributo do Distrito 4 conversava com seu treinador.

— Eu falei para não se voluntariar! – disse o homem, dando um soco no estômago do rapaz de 15 anos.

Otto se dobrou ao meio, ofegante e completamente enraivecido. Mas ele sabia que a única pessoa que seria melhor ele não puxar briga era seu treinador Patch. Por isso, quando conseguiu falar, olhou para ele com raiva, mas sua voz saiu calma.

— Eu sei que eu posso ven….

— NÃO. NÃO PODE. – Ele deu um soco no rosto de Otto, que caiu no chão, agarrando o nariz que começara a sangrar imediatamente. – NÃO ERA PARA VOCÊ SE VOLUNTARIAR! EU NÃO TE ENSINEI NADA, SEU MONTE DE MERDA? – O treinador estava completamente revoltado e deu um chute no garoto caído no chão.

Enquanto Otto tentava se levantar, o treinador Patch olhou para ele e sussurrou:

— Você não vai sobreviver ao primeiro dia.

E quando ia saindo, ouviu a frase que ele mais odiava no mundo, dita pela voz quase inaudível do garoto loiro no chão.

— Você está errado, pai.

DISTRITO 5

Letizia não devia estar ali. Seu nome tinha aparecido pela primeira vez naquela urna, que possuía com certeza centenas de outros nomes. Mas ela fora sorteada.

E agora ouvia atentamente o que seu tio lhe falava.

— Nunca, em momento algum, entre em um combate direto. Nem mesmo em um indireto, se for possível. Escolha fugir sempre que puder. Deixe os Carreiristas matarem todos, e no fim se matarem. – Ele deu um beijo na testa da menina de 12 anos. – Você é inteligente e sagaz. Atente-se às armadilhas.

— Estou com medo, tio Frank… - disse finalmente, sussurrando. Tinha chorado muito antes, e sabia que provavelmente choraria mais quando a noite chegasse.

Frank sorriu para a sobrinha. Tinha o rosto de sua falecida irmã, traços finos e olhos cinza, e graças a Deus nem um traço do cretino do pai além dos cabelos claros.

— Também estou, pequenina… também estou.

Enquanto isso, a mãe de Peter, a Sra. Holly Michel, olhava com desaprovação para o filho mais velho.

—Será que nem com a morte eminente você para de fumar?

Peter deu de ombros, passando as mãos pelo cabelo preto e macio.

— Eu vou morrer mesmo, só estou fazendo o tempo valer a pena.

Holly balançou a cabeça, suspirando cansada. O filho gastava quase todas as suas economias em cigarros, algo caro e desnecessário, e agora nem ao menos levava os Jogos a sério.

Peter se sentiu mal por um momento. Era novidade ver a mãe assim, tão vulnerável. Até parecia que ia chorar a qualquer momento.

— Hey… hey, mãe... calma… - Ele engoliu em seco, abraçando a mãe que começou a tremer e a soluçar baixinho.

Ele ficou assim com ela por alguns segundos, até fechar os olhos azuis e murmurar baixinho no seu ouvido:

— Quando eu voltar para casa, eu juro que vou parar de fumar. Pela senhora.

DISTRITO 6

Evee sorriu para a amiga Harper, totalmente revoltada.

— “Eu vou para a droga da capital, seus idiotas”?! – e por fim começou a rir. – Você deu o maior espetáculo. Juro que provavelmente foi a Colheita mais engraçada da história deste distrito!

Evee foi obrigada a rir um pouco. Agora, analisando, sua melhor amiga tinha razão. Fora realmente engraçado… do ponto de vista de qualquer um menos do dela.

— Eu fiquei nervosa, Harper, sabe como eu fico quando estou nervosa! Mas temos pouco tempo. Você está incumbida de cuidar do Mento!

— Mas aquela raposa velha não gosta de mim. – Ela falou, mas era notável o tom de brincadeira na voz dela. Mento a adorava.

— Velha é você! Harper… é sério. Eu vou tentar voltar, mas preciso que cuide deles até lá. E não me refiro só ao Mento. Minha mãe vai piorar, nós duas sabemos disso. Você tem que cuidar dela, ela…

— Eu sei Evee! Acalme-se. Vou cuidar dela. – Elas se abraçaram, e os pacificadores abriram a porta. – Acredito em você, Evee. Você vai voltar!

Louis abraçava o irmão-gêmeo-mais-bonito. Eles eram iguais em várias características, como idade, cor dos olhos e cabelo, formato do nariz e cor da pele. Mas os traços de Andrew eram visivelmente mais agradáveis do que os de Louis, mesmo que os deste último não fossem assim tão ruins.

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Não havia palavras a ser ditas. Sempre foram só os dois. E agora seria só um. Só um na arena. Só um no distrito.

Os olhos castanhos dos dois se fitaram. Então Andy bagunçou seus cabelos castanhos e entregou a Louis sua pulseira.

Quando os dois nasceram os pais presentearam os gêmeos com duas pulseiras de couro, uma para cada um. E agora o tributo tinha as duas.

— Você vai conseguir. – disse Andrew.