Ondas de uma vida roubada

Equipa improvável


Um enorme bando de miúdos maltrapilhos, mal tratados pela vida e traídos pelas suas escolhas corriam atarantados pelas ruelas sujas e viciantes do pobre bairro de Brooklyn, fugindo de um qualquer sistema de segurança que punha fim aos crimes de sobrevivência que cresciam em cada rebelde artéria delinquente, ou supostamente deveria ser assim.

— É verdade Mark, o Sam disse-me que os tinha visto na entrada do bairro junto ao spot de grafiti que descobrimos a semana passada! Vêm armados até aos dentes! Estamos mesmo lixados meu! – Exclamava um rapaz corpulento, passando a tremenda velocidade por um homem de vestes negras que parecia alheio a toda aquela sinuosa confusão.

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— Certo, Julian avisa todos os que conseguires, abriguem-se em casa. – Aconselhou Mark em tom urgente. – E logo hoje que estava à espera de um grande carregamento, merda de bófia! – Reclamou, enquanto via Julian correr desalmadamente na direção oposta ao cordão policial. – Devia recolher à sua casa senhor, isto aqui vai aquecer provavelmente. – Avisou, vendo que o homem vestido de negro o observava de perto.

— Ficas contente por confrontares a polícia? Achas justo explorares as fraquezas dos que te rodeiam com essas merdas de drogas alucinogénias? – Perguntou o estranho com rancor na voz, cruzando os braços.

— Quem você julga que é? Por acaso sabe quem eu sou? – Questionou o traficante em tom desafiador, puxando por uma navalha.

— Claro que sei, não passas de um rufiazinho que se diverte ao sabor da desgraça dos outros. E o que pensas fazer com esse brinquedo? – Respondeu o sujeito de forma interrogativa, fitando sem preocupação o objeto cortante.

— Acho que ainda não percebeu quem manda aqui, amigo! – Exclamou Mark em voz baixa, avançando furtivamente até ao homem, este sorriu cinicamente, jamais se assustaria com uma navalhinha insignificante como aquela. Algumas pessoas que por ali passavam pararam para observar a confusão, adoravam peças teatrais sem dúvida. Parecia que os adolescentes de agora divertiam-se a subestimar aqueles que não conheciam, que tremendo erro, quando o seu oponente era quem era.

No momento seguinte, o estranho de roupas negras segurou a mão de Mark, onde se encontrava a navalha, rodou-a com perícia, fazendo com que a arma caísse indefesa no chão, depois atirou o jovem por terra, vincando-lhe um dos joelhos no peito que gradualmente ficava arfante.

— Quem pensa que está… - Arquejou Mark surpreendido, nunca antes fora enfrentado daquela forma.

— Nunca mais metas as vidas das pessoas que vivem aqui em risco, é um aviso, agora faz o que quiseres com ele, mas pensa que eu vou estar sempre aqui a morder-te os calcanhares. - Vociferou o homem em voz rancorosa, virando costas com desprezo, contudo baixou-se e apanhou a navalha da calçada acinzentada, seguindo depois o seu caminho, recordando diversas vezes em que tivera que colocar no seu lugar vários rufias, salvando desta forma a pele de um amigo querido.

— Agente Brian, daqui comunica agente Sarah, emergência na escola secundária de Queens, pedimos reforços. – Escutou o homem num rádio de polícia enquanto passava perto de uma dupla de agentes.

— Esta não é a escola onde anda aquela miúda? – Pensou o estranho, atentando os ouvidos.

— Certo, agente Sarah vou enviar para aí uma patrulha de imediato. Agente Bernard ficará responsável por coordenar esta operação, chegou a altura de colocar em prática todas as páginas que o obrigaram a decorar lá na academia de polícia. – Afirmou Brian de forma autoritária, adorava entalar os caloiros. Caminhou até à viatura da polícia, fazendo sinal a diversos agentes que lhe seguiram o exemplo.

Bernard caminhou sozinho através das pérfidas ruelas de Brooklyn, seguido de perto pelo estranho de vestes negras, parou analiticamente num dos recantos mais escuros do pobre bairro, encarando cada detalhe sujo e discriminado. Como podem colocar alguém tão inexperiente nas mãos destes tipos? O que lhe vai na cabeça? Será mais importante e valiosa a aprovação e crédito dos superiores do que a sua própria vida? Pensava o sujeito atónito, enquanto encurralava o inexperiente Bernard.

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– Afaste-se de mim! - Avisou Bernard em tom falsamente confiante, tremendo ligeiramente enquanto empunhava o seu revolver. – O que quer? – Perguntou, encostando-se à parede, fizera precisamente aquilo que o homem queria, obrigado.

— Quero apenas fazer uma pergunta, apenas isso. – Respondeu o sujeito das vestes pretas. – O que se passa na escola de Queens? – Revelou.

— Não posso falar sobre ocorrências. – Confessou o polícia assustado, sentindo a respiração do estranho na sua cara. – Deixe-me passar, tenho trabalho para fazer, não posso dar trela a curiosos.

— Então fazemos assim, responde-me e eu deixo-o passar. – Negociou o estranho, apertando o braço do agente que gritou de dor.

— O senhor está a tentar coagir um agente da autoridade, isso dá direito s prisão, é crime! – Defendeu-se Bernard, tremendo dos pés à cabeça, devia ter continuado a servir cafés.

— E não assentir à minha pergunta dá uma visita bem demorada ao hospital, como é? Temos negócio ou não meu caro agente Bernard? – Ameaçou o caminhante das sombras, perdendo definitivamente a paciência.

— Certo, certo! Eu conto. A escola foi sequestrada com algumas centenas de pessoas no seu interior, eu não sei mais nada, juro! – Desvendou o atarantado polícia, começando a chorar.

— Isso basta-me. – Respondeu o estranho em tom preocupado. – Passe bem. – Disse, dando um valente murro na cara de Bernard que o deitou por terra inconsciente, os meios justificam os fins.

Perto das imediações da escola, estacionava uma potente viatura negra, do seu interior saíram dois homens. O Gavião Arqueiro exibia profissionalmente o seu brilhante arco empoleirado no seu braço direito, o seu rosto, coberto por uma máscara roxa, iluminava-se num lindo e traquina sorriso, andava ansioso por um pouco de ação. Ao seu lado esquerdo, estava o bravo Capitão América, segurando com firmeza o seu lendário e cobiçado escudo de Vibranium, o seu rosto estava sério, atento e ligeiramente ansioso. Inúmeros flashes de máquinas fotográficas almejaram-nos com extrema precisão, o recinto estava repleto de abutres famintos de informações.

— Ela vai ter muita dificuldade em passar despercebida perante todo este enxame de jornalistas. – Comentou Clint preocupado.

— Vamos arranjar uma estratégia para que ela não fique demasiado exposta, conto com a tua criatividade Clint. – Sugeriu Steve, olhando em redor. – Ao sinal do Tony tu entras em ação, eu fico cá fora, nunca se sabe o que pode vir a seguir. – Explicou, caminhando até ao ponto crítico, a entrada dos fundos.

— Certo Cap! – Assentiu o Arqueiro entusiasmado, olhando com repulsa para alguns polícias que definiam o perímetro de segurança. – Estes tipos realmente não servem para nada! – Comentou maldisposto.

— Clint! Nós só estamos aqui porque está um de nós envolvido na operação. Este é um trabalho que eles conseguiam resolver com alguma facilidade. – Reprovou Rogers, para grande irritação do mestre das setas.

— Sim, sim! – Exclamou Clint sem dar grande importância à conversa do Capitão.

— Desta vez chegaste a tempo Cap, já não faço aqui nada. – Pensou o homem encapuzado feliz, passando nas costas dos dois heróis, porém Steve reparou na sua presença e virou-se.

— Não pode estar aqui. – Afirmou em tom autoritário, apontando para o cordão policial. – Parece que virou moda andar por aí com o rosto oculto. – Comentou no seu íntimo, vendo o estranho desaparecer por entre a multidão.

— Que tipo estranho! – Constatou Clint atónito, como se fosse muito normal andar por aí de arco e flechas em riste.

— Talvez seja isso que as pessoas pensam de nós, por andarmos com os nossos uniformes. – Sugeriu Steve, olhando para a porta dos fundos que possuía uma insignificante brecha aberta.

No interior da silenciosa instituição de ensino, Diana estava de pé junto dos russos raptores e agricultores de ideias anticapitalistas, olhando para todos os seus colegas e professores que se refugiavam horrivelmente no terror negro. O líder do gang pigarreou alto, retirando a sua mortífera e potente arma das suas vestes, apontando-a indiscriminadamente aos que o rodeavam.

— Vamos fazer deste pequeno grupo um grande exemplo para a sociedade Americana, por quem ir eu começar? – Afirmou sadicamente, movendo a sua arma de forma ameaçadora, o grupo riu alto, um riso assustador dragado pelo prazer cruel de tirar a vida a alguém.

— Não faça isso! – Gritou a Vingadora aterrorizada, fitando a sala em toda a sua plenitude. – Eles mortos não nos servirão de nada, vamos usá-los como moeda de troca. – Sugeriu rapidamente, vendo os olhares de desconfiança recaírem pesadamente sobre si.

— Ser muito boa ideia, muito boa ideia mesmo. Vamos trocá-los como se trocar animais! – Aplaudiu o sádico líder russo.

— Eu sempre desconfiei desse teu sorriso falsamente doce, sempre achei que escondias algo muito negro, e não estava enganado. O meu pai é um homem extremamente rico, ele poderá pagar rios, mares de dinheiro para me libertarem. – Afirmou Johny em tom pomposo, revelando todo o seu egoísmo, vaidade e presunção. Esta atitude atiçou, como o vento atiça o fogo, a fúria dos russos. Um dos raptores caminhou lentamente até ao jovem, apontando com firmeza a sua pistola à cabeça oca.

— Espere! O pai dele é uma pessoa extremamente importante, pode satisfazer os nosso planos e desejos, pode ser um bom aliado, é um empresário famoso e bastante poderoso, possuidor de uma grande influência nos mais diversos ramos de atividade. – Explicou a morena em tom apreensivo, Johnny nunca iria mudar. – E tu, verme imundo vê se calas a boca, antes que eu te cale de vez. – Ripostou dando um valente pontapé na cara do jovem, fazendo-o espirrar sangue vermelho. – Andava ansiosa para fazer isto! – Pensou aliviada, conseguira desviar as atenções dos russos do arrogante rico.

— O que fazer nós agora? – Perguntou em voz baixa o cabecilha da armada Russa.

— Eu tenho um plano senhor, vamos falar ali numa sala, longe dos ouvidos desta escória poluidora de ideais. – Sugeriu a Sereia determinada, aquela era a deixa que tanto precisava.

— Certo, certo! Ivan fica de vigia, não quero nem um barulhinho, nem gracinhas, nem tentativas de suborno. Se algo corre mal tu pagar, pagar mesmo! – Ameaçou o líder honestamente, as suas ordens eram leis que não podiam ser quebradas nem contestadas, Ivan acenou afirmativamente com a cabeça, sabia perfeitamente o preço do seu fracasso.

A morena conduziu os Soviéticos em silêncio absoluto até ao corredor dos fundos, parando perto de uma janela com o vidro partido, encostando-se estrategicamente à parede coberta de painéis informativos.

— Então qual ser o plano mana? – Perguntou o chefe curioso, olhando Diana com pura admiração. – Ainda bem que nós encontrar tu, ainda bem!

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— O plano é o seguinte, lá fora estão diversos membros dos Vingadores, milhares de polícias, e vocês só sairão daqui para a prisão, que tal? – Respondeu a Sereia honestamente, pedindo a todos os céus para que os seus amigos estivessem prontos para entrar em ação. Uma leve brisa voou através dos capuzes negros e do cabelo achocolatado da adolescente. Todos se viraram mesmo a tempo de vislumbrar uma seta deslizar suavemente através da pequena brecha entre a porta e a parede, cravando-se de forma irrepreensível na parede oposta. Diana sorriu de alívio, os russos soltaram diversos urros de raiva e indignação, tentaram escapar estupidamente pela porta, porém o seu caminho fora barrado.

Será que o sucesso reluzirá no seio desta improvável e diferenciada equipa? Manter-se-á o Homem Aranha oculto nas sombras de Peter Parker?