Por Esparta, até a morte.
Lutar e morrer.
Os guerreiros treinavam na arena principal, de frente aos portões de Esparta. Faltavam alguns meses para o agogê, o denominado treinamento que transformava meninos em soldados. O rei Leônidas estava sentado entre os degraus das colunas onde o Conselho fazia suas reuniões, ele ensinava os valores morais a seu filho, e como é importante lutar por Esparta. Lutar e morrer. Embora Esparta sempre estivesse atribulada com conflitos, experimentava no momento um tempo de paz. Mas mesmo que o dia esteja muito claro, um dia a tempestade há de chegar. Em frente aos portões um cavalo negro jazia parado, e uma presença supostamente humana o montava. O cavalo foi guiado para seguir em frente, e correu para dentro da cidade. Todos pararam o que estavam fazendo, estranhos não eram bem recebidos. O rei Leônidas levantou-se e contemplou a figura que estava coberta da cabeça aos pés por um manto preto.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Um círculo de soldados se formou ao redor do estrangeiro. O fizeram descer do cavalo, e o arrastando pelo braço para ser levado até o rei. Uma voz doce gritava reagindo ao toque bruto.
—Não! Por favor! Não me machuquem...
Era uma moça. Jogaram-na aos pés do rei, o rosto molhado pelas lágrimas, medo e desespero unidos num só sentimento. A moça aparentava estar sem forças. No cavalo trazia amarrado um embornal que já estava seco, algumas roupas e um saco cheio de moedas de ouro. Caracterizadas por conter cravado a face de Xerxes nas moedas. Não restavam dúvidas, era uma persa.
—Rei Leônidas-Ela chamou com o pouco de fôlego que lhe restava. -Eu imploro que me escute.
Ao lado do rei se encontrava Dilios, um de seus melhores soldados, mas também seu melhor amigo.
—Quem é você? O rei perguntou com a expressão fria usual.
—Meu nome é Emma. Eu vim de muito longe, e...
—Da Pérsia.- foi interrompida pelo soldado de nome Fandral que ergueu o saco de moedas que trazia e jogou no chão. O rei verificou, a face do rei da Pérsia estava presente. A informação era verídica.
—Sim, meu rei, não tive tempo de terminar de falar.-Ela ainda estava aos seus pés. O rei lhe estendeu a mão para que ela se levantasse. Por baixo do manto ela observou temerosa, e alguns segundos depois se levantou.
—Retire o manto. Disse o rei. -Não consigo ver seu rosto. Ela jogou o manto para trás e todos se esquivaram.
Seu cabelo vermelho era diferente de tudo que todos haviam visto. E cada um sabia o que significava.
—Uma beijada pelo fogo! Alguém gritou.
As espadas dos soldados completavam um perfeito círculo ao redor de seu pescoço.
—Eu não sou uma bruxa.-Disse Emma.
O soldado a puxou contra si e colocou a espada contra a garganta dela.
—Solte a moça! O rei não ordenou. Disse Dilios visivelmente irritado.
—Dê a ordem meu rei. Pediu Fandral. A espada de Dilios foi apontada para ele.
—Solte-a, agora.
—Vai defender uma bruxa, espartano?
—Eu não sou uma bruxa, por favor não me matem! -Implorou Emma.
—Já chega Fandral. Solte-a. O rei ordenou ao soldado. Ele a empurrou para frente, em direção ao rei, e Dilios abaixou a espada. Seus olhos se encontraram de relance com os da moça.
—Eu estava fugindo... dele.
A moça desfaleceu em seus braços. O rei a carregou no colo,puxando seu manto de volta e cobrindo-lhe a cabeça. Ele a levou a um lugar onde pudesse se deitar. A rainha Margo se aproximou junto á Dilios e Fandral.
—O que está acontecendo? A rainha perguntou.
—A moça... está morrendo.
—Ela está desidratada! Tragam água, rápido!A rainha gritou. Uma jarra de água fria foi trazida. Foi derramado um pouco em sua pele impecavelmente pálida, e depois a levantaram um pouco e a fizeram ingerir o líquido. O tempo passou. Sua mente ainda estava turva quando escutava frases perturbadoras.
"Devíamos matá-la agora"
"Matar uma inocente? "
"Uma beijada pelo fogo, olhe a cor de sua pele, olhe seus cabelos. Não está claro o que ela é? "
"Não vai tocar nela"
"Quem vai me impedir? Você?"
"Tente e descobrirá"
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!"Parem com essa briga ridícula. Margo, vamos dar-lhe licença para que examine o corpo da moça, se tiver marcas suspeitas, será executada"
"Eu posso fazer isso meu rei.'' O tom de malícia era explícito em sua desprezível voz.
—Não ordenei á você, Fandral. Ela é uma estrangeira, não uma prostituta, agora desapareça da minha vista.
—Por favor...-Ela gemeu baixinho, já despertando. A rainha estava ao seu lado.
—Acalme-se jovem, qual o seu nome? A rainha a questionou.
—Emma. Ela olhou as vestes soberanas. -Minha senhora. Disse curvando a cabeça. -A senhora me ajudou?
—Sim. A rainha assentiu. -Você não é uma bruxa, já tive minha confirmação.
—Obrigada-disse, segurando as mãos da rainha, buscando conforto.-Eu não sou o que dizem.
—Irei comunicar ao meu marido,tudo ficará bem.-falou,afastando-se gentilmente da moça ruiva.
Porém, algo em seus olhos não convenceu Emma. Não havia calma, muito menos serenidade, mas esperança. Era evidente que a decisão não partiria apenas da monarca.
Quando a rainha se distanciou, Emma direcionou sua atenção ao homem a quem chamavam de Dilios, que coincidentemente também estava perto dela.
—Eles...vão me matar. Não vão?- perguntou, ainda com medo da resposta que receberia.
Fale com o autor