Arregalei os olhos, mas fiquei quieta. Estava escuro no quarto.

— Muito bem – sussurrou uma voz. - Agora levante-se e siga seu namorado gostosão.

Revirei os olhos no escuro e tirei a mão dele da minha boca, mas levantei e fiz o que ele mandou. Estava com o coração acelerado de medo de alguém ter nos ouvido, mas Trent não havia parado de roncar em nenhum momento e Juliet estava na cama de cima, dormindo tranquilamente. Lancei um último olhar nervoso para os dois, peguei a mão de Apolo e o segui porta afora.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Saindo no corredor, agora na claridade, olhei bem para Apolo. Ele vestia jeans, uma camisa do Sublime with Rome¹ e All Star. Sem pensar duas vezes, soltei sua mão e pulei em seu pescoço.

Deuses, como eu senti sua falta... – confessei, exalando seu aroma. Inebriante, suave e caloroso. Como a luz do sol.

— Você tá bem? – ele acariciou meu cabelo. – Normalmente sou eu quem fala esse tipo de coisa.

Ri e desenterrei o rosto do pescoço dele.

— É essa missão. – falei. – Ela que está me deixando assim.

— Se missões te deixam mais amorosa, então você devia participar de mais delas.

— Nem brinque com isso. – fiquei séria. – Aliás, você não devia ter vindo aqui! Já pensou se alguém descobrisse...?!

Ele fechou a cara e sustentou meu olhar. Apolo nunca foi a favor de manter nossa relação em segredo. Foi sempre eu que quis assim. Normalmente não costumo ligar pro que os outros pensam, mas além de minha mãe não aprovar e de todos me julgarem por namorar o deus mais vagabundo e vingativo do Olimpo, essa relação pode me colocar em perigo. Mesmos motivos que o Peter Park teve para terminar com a Mary Jane.

— Quer que eu vá embora?

Balancei a cabeça de um lado para o outro. Não, não queria que ele fosse embora. Mas também era orgulhosa demais pra dizer em voz alta.

— Vamos pra cima então.

Ele pegou minha mão novamente e me puxou até o elevador enquanto eu lançava olhares inseguros para a porta do quarto.

— Por que não pediu um quarto separado pra você? Poderíamos dormir juntos.

— Por que não temos muito dinheiro.

— Isso não é problema. Eu...

— Não quero seu dinheiro.

Apolo bufou e ficou me olhando. Eu fixei o olhar nas portas do elevador, e no número que mudava a cada andar que ultrapassávamos, fingindo que não percebia ele me encarando descaradamente.

— Você fica linda com esse pijama. – suspirou. – Mas tenho medo de te elogiar demais e isso te subir a cabeça.

Olho para ele e semicerro os olhos.

— Olha só quem está falando... O deus mais metido do Olimpo!

Apolo riu.

— Se não fosse você e sim outra pessoa que dissesse isso, eu a queimaria viva.

Oh, como você é romântico! – coloquei uma mão sobre o peito. – Acho que vou me derreter!

Ele riu mais ainda.

— Você foi mesmo feita pra mim.

Revirei os olhos sem conseguir conter um sorriso. Ele embalou minha cintura e me puxou para perto, beijando minha bochecha, minha orelha e minha bochecha novamente. Inclinei a cabeça de lado e fechei os olhos enquanto ele distribuía beijos molhados e mordidas pelo meu pescoço. Estava quase me virando e cedendo quando as portas do elevador se abriram.

— Chegamos. – abri os olhos. – Cobertura.

Ele suspirou, e eu o puxei para fora. Na cobertura só havia uma espreguiçadeira enferrujada e uma caixa d’agua coberta. Olhei para meu namorado decepcionada.

— Solzinho?

— Hã?

— Faz uma mágica aí!

Ele revirou os olhos e estalou os dedos. Uma cama box coberta por um edredom e com travesseiros surgiu na minha frente. Sorri, fiquei de costas para ela e me joguei. Apolo se jogou em seguida, só que em cima de mim.

— Que tal luzes? – pedi.

Foi só o tempo de eu piscar os olhos e de repente havia pisca-piscas nas paredes, em forma de corações. Empurrei Apolo para o lado e me sentei, olhando ao redor.

— Mais alguma coisa? – ele perguntou.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Sim. Um tapete bem grande aqui em volta. Não quero sujar minhas pantufas de leão.

Ele estalou os dedos e o chão se cobriu de carpete azul. Me virei para ele e me inclinei sobre seu corpo.

— Você é o melhor namorado do mundo.

— Eu sei.

O deus sol acariciou meu rosto, sorrindo metidamente. Acho que essa palavra nem existe, mas dane-se. De repente ele parou de sorrir e seu olhar ficou distante, embora ele continuasse acariciando meu rosto.

— Você foi ver minha mãe?

— Fui. Por quê?

— Nada... Ela meio que comentou comigo.

— Humm... Já que você tocou nesse assunto de mãe... Eu topei com Éris esses dias.

— Não entendi o que isso tem a ver com...

— Ela disse que se eu contar pra Despina sobre nós dois, ela me dirá onde estão os pomos.

Apolo não expressou nada, apenas continuou acariciando meu rosto com o olhar distante.

— E você vai contar?

— Sim. – comecei a brincar a com a gola da camisa dele. – Quanto antes acabarmos essa missão, melhor.

— Só assim pra você tomar uma atitude...

Saí de cima dele e me deitei de costas, olhando para o céu. Estava salpicado de estrelas e a lua estava cheia. Lindo demais. Só não era mais lindo que a pessoa do meu lado.

— Ártemis deve estar caçando. – comentei.

— E logo serei eu. Faltam cinco horas pro sol nascer.

— Eu preciso voltar pro quarto... Alguém pode acordar e dar minha falta.

— Não vão. Fica aqui, eu te acordo antes de ir trabalhar.

Olhei para aqueles olhos azuis como o céu. Ele estava fazendo aquela cara triste para qual eu não conseguia dizer não.

— Tudo bem. Eu fico.

Ele sorriu. – Vem cá, quero sentir seu cheiro e quero que ele fique na minha roupa.

Obedeci e ele me abraçou. Era mais fácil dormir com ele, pois eu nunca tinha pesadelos e me sentia segura. Os braços de Apolo eram o lugar mais seguro e protegido do mundo. Apolo era meu paraíso e meu inferno ao mesmo tempo. Dormi tranquilamente e fui acordada com beijos. Nos despedimos e eu desci até meu andar, esfregando os olhos e bocejando de sono.

No quarto, Trent ainda roncava alto. Olhei para Juliet e ela estava deitada virada para mim, na cama de cima do beliche. Os lábios estavam comprimidos como se estivesse se contendo pra não falar algo, e os olhos arregalados e culposos na minha direção. Então ela se virou pro outro lado da cama, para a parede, e eu fiquei parada sem saber o que fazer.

Ela sabe.