NOEL

Todos fim de ano ele dava doce pa nós. Às vezes até rolava uns brinquedo se nós se comportasse, mas o doce era garantido, tá ligado? O véi era firmeza. Parecia que ele sumia o ano todo e aparecia do nada na época do natal, mas sei lá, o morro é grande, né, daí a gente fica na dúvida. Só sei que um dia eu e os boy resolveu seguir ele. Viramo uma esquina, duas, três, ele no voado naquela moto preta que ele chamava de “Rodolfo”, uma mulé na garupa que ele chamava de “Mainha”, e a gente atrás, mas não muito colado nos cós dele, né. Era gente boa sim, mas vai saber o que ele ia fazer com nós se ficasse irritado...

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Daí chegamo num canto tipo um galpão. Era mais afastado assim, mas era perto de onde nós morava. Só não sei como a gente nunca tinha visto aquele canto ali, os boy costumava andar pra todo lado, eu também... Mas sei lá, né, vai ver passamo por lá e na empolgação de estar seguindo o véi a gente não lembrou que já tinha ido lá antes. Só sei que a gente viu ele entrando lá, aí arrumou um jeito de entrar também pra ver como era. Véi... era viagem demais!

Era tipo uma fábrica de doce, tá ligado? E pior: tinha doce até dentro dos brinquedos e tal que ele entregava pros pirrai todo fim de ano. E tinha tipo uns anão trabalhando e controlando a parada toda, era muito estranho. Aí a gente ficou com medo de ser descoberto e voltamo. A gente até tentou ir lá no outro dia, mas não achamo mais o canto. Estranho demais...

Ah sim, esqueci de contar. Ninguém sabia o nome daquele véi. A gente só descobriu um bom tempo depois quando passou na tv...

"O traficante Cláudio dos Santos, conhecido como Noel, foi preso na tarde de hoje...”

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.