Ondas de uma vida roubada

O veneno do escorpião


Na manhã seguinte, Diana acordou muito cedo, assaltada por um horrível pesadelo que a fizera dar uma enorme cotovelada na mesa-de-cabeceira, provocando-lhe uma dor aguda e insuportável. Levantou-se silenciosamente, vestiu-se sem fazer barulho e caminhou até à cozinha, onde a Madame Lisa já atarefada preparava o pequeno-almoço para todas as crianças.

— Bom dia minha querida! Olha bem para ti, estás linda! – Comentou Elisabeth estupefacta observando a jovem. – Esse vestido é maravilhoso e o teu corpo dá-lhe um brilho e uma beleza especiais. – Avaliou a senhora, apontando para o lindo vestido azul-claro rendado que Diana elegantemente trajava. – E essas sandálias combinam na perfeição, fizeste uma excelente escolha! – Continuou, examinando as sandálias brancas de salto alto, decoradas com pequenas missangas azuis que Diana artisticamente calçara.

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— Madame Lisa, são apenas roupas, mais nada! – Exclamou a linda jovem envergonhada com tantos elogios desnecessários. – Escolhi isto, como poderia ter escolhido outra coisa qualquer! – Esclareceu.

— Pelo menos vais deixar-me arranjar-te o cabelo. – Pediu esperançada a encarregada do Orfanato, passando a sua mão pelos lisos cabelos de chocolate.

— Não vale a pena, eles estão bem assim, obrigada. – Respondeu Diana. – Não prepare o pequeno-almoço para mim porque eu não consigo comer agora. - Afirmou nervosa com o passar cruel dos minutos traiçoeiros. – Bem vou buscar a minha bolsa e vou embora. – Despediu-se insegura, saindo da cozinha, passando pelo quarto para resgatar a sua bolsinha de linha azul e saiu para a quente e poluída manhã.

Quando a jovem chegou à escola, muito mais cedo do que o pretendido, ainda não havia muitos estudantes pelos corredores, pela rua ou junto do famoso quiosque.

— Oh bolas, não contabilizei bem o tempo, agora tenho que ficar sozinha imenso tempo. – Murmurou ela junto do portão principal enfeitado com serpentinas coloridas e esvoaçantes.

— Estás enganada! – Disse uma voz por cima do seu ombro.

— Peter! Assustaste-me! – Gritou a linda morena, dando um salto. – Não sabia que vinhas tão cedo, o que se passou? Caíste da cama? – Brincou, recompondo-se do susto.

— Claro que não. Ontem a directora Mariene ligou-me para eu chegar à escola mais cedo para tirar algumas fotografias antes da confusão habitual. – Explicou o jovem fotógrafo, mirando a sua amiga com surpresa. – Bem, deixa-me olhar para ti. Tu estás linda! – Exclamou, fingindo falso desmaio. – Talvez pense em algo mais sério entre nós. – Brincou, conduzindo Diana para o interior calmo da instituição escolar. – Já pensaste a música que vais apresentar? – Perguntou curioso, fotografando Diana junto de um enorme placar.

— Sim, vou cantar Still loving you dos Scorpion. – Respondeu insegura.

— Grande ousadia a tua, mas tenho a certeza de que és capaz. – Disse Peter, sentando-se num banco de madeira, saboreando os raios solares. – Poças quase me ia esquecendo a diretora quer falar contigo, agora. – Informou Peter franzindo o sobreolho.

— Quer falar comigo? – Perguntou a morena apreensiva.

— Sim, despacha-te, acho que é urgente, encontramo-nos depois, até já giraça. – Despediu-se Peter.

Diana deu algumas batidas delicadas e inseguras na enorme porta de carvalho que conduzia ao escritório da direção escolar.

— Entre, por favor. – Respondeu uma voz animada e vibrante. A jovem automaticamente abriu a porta e adentrou vagarosamente. – Ah! Diana minha querida, ainda bem que o Peter te deu o recado.

— Bom dia Directora Mariene, em que lhe posso ser útil? – Perguntou a jovem.

— Como representante de todos os estudantes deste estabelecimento de ensino, gostaria de te apresentar o nosso mais prestigiado e recente colaborador, cujos alarmes serão a garantia da segurança da nossa escola. – Mariene sorriu feliz para um homem bem vestido e atraente que estava sentado a seu lado. – Este é o Anthony Stark, um dos maiores empresários da América. – Concluiu piscando o olho ao homem.

— Muito prazer, seja bem-vindo à nossa escola, Senhor Stark! – Saudou Diana, esticando a sua frágil mão para apertar a daquele ricaço.

— Apertos de mão guardo-os para os meus colaboradores, amigos e conhecidos. Acho que uma jovem tão bonita e inteligente merece um beijinho. – Afirmou Tony, fazendo Diana corar violentamente. – Gostarias de me acompanhar numa visita por esta escola, e talvez numa bebida? – Perguntou Stark.

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— Aceito a visita, a bebida nem por isso, obrigada. – Respondeu Diana, pondo rédea curta naquele empresário catita. – Então vamos. – Disse irrepreensível.

— Mas umas fotos, tu não me podes negar! – Exclamou Anthony, irritando profundamente a sua guia.

— Logo se vê. – Respondeu a jovem de forma azeda.

Diana, acompanhada por Tony Stark passearam-se durante algum tempo pelo pavimento escolar, que se apinhava aos poucos com a aproximação do festival de talentos.

— E é isto. – Afirmou Diana, quando a visita chegou ao fim. – Acho que lhe mostrei tudo, senhor Stark.

— Esta escola de facto sustenta todas as críticas que são tecidas e documentadas. – Aprovou Tony, olhando Diana com um sorriso arrogante no seu bonito rosto. – Agora vamos às fotografias.

— Ok, mas olhe que eu não tenho muito tempo. Vou telefonar ao meu amigo para nos fotografar. – Disse a jovem mal-humorada, pegando no seu telemóvel.

— Não será necessário, eu tenho fotógrafos privados e muito competentes, que estão em contacto com as melhores centrais de notícias, vamos até lá fora, eles esperaram no meu carro. – Respondeu Stark de forma superior.

— Mas o meu amigo também é bastante competente. – Reclamou Diana, porém Stark ignorou o seu comentário. – Que tipo mais presunçoso. – Pensou a jovem.

— Olhem ali! – Exclamou John, apontando energeticamente para Tony.

— É o Anthony Stark, um dos homens mais ricos e mais poderosos que vivem nos Estados Unidos. Ele é o sócio maioritário da Stark Enterprise, e um dos mais bem-sucedidos empresários do mundo. – Relatou em voz alta para captar a atenção do empresário.

— Não imaginas quantas vezes eu escuto este discurso durante o dia, não me estou a queixar nem me importo, todavia torna-se muito chato. – Desabafou, todavia não convenceu a jovem.

Quando finalmente alcançaram o exterior barulhento e solarengo, dois homens bem vestidos com cara de poucos amigos esperavam-nos junto de um carro topo de Gama marca Lamborghini, preto brilhante e meticulosamente limpo.

— Rapazes, esta é a Diana. Ela será a minha parceira de fotografia hoje. – Anunciou Tony esfregando as mãos de contentamento. – Quero as melhores fotos de sempre, nós merecemos a primeira página do New York Times e do Daily News!

— Certo senhor Stark! Daremos o nosso melhor. – Garantiram os dois profissionais, preparando e focando as sofisticadas máquinas. – Preparem os vossos melhores sorrisos.

— Como posso sorrir ao lado de um homem destes? – Perguntou Diana no seu mais profundo intimo.

Vários flashes foram disparados sistematicamente, captando vários ângulos, direcções, posições, sorrisos e movimentos. Muitos alunos que passavam ou deambulava pelas redondezas olhavam para aquela cena de Hollywood estupefactos e invejosos.

— Bem, agora só falta a foto do estilo. – Sugeriu Tony feliz por ter os flashes fotográficos como seus amigos leais. – Diana gostava que te sentasses no capô do meu carro para dar outra perspectiva. – Pediu.

— Tem mesmo de ser, acho que não existe necessidade disso, já tiramos fotos suficientes. – Reclamou a jovem irritada com aquela atitude snobe empertigada.

— Claro que é necessário. – Retaliou Tony, segurando a jovem pelas axilas e sentando-a no seu grande carro. – Et voilá! – Exclamou, enquanto eram beijados pela luz ofuscante das máquinas.

— Ficaram perfeitas senhor Stark, perfeitas. – Garantiam os fotógrafos entusiasmados.

— Certo, eu não esperava por menos. – Respondeu Tony, focando as suas atenções na jovem que estava de pé a seu lado. – Bem, obrigado por estes minutinhos, espero que consigas atingir os teus objetivos no concurso. – Disse Stark em jeito de despedida.

— O senhor não vai ficar para assistir aos espetáculos? – Questionou a adolescente impressionada com aquela última frase.

— Infelizmente assuntos importantes não me permitem disfrutar de tal prazer, então adeus e mais uma vez boa sorte. – Despediu-se Stark, dando-lhe um beijo carinhoso no rosto bonito, deixando-a atordoada com a mudança extrema de personalidade.

— Adeus, faça boa viagem. – Despediu-se Diana, voltando as costas àquele magnífico carro de luxo.

— Quem é que se lembra de me ligar a uma hora destas, por acaso não sabem que eu sou uma pessoa imensamente ocupada. – Reclamou Tony, atendendo o telemóvel enquanto entrava na sua viatura. – Estou, Steve o que é que tu queres? – Perguntou irritado.

Finalmente a hora de subir ao palco alcançou vertiginosamente a ansiosa e desesperada Diana. Os pesados e destruidores nervos abandonaram-na enquanto ela estava na companhia de Tony Stark, contudo agora voltavam a atingi-la com uma força descomunal e aterradora.

— Para abrir este grandioso evento dêem as boas-vindas e os vossos aplausos para a linda e maravilhosa Diana! Ela brindar-nos-á com um grande clássico do Rock mundial! – Anunciava entusiasmado o professor Charles, fazendo sinal para que Diana subisse ao palco, empurrada pelas palmas efusivas da multidão estudantil.

— Vai lá, vai correr tudo bem, tu és fantástica. – Incentivou Peter, aparecendo subitamente por cima do seu ombro tenso e trémulo.

— Obrigada. – Tentou murmurar, no entanto a sua língua estava amordaçada pelos nervos e pela ansiedade, fazendo-a refém do silêncio.

O instrumental começou a ressuar nas potentes colunas espalhadas pelo vasto auditório, revestido a madeira castanha e impecavelmente encerada. A jovem cerrou os olhos com força para evitar olhar a multidão crítica e julgadora. As primeiras notas melódicas saíram dos seus finos e arrosados lábios calmas e serenas, embalando a sua mente e o seu coração até às distantes profundezas oceânicas. O refrão entrou de forma poderosa pelas paredes auditivas de todos ali presentes, fazendo-os mergulhar num encantamento paralisante e ensurdecedor. Os aplausos cessaram bem como os gritos de apoio e incentivo, alguma coisa não estava certa. Por fim, a última nota musical desfilou pelos lábios amaldiçoados da jovem inocente e ela abriu os seus radiosos e assustados olhos azuis.

O silêncio congelante fora terrivelmente substituído por milhares de vozes apavoradas, por milhares de paços apressados e temerosos, por milhares de exclamações repletas de terror e medo. Diana não fazia a menor ideia do que se passava, estava igualmente assustada e surpreendida.

— Tatiana o que se passa? – Tentou ela perguntar à sua amiga, contudo a única resposta que obteve foi um grunhido de medo e terror. – Mas o que fiz eu? – Questionou-se, vendo o vasto salão ficar vazio e desprezado

— Diana, ainda bem que ainda estás aqui! – Exclamou Peter preocupado, correndo até à sua amiga. – Estás bem? Oh meu Deus, isto não vai correr nada bem, mas tem calma eles não têm nada contra ti, tu não fizeste nada de errado. – Tentou tranquiliza-la a muito custo, abraçando-a amavelmente.

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— Peter o que é que eu fiz? Eu não compreendo! – Desabafou a linda jovem, soltando algumas lágrimas na praia do seu rosto assustado.

— Eu não sei bem explicar o que aconteceu, foi muito estranho. Quando tu começaste a cantar, bem, todos nós perdemos a capacidade de nos movimentarmos, foi isso. – Explicou calmamente o rapaz.

— Mas eu não sei como fiz isso, eu apenas me limitei a cantar. – Disse Diana, derramando mais gotinhas nervosas e assustadas.

— Afasta-te dela, ela é muito perigosa! As autoridades competentes já estão aqui para resolver tudo. – Afirmou a directora Mariene colérica com o sucedido.

— Merda, eles não. – Pensou Peter, vendo dois indivíduos encapuçados aproximarem-se da sua amiga furtivamente.

— Por favor, escutem, eu não fiz nada! – Tentou explicar Diana, todavia em vão.

— Não ofereças resistência, senão teremos que te neutralizar. – Ameaçou um dos encapuçados, agarrando Diana por um dos braços e arrastando-a até ao seu desconhecido destino.

Qual o misterioso e aterrador poder que Diana encerra no seu interior? Quem é Diana? Quem são estes homens que Peter tanto teme?