Aventuras de Jack e Branca

Encontro inesperado


Parte I – A Água da Vida

Capítulo 4 - encontro inesperado

O tempo não poderia estar melhor para navegar. O vento soprava gentilmente, fazendo o Pérola se movimentar sobre a superfície do mar e logo sua tripulação estaria chegando ao seu destino. Jack conhecia um porto que ficava há algumas milhas dali, onde ele poderia reabastecer o navio com tudo o que precisava para sua grande aventura.

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Apesar da discussão que teve com Jack, Branca o tratou normalmente no dia seguinte, ou o mais normalmente possível. A esperança de ter o pai de volta a tornava mais receptiva, mais alegre. Jack, se aproveitando do bom humor de Branca, procurava não irrita-la, pois sentia que a qualquer momento poderiam começar uma nova discussão. Às vezes Jack tinha a estranha sensação de que um monstro marinho habitava o interior de Branca, talvez ela até fosse a reencarnação do Kraken em forma humana, e ele poderia ser despertado ao menor vestígio de contrariedade. Mas apesar do seu gênio difícil, Jack tinha certeza de que a maré estava a seu favor e logo ela traria Branca para o seu lado. Por vezes ele a surpreendia olhando para ele. Branca, percebendo o que estava fazendo, sacudia a cabeça e se virava para outro lado. Mas Jack não se importava com isso. Para ele, quanto maior era desafio, melhor.


Quando se aproximavam do porto onde atracariam, o tempo mudou repentinamente, formando nuvens carregadas e ventos ferozes, como o presságio de uma grande tempestade. Gibbs, que estava no comando do timão, o girava desesperadamente, ora para a direita, ora para a esquerda, numa tentativa de se afastarem do mau tempo e chegarem logo ao seu destino.


Finalmente o Pérola pôde ser atracado ao porto, mas a chuva já caía, trazendo consigo relâmpagos e trovões assustadores. Seus tripulantes procuraram um lugar para se esconder enquanto a tempestade era despejada sobre suas cabeças. Logo encontraram uma taverna e correram para o seu interior.


Eles entraram no bar completamente encharcados e se agruparam nas mesas junto aos marujos que já estavam horas ali, bebendo e cantando canções de piratas. Logo a tripulação do Pérola também estava bebendo e cantando, exceto Branca, Lucy e Jack, que estava absorto em seus pensamentos. Ele pensava em quanto tempo duraria para passar a tempestade, porque só então poderia reabastecer o Pérola e finalmente partir para o seu destino final, onde a imortalidade o esperava calmamente.


Enquanto era consumido por esses pensamentos, uma mulher que ele conhecia muito bem se aproximou com uma expressão furiosa no rosto. Quando ergueu os olhos, Jack levou um tremendo susto ao notar a presença de Ana Maria.


—Você é um rato nojento Jack Sparrow! - Havia fúria no seu semblante.


—Ana Maria? Você por aqui?


—Pensou que fosse se livrar de mim, não foi?


—Ah, não! Porque iria querer me livrar de você?


—Já que é assim, então pode me pagar o que me deve agora! E sem gracinhas!


—Eu realmente adoraria saldar o meu débito com você, mas infelizmente, você me pegou desprevenido, estou sem nenhum.


—Vai me pagar agora se não eu juro que te mato e você nunca mais poderá enganar ninguém. - ela o ameaçou, apontando sua espada para o pescoço de Jack.


Nesse momento, Branca interveio na conversa:


—Quer dizer que além de mentiroso, sujo e convencido, você ainda é caloteiro?


Jack revirou os olhos.


—Se você não vai ajudar, também não precisa atrapalhar!


—Você não merecia, mas... - Branca olhou para Ana Maria - quanto ele deve?


—O quê? Vai mesmo pagar a dívida dele? - ela perguntou, enquanto Jack arregalava os olhos. Ele nunca esperaria isso de Branca.


—Me diga o valor e podemos conversar.


Ana Maria abaixou a espada, mas continuou com ela nas mãos, por precaução.

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—São 500 pratas.


—Tudo isso? - espantou-se Branca.


—Nenhum centavo a menos.


Branca puxou um pequeno saco de dentro de suas vestes e o atirou para Ana Maria, fazendo-o ressonar com o barulho das moedas batendo entre si. Por sua vez, Ana Maria desamarrou o saquinho e ficou contando as moedas. Depois de um tempo, ela exclamou:


—Mas aqui só tem 300 pratas!


—Isso é tudo o que eu possuo e acho melhor se contentar com essas moedas, porque se dependesse do Jack, você nunca veria a cor desse dinheiro.


Ana Maria ainda tentou argumentar, mas a oratória de Branca parecia capaz de convencer até o mais irredutível dos homens.


—Está bem, eu aceito! - e apontando o dedo ameaçadoramente para Jack - e você agradeça por isso, porque caso contrário, não sairia com vida desse bar.


Jack engoliu em seco enquanto via Ana Maria se afastar, furiosa.

***

No dia seguinte o tempo já estava bem melhor e Jack não perdeu tempo. Assim que reabasteceu o Pérola, ordenou que seguissem viagem, pois não queria perder mais nem um minuto, estava ávido com a possibilidade de se tornar o imortal Jack Sparrow. Assim que partiram, ele se aproximou de Branca:


—Nunca pensei que fosse capaz de pagar uma dívida minha! Será que a Branquinha finalmente está amolecendo?


—Não pense que fiz aquilo por caridade, se paguei foi só porque preciso de você para me levar a Corazón del Fuego.


—Será que é só por isso? - Jack a olhou nos olhos e Branca manteve seu olhar, desafiadora.


—É claro! E não pense que se livrou da dívida, porque agora você deve a mim e eu não vou partir enquanto não saldar todo o seu débito.


—Então é o débito que te prende ao Pérola? - Jack sorriu, ainda olhando para Branca.


—E o que mais seria?


—Confesse que está doida por mim.


—Suponho que tenha sido a sua intuição de pirata que te disse isso?


—Ah, não - Jack foi se aproximando mais dela - foram os seus olhos... eles dizem isso o tempo todo!


—Olhos não dizem coisas, eles vêem coisas! - Branca se mantinha firme, olhando para Jack.


—E os seus vêem a mim, o homem que você despreza, mas que a faz ferver por dentro, o homem a quem você rejeita e deseja com a mesma intensidade.


—Eu sou um pirata, Jack! E todo pirata, mesmo ele sendo uma mulher, tem que ser forte e não sair por ai acreditando em qualquer coisa que lhe digam.


—Curiosa a sua teoria. Sabe porque?... - Jack se aproximou mais ainda de Branca - Toda mulher, mesmo ela sendo um pirata, tem o sangue quente correndo nas veias e chega uma hora que ela simplesmente não resiste mais.


Eles estavam muito próximos agora. Branca abriu a boca para protestar, mas não conseguiu dizer mais nada. Eles se olhavam mutuamente, fixamente, numa fixidez tão intensa que quase chegava a soltar faíscas. Branca queria fugir dali, mas tinha alguma coisa naqueles dois olhos negros que a hipnotizavam. Jack aproximou seus lábios dos dela, mas quando eles estavam quase se encontrando, Branca saiu do seu transe e virou de costas para ele. Depois ela saiu correndo, enquanto gritava:


—Nunca mais se aproxime de mim, Jack, ou vai descobrir do que eu sou capaz!


Jack riu, se divertindo com a ameaça de Branca. Agora ele sabia que ela o queria tanto quanto ele a queria e quando chegasse a hora, Branca viria para ele.

***

Agora já faltava pouco para o Pérola chegar em Corazón del Fuego. A ilha estava a poucas milhas do local onde o navio se encontrava e o tempo não poderia estar melhor para navegar.

No entanto, o Pérola se atrasaria para chegar ao seu destino final, pois alguma coisa no mar se movia bem à sua frente. Assim que se aproximou da "coisa", Jack percebeu que se tratava de um navio real inglês.


—Só pode ser o Comodoro indo para Corazón del Fuego também. - anunciou Jack.


Branca e Lucy se entreolharam. Elas sabiam que finalmente tinha chegado o momento de acertar as contas com o homem que lhes roubou muitos anos de suas vidas. Anos a fio, tentando descobrir o paradeiro de Engles e agora ele estava próximo, muito próximo.


—Vamos atacar, ele está sem reforços! - disse Branca.


—Não podemos atacar! - tornou Jack.


—Porque não? Não seja covarde, Jack!


—Eu não sou covarde, só acho que não precisamos atacar!


—E porque não? - Branca pôs as mãos na cintura, numa posição desafiadora.


—Porque se atacarmos vamos ficar sem munição quando chegarmos em Corazón del Fuego.


—E porque precisaríamos de munição em Corazón del Fuego?


—Nunca se sabe o que pode acontecer! Além do mais, é sempre bom evitar um confronto.


—Se você não vai fazer nada, vou até lá eu mesma para dar um jeito nisso.


Branca foi andando até a beirada do navio, mas Jack a segurou pelo braço e disse:


—Você pensa que pode enfrentar dezenas de militares ingleses sozinha?


—Eu falava sério quando disse que ninguém me dava ordens, Jack! Se não há homens suficientes nesse navio para enfrentar o Comodoro, então irei eu mesma.


Jack encarou Branca.


—Eu também vou! Vamos sabotar o navio para que o Comodoro não chegue até a água da vida.


Branca não esperava aquela atitude de Jack, queria encontrar Engles sozinha. Mas ela sabia que não seria fácil e toda ajuda era bem-vinda, mesmo ela vindo de Jack.