Nunca Fui Beijada 2

Change Your Life


Agora, eu olhava para Jade do mesmo jeito que a olhei quando ela nasceu. Tão frágil e ao mesmo tempo forte e bonita. Ela tinha o sorriso dele, depois de um mês eu percebi isso. Mas, eu nunca esqueci que Jade tinha mais que o sorriso de Dimitri.

Ela tinha seu sangue, seu DNA.

O mesmo sangue e a força que continham em Dimitri, continham em Jade e eu sabia que nunca poderia negar ou esconder isso. Sabia que um dia ela me perguntaria quem foi seu pai e o que ele fez para não saber de sua existência. Então, quando esse dia chegasse, eu sentaria com ela e diria que ele era uma boa pessoa.

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Que ele era gentil, inteligente e bonito. Forte e protetor, mas que o amor que eu tinha não foi suficiente para chegar ao coração dele, e que ir embora com ela, era a garantia de amar uma parte dele e ser amada de volta. Sem mentiras, ou qualquer forma de ser magoada.

Encostei minha cabeça no sofá marfim que tinha no quarto e percebi quando a luz do dia invadiu o quarto através da janela sem cortina. Eu me levantei e esperei até Jade abrir os olhos. Ela me olhou assustada no início, mas então eu sorri.

— Olá gatinha. – sussurrei, ela sorriu.

— Quero minha caminha. – murmurou, chorosa. Eu sorri novamente, passando a mãos em seus cabelos espalhados pelo travesseiro.

— Eu sei, querida. – disse para ela. – São mais algumas horas e você terá a sua caminha.

— Posso dormir com a vovó? – perguntou ela, em sua vozinha chorosa de criança. Eu sorri, feliz por ela estar bem novamente.

— Claro. – disse a ela. – Claro que pode.

Ela sorriu, feliz e meu coração afrouxou aquele aperto. Fiquei aliviada com a melhora da minha pequena princesa e por Dimitri ter ido embora sem desconfiar de nada. Eu sabia que tinha que agradecer, mas também sabia que tinha que me afastar.

Uma batida leve na porta me tirou a atenção de Jade. Seu rostinho iluminou-se ao ver Lissa e minha mãe na porta. Janine foi até ela e abraçou-a. Lissa apenas fitou-me e eu suspirei.

— Relaxa, gata. – eu disse à Lissa. – Ela está bem.

Lissa sorriu, aliviada e me abraçou. Eu dormiria ali, de tão aconchegante, se não estivéssemos em pé. Ela sorriu quando percebeu meu cansaço.

— Rose, vai para casa. – disse Lissa. – Vai no meu carro, e depois volto com Janine.

— Não. – eu disse. – Preciso estar aqui. Jade vai passar essa noite e amanhã cedo terá alta. Preciso passar essa noite com ela.

— Querida, não adianta estar cansada e não ser útil. – disse minha mãe, ainda abraçada à Jade, com a roupinha de hospital.

— Sim. – disse Lissa. – E você tem que abrir o escritório que mandou construir em Montana. Vai dormir e depois trabalhar um pouco. Eu cuido da minha afilhada.

— Eu quero a tia Lissa. – disse Jade, feliz. Eu sorri.

— Fui trocada pela minha irmã? – perguntei, irritada.

— Sim. – disse Lissa, feliz. – Agora vai.

E então, eu sorri e segui para a porta. Já com a minha chave de casa, e tudo que precisava para ir embora. Meu coração se apertou quando Jade acenou com a mãozinha pequena para mim. Eu sorri e fui embora.

***

Depois de colocar a roupa que Lissa tinha deixado na bolsa rosa, fui com o carro até o centro da cidade. Eu precisava de um café até seguir para casa e conseguir abrir o escritório recém montado.

Fiz uma nota mental de ligar para Tony e parei no primeiro lugar com um cheiro de pão fresco e café. Estacionei a caminhonete de Lissa em frente à uma confeitaria e percebi a agitação da cidadezinha pequena.

Saí do carro e comecei a caminhar, sentindo o sol bater na minha pele levemente amorenada, já com um shortinho azul e uma blusa regata branca. Prendi meus cabelos em um coque e assim que pisei no tapete rosa de cup cake da confeitaria, senti meu nome em uma voz carregada por um sotaque. Virei-me e observei Vikka, correndo para atravessar a rua e chegar até mim.

Parei por alguns segundos para observá-la e percebi seu vestido vermelho larguinho e seus cabelos presos em um rabo de cavalo. Sua bolsa presa ao corpo como uma propriedade valiosa e seu sorriso curioso. Ela chegou até mim ofegante e sorriu ainda mais.

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— Ainda bem que consegui pegar você aqui. – disse ela. Eu levantei o cenho.

— Desculpe... – comecei. – Só vou tomar um café e depois vou até o escritório para conseguir pegar Jade acordada no Hospital.

Vikka sorriu.

— Preciso falar com você. – disse ela. – Vamos tomar um café, ou algo assim.

— Desculpe. Estou mesmo sem tempo. – falei, virando-me.

Ouvi quando Vikka suspirou atrás de mim e pigarreou em seguida.

— Como está a minha sobrinha? – perguntou, alguns passos afastada de mim. Eu parei abruptamente e ela encarou-me, sorridente. – Não quer conversar?

Eu respirei fundo e fiz carranca para a chantagem de Vikka.

***

Vikka comia mais um pedaço do seu bolo de limão, enquanto eu permanecia com meu cappuccino ainda quente e do mesmo jeito que veio.

— Chantagem é errado. – eu disse.

— Mentir também. – contradisse ela. Eu rolei os olhos. – O que estava pensando? Que eu não ia reparar a semelhança?

— Graças a Deus que só você reparou.

— Por enquanto! – disse. – Acha que meu irmão, louco por você como é, não vai investigar toda a sua vida.

— Eu escondi muito bem a Jade, Vikka.

— Nem tanto. – disse ela, fitando-me. – Eu sabia que minha mãe não fazia caridade só para garotas.

— O que? – perguntei confusa.

— Oh, Rose. – retrucou. – Na fatura de cartão de credito da minha mãe só vinha casa da Barbie e coisas do gênero.

— Eu disse que não era para ela dar essas coisas. – murmurei. – Ela teimou.

— Mas eu descobri. – disse ela. – Assim que bati os olhos na garota.

Rolei os olhos, e encarei o meu cappuccino. Ele já não estava tão quente quanto há alguns minutos, mas ainda estava aparentemente bom para alguém que ficou a noite inteira acordada. Fitei-a novamente, e arfei.

— O que quer saber? – perguntei. Ela entortou a boca.

— Os seus motivos para tirar minha sobrinha de perto de mim.

— A aposta. – falei, tentando não trazer aqueles sentimentos de volta. – O medo do seu irmão enganar a minha filha como me enganou. Ele não sabe amar, só se arrependeu de tirar o primeiro beijo de uma garota desengonçada.

— Não fale assim, Rose. – disse Vikka, fitando-me. – Ele ama você como jamais amou nenhuma das modelos e atrizes que entraram na vida dele.

— Não Vikka. – eu disse. – Eu esperei, ansiosamente pela verdade da boca dele. Se ele me amasse, não levaria aquela maldita aposta até o fim. Não deixaria chegar aonde chegou.

— Ele se arrependeu. – disse ela, de modo calmo.

— Mas não foi até aonde eu estava. – disse à ela. – Não foi atrás de mim. Não se importou com meu paradeiro. – eu respirei fundo. – Pelo contrário, ele estava com essas magrelas e aproveitando a vida, três meses depois.

— Rose... – começou.

— Não. – interrompi-a. – Se você tem isso para me dizer, eu vou embora. – falei, levantando-me.

— Não, espera! – disse ela, segurando meu braço. Eu fitei-a, sentando-me novamente. – A garota que contratou seus serviços foi a minha secretária.

— O que? – perguntei confusa.

— Eu que vou casar. – disse ela. Eu abri a boca, encarando-a. Surpresa.

— Oh, meu Deus!

— Por favor... – começou Vikka. – Eu quero que você faça isso. Eu vi seu trabalho e é incrível.

— Não posso. – eu disse. – Eu preciso manter a minha filha longe do seu irmão.

— Eu garanto a segurança da Jade e ela não saberá de quem é filha e você monta meu casamento. – eu disse ela com um olhar pidão. – Por favor, Rose! Depois disso você pode sumir.

Eu rolei os olhos. Sempre que Vikka pedia alguma coisa de mim, ela conseguia. E eu sabia que seria melhor manter Dimitri longe com alguma ajuda. Lissa tinha seu próprio casamento ainda mais próximo do que o de Vikka e eu já tinha assinado um contrato.

— Ok. – disse eu. Ela comemorou com um sorriso. – Mas quando acabar seu casamento, eu vou embora com a Jade.

— Combinado. – disse ela animada. – Mas não em responsabilizo caso o jogo vire, Hathaway.

Eu suspirei.

— Não vai, Viktória. – afirmei.

***

Abri a porta, já cansada de ter ficado o dia todo tentando falar com Tony pelo telefone do novo escritório. Tinha ligado para Mia e pedido para que ela voltasse para Montana. O casamento de Lissa estava próximo e eu sabia que Jason viria com ela. Então, eu fiquei mais tranquila.

Estava tudo escuro na minha antiga casa, nem a varanda estava acesa. Caminhei até aonde eu sabia que ligaria a luz e assim que a ascendi, percebi uma sombra mais alta e bonita que a minha. Dimitri estava em pé, entre minha cozinha e minha sala, fitando-me.

Ainda vestia as roupas de ontem, o terno agora amassado e aberto junto à blusa de botão que me fazia perceber a imagem de seu peito forte e tentador. Eu engoli a seco, com seus olhos vermelhos e continuei encarando-o, ainda com a porta aberta.

— Boa noite, Rose! – murmurou em uma voz rouca. Eu me tremi.

— O que faz aqui? – perguntei. Ele fitou-me mais a finco, exibindo um envelope branco em sua mão direita.

— Vim conversar. – disse ele. – Acho melhor fechar a porta, vai ser algo bem demorado.

— Demorado quanto? – perguntei, engolindo a seco. Ele tinha uma carranca.

Dimitri finalmente, trincou os dentes.

— Não sei, Rose. – começou. – Talvez uns cinco anos.