Acordei sentada em um chão polido branco de mármore. Ele congelava minhas pernas nuas brancas.

Quando minha visão que antes estava turva voltou, consegui ver que estava em um longo saguão, parecido com um de hotel. Tinha três sofás espalhados pela sala, um tapete branco peludo e uma mesa de centro que aparentava ter apenas os “pés”, e uma armação, sem ter uma parte onde você colocava livros, e ali ficava apenas o vazio.
Virei meus calcanhares para o lado oposto e encarei duas janelas enormes, que mostravam uma neve caindo no vale em que a mansão (irei chamá-la assim) se localizava.
Havia uma extensa escada que levava para o andar de cima (obviamente). Me direcionei naquela direção, ainda meio desconfiada, subi por ali na ponta dos pés.
O andar de cima era, aparentemente uma biblioteca enorme. Vi um exemplar na mesa de madeira que ficava no centro da biblioteca.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

—“O guia para o País das Maravilhas”-sussurrei, lendo o título.
Corri meus olhos novamente pela sala e notei uma nova escada que não estava ali antes, então corri em direção a ela e subi novamente mais um andar.
Havia uma escrivaninha com um grande livro aberto pousado nela, com algo ou alguém sentado em frente da mesa.
Eu engasguei ao constatar que aquilo era uma espécie de lagarta enorme roxa e azul escura me observava por óculos fundo de garrafa.
Ora, ora, ora. Você finalmente chegou para a festa!- A criatura tinha uma voz grossa, que se assemelhava a de um homem.
—Uh... –Eu observei a mesa de mogno e o grande livro em cima dela. Percebi que havia uma caneta de pena escrevendo naquele caderno/livro sozinha.
—Quer ver o que ele está escrevendo?- Perguntou uma outra voz, mais aguda, parecendo vir em outra direção, de um vaso de lírios mortiços.
A lagarta me analisou por longos segundos. A cada minuto que passava, mais eu ficava arrepiada. Mais eu ficava assustada e segurando um grito em minha garganta.
—Venha aqui logo, garota- A lagarta falou em um tom impaciente, levantando seus óculos.

Olhei assustada para toda aquela cena, e logo percebi: aquilo era um sonho! Só podia ser nos sonhos que vemos lagartas enormes e falantes. Pensando nisso, me aproximei da lagarta, corajosa. Nada poderia me machucar.

—O que é isso? - Perguntei, curiosa.

—É um livro que conta uma profecia. - Ele respondeu, mais calmo.

—Que profecia?- Perguntei, ainda mais curiosa.

—Por que você não se meche e vem aqui ver?- Ele disse, mantendo um meio sorriso no rosto e movendo seu corpo para que eu conseguisse ver o livro.

Havia um desenho de cinco garotas com trajes de luta, cada uma tinha uma arma diferente. Duas tinham cabelos ruivos-fogo, com pequenos cachos nas pontas, uma delas empunhando uma adaga, e a outra um arco. Uma outra garota tinha cabelos castanho escuro lisos bagunçados e empunhava uma espada. As outras duas eram loiras e tinham o cabelo enorme, indo até a cintura e lisos. Uma delas aparentava ser mais velha, e ambas seguravam uma faca. A garota que aparentava ser mais nova do que a outra tinha um olhar doce e culpado. Minha boca se formou em um "o". Aquelas eram minhas irmãs e eu. Meus olhos se moveram para cima, onde tinha algumas letras que pareciam ser gregas, mas que eu incrivelmente entendi de cara.

"As cinco irmãs herdeiras do tesouro de Alice

Deverão encontrar a terra de fogo

E derrotar a rainha das chamas

E ganhar o poder das cartas.

Se assim o fizerem

Receberam uma benção dos deuses."

—A profecia já está clara como um cristal.- Ele disse, sério.- Você deve encontrar suas irmãs.

Sem me dar chance de dizer algo, eu desmaiei, caindo no oitavo sono.