Promessas

EADLYN

O dia mais cansativo do ano tinha começado, ainda não era meio dia e já tínhamos feito uma breve sessão de fotos, tomado café da manhã com os selecionados e recebido oficialmente os convidados estrangeiros (Sim, toda a família da Camile se inclui nessa categoria. Não, eu não tinha colocado eles na lista, mas adivinha quem colocou...). E só para isso eu já tinha trocado de vestido três vezes. TRÊS VEZES.

Não que eu não goste dos vestidos ou de vesti-los, mas são muito lindos para o pouco tempo em que fiquei usando eles! São obras-primas da moda, merecem ser apreciadas! Sem falar que ficar trocando esses vestidos que exigem todo o cuidado do mundo é muito ligeiramente incômodo...

Além disso, tive que fazer todas essas tarefas básicas de princesa-no-dia-do-aniversário ao lado de uma das pessoas que estou tentando ignorar, meu irmão gêmeo Ahren. Ele tem tentado se aproximar o dia inteiro e eu tenho o dispensado da maneira mais polida e imperceptível possível, já que tudo estava sendo televisionado. Mas é bem óbvio que meus pais e meus irmãos já notaram e tem intervindo a favor do Ahren. Um absurdo, eu sei.

De qualquer modo, eu estava em meu quarto trocando o vestido, o cabelo, a maquiagem e as joias para o almoço com os convidados e os selecionados quando minha mãe entrou no quarto.

- Oi, Eady, como está indo por aqui?

- Oi, mãe, estou tentando decidir qual o próximo vestido, esse é importante.

- Quais suas opções?

Esse seria o último evento matutino do dia, ou seja, o último momento em que eu usaria um vestido curto, após ele eu colocaria um vestido longo para o Jornal Oficial e outro longo para a festa. Eu estava em dúvida entre dois vestidos, um vermelho escuro de renda com gola fechada, sem decote, sem mangas e justo como uma saia lápis, ia até o joelho, muitíssimo elegante e exalando poder em cada ponto de linha; o outro era azul escuro com mangas laterais mostrando os ombros e decote em V, o busto era incrustrado com pequenas pérolas, imitando um céu estrelado, e a saia era leve e rodada, completa e totalmente romântico. Mostrei ambos a minha mãe.

- Use o vermelho, acho que você vai querer deixar o azul para um evento mais tarde.

- Mas eu não vou usar outro curto hoje, mãe.

Ela abriu um sorriso que dizia claramente que sabia de mais coisas do que eu, o que me deixou ainda mais confusa.

- Eu não vou, não é?

- Só vista o vermelho, Eady, você vai saber quando precisar usar o outro.

Sem paciência para retrucar e insistir na declaração, apenas confiei, vesti o vestido e coloquei as sandálias e as joias no closet; quando voltei para o quarto, minha mãe estava com meu diadema de ouro com rubis nas mãos num pedido silencioso para fazer meu penteado.

Sentei na cadeira e ela começou a manipular meu cabelo devagar, como se estivesse tocando piano e eu também começo a fazer minha própria maquiagem.

- Eadlyn, meu bem, eu sei que já conversamos sobre isso, mas você deveria falar com seu irmão e perdoá-lo.

Senti o meu sangue ferver, a raiva e a mágoa criando um nó na minha garganta imediatamente.

- Mãe, eu não entendo! Eu simplesmente não entendo! Por que você está fazendo isso por ele?! Por que o perdoou?! Ele nos abandonou!

- O que você quer que eu faça, Eadlyn?! Que simplesmente não o ame mais?! Que não queira que ele volte ?! Ele ainda é meu filho, Eadlyn, e como meu filho eu quero que ele seja feliz! E se ele é feliz com a Camile na França, então só me resta amá-lo a distância! Encher-me de rancor e mágoa não vai nos ajudar em nada!

Ela parou com lágrimas nos olhos e, de algum modo, sei que está tentando evitar tremer a voz, tentando permanecer forte como eu tentei a vida inteira.

- Eu sei o que é ser abandonada por um irmão, querida, eu sei o que é se sentir traída, mas eu posso te garantir que isso só vai machucar você...

Senti meus próprios olhos marejarem e o nó na garganta tornar-se mais forte. Continuo me maquiando, tentando fingir que aquilo não me atingia.

- Por favor, filha, prometa-me que vai pelo menos tentar. – disse ela enquanto prendia o último grampo em meu cabelo, a maquiagem também já está pronta.

Levantei-me e fiquei a altura de seus olhos e respondi com a voz falhando.

- Prometo.

—X-

KILE

Eu e os outros selecionados estávamos sentados esperando Eadlyn no salão das refeições, também eram identificáveis os parceiros comerciais de Illéa, Nova Ásia e França eram os mais numerosos, os homens da família real esperavam em pé junto a porta esperando Eadlyn e tia Meri para começar o “cerimonial”, Kaden e Osten pareciam extremamente entediados.

- Kile, sentir melhor? – questionou Henri.

- Oi, Henri, meu braço está bem melhor, obrigado, ainda dói um pouquinho. Eu... Sinto muito pelo Eikko...

- Non, non, non! Non se preocupar, melhor assim. Eikko sofria. – disse ele, abrindo-me um sorriso consolador – Acha que a princesa Eadlyn ainda vai demorar?

Antes que eu pudesse responde-lo, um conjunto de trompetes tocou anunciando a entrada da futura e da atual rainha, fazendo com que todos se levantassem e os fotógrafos se posicionassem, então, finalmente as portas se abriram, revelando Eadlyn e a tia Meri ambas deslumbrantes.

Como manda o protocolo, Ahren estendeu o braço para sua irmã que aceitou sem hesitar, mas tio Maxon hesitou um pouco, chocado demais com a beleza de sua esposa para sequer se lembrar que existia um protocolo, até que Kaden deu um leve empurrão nele e ele estendeu a mão para a esposa que tentava com uma certa dificuldade conter o riso, os seis se posicionam para começar o almoço.

Engraçado como são as coisas, 20 anos de casados e o tio Maxon, o homem mais poderoso do reino, que já deve ter visto centenas de belas garotas, ainda abobado com a beleza da mulher que ama.

Sei como ele se sente.