Amargo Inverno

Capítulo 6: Restaurante


Paul nos convidou para almoçar. No “chiquerésimo” restaurante do hotel em que ele está hospedado. E eu nem tenho como trocar de roupas, mas também não pude recusar. Não olhando o mega-clima que rolou entre Gina e James.
Eles se comiam com os olhos.
Se eu negasse, Gina me mataria.
Entramos no restaurante, e sabe quando você se sente um peixe fora d’água? Era exatamente assim que eu me sentia. Justamente eu, a menina que sempre estava na moda, bem vestida e maquiada, com os cabelos pranchados. Desta vez estava com a “cara lavada”, usando jaqueta de couro e botas de combate.
E Paul ainda assim estava flertando comigo. Que cara-de-pau.
Gina telefonou para casa, para avisar, depois me emprestou o celular para que eu também avisasse na casa da minha avó. Minha mãe achou ótimo que eu saísse, e conhecesse gente.
Mas ela não fazia idéia da GENTALHA que eu teria que aturar. Paul é um pé-no-saco total.
Estávamos comendo satisfatoriamente (nada tenho a reclamar da comida maravilhosa daquele hotel, pelo menos isso), quando uma mulher sentou sobre os bifes em cima da mesa e cruzou os braços.
E, é lógico, que apenas Paul e eu a víamos. Porque apenas Paul e eu somos mediadores ali. E a mulher estava, obviamente, morta.
- Com licença, preciso ir ao toalete. – Mandei esta desculpa esfarrapada, e fiz um sinal com a cabeça para a fantasma me acompanhar.
- Eu vou com você! – disse Gina.
- NÃO! Quer dizer, não precisa, Gina, pode continuar almoçando, eu vou só... bem... você sabe o que eu vou fazer lá... – falei corando mais do que tudo.
E Paul só olhava para mim sorrindo de lado.
Cheguei ao toalete e ela logo me olhou com aquela cara de “o quê você está esperando para colocar o meu ex na cadeia?”, como se eu não tivesse mais o que fazer.
- O que você quer? Não viu que eu estava almoçando? – perguntei a ela.
- Mas você disse que ia me ajudar. No avião.
Então pensei no que Gina me disse a respeito de tentar me explicar, tentar ser profissional. E expliquei tudo à Marina, que eu descobri ser o nome da fantasma.
Ela foi muito gentil, e buscou papel toda hora para que eu limpasse o rosto e secasse as lágrimas. E em fez prometer que colocaria o cafajeste que mandou matá-la para mofar na cadeia o mais breve possível.
Daí ela foi embora.
E eu voltei para a mesa, com a cara toda inchada de chorar.
Paul, com aquele sorrisinho tordo sussurrou em meu ouvido:
- Precisa de ajuda com aquela sua amiga que gosta de sentar em bifes? – e olhando para todos falou. – Porque sabe que pode contar comigo para qualquer coisa, afinal, éramos ou não éramos grandes amigos na Califórnia?
Tudo que eu queria era socá-lo. Socá-lo com muita força.
Terminamos de comer, e antes de sairmos, Paul segurou o meu braço e disse:
- Venha depois de amanhã à festa do hotel, ou eu conto a todos que você e eu ficávamos aos beijos, enquanto seu namorado estava “ausente”, ou seria melhor dizer, morto?
- Paul, você não presta.
- Obrigado!

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