A preocupação, a ansiedade e a confusão mental percorriam todos os recantos da vasta sala de estar da mansão dos heróis mais poderosos da Terra, todos eles perdiam-se em afazeres inúteis e sem fundamento aparente, tentando esconder o que voava nos seus corações. O Capitão América caminhava de um lado para o outro sem sessar, lutando para enfraquecer com a sua coragem os maus sentimentos trazidos pelo sol cor de sangue que se misturava num monte de nuvens indistintas. Clint limpava vezes sem conta o seu arco já bastante polido, apesar de achar Diana uma miúda impertinente, irritante e insuportável, não passava despercebida a sua ausência dolorosa. Tony Stark debatia-se falsamente com um pesado livro sobre física quântica, porém o famoso volume estava de pernas para o ar. Thor o Deus do Trovão brincava distraidamente com o seu sagrado martelo, tentando exilar todos aqueles pensamentos negativos que lhe turvavam a mente divina. Janet pintava as suas unhas, contudo os seus dedos estavam mais pretos do que o local pretendido.

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— Já se passou uma hora, o que fazemos? – Perguntou Stark corajosamente, pousando o livro com estrondo em cima da mesa.

— Já comunicaram através do cartão ID? – Questionou Clint esperançado.

— Já, ela esqueceu-se dele no quarto, já verifiquei. – Respondeu o homem de ferro arrogantemente, deitando um olhar de ódio ao perdido Capitão.

— Eu vou lá ver o que se passou. – Ofereceu-se Thor de forma autoritária, não suportando mais aquela espera desesperante.

— Cap o que é que fazemos? – Interrogou Tony evasivamente.

— Eu, eu não sei. – Respondeu Steve imerso em pensamentos.

— É preciso ter um grande descaramento, colocaste-nos nesta situação e agora não consegues arranjar uma solução. – Gritou Stark colérico, dando vários murros na mesa. – Eu avisei-te! Eu avisei-te! E o que é que tu fizeste? Colocaste a vida de uma miúda em perigo. – Atirou pleno de ódio.

— Se eu fosse a fazer tudo o que tu queres, o mundo estaria perdido, achas que eu me estou a sentir bem com isto tudo? É que se achas, conheces-me muito mal. – Respondeu Rogers em voz alta, perdendo ligeiramente a cabeça com aquelas insinuações.

— Não é a discutir que iremos arranjar uma boa saída para esta bela porcaria. – Preveniu o Gavião em voz audível, colocando-se entre os dois combatentes.

Na destruída cozinha, ensanguentada, Wolverine, um dos mais poderosos membros do X-Men, lançara-se furtivamente sobre o seu terrível oponente, cravando-lhe bem fundo as suas garras justiceiras, os seus olhos estavam lívidos de raiva e ódio, o seu coração estava mais sombrio e sanguinário do que alguma vez estivera, o seu espírito personificara uma alcateia enfurecida de lobos ferozes. Os seus punhos voavam a tremenda velocidade alcançando todas as superfícies corporais daquele homem desprezível fazendo-o gritar de dor. Os seus pés pisavam-no tentando limpar toda a maldade e egoísmo do seu espírito consumido pelas trevas loucas de sangue. O poderoso e cruel atacante tentava ripostar com alguns movimentos que faziam lembrar um felino em fúria, porém nada abalava a raiva, o rancor e ódio que cegava o herói.

— Nunca pensei que conseguisses alcançar tais padrões de cobardia, atacar crianças inocentes, até para ti isto é descer baixo de mais. – Berrou Wolverine possuído pela constante e ardente cólera, olhando bem nos olhos daquele que sempre fora um dos seus piores inimigos, Dentes de Sabre.

— Vais ter o mesmo destino destes vermes imundos! – Gritou o Dentes de Sabre com a loucura selvagem a percorrer-lhe todo o cruel corpo, atacando com os seus afiados dentes o herói, contudo este defendeu-se com mestria executando um poderoso murro que atirou o atacante pelos ares, deixando-o imóvel no chão.

— Aqueles Vingadores, só podem andar a beber demais para enviar uma miúda para esta missão. – Resmungou o X-Man em voz sumida, aproximando-se de Diana que jazia inconsciente no chão de moisaico escarlate, tomando rispidamente o pulso certamente partido. – Ainda estás viva. Vou mas é pisgar-me daqui antes que ele recupere, o fator de cura dele apesar de ser bastante bom é muito lento, acho que tenho tempo. Vamos lá pirralha. – Constatou pegando a ferida Vingadora nos seus braços e saindo dali a medonha velocidade.

Diana vagueava perdida entre o mundo das sombras indefinidas e o mundo da luz clara, tentando segurá-la inutilmente entre os dedos, lutando por agarrar com força a luz do sol carmesim, cravando a sua débil vida na esperança remota de algum dia encontrar o seu pai.

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— Pai! – Murmurou ela em voz extremamente sumida, toldada por diversas vagas vermelhas, despertando para voltar depois a mergulhar no pútrido abismo negro, onde os braços da sua amada mãe a impediam corajosamente de prosseguir.

— Aguenta miúda. – Pediu Wolverine alarmado, vendo os olhos da Sereia perderem a sua habitual luz marinha e vivacidade. – Porque nenhum deles veio até aqui? – Pensou confuso. – Talvez não saibam o que se passa. Mas mesmo assim, teriam aqueles malditos cartões de identificação, espera lá, talvez ela ainda seja uma amadora, e não o tenha trazido, bonito trabalho! – Cismou incrédulo com tanto desleixo, tocando num discreto botão que estava incorporado no seu cinto. – Chuck consegues ouvir-me? – Interrogou em voz grave.

— Sim Logan transmite. – Respondeu a voz serena de Charles Xavier.

— Comunica com os Vingadores e diz-lhes que uma deles está gravemente ferida e eu pessoalmente não sei se ela sobreviverá, irei levá-la para o hospital Mount Sinai. – Pediu apressadamente Wolverine apreensivo, vendo a cor desaparecer da pele da morena, tornando-a pálida de morte.

— Quem a atacou? – Questionou o sábio Xavier preocupado.

— Dentes de Sabre. – Respondeu com azedume o salvador.

— Despacha-te Logan, vou entrar já em contacto com o Capitão América. – Afirmou categoricamente.

— Obrigado. – Agradeceu o X-Man, continuando o seu caminho segurando a preciosa vida de Diana nos seus fortes braços.

O ambiente na mansão melhorara ligeiramente depois da preciosa intervenção do Arqueiro. Todos os heróis encontravam-se sentados em volta da mesa, tentando decidir a melhor solução.

— Alguém já sabe quem é o atacante? – Perguntou Thor enervado.

— Não ainda não, estamos à espera de informações credíveis. – Respondeu Stark com ar importante.

— Não vamos esperar mais, vamos até lá. – Decidiu de forma irrepreensível Steve Rogers, levantando-se e pegando o seu poderoso escudo com a mão direita, colocando-o sobre o ombro.

— Já não era sem tempo. – Retorquiu Tony em tom provocador.

— Não comecem. – Ralhou Janet irritada com a falta de entendimento que pairava sobre aqueles dois.

— Capitão América está a ouvir-me. – Perguntou uma voz tranquila na mente do Super-soldado.

— Professor Xavier o que se passa? – Perguntou Steve alarmado com tal aparição súbita e aparentemente inesperada.

— A Vingadora que foi em missão para o bairro de Brooklyn está entre a vida e a morte, o Wolverine resgato-a e está neste preciso momento a chegar ao hospital de Mount Sinai. – Informou em tom urgente.

— Quem é que providenciou o ataque? – Interrogou o Capitão enraivecido com as notícias tenebrosas.

— Dentes de Sabre, um homem louco, selvagem e extremamente perigoso, que mata só porque lhe dá prazer. – Explicou Xavier amargamente.

— Obrigado Professor. – Agradeceu Steve Rogers com os pensamentos embargados pela culpa e pelos remorsos cortantes.

— Cap! Cap! Estás bem meu? – Perguntou Clint em tom confuso dando algumas palmadinhas no braço do Primeiro Vingador.

— Eu já sei o que aconteceu. – Informou atónito com os seus sucessivos erros. Todos o olharam curiosos pela continuidade das explicações tão desejadas.

Que surpresas rodarão nas hélices deste tenebroso ataque?