Os Jogadores

Capítulo 11


Na segunda, acordei cedo para voltar à escola, do qual eu não estava mais acostumada, meus pais me levariam como acontecia normalmente e depois... Veria no que ia dar. Nessas horas queria que o Richard estivesse aqui. Meus pais não falaram mais nada sobre o Cameron – que não apareceu mais cedo para pegar o trabalho fajuto - nem da situação em geral. Não ouvi nada da conversa do meu pai com o Rick e quando entrei na internet, ele já estava off-line. Típico, sempre que precisamos, as pessoas somem. Puf!

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Quando meus pais me largaram na escola, me senti como se tudo tivesse diferente – o que não era verdade. O gramado continuava verde como sempre, as paredes impecavelmente pintadas de bege – pelo menos eu acho que seja bege. – e alguns os tijolinhos exibiam sua cor natural. O ponteiro pequeno do relógio apontava o número sete enquanto o grande o número nove, ambos romanos. Tudo estava normal, mas na minha cabeça totalmente diferente, só não sabia dizer se diferente era bom ou ruim...

Ao me deparar com o meu armário aberto e o ver vazio, parecia que o ano tinha acabado de começar novamente. Coloquei uns livros e uns cadernos que iria usar durante o dia lá e fechei...

— Bom dia. –... Dando de cara com Willian. – Fazia tempo que você não dava o ar de sua graça... O que houve? Venho procurar um pouco de adrenalina ou só me ver mesmo? – ele foi se aproximando de mim aos poucos com um sorriso branco que parecia brilhar. – A última vez que nos vimos foi boa... Uma pena não termos terminado... Você sabe né? O que começamos. – fiquei em silêncio e dei um passo pra trás, batendo minhas costas no armário. – Soube do seu filho, ou o que você considerava ser seu filho. Pode começar tudo de novo agora, e dar um fora no armário. Ele é seu irmão, caramba! Você sabe que nunca daria certo. – passou a mão pelo meu cabelo e se afastou. - E essa criança já estava condenada, deveria agradecer por ter perdido ela.

Øøøøøøøøøøøøøøøøøøøøøøøøøøøøøøøøøøøøøøøøøøø

Estava indo para a aula de literatura quando uma garota ruiva um pouco mais alta que eu, com uma calça jeans bordo justa e um casaco de plush roxo, se esbarrou em mim deixando uma típica folha de MSN de papel cair.

— Mil desculpas! – falou pousando a mão no meu braço levemente dolorido e voltou a se afastar antes de eu avisar sobre o papel.

Abaixei-me para pegá-lo e vi que ele estava dobrado e tinha as iniciais de meu nome escrito em cima. Guardei dentro de meu caderno, decidida a lê-lo depois e entrei na sala. Já estava cheia e todos viraram pra mim quando entrei e alguns até cochicharam.

— Boa tarde, turma. Todos sentados em seus lugares que a aula vai começar. – disse a professora chegando atrás de mim e me guiando até o corredor que precisava seguir. – Vamos retomar a nossa última aula. Alguém pode me dizer onde estávamos?

— Simbolismo em Portugal – disse a voz de Cameron, mas não olhei para trás pra ter certeza.

— Então abram seus livros na paina oitenta e quatro. Na última aula, falamos que o que é o simbolismo. Para quem não estava presente: O simbolismo é um movimento essencialmente poético. Também falamos sobre as características da poesia simbolistas, mas eu não vou passar a aula inteira falando então... Alguém sabe falar alguma característica? Raul? Marien?

Enquanto todos estavam distraídos procurando a resposta em seus livros, eu abri o papel que a garota derrubou no chão:

Não confie nele.

— Explora o subconsciente e o inconsciente.

— Busca o mistério, o vago, o oculto...

— O indefinível.

Respostas surgiam uma atrás da outra, mas eu não estava mais ouvindo. A aula de literatura sempre foi a minha predileta e era como se eu nem estivesse mais presente. Não confie nele. Não confiar em quem, será que realmente era pra mim ou era da garota que passou por mim?