Nostro Impero

Capítulo 26


Apenas me dê o mundo e eu vou dar-lhe de volta para você
Apenas me diga o que dói e eu vou consertá-lo para você
Apenas me dê o mundo, e eu vou

New Empire - Give Me The World

A primeira coisa que senti quando acordei foi a dor de cabeça, resultado de uma tarde inteira bebendo. Tomei um banho gelado, apesar do tempo não estar quente, na verdade eu podia ouvir o vento batendo na janela do quarto. Vesti uma blusa de lã verde e botas. O céu com nuvens anunciava uma futura chuva, por isso me preparei colocando um guarda-chuva na bolsa.

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Coloquei comida para Archie e Astrid e saí. O apartamento era longe do restaurante, por isso não podia ir andando. Peguei um ônibus e desci depois de quatro pontos, andei durante sete minutos e finalmente cheguei, quinze minutos atrasada.

Entrei com o coração acelerado de tanto correr. Eu esperava encontrar o restaurante como eu havia deixado alguns dias atrás, já que eu era encarregada da limpeza, mas as cadeiras já estavam no chão e as mesas limpas, com guardanapos em cima, o balcão estava arrumada e o chão praticamente brilhava. Que tipo de furacão organizado havia passado por aqui?

— Ah, Elena, bom dia! – Klaus me cumprimentou sorrindo, ele usava o avental e tinha os cabelos bagunçados.

— Bom dia. Quem arrumou tudo? – Perguntei curiosa.

— Incrível, né? Foi a Charlotte, noiva, ou sei lá o que, do Damon – Ele deu de ombros.

Ela estava aqui? O que o Damon tinha na cabeça? Minhoca?

— Onde está o Damon? – Perguntei.

— Ele não chegou – Klaus franziu o cenho – Estranho, não? A mulher dele está no restaurante e fez as atividades que são de outra pessoa quando ele nem está, até parece que ela está tentando ganhar pontos com ele.

— Ou tentando perder com alguém – Murmurei revirando os olhos.

— O que? – Ele me olhou confuso, não havia ouvido o que eu tinha dito

— Nada.

Fui direto para o vestiário e coloquei o uniforme, notando a falta de um avental. Respirei fundo, já sabendo onde ele estaria, mas antes que eu tivesse uma reação real, ouvi uma voz feminina.

— Ah, Elena, certo? – Me virei, vendo Charlotte usando o meu avental, e o que me deixava com raiva era que, mesmo tendo limpado a manhã toda, ela continuava linda, mesmo com a aparência bagunçada – Me desculpe, peguei o seu avental, achei que seria deselegante pegar o de um dos amigos do Dam.

— Dam? – Arqueei uma sobrancelha. Não era o próprio Damon que odiava apelidos?

— Eu o chamo assim – Ela sorriu, corando as bochechas – Espero que não tenha se importado, mesmo.

— Eu tenho um motivo para ter esse avental – Respondi, fechando a porta do armário – Por favor, não faça mais isso, esse é o meu trabalho. Se quer chamar a atenção do seu noivo, arranje outro método.

Charlotte arregalou os olhos, apertando o avental nas mãos. Ela mordeu o lábio inferior e sorriu, parecendo sem graça.

— Me desculpe, eu não sabia que isso ia chateá-la assim – O que? Não, não, não e não! Você não pode ser lega comigo. Me odeie! Diga que eu não tenho o direito de falar assim com você!

Respirei fundo, tentando conter minha ira, e por fim, sorri, terminando de abotoar o uniforme.

— Tudo bem. Já que resolvemos esse assunto, vou ao trabalho. Você deveria ir embora, o restaurante fica bem agitado quando os clientes começam a chegar e Damon não terá tempo para ficar com você.

— Damon não virá hoje – Ela disse, parecendo até satisfeita por dizer isso.

— O quê? – A olhei confusa.

— Damon está aprendendo a gerenciar a empresa da mãe. Você não sabia? Ah, acho que vocês não são tão próximos assim, pensei errado – Charlotte sorriu, me entregando o avental – Ah, eu não preciso ganhar pontos com ele, Elena, isso já é a minha medalha de ouro – Ela ergueu a mão, mostrando o anel de noivado – Bom trabalho para você.

Ela saiu sobre os saltos elegantemente, os cabelos balançando e o corpo mexendo como se ela fosse uma modelo, além do sorriso triunfante nos lábios.

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— Uau, ela está em algum desfile, por acaso? Ou está atuando em alguma série? Medalha de ouro? Medalha de ouro a minha bunda! Ah, eu poderia até...

— Elena? O que está fazendo?

Pulei no lugar por causo do susto que tomei, arregalando os olhos para Marcel que mesmo naquele uniforme estranho de cozinheiro, conseguia ficar bonito.

— Meu Deus, você me assustou! – Suspirei com a mão no peito, tentando acalmar meu coração.

— Estava amaldiçoando alguém? – Ele riu, balançando a cabeça e se virando para ir embora, mas parou depois de dois passos e se voltou para mim, apontando o dedo em minha direção – Você deveria fechar essa camisa direito, não é bom para mim te ver assim.

Olhei para minha camisa vendo que três botões ainda estavam abertos. Corei na hora, colocando minhas mãos na frente dos seios.

— Ei! Você não deveria ficar olhando para aí – Reclamei – Vai, vai embora!

— OK, já estou indo – Ele se virou rindo e saiu do vestiário.

Encarei o lugar onde ele estava por um tempo, sem nem mesmo notar.

— Wow, que clima estranho é esse?

Terminei de arrumar minha roupa e saí, indo fazer meu trabalho. Charlote havia cuidado da parte “simples”, ela limpou apenas o salão, mas os banheiros e cozinha ainda estavam um caos. É, eu teria muito serviço!

— Hey, o que acha de sairmos hoje à noite? – Stefan perguntou enquanto eu limpava o forno, fazendo uma careta para aquela bagunça. Povo mais porco, viu! O movimento estava fraco, por isso tínhamos tempo para conversar.

— Sair? Vocês vivem para isso? – Perguntei.

— E você, não se diverte não? – Klaus perguntou, rindo em seguida.

— Claro que sim... – Respondi, mas na verdade eu só saia quando eles saiam, já que eu não era uma pessoa de muitos amigos. Bom, Caroline estava sempre ocupada com o trabalho e Bonnie estava sempre ocupada com o casamento e trabalho também.

— Vamos no bar que tem aqui perto. Chama o Damon também – Elijah disse enquanto virava um ovo na frigideira.

— Por que ele se importaria de ir? Ele deve estar ocupado com a noiva – Disse Marcel, parecendo irônico. Franzi meu cenho para ele.

— Ainda assim, somos os amigos dele, não vamos deixar ele de fora – Elijah retrucou.

— Se você diz – Marcel deu de ombros e olhou para mim, desviando em seguida.

O que foi isso? Marcel acabou de soltar veneno para Damon? Por que?

Assim que o dia de trabalho acabou, todos tomamos um banho e saímos, os caras tinham uma conversa animada, mas Marcel era o único meio distante, pensativo.

— Ei, o que está errado? – Perguntei me aproximando dele. Ele me olhou e sorriu, olhando para frente novamente.

— Nada – Ele cruzou as mãos nas costas – Elena, vamos sair em um encontro?

Arregalei meus olhos para ele, surpresa.

— Nós já saímos juntos – Respondi, começando a ficar nervosa com aquele clima.

— Não assim, não como amigos – Ele me encarou – Você não sabe? Eu gosto de você!

Parei no lugar, meu coração falando uma batida. Como ele conseguia falar aquilo tão naturalmente? Ele acabou de...

— Ei, não há motivo para essa expressão – Ele tocou com o indicador minha testa, só então percebi que a tinha franzido – Então, aceita sair comigo?

— Marcel...

— Eu sei que você gosta do Damon, mas cansei de ver ele te fazendo de cachorrinho – Eu não queria admitir, mas ouvir aquilo me machucou, porque também não era uma completa mentira – Saia comigo, nem que seja para provar algo à ele.

— Marcel... não posso fazer isso...

— Por que? Vai me magoar? – Ele riu, piscando. Marcel pegou minha mão e a colocou sobre seu coração que batia rápido – Esse coração não é de um adolescente, Elena, eu não estou brincando.

— Marcel...

— Eu sei que parece absurdo, não vou exigir nenhuma resposta agora, não se preocupe.

— Ei, vocês aí, vão ficar namorando o vão com a gente? – Pisquei inúmeras vezes, olhando para o lado, Klaus ria junto com os outros um pouco longe de nós.

— Vamos.

Marcel sorriu, soltando minha mão e deu alguns passos longos até os outros. Ouvi eles o zoarem, mas ele apenas olhou para trás para mim e sorriu, me chamando. Balancei a cabeça e corri até eles.

O bar não era longe, era um espaço aconchegante e bonito. Elijah já havia ligado e reservado uma mesa, já que o bar era bem movimentado. Nos sentamos e pedimos algumas bebidas com petiscos.

— E então, Damon vai vir? – Marcel perguntou após beber um gole da vodka.

— Eu liguei, mas ele não deu resposta – Elijah deu de ombros – Acho que estar noivo é realmente diferente.

— Mulheres não deveriam atrapalhar uma amizade – Klaus fez careta – Mas além disso... Damon não foi para o restaurante hoje, isso não é estranho?

— Ele foi sim – Stefan disse, interrompendo Klaus.

— Foi? – Marcel perguntou, erguendo uma sobrancelha.

— Foi, de manhã. Ele chegou depois de alguns minutos que a Charlotte tinha saído, mas foi embora rápido, parecia meio perturbado – Stefan disse – Eu tentei falar com ele, mas ele me ignorou completamente.

— É, as pessoas realmente mudam – Eu disse depois de um tempo quieta, bebendo alguns goles da minha bebida.

Eu estava começando a me sentir uma legitima alcoólatra, todo dia arranjava uma desculpa para beber, nem que fosse uma latinha de cerveja. Isso era perigoso?

— O que, já estão falando de mim pelas costas?

Sem que eu pudesse evitar, meu coração acelerou e meus dedos apertaram o copo gelado em minhas mãos após ouvir aquela voz tão conhecida. Mas antes que eu pudesse me virar, Marcel colocou sua mão sobre a minha, me encarando, prendendo meu olhar no dele.

— Damon! Você veio – Klaus disse, animado, se levantando para abraçar Damon – Tá vendo, Marcel, eu disse!

— Ele disse que eu não viria?

— Algo assim.

Mas Marcel não o olhou ou desviou o olhar de mim, sua mão também não soltou a minha, e por alguma razão, eu não me senti desconfortável, na verdade era como se ele me consolasse com aquele toque. Eu sorri, agradecida, enquanto também o encarava.