Procurando por Você

Capítulo 14 - Proposta tentadora


PROCURANDO POR VOCÊ

Capítulo XIV - Proposta tentadora

P.O.V. Bella

Gritos. Abraços. Sorrisos. Mais gritos. Cumprimentos. Exclamações de alegria. Pulos de euforia.

Enfim, essas foram basicamente as reações de todos à grande e maravilhosa surpresa de Edward. Não havia como negar que todos estavam mais do que felizes com o regresso do membro ausente dos Cullen ao leito familiar. Todos pareciam tão terrivelmente satisfeitos com a notícia que poderiam soltar mandar soltar fogos de artifícios em comemoração.

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Todos, exceto eu.

Durante as três horas seguintes em que estive na casa dos Cullen, me obriguei a forçar sorrisos apenas para não aparentar o quão horrível eu achava essa ideia – afinal, minha mãe me ensinou a ser uma garota educada. Estava repetindo a mim mesma que isso não era tão ruim quanto minha mente insistia em alegar que era. Quero dizer, Edward e eu ficamos no mesmo cômodo durante todo esse tempo sem levantar suspeitas pelo que ocorreu na madrugada de sábado ou nos agarramos contra a parede mais próxima, então isso devia significar algo, não é? Eu esperava que sim.

Claro que a tensão entre nós era evidente a ponto de minhas amigas não pararem um segundo sequer de lançar olhares questionadores. Eu sabia com absoluta certeza que enfrentaria um interrogatório dos infernos quando ficássemos sozinhas, mas não conseguia encontrar forças para me importar agora. Até mesmo Carlisle olhava para meu rosto tentando descobrir o motivo de estar agindo tão estranhamente. Dentre todos os males possíveis, perguntas sobre meu comportamento anormal eram, sem dúvida, a menor das minhas preocupações.

O que mais me perturbava era minha própria reação ao simples fato de ver o rosto de Edward. Tinha que admitir que não era saudável permanecer no mesmo ambiente com alguém que era capaz de fazer meu corpo agir contra minha mente. O esforço inumano que eu empregava para simplesmente não atravessar a sala em alguns passos e agarra-lo como havia feito naquela boate era enorme. Estava custando tudo de mim para não cometer o mesmo erro novamente – apesar de não considerar um equívoco o que ocorrera.

Parecia algum tipo de feitiço que simplesmente me fazia refém daquele repuxar desigual de lábios. Bastava um dos seus sorrisos tortos para que eu sentisse todo o meu autocontrole esvair-se em uma velocidade assombrosa. Pouco a pouco ele quebrava a resistência que eu bravamente construí ao meu redor. Eu não fazia ideia de quanto tempo mais eu poderia agüentar antes de levantar a bandeira branca e me render ao inimigo. E, quanto mais eu pensava em minha derrota, mais prazerosa ela ficava em minha perspectiva.

Meus devaneios foram interrompidos quando, ao passar pelo corredor que leva a cozinha em busca de ar puro e livre de tensões, eu fui puxada por duas mãos que prendem meus braços e uma terceira que tapou minha boca justo no momento que iria protestar.

Minha cabeça estava um pouco leve devido ao excesso de álcool no organismo, mas ainda estava lúcida o suficiente para reagir contra quem quer que seja. Então, comecei a me debater quando me levaram para o armário debaixo da escada dos Cullen, distribuindo tapas e pernadas para todos os lados.

O lugar estreito estava escuro e não me permitia enxergar nada além de algumas sombras que se movimentavam diante de mim enquanto eu me esforçava para que meus olhos se adaptassem a escuridão repentina. Em um dos meus movimentos bruscos, me cotovelo colidiu com algo que, com certeza, não era a porta e meu pé pisou em algo macio demais para ser considerado como chão.

– Ai! – gemeu de dor a primeira pessoa, imediatamente largando meus braços.

– Para de se mexer, Bella! – reclamou a segunda pessoa, largando meus lábios e se movimentando no curto espaço.

Uma cordinha acima de nossas cabeças foi puxada e uma lâmpada se acendeu automaticamente, me obrigando a cerrar os olhos mediante a mudança brusca de iluminação. Agora, com o ambiente iluminado, as sombras e vultos disformes que eu vi antes se transformaram em duas mulheres lindas. Lindas, mas com feições que expressavam um misto de raiva e dor.

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Rosalie esfregava repetidamente sua mão em um ponto entre as costelas – onde provavelmente meu cotovelo fez um contato não tão delicado – enquanto me olhava ferozmente. E a outra criatura responsável pelo meu seqüestro era uma baixinha enfezada que olhava para mim como se eu fosse louca – algo que eu estava começando a considerar como verdade – ao mesmo tempo em que dizia:

– Qual é o seu problema, Bella? Você não está agindo no seu normal. Eu já estou ficando preocupada – sussurrou ela, mantendo a voz baixa para evitarmos ser ouvidas, porém sem ocultar a urgência que sentia.

– É mesmo, Bella. – concordou Rose, ainda esfregando seu tórax, porém sua preocupação substituindo a raiva que sentia por ter sido agredida – Desde quando você bebe tanto em um único dia?

Desde que o Edward cruzou a soleira da porta, pensei em responder a elas, mas me limitei apenas a protestar quando Rose puxou a taça de vinho pela metade que ainda estava em minhas mãos, quase derrubando o líquido sobre nós três enquanto eu tentava recuperar o que me foi roubado. Ela me olhava com a mesma expressão de repreensão que minha mãe fazia quando ela descobria que, em minha infância, eu ficava acordada até de madrugada para roubar os biscoitos de chocolate do pote em cima da geladeira. Eu larguei a taça, intimidada por seu olhar, e ela pôs em uma pequena prateleira a suas costas, voltando a olhar para mim.

– E o que o Edward tem com seu recém descoberto vício pelo álcool? – indagou Alice, me olhando completamente confusa.

– Eu disse isso em voz alta? – perguntei mortificada. Elas assentiram e eu me amaldiçoei mentalmente. Meu cérebro nunca filtra o que devo ou não falar quando estou alcoolizada.

– E então? – insistiu Alice, me fitando intensamente com seus olhos verdes.

Eu quase podia me sentir sem privacidade quando ela me lançava aquele olhar. Era tão analítico que cada expressão em meu rosto era arquivado por seu cérebro e processado detalhadamente. Eu juro, se Alice resolvesse ser uma detetive, não haveria ninguém melhor no ramo. A garota baixinha de cabelos pretos repicados tinha um sexto sentido assombroso para as coisas, e muito me admirava que ela ainda não tivesse suposto qual era o meu problema. Fiquei tão intimidada com a intensidade de seu olhar que me encolhi visivelmente – para minha vergonha – e menti de forma débil, já planejando minha fuga daquele cerco.

– E-eu... E-u não sei do que-e vocês estão falando.

– Eu não vejo qual o problema, B. Não tem nada demais, não precisa ficar enchendo a cara só por causa disso – argumentou Rose, me fazendo arregalar os olhos e olha-la chocada.

– Estou boiando – disse Alice, deixando de me olhar para encarar nossa amiga.

– Vai me dizer que você não percebeu, Ali? – perguntou Rose, pondo as mãos em sua cintura fina e levantando a sobrancelha ironicamente.

Alice ainda aparentava estar completamente perdida no meio da conversa enquanto eu lutava contra a vontade de chorar. Não era para ser assim. Isso vai virar um estardalhaço completo! Quando Alice balançou a cabeça negando, Rose a olhou como se fosse louca.

– Tá de brincadeira, Ali! – exclamou ela, indignada, e logo voltou a baixar o tom de sua voz antes que alguém ouvisse a conversa de três loucas que se trancam em um armário debaixo da escada – Em que mundo você estava que não viu como eles dois quase se comeram com os olhos?

Alice arregalou os olhos e olhou de mim para Rose, sua ficha caindo nesse exato momento. Eu quase podia ouvir as engrenagens de seu cérebro trabalhando para processar todos os dados. Era óbvio que Alice tinha reparado em algo, tanto que havia feito comentários sobre o comportamento sedutor de seu irmão mais cedo, porém ela ainda não havia feito as conexões necessárias para chegar à mesma conclusão de Rose.

– Todo mundo percebeu isso, inclusive Carlisle – quando ela disse isso, eu gemi de vergonha e cobri meu rosto corado com as mãos. Estava tão evidente assim?

– Ah, está sim. Não há uma única alma viva que não tenha notado que vocês dois estão a ponto de se agarrarem – comentou divertida enquanto eu me dava conta de que estava verbalizando meus pensamentos novamente – Tinha que ver a cara da Esme quando olhou vocês dois na mesa de jantar. Ela parecia mais do que chocada.

A essa altura, Rose já não fazia questão alguma de esconder seu riso, ela apenas moderava no som de sua gargalhada enquanto todo seu corpo tremia e ela abraçava sua barriga. Claro, para ela isso devia ser muito engraçado, afinal não estava acontecendo com ela. Com que cara eu vou olhar para Esme depois disso?

– Não tem que se envergonhar com isso, Bella. Mamãe provavelmente não fará nenhum comentário a respeito – disse Alice, tentando me consolar.

Claro que não, Esme é muito discreta para sequer mencionar algo relacionado a isso. Ela era uma mulher de confiança e no momento em que ela notasse meu desconforto, faria de tudo para que eu me sentisse à vontade novamente, seja mudando de assunto ou dizendo algo consolador que me fizesse ver que não era nada do fim do mundo que eu imaginava.

– Mas o Emm... – continuou Alice, apontando para um lado da situação na qual eu não queria me lembrar – Bom, acho que você terá que ouvir bastante.

– Oh, não! – choraminguei apenas com o vislumbre de todas as piadas e comentários maliciosos que eu sei que viriam pela frente.

Rosalie bufou e olhou para mim determinada. Eu não entendi sua mudança de postura, menos ainda quando ela falou:

– E daí que você está afim de foder com o Edward, B? – torci meu rosto em uma careta diante da escolha de palavras. Transar era menos impactante do que dizer foder – Isso não é motivo para agarrar à bebida. Você é solteira e descobriu os prazeres da vida. Não há nada de mal em querer se divertir. Agora vá lá e o arraste para um quarto. Seu problema será resolvido em questão de poucas horas.

– É mesmo, Bella – concordou Alice – Você não me viu ficar louca quando eu disse que queria transar loucamente com o Jasper logo depois que eu o conheci no campus da faculdade. Eu apenas me resignei com o fato. Não é nenhum bicho de sete cabeças – concluiu ela, dando de ombros como se suas palavras fossem a verdade absoluta.

Mentirosa descarada! Eu me lembro bem de como ela ficou subindo pelas paredes por quase uma semana depois que conheceu o amor de sua vida. Ela passou dois dias inteiros me falando que se o encontrasse novamente, não perderia sequer tempo com as apresentações e cairia direto em cima dele. E não perdeu mesmo, quando ela o encontrou em uma lanchonete estudando para as provas finais, o garoto não teve nem tempo de levantar a cabeça e dizer "oi". Até hoje nós o ouvimos dizer que ficou assustado com uma louca que pulou no seu colo e o beijou sem mais nem menos.

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– É super normal você se sentir atraída por alguém que só conheceu há algumas horas – explicou Rosalie, adotando uma postura compreensiva – Eu e o Emmett não demoramos mais do que três horas para nos trancarmos em seu dormitório na faculdade depois daquela festa para os calouros em que nos conhecemos.

Isso sim era verdade. Eles mal haviam postos os olhos um sobre o outro que já estavam em um canto escuro da casa aos amassos. Lembro-me até de ouvir algumas pessoas comentando que tinha um casal sem pudores ameaçando dar um show de voyerismo para os amantes dessa arte. Um pouco mais tarde eu vim a descobrir que minha amiga era a responsável pela cena explícita de quase sexo.

Estava focada nas lembranças de nossa época de faculdade quando a realização de suas palavras me invadiu. Elas achavam que eu estava apenas interessada no Edward – bom, eu estava mais do que interessada, mas essa não é a questão. A questão é que elas acreditavam que eu estava atraída por alguém que eu havia acabado de conhecer e não pelo homem na qual eu deixei me levar a loucura no sábado de madrugada.

Quando a errônea conclusão a qual elas chegaram foi captada pela minha mente torpe, eu nem ao menos me dei ao trabalho de discutir. Aceitei aquela mentira que elas atiraram em cima de mim com o mesmo afinco que um náufrago aceita uma bóia enquanto se afoga no mar. Alice e Rosalie me forneceram a desculpa em que ambas acreditavam sem eu nem ao menos precisar me preocupar em arrumar uma mentira convincente. Tinha coisa melhor do que isso?

– Vocês têm razão.

– É claro que temos – disse Alice, enquanto Rose acenava com a cabeça em concordância – E agora, o que você vai fazer? – perguntou ela, genuinamente interessada.

Eu pensei sobre essa pergunta por apenas um segundo antes de tomar minha decisão e deixa-las informadas.

– Vou fazer o que eu sei fazer de melhor.

– E é? – insistiu Rose, arqueando uma sobrancelha e me encarando com os olhos brilhantes de curiosidade.

– Agir como se nada tivesse acontecido – disse firmemente e, então, girei a maçaneta, saindo para o corredor a passos decididos.

Isso tinha que ser fácil. Quero dizer, o quão complicado poderia ser fingir que eu nunca antes havia visto o Edward antes de hoje? O Edward da boate era um desconhecido para mim, e assim ficaria sendo. Bastava eu pensar que eram pessoas distintas e isso não seria tão difícil. Em minha mente haveria o Edward, o gostoso da boate, e Edward, o irmão de Alice e Emmett. Simples e fácil. Eu acho.

– Eu achei que ela iria agarra-lo e acabar com isso de uma vez – admitiu Rose, andando a poucos passos atrás de mim – Seria tão mais prático.

– É da Bella que estamos falando, Rose – lembrou Alice – Ela não é assim, então você não deveria estar tão surpresa.

Rose bufou em resposta, mas não disse nada. Assim, caminhamos de volta para sala e fingimos que aquele momento insano dentro de um armário sob a escada não aconteceu.

Já era mais de seis da tarde e o sol estava fraco no céu, preparando-se para se retirar e dar espaço para a lua tomar seu lugar. As nuvens não deixavam os espectadores terem uma visão plena da imensidão sobre suas cabeças, sempre ocultando o laranja do céu e ameaçando desaguar sobre todos a chuva adiada por todo o dia.

Eu nunca fui uma dessas pessoas que prestam atenção à natureza e suas misteriosas belezas, mas agora eu me via obrigada a me concentrar em qualquer coisa que fosse. O por do sol parecia uma opção aceitável para mim. A mistura de cores em seus mais variados e inusitados tons colorindo o céu como se fosse uma grande tela de pintura. Era envolvente e eu dei graças aos céus por essa distração.

Mas ela não podia ser eterna, não é? Afinal, como diz o ditado "tudo que é bom, dura pouco". Eu tive a confirmação dessa teoria popular alguns minutos depois.

– Não poderia imaginar que você era amiga da minha irmã...

Edward misteriosamente apareceu ao meu lado, dando-me um tremendo susto, e inclinando sua cabeça em minha direção para que apenas eu pudesse ouvir. Sua voz era exatamente a mesma de minha lembrança – talvez um pouco menos rouca, mais ainda com o mesmo timbre marcante. Não passou despercebido por mim o leve toque de zombaria presente em suas palavras, assim como também notei como sua fragrância – uma mistura de loção de barbear e um perfume suave e atrativo, essencialmente Edward – lotou o ar ao meu redor, me fazendo inspirar fundo para capturar melhor o cheiro.

– E eu que você era o irmão de Alice – rebati, já me pondo na defensiva.

Estar perto dele era um ataque mortal a minha sanidade e, quanto menor era a distância entre nós, maior era minha reação a sua presença. Eu tinha de estar me monitorando para ter certeza de que eu não estava o agarrando como a minha vontade era agora.

Pensei por uns poucos momentos sobre o que ele falara e uma questão me surgiu na cabeça.

– Como você não a viu naquela noite? Ela e seu irmão estavam lá comigo, assim como Jazz e Rose.

– Sério? – questionou, levantando as sobrancelhas em incredulidade e eu assenti – Bom, vamos dizer que minha atenção estava focada demais em uma única pessoa.

Ele me olhou significativamente enquanto lançava outro sorriso torto em minha direção, porém, antes que ficasse mais afetada do que já estava, eu desviei o rosto – possivelmente corado – rapidamente. Qualquer lugar parecia mais seguro de se olhar do que enfrentar o olhar malicioso em seu rosto. Até o teto branco e sem graça era melhor para se encarar, ou o chão de madeira brilhante.

Um silêncio estranho e instalou entre nós enquanto mergulhávamos em nossos pensamentos. Eu não conseguia acreditar no azar que era ter Edward ao meu lado, mas eu já devia imaginar que algo assim aconteceria. Era tão típico de mim...

– Não era para você estar aqui. Não era nem para você ser você – sussurrei para mim mesma, quase gemendo de desespero.

– O quê? – perguntou Edward, rindo.

Aparentemente ele ouvira o que eu disse e se divertia com minha loucura. Um grande idiota, é isso o que ele é. Gostoso também, mas ainda um imbecil de marca maior. Eu estava desconfortável com tudo isso e ele apenas achava graça. Pensei que Esme havia educado seus filhos para não rir dos infortúnios alheios, mas provavelmente ele esqueceu os modos trancados em algum lugar de Londres.

– Nada. – eu balancei a cabeça, resignada a por um fim nessa insanidade, e sussurrei – Olhe, eu te conheci hoje e você me conheceu hoje, ok? O que aconteceu naquela boate e... ... o que aconteceu depois deve ser esquecido. Foi um erro, um terrível engano.

– Não me pareceu terrível em momento algum – retrucou ele, com a voz um pouco mais rouca próxima ao meu ouvido, inclinando-se sutilmente para mais perto de mim – E se eu me lembro bem, você usou o termo "maravilhoso" para descrever tudo o que fizemos naquele quarto.

– E foi – disse automaticamente, ainda não recuperada por completa do excesso de álcool no meu corpo que impedia meu filtro mental de trabalhar.

Edward riu com gosto enquanto eu sentia meu rosto corando mais uma vez, porém com muito mais intensidade. Se fosse possível, eu teria socado a mim mesma naquele momento pelo simples fato de ter aberto a minha boca para falar aquilo. Ele já parecia presunçoso o suficiente sem eu admitir isso em voz alta, eu não precisava ter alimentado ainda mais o seu maldito ego. Balancei minha cabeça mais uma vez tentando por ordem em meus pensamentos, ficando um pouco tonta com o movimento. Droga, eu exagerei mesmo na bebida.

– Mas isso não muda o fato de que foi um erro. Você é o irmão da minha melhor amiga.

– Não vejo o menor problema com isso.

Nem eu, concordou minha mente pervertida. Aliás, nós poderíamos repetir a dose, o que acha?

A Bella responsável apenas bateu em meu outro eu e continuou no comando, rezando para conseguir contornar a loucura em que eu me meti. A verdade era que ele estava certo. Eu estava fazendo uma tempestade em copo d'água, afinal, o relacionamento emaranhado dos meus amigos era a prova viva de que eles não se importavam com isso. Rosalie era amiga de Alice e isso não a impedia de transar loucamente com Emmett em todos os cantos possíveis. Por que seria diferente comigo?

Bom, a resposta é simples: eu não sou a Rose e ele, definitivamente, não é o Emmett. Além desse fato óbvio, Edward é um completo desconhecido para mim, ao contrário dos meus amigos, que estão engajados em seus relacionamentos a mais tempo do que eu posso me lembrar. E, como se isso já não fosse razão suficiente para provar que isso era um erro, tem mais um detalhe sobre toda a situação a ser considerado. Aquilo tudo foi uma aventura, um momento de liberdade em que eu deixei um lado completamente não-Bella dominar meu corpo. Aquilo foi apenas uma noite de sexo casual com alguém que eu não queria encontrar novamente.

Antes que eu pudesse concluir meu pensamento ou insistir que aquilo deveria cair nos confins do esquecimento, Edward se aproximou novamente de mim. O cheiro inebriante que o acompanhava se intensificou e seus lábios roçavam no lóbulo de minha orelha a cada palavra que ele disse depois, gerando arrepios deliciosos por minha pele quente.

– Tenho que admitir que fiquei um pouco desapontado por não encontra-la no meu quarto na manhã seguinte. Eu teria adorado a sua companhia – confessou ele, sua voz tornando-se mais baixa e grave, adquirindo um timbre meloso e envolvente – Poderíamos ter nos divertido muito mais, sabe? Tem tanta coisa ainda que eu queria te mostrar.

Sem que eu quisesse, minha mente foi assaltada por uma seqüência de imagens muito inapropriadas para o momento. Cenas onde ele me agarrava, prensava meu corpo quente e necessitado contra o seu, roçava sua ereção em mim até eu implorar para que ele me penetrasse com força enquanto me beijava até eu não saber onde estava. Isso fosse na grande cama de seu quarto de hotel, na enorme banheira da suíte, no sofá espaçoso de sua pequena sala de estar...

Puta merda!

Não importava onde ou de que forma, de todos os modos ele estava arrancando gritos e gemidos de mim até que meu mundo explodiria de prazer.

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Pensar nisso fez meu corpo inteiro estremecer e meu sangue se aquecer, como se estivesse em uma praia tropical sob o sol escaldante do meio dia. Minha respiração ficou presa na garganta e, quando respirar se fez realmente muito necessário, eu puxei o ar de forma entrecortada e ruidosa, o que arrancou um sorriso de triunfo do maldito.

– Basta você querer. Sabe onde estou hospedado... É só me procurar.

Aquela proposta não deveria ter sido feita, não com meu corpo em plena combustão na qual eu me encontrava. Tais palavras eram tão tentadoras que o "Eu quero!" quase escapou por meus lábios, mas consegui me refrear, mesmo não sabendo de onde tirei tanta força de vontade. Mordi minha língua e fechei firmemente os lábios, evitando dizer qualquer coisa imprudente ou impensada, e virei meu rosto para fitá-lo novamente.

Seus olhos verdes estavam com as pupilas levemente mais dilatadas, o que o obrigava a semicerrar os olhos. Os lábios estavam entreabertos lançando o hálito quente com cheiro de vinho tinto em minha direção devido a nossa proximidade, aquecendo meu rosto. A expressão luxuriosa em sua face era o combustível que alimentava o fogo em meu corpo, que implorava para ser extinto. Olha-lo apenas fazia meu desejo aumentar a tal ponto de tornar-se incômodo.

Permaneci em silêncio, sentindo minha boca seca, e umedeci meus lábios. A atenção de Edward voltou-se imediatamente para minha boca e ele acompanhou o movimento de minha língua com os olhos vidrados, repetindo o gesto inconscientemente. A tensão sexual entre nós era tal que cheguei a me perguntar fugazmente se os outros na sala percebiam nossa troca intensa de olhares.

– Bellinha, eu vou pro ap do Jazz agora – disse Alice, surgindo do nada e me dando um tremendo susto – Você quer que eu te dê uma carona? É caminho para você, de qualquer forma.

Eu me recompus o suficiente para olhar em seu rosto e encontrar aquela sua famosa expressão de "eu sei de tudo o que está acontecendo". Ótimo, agora iria ouvir Alice falando sobre minha quedinha por seu irmãozinho sumido. Eu não merecia tanto, definitivamente.

– Claro! – Por quê não? É minha rota de fuga, completei em pensamentos.

Ela assentiu e então começamos a nos despedir. Emmett e Rose iam voltar juntos e pareciam estar com muita pressa para irem embora. Não quis nem mesmo especular em pensamentos o motivo para tanta ansiedade, apesar de que seus rostos deixavam claro que queriam ficar sozinhos.

Esme foi amorosa com todos na hora dos abraços, nos fazendo prometer que estaríamos presentes na semana que vem – principalmente eu. Corei constrangida quando ela disse que me considerava da família e que não gostava da minha ausência. Nessa hora me senti um lixo por ter sumido por tanto tempo e acabei me rendendo aos seus pedidos, prometendo que compareceria sem falta no próximo almoço em família e tentando a todo custo não pensar que isso implicaria em estar na presença de Edward novamente.

Fui surpreendia por um abraço de Carlisle já perto da porta. Ele disse que estava feliz em me ver e eu fiquei com vontade de chorar ao notar o quão doce essa família era comigo. Todos eram sempre tão perfeitos – até mesmo Emmett com seus comentários indiscretos.

Quando já estava preste a sair, uma mão rodeou meu pulso delicadamente e um rosto se aproximou do meu. Meu coração disparou e minha respiração ficou subitamente mais pesada.

– Me procure – sussurrou ele, baixo demais para que alguém ouvisse.

Ele me deu um beijo rápido na bochecha e se afastou exibindo um sorriso educado e contido, como se não tivesse acabado de incitar uma guerra entre minha razão e meus hormônios. O maldito gosta de jogar comigo!

– Foi um prazer conhecer a amiga que minha irmã tanto falava.

Dessa vez ele suas palavras foram altas, ainda acompanhadas daquele sorriso educado e cordial. Sem mais nem menos, ele se afastou, me deixando abismada com sua atitude. Ele era um tremendo cara de pau! Quanto mais tempo passava perto dele, mais certeza eu tinha disso.

– Vamos, Bella?

– Sim – respondi a Alice, correndo para dentro de seu carro o mais rápido que pude.

Quando o motor ligou e o carro ganhou as ruas da cidade, Alice até tentou começar a fazer suas perguntas, mas eu rapidamente cortei sua curiosidade falando "depois nós conversamos, Ali". Não importa o quão amigo ele seja, eu não irei falar nada referente a minha vida sexual na presença de Jasper. Seria muito estranho. Já é bizarro o suficiente saber que fui para a cama com o irmão perdido de Alice para acabar falando da minha atração loucamente sexual na frente de seu namorado.

Ela pareceu entender o significado da minha olhada para seu namorado, onde eu dizia sem palavras que essa conversa não iria rolar ali, e iniciou uma conversa banal sobre compras ou algo parecido, embora apenas ela falasse e Jasper e eu ouvíssemos – na verdade, eu apenas fingia ouvir. Durante toda a rápida viagem, minha mente estava focada em outras coisas mais interessantes e prazerosas – embora, admito, potencialmente perigosas – do que uma ida ao shopping.

"Basta você querer. Sabe onde estou hospedado... É só me procurar"

"Me procure"

Aquelas palavras convidativas se repetiriam por minha mente sem parar. Eu sabia – e não precisava ser nenhuma médium para isso – que não conseguiria dormir essa noite.