—Ei, Christine, acorda. - Escuto a voz de Vick. Não consigo focar minha mente nela, é como se estivéssemos separadas por uma cachoeira. - Christie, anda logo, acorda.

Com muita dificuldade, abro meus olhos. Vick está apoiada no cotovelo, a cabeça na mão, e me encara preocupada. Os cabelos morenos e bagunçados estão jogados para o lado e o rosto sonolento me diz que ela acabou de acordar. Esfrego meus olhos e me espreguiço, o efeito do remédio ainda me deixando zonza.

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—Bom dia. - Digo, com um sorriso.

—Para você, nem tanto… Perdeu a faculdade hoje. Dormiu demais.

—Ah, merda! - Exclamo, enfiando o rosto entre as mãos.

—Desculpe, foi minha culpa. Não deveria ter te dado aquele remédio.

—Não, tudo bem sério. Não é de todo mal. - Digo, me sentando. Vick me encara confusa.

—Como assim?

—Agora a gente pode ficar um pouco juntas… - Respondo, me inclinando sobre ela. - Podemos fazer um café da manhã e depois ficamos vendo um filme. O que acha?

—Me parece um plano sólido.

Duas horas depois, a cena final do filme está passando. Uma música emocionante toca de fundo enquanto seguro firme os cabelos de Vick. Quando ela finalmente volta a beijar minha boca, metade dos créditos já passaram. Eu não faço a menor ideia de qual é a história, mas foi o melhor filme de toda minha vida. Eu abraço a cintura de Vick com as pernas e ela joga uma manta por cima de nossos corpos suados. Nós damos risadas e ela deita a cabeça no meu busto.

—Sobre o que era o filme mesmo? -Pergunto.

—Quando você me colocou no seu colo eu ouvi balas, então acho que era de ação. -Vick responde, dando mordidinhas na minha clavícula.

Um barulho de chaves girando vem da porta. Vick deita por cima de mim, protegendo meu corpo, e puxa a manta para mais perto. A porta se abre e vimos James entrando e tirando o cachecol. Quando nos vê, congela por um momento então começa a rir. Vick esconde o rosto no meu pescoço e eu a abraço de forma protetora.

—Oi James. - Digo, controlando a vergonha. - Eu não sabia que você tinha a chave do apartamento.

—Desculpa. - Sussurra Vick.

—Meu bem, eu praticamente moro aqui! Enfim, eu vou pra cozinha e vocês se vestem, ok?



— Vocês são impossíveis! - Diz James, se servindo com uma taça de vinho. - Eu dormia naquele sofá, ok?

—Agora o sofá tem memórias muito melhores do que você dormindo nele. - Sorrio e bebo um gole de vinho.

—Convencida! - Exclama Vick.

—Mas é verdade. Enfim, James, porque você surgiu aqui no pior momento possível?

—Sua amiga mandou recado… - Ele diz, desviando o olhar. - Sua mãe está na cidade.

—Ai caralho! - Agarro o telefone e disco o número apressada. - Emma? Onde está minha mãe?

—Aqui na sala. Quer saber onde você está para se hospedar aí.

—Meu Deus, isso não pode acontecer…

—Ué, por que não?

— Eu talvez tenha uma amizade com benefícios com a dona do apartamento.

—Uau! - Grita Vick. - Ótimo jeito de definir nosso relacionamento!

—Mandou bem. - Diz Emma. - Enfim, o que eu faço com sua mãe?

—Segura ela por mais um tempo, eu ‘tô indo aí.



Ajeito meu vestido branco, prendendo um cinto na cintura. Coloco rímel e batom, finalizando a aparência menininha da mamãe. Saio do elevador e toco a campainha do apartamento. Uma mulher loira atende a porta, em seus sessenta anos, blazer feminino vermelho e um vestido social preto, cabelo em corte channel. Engulo a seco enquanto ela sorri.

—Oi mãe. - Respiro fundo. - Que saudades.