Dilios correu até Leônidas.

—Meu rei! -Ofegou, tentando falar.

—Dilios! O que aconteceu?

—Eu... a encontrei.

Não foi uma surpresa para o rei. Quando seu amigo estava determinado, nada o impedia de seguir em seu objetivo.

—Como?

Ele lhe explicou a situação, também dizendo o que aconteceu.

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—Dilios, você sabe que agiu de uma forma estúpida não é?

—Sim. Não preciso de mais arrependimentos.

Um sorriso veio ao rosto do guerreiro.

—Leônidas, eu tenho uma filha.

Aquilo sim foi uma surpresa para ele.

—Isso é incrível. Espero conhecê-la em breve.

Dilios tagalerou sobre a criança, como ela era linda, que tinha puxado a mãe neste quesito, e como tinha seus olhos e seu cabelo. Leônidas sorriu e ficou tão feliz por seu amigo. Mas a guerra o preocupava, enevoando sua mente, sendo assim visitaria o oráculo mais tarde. Dilios treinou eufórico, mas tanto a culpa nao o deixava em paz, como o desejo de ter suas garotas, estreitá-las em seus braços e não deixá-las partir. Ao final do treino, Leônidas precisava dizer aquilo para ele. Então contou-lhe que visitaria o oráculo, e dependendo da resposta dela, Esparta partiria para a guerra. Dilios sentiu que seu amigo não sabia como dizer que isto requeriria sua presença, o que implicava grande risco de vida para ele, seu rei, e todos os outros guerreiros. Dilios soube o que deveria fazer.

A luz da lua brilhava sobre o rei. A subida até o local onde os éforos, mensageiros anciões dos deuses se localizavam foi intensa e árdua, tudo para encontrar uma oráculo, que sussurrou palavras para os adoradores.

—Ouça os deuses.-Eles lhe disseram.-Esparta cairá, Toda a Grécia cairá, Atenas é o começo. Não confiem nos homens, honrem os deuses...honrem a Carnéia. O que Leônidas sentiu não foi medo. Não sentia isto já havia muito tempo, aprendera a não sentir. Era o que se esperava de um rei. Mas agora o destino de Esparta e do povo grego estava baseado em uma decisão, uma que poderia destruir famílias, ou poderia salvá-las. A descida foi quase insuportável, e ao chegar em casa encontrou sua rainha na cama, deitada de bruços, ela murmurou seu nome quando seu rei puxou a fina roupa que a cobria.

—Meu rei. O que o aflige?

—Não as palavras do oráculo em si, mas o peso das consequências que podem cair sobre Esparta, ou até mesmo a Grécia.

—Confio na sabedoria do senhor, todos confiamos. Leônidas sentiu sua preocupação aplacar-se ao menos um pouco, como uma ferida cauterizada, que já não sangra mais. Ele avançou para seu corpo, ansiando pelo toque de sua esposa. Talvez aquela noite fosse sua última naquela maravilhosa companhia da mulher que ele amava. A noite ia longe quando Dilios bateu a porta na casa de Emma.

—Emma, por favor abra esta porta.

Ela colocou seu bebê na cama, envolta de várias travesseiros, que impediam que ela girasse e caísse. Enquanto terminava sua pequena ocupação, ouviu a voz dele. Ela não queria abrir a porta, não queria vê-lo. Ao menos era o que dizia a si mesma, e tentava ao máximo acreditar. Emma se aproximou da porta e colocou a mão na fechadura.

—O que você quer, Dilios?

—Por favor, abra. Temos que conversar.

Ela destrancou a porta, e a puxou. Viu aquele homem parado, com o olhar feliz por vê-la, mas ao mesmo tempo parecia abatido.

—O bebê está dormindo.-Emma disse.-Ela está bem, e este é o único assunto que temos para conversar.

—Não é-Ele disse, se aproximando dela, e entrando na casa.-Provavelmente Esparta entrará em guerra, Xerxes está se aproximando, e...Já destruiu Atenas. Precisamos ir.

Emma escutou, atônita.

—Dilios, isso...foi minha culpa, não foi?

—Quem está vindo com o exército contra Esparta é o Xerxes, ele é o único responsável.

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—Eu sinto muito, eu não queria isto.-Ela disse, completamente culpada.-Se eu não tivesse vindo para Esparta, nada disso estaria acontecendo. Eu gostaria que pudesse voltar atrás, tudo teria sido diferente.

—Nós não teríamos nos conhecido, é o que você deseja em seu íntimo?

Ela afastou-se um pouco dele. -Não foi o que eu quis dizer.

—Então o que quer dizer?

—Eu não gostaria que tudo isso estivesse acontecendo por minha culpa. Dilios a colocou de frente para ele, e segurou o queixo de Emma, erguendo seu rosto em direção ao dele. Ela pensou que ele iria beijá-la. Mas ele não o fez.

—Eu partirei para a batalha, em breve. Apenas aguardo as ordens de nosso rei.

Emma sentiu-se morrer. Ela não suportaria a idéia de... não suportava nem ao menos pensar na possibilidade.

—Dilios, você... realmente tem que ir?

—É meu dever como cidadão de Esparta.

—Todo o exército irá?-Ela perguntou apreensiva.

—Não. Leônidas se consultou com o oráculo, mas tenho certeza que a Carnéia será um empecilho.

—Mas então, como..?-Ela já estava desesperada.

—Somos os melhores guerreiros do mundo, não precisa se preocupar. Alguns de nós serão suficientes.

—Idiota cheio de si-Ela pensou-Mas ao mesmo tempo tão confiante.

Dilios a encarou por alguns segundos antes de pedir-lhe.

—Posso ver o bebê?

Ela acenou com a cabeça e seguiu para o quarto.

Dilios fechou a porta,sem trancá-la. Seguiu Emma e a encontrou com a menina em seus braços. O sorriso foi espontâneo ao se aproximar do bebê.

—Como ela pode ser tão perfeita?

—Sim.-Emma disse, mostrando um pequeno sorriso.-Ela é incrível. Quando perceberam, os dois estavam muito próximos um do outro.

—Você quer segurá-la?-Emma o perguntou. Ele concordou sem hesitar. Era um modo grosseiro, como só um guerreiro poderia fazê-lo. Segurando a criança como se a protegesse de algum perigo.

—Dilios.-Emma chamou.

—Sim?-Ele respondeu, tirando os olhos da filha.

—Por favor, não vá. Ele ficou calado. Ela o queria perto de si, o fato de se preocupar com ele era importante demais.

—Eu preciso fazer isso.

—Não! Você realmente acha que morrer vai tornar as coisas mais fáceis para mim?

—Não pretendo morrer.

—Não seja ridículo. Sabe muito bem dos riscos que corre.-Emma falou, visivelmente ofendida.

—Correria todos eles e muitos mais para assegurar um futuro para vocês.-Ele tentou falar num tom carinhoso. Emma pegou o bebê e colocou de volta na cama.

—Há outros guerreiros que podem ir. Já pensou se você...-Ela não conseguiu terminar.

—Isso importaria? Morrer por Esparta é a maior honra que eu poderia ter.

Emma não queria aceitar essa idéia.

—Esparta é tudo que importa pra você? Está se esquecendo dela?-falou apontando para o bebê.

—Por muito tempo,minha pátria foi tudo que importou para mim. Tudo mudou quando você chegou da Pérsia.-Ele disse,relembrando os acontecimentos.-Eu sei que ela ficará bem.-Falou,dando atenção novamente à bebê. Uma lágrima desceu pelo rosto de Emma,que rapidamente a enxugou,antes que Dilios a visse.

—Você não pode fazer isso!-Ela gritou para ele. -Eu sei que nunca esquecerá de tudo que eu fiz,que nunca me perdoará. Mas espero que saiba que eu a amo,Emma. Dessa vez ela não conseguiu conter as lágrimas. -Pare de me dizer isso! Não cometa essa loucura, estará condenando essa menina a viver sem um pai.

Dilios sabia que seria uma viagem sem volta. Sem o exército completo, não haveria chance, os números venceriam. Mas ele sorriu, Emma o amava, talvez nunca o perdoasse, mas ainda o amava.

—Por que agora está sorrindo?

—Eu a deixarei em segurança, eu prometo.

Emma puxou ele em direção a si, beijando-o com desespero, em total agonia.

—Por favor, por favor..não vá.-Ela sussurrou entre lágrimas.

Dilios a beijou mais uma vez, e em seguida deu um suave beijo na testa de sua filha.

—Cuide dela.-Disse antes de sair pela porta da frente.