Por trás das lentes

Capítulo 13


Oliver Queen

Estamos quase chegando à fazenda e mal posso acreditar em como as coisas mudaram da água para o vinho. Felicity ainda está um pouco com o pé atrás, mas agora já está bem mais à vontade comigo, pelo menos. Conversamos e rimos bastante juntos e, agora que estamos na entrada da fazenda, não posso evitar me entristecer ao pensar que logo logo não seremos mais só nós dois e vou ter que dividir sua atenção com mais duas pessoas. Mas não posso mantê-la na estrada para sempre. Pelo menos, ainda teremos o resto do dia para aproveitar e sei que a paisagem da fazenda vai animá-la.

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— Já estamos chegando? - ela pergunta, ansiosa como uma garotinha.

— Sim, filhinha...- provoco e ela revira os olhos, me dando língua, o que me faz rir de sua atitude.

— Ótimo! - ela sorri e me vejo encantado com as covinhas em sua bochecha.

— Essa felicidade toda é só porque vai sair do meu carro? - levanto uma sobrancelha.

— Claro que não, bobo! - ela me empurra levemente - Só estou ansiosa para conhecer sua fazenda.

— Nem deu pra notar...- ironizo, enquanto ela observa a paisagem com uma curiosidade infantil.

— Tá tão na cara assim? - ela se vira em minha direção.

— Está quase escrito em sua testa...- ela rola os olhos - Sério! Tá faltando só saírem estrelas dos seus olhos - acrescento e ganho uma cotovelada no estômago, o que me faz arfar - Ugh! Felicity, assim você vai me deixar cheio de hematomas no fim do dia...

— Ah! Isso seria uma realização sem tamanho para mim - ela põe a mão no peito, dramatizando.- Qualquer hematoma muito visível...Sara é uma ótima maquiadora! - acrescenta e eu sorrio de sua provocação - Ei! Não foi você que teve aulas "bastante proveitosas" de defesa pessoal? - ela faz aspas e levanta uma sobrancelha.

— Jamais encostaria um dedo em uma mulher, ainda mais em você...- dou de ombros.

— O.k. - ela sorri - Pelo menos, se defenda! - incentiva.

— Vou lembrar disso...- sorrio e chamo sua atenção para a fachada da casa, que começa a aparecer.

— Oh! Isso é tão empolgante! - ela bate palmas, empolgada, exatamente como Thea costuma fazer e eu gargalho.

— É uma fazenda, Felicity... Não a Disneylândia - cutuco sua costela e ela sorri docemente em minha direção. Nunca vou estar acostumado com as sensações que o sorriso dela me traz.

— Não é qualquer fazenda, Oliver! É a fazenda dos Queen! - fala como se meu sobrenome fosse uma espécie de palavra mágica - Faz ideia do que isso significa para uma pessoa comum? Sério que eu sou a primeira a ter essa reação ao chegar aqui? - questiona, incrédula.

— Sim - respondo - Não venho aqui há mais de 5 anos - explico e ela assente, entendendo meu ponto - Mesmo antes de meu pai morrer, eu já não vinha mais aqui e, mesmo que viesse, esse não é exatamente o local ideal para um playboy trazer suas conquistas de uma noite - ela cora - Nem mesmo Helena conhece esse lugar! - acrescento e ela parece surpresa.

— Por que não?

— Era como se esse fosse um recanto sagrado para mim. De uma época em que meus pais eram felizes juntos e em que eu e Thea éramos apenas duas crianças inocentes. Depois que me tornei adulto, quase não restava nada dessa essência em nós e parecia hipocrisia para mim vir aqui e fingir que éramos os mesmos. Então, quando meu pai morreu, eu simplesmente me neguei a voltar - concluo e encaro Felicity, que me observa atentamente.

— E por que resolveu me trazer aqui, então? - questiona em um murmúrio.

— Como já disse, hoje me senti verdadeiramente em paz com meu passado. Além do mais, com você, eu consigo me sentir eu mesmo novamente. Não Oliver Queen, o CEO, nem Oliver Queen, o playboy inconsequente...apenas Oliver! E é realmente algo bom de sentir - falo, sincero, exatamente como Sara me aconselhou a ser.

— Oh! - é tudo que ela diz, parecendo extremamente surpresa com minha confissão.

Estendo uma mão e ponho uma mecha dourada de sua franja atrás de sua orelha. Ela cora e, então, levo minha mão até a maçã avermelhada de seu rosto, acariciando lentamente. A vejo fechar os olhos e corresponder ao meu carinho, inclinando o rosto na direção da minha palma, fazendo meu corpo inteiro responder ao calor de sua pele macia contra meus dedos. Nunca pensei que uma mulher me fizesse desejá-la tanto com apenas o toque de sua pele, mas é exatamente isso que ela está fazendo agora. Estou resistindo com cada fibra da minha força de vontade ao desejo de cobrir a curta distância entre nós e provar de sua boca rosada e levemente entreaberta, quase como num convite, mas sei que isso apenas a fará se afastar bruscamente no instante seguinte. Por isso, resolvo surpreendê-la e, quem sabe, conquistar um pouco mais de sua confiança.

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Me inclino em sua direção e encosto meus lábios em sua testa, sentindo-a prender a respiração com esse primeiro contato íntimo entre nós. Me permito sentir a maciez de sua pele contra meus lábios nesse beijo casto e depois me afasto para olhar em seus olhos, que estão tão nublados quanto tenho certeza que os meus estão. Acaricio sua bochecha com delicadeza, sem tirar meus olhos dos dela.

— Obrigado por me fazer sentir assim...- murmuro, sorrindo para ela, que morde o lábio inferior, nervosa, me provocando inconscientemente.

— Disponha - ela responde no mesmo tom, sem desviar o olhar.

E então meu celular toca.

Thea. Suspiro, enquanto nos afastamos, quebrando o momento. É impressionante como Thea, mesmo à distância, consegue ser a maior destruidora de climas que existe!

— Oi, speedy! - digo, carinhosamente, observando a casa se aproximar lentamente pela janela.

— Como você ousa voltar para a fazenda e não me avisa, Ollie? - sua voz está furiosa. Lição nº 1 do Manual de sobrevivência de Oliver Queen: Não deixe uma Queen furiosa!

— Foi de última hora! Não deu tempo de avisar...- tento me explicar.

— Para sua sorte, eu sou bem rápida...- ela fala tranquilamente e isso me alarma. Essa mudança de humor é, no mínimo, preocupante.

Como assim?- inquiro, rapidamente.

— Eu e Roy estamos a caminho - ela fala, como se fosse a coisa mais natural do mundo ela e o fulano que se intitula seu namorado virem sozinhos até uma fazenda isolada! Fora o fato de que, com Thea por perto, todo e qualquer momento que eu criar para mim e Felicity será estrategicamente interrompido por ela. Não de propósito, é claro! Tenho certeza de que Thea vai adorá-la, mas acontece que seu timming é verdadeiramente broxante. Ou seja, Thea não pode vir!

— Theresa Dearden Queen, dê meia volta agora mesmo e zarpe para a mansão com o mala que você chama de namorado! - rosno, chamando a atenção de Felicity, que me encara sem entender.

— Sinto muito, Ollie...- Thea diz e sei que não sente nem um pouco - Mas já estamos na metade do caminho e...- o sinal some e a ligação é cortada.

Que Deus me ajude!