Harry vira algo na Penseira e não tirava daquela cabeça teimosa que falar com Sirius era a única solução para o que atormentava sua mente. Mas não havia jeito: cartas seriam claramente interceptadas, a última vez que usamos a lareira quase fomos pegos por Umbridge e sair de Hogwarts não era nem uma opção. Ele sabia que era perigoso, mas queria tentar mesmo assim.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

- Nós a distraímos! – Fred e George disseram em uníssono.

- Assim você usa a lareira da própria Umbridge para ir até o Largo Grimmauld! – Ron concluiu a linha de pensamento dos irmãos, que assentiram sorridentes.

- Vocês não podem estar falando sério. É perigoso demais, nem pensar! – Interrompi. E se quem fosse ver a tal distração não fosse Umbridge, mas sim a Brigada Inquisitorial ou Filch? E ainda que ela saísse de sua sala, e se o tempo não fosse o suficiente? Não apenas Harry, Ron e eu estaríamos em perigo, mas Fred e George também.

- Vale a pena tentar. – Fred deu de ombros. – Você que manda, Potter.

- Estamos a seu dispor. – George completou.

As aulas pareciam se arrastar. Na aula de Defesa Contra as Artes das Trevas, Umbridge estava de péssimo humor, o que fez aquele período pior do que já era. Não perdi nenhuma oportunidade de tentar fazer a cabeça de Harry para que não fosse adiante com o plano, mas Ronald insistia em dizer que ele devia fazer o que quisesse. Parecia que ninguém ali usava a cabeça, afinal, o tanto de coisas que podiam dar errado...

Ao fim do dia, todos deixamos nossos materiais nos dormitórios e Harry foi para sua sessão de orientação profissional com Umbridge e McGonagall, que estavam tendo esse tipo de reunião com todos os alunos do quinto ano. Eu já tivera a minha: McGonagall apoiou minha decisão de trabalhar no Ministério, e ainda que Umbridge reconhecesse que minhas notas eram perfeitas, tentou me manipular dizendo que o Ministério nunca me aceitaria enquanto fosse associada a Harry. Percebi sua estratégia logo de início, e educadamente a ignorei. Minerva sorriu para mim com cumplicidade quando fui embora, e sabia que minha carreira daria certo independentemente das minhas companhias.

Nos sentamos na Sala Comunal para esperar até que Harry voltasse.

— Quer? – Fred disse, oferecendo uma caixa de doces que ele tirara sabe-se lá de onde. [N/A: só posso colocar uma imagem por capítulo, e já tem uma no final... Mas eu achei essa fan art muito fofa! https://68.media.tumblr.com/3ebbf5fca23e9ccf07d3dfa59208f525/tumblr_oaiqw0JV4t1u5z07fo1_500.png ]

— Eu quero! – Lino gritou ao ver a caixa, Ron e George seguindo o colega, sorridentes.

- Oh, desculpem-me! Estive chamando vocês pelos nomes errados durante minha vida toda! Passarei a chamá-los todos de Hermione Granger. – Fred revirou os olhos, tirando a caixa do alcance de todos.

- Não tem problema, Fred. – Ri. Peguei o que parecia mais bonito e deixei a caixa para eles. – Podem pegar, não estou com tanta fome. – Os três sorriram, e George mostrou a língua para o irmão enquanto pegava vários chocolates de formatos estranhos.

Fred piscou para mim enquanto eles atacavam a comida, e logo me puxou para fora do recinto, parando na parede logo ao lado do quadro da Mulher Gorda.

- Tenho uma coisa para te mostrar. – Ele disse. Parecia até que a caixa de doces fora preparada perfeitamente para criar uma distração, e não pude deixar de rir de sua sutileza. Até eu mesma caíra em seu truque!

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

- Temos que ser rápidos então. Harry pode voltar a qualquer minuto. – Chequei o relógio. Daria tempo, supus.

- Sim, senhora! – Fred sorriu, se abaixando para que eu subisse em suas costas. – Vem, vamos mais rápido assim.

Revirei os olhos e aceitei. Enlacei meus braços ao redor de seu pescoço enquanto ele disparava por corredores até a porta secreta que reconheci como a que dava para a Dedosdemel. Estávamos indo para a loja.

- Está pronta, não está? – Perguntei. Só tinha um motivo para ele estar me trazendo ali agora.

- Na verdade, vamos demolir tudo, te trouxe aqui para sua despedida. – Fred brincou, revirando os olhos. – Veja por você mesma.

Chegava a ser destoante. Enormes paredes de tijolos roxos com várias janelas de bordas vermelhas vibrantes compunham a frente, mas não era isso que chamava mais a atenção. Uma grande estátua de um dos gêmeos estava dentro de uma dessas janelas, só com a cabeça e os braços para fora, segurando uma grande cartola. A janela do lado esquerdo estava repleta de um sortimento de mercadorias que revolviam, estouravam, reluziam, pulavam e guinchavam, com cartazes berrantes e cartões de preço de todos os tipos.

- Como vocês... ? Em tão pouco tempo...! – Balbuciei, tomada por orgulho.

- Aliás, só para você saber, sou eu ali na frente. – Fred se gabou, brincando, mesmo que as diferenças entre ele e George fossem mínimas. Eu ri, me virando para tomá-lo em um abraço apertado que acabou tirando meus pés do chão, dando um beijo rápido e animado no final. – Tá esperando o que para entrar? Vem!

[N/A: https://68.media.tumblr.com/ae5203a7ae659fe683293f718d251a09/tumblr_ndi96bXguj1ridbiho4_250.gif MAIS SKINS PORQUE SIM!]

Haviam produtos e prateleiras até o teto alto, com stands personalizados para cada linha de produtos. As Vomitilhas eram expostas em uma grande menina que vomitava-as em um balde, que tinha na frente o preço individual e em caixas, as inúmeras penas para cola formavam várias corujas de tamanho médio nas prateleiras, e um quadro brilhante de uma mulher linda na prancha de um navio anunciava as Fantasias Debilitantes, que tinham efeitos para mim bem similares a drogas; felizmente sem nenhum dos efeitos da versão trouxa daquela magia extraordinária. Eram tantas cores, tantos andares unidos por escadas de cores berrantes com mensagens nos degraus; eu mal sabia para onde olhar. E ainda assim, meus olhos encontraram os de Fred, que reluziam com orgulho e alegria em meio a um de seus sorrisos mais brilhantes.

- Gostou? – Ele perguntou, quase nervoso.

- Eu amei, Fred! É indescritível, só vocês poderiam fazer algo assim. – Suspirei. – Eu estou tão orgulhosa, Fred!

[N/A: Quem quiser, coloque essa música aqui: https://www.youtube.com/watch?v=iGrURUzs4fc ]

Fred abriu os braços e pulei nele, e logo envolvi-o em um beijo terno, sorridente e cheio de risadas a cada vez que trombávamos em alguma prateleira em nossos rodopios pela loja. Antes que me desse conta, estávamos correndo um atrás do outro pelas escadarias, usando diversas vezes os Chapéus Sem Cabeças para nos camuflar quando um se escondia do outro. Quando Fred me surpreendeu em meu esconderijo com um abraço por trás, corri para o balcão logo quando sabia que ele ia roubar-me um beijo, rindo.

- Quanto estão os Febricolate, milady? – Fred perguntou como se fosse um cliente.

- Deixe-me ver... – Fingi consultar o preço em uma máquina estranha semelhante a um caixa, entrando na brincadeira dele. – 3 sicles, meu bom senhor. Pagará como?

- Pagarei com o dinheiro do papito, sabe, somos incrivelmente ricos na família Malfoy. – Ele imitou, fazendo uma cara de nojo idêntica à de Draco.

- É uma pena que dinheiro não compre velocidade, senhor Malfoy, porque vai ter que me alcançar se quiser seu Febricolate. – Levantei as sobrancelhas e disparei escadas acima, seguida de perto por um Fred risonho. Estava correndo pelos degraus quando mãos familiares agarraram os dois lados do meu quadril e me puxaram para trás, fazendo com que eu me desequilibrasse e colidindo minhas costas contra o peito de Fred. Ele, que não era bobo, me segurou antes que eu caísse e aproveitou para pegar o Febricolate, me virando para ele.

Fred aproximou seu rosto devagar do meu, até que nossos narizes encostassem e estivéssemos respirando o mesmo ar. Fechei os olhos, correndo meus dedos por seu pescoço em antecipação.

- Merlin, eu vou sentir falta disso... – Fred murmurou quase inaudivelmente, como se para si mesmo. - Bom, Mione, temos que ir! Harry tem planos para hoje, afinal. – Fred nos separou e bateu as mãos, sorrindo. Ele estava fazendo de propósito para me provocar, e sabia muito bem!

- Fred! – Protestei, mas depois pensei melhor. Não ia dar a ele a satisfação de me ver desejando-o, até porque era uma coisa um tanto embaraçosa de se dizer. Tive que pensar rápido. – Temos que devolver o Febricolate antes.

- Por que não avisou antes? Já ia esquecer! – Fred sorriu, malicioso, vendo o verdadeiro motivo do meu descontentamento por trás da minha mentira. Ele passou um braço ao redor dos meus ombros, beijando o topo da minha cabeça com carinho e humor. – Vou pegar minha arma secreta, espere aqui. – Ele sinalizou com a mão enquanto se abaixava atrás de um balcão, e ouvi o barulho de alguma espécie de alçapão sendo aberto, e Fred se ergueu com uma caixa preta, fechando a portinha com o pé.

- Se eu perguntar o que é, você daria uma resposta sincera? – Indaguei, sabendo que ele manteria o efeito surpresa da distração que ele e George tinham em mente.

- Só dessa vez, você vai ter que esperar para ver com o resto dos meros mortais. — Fred negou, sorrindo. – Agora vamos logo porque nesse seu ritmo vamos chegar lá só no jantar.

Revirei os olhos e o acompanhei pela passagem da Dedosdemel, iluminada pelas luzes das pontas das nossas varinhas. Fred passou primeiro pela fresta que se abria entre a estátua da bruxa de um olho só e a parede, e só ouvi seu berro de susto antes de pular para fora também.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

- George! – Exclamei, vendo o que assustara tanto Fred. – O que você está fazendo aqui?

- Procurando Fred, óbvio! O que achou da loja? – George piscou para mim, sabendo o que Fred tinha me mostrado. – Gostou da minha estátua?

- Achei que tínhamos combinado que era eu! – O outro irmão protestou, confuso. – Será que o cara se confundiu?

- Não é uma hipótese absurda, convenhamos. – Sorri para os dois, revirando os olhos.

- Bom, Mione, temos trabalho a fazer! Quer se juntar a nós nessa aventura? – George ofereceu.

- O único risco que você correria é de se tornar uma lenda. – Fred completou a proposta do irmão.

- Vou ter que recusar, garotos. Boa sorte, e por favor, tomem cuidado. Não quero mais cicatrizes nas mãos de vocês.

- Acho que passamos dessa fase com Umbridge. – Fred disse com o canto da boca, trocando um olhar com o irmão que eu estava longe de saber o significado.

- Vocês têm certeza disso? – Perguntei um pouco depois de já estarmos a uma distância considerável. Havia alguma coisa que me dizia que algo ia dar errado, fosse com Harry ou com os gêmeos, e aquilo simplesmente não ia embora.

- Nascemos prontos para isso! – Os dois gritaram em uníssono, sorridentes, e desapareceram em uma corrida disparada, Fred soprando-me um beijo e George acenando euforicamente.

Voltei para a Sala Comunal, onde Harry se preparava para sua empreitada. Eu passara o dia todo importunando-o e tentando fazer com que ele desistisse do plano, e ainda assim, não tive efeito algum. Só restava fazer com ele a mesma coisa que fiz com os gêmeos: desejar boa sorte, avisar para tomar cuidado e perguntar uma última vez se ele realmente queria aquilo. Voltei para meu quarto, e não consegui fazer muita coisa. O nervosismo me consumia, e eu sabia que se algo desse errado, Umbridge e Filch não pegariam leve com ninguém. Eles já haviam dado inúmeras provas de não se importarem nem um pouco com o bem-estar dos alunos desde que a ordem se mantivesse, e isso não tinha limites. Sem Dumbledore, o zelador parecia livre para colocar em prática todas as suas fantasias de punições absurdas.

- Eu não acredito que eles fizeram isso! – Allison Barnes soltou um gritinho enquanto entrava no meu dormitório. – Eles são lendas!

- Com certeza! Quero ver o que Umbridge vai fazer com os dois! – A amiga de Barnes concordou, rindo.

- Com licença? – Interrompi-as. – O que aconteceu?

- Você não sabe? Achei que você estivesse namorando um dos gêmeos! – Allison exclamou. – Bom, de qualquer forma, vá no Grande Salão e verá. Na verdade, é lá que eles estão, mas o estrago está na escola inteira.

- Merlin, não... – Murmurei enquanto saía correndo. No momento em que cheguei no corredor, percebi: eles transformaram um corredor inteiro em um pântano. Um pântano. Com dificuldade e com os pés atolando em alguns pontos, corri para o Grande Salão, onde consegui me espremer entre uma multidão de alunos que viam Fred e George encurralados por Umbridge, Pirraça flutuando acima deles e os membros da Brigada Inquisitorial com sorrisos orgulhosos.

- Então, vocês acham interessante transformar o corredor da escola em um pântano, não acham? – Umbridge grasnou, triunfante por finalmente tê-los em suas mãos.

- Bastante interessante, sim. – Fred sorriu, sem nenhum tracinho de medo no seu olhar humoradamente desafiante.

Filch interrompeu, entre as risadas dos alunos, dizendo que tinha um formulário e varas prontas. Eles seriam... Chicoteados. Arquejei de surpresa. Ela não podia! Era simplesmente errado, em todas as maneiras possíveis. Como tudo aquilo chegara naquele ponto?

- Muito bem. Estão prontos para descobrir o que acontece com os desordeiros da minha escola? – A megera sorria, e Filch quase chorava de felicidade por finalmente encontrar alguém que compactuasse com suas maldades.

- Quer saber? Nós achamos que não vamos. – Fred disse após trocar um olhar com seu irmão. – George? Acho que já passamos da fase da educação formal.

- É, eu também tenho me sentido assim ultimamente. – George falou, levianamente, como se fosse quase ensaiado.

- É hora de testar nossos talentos lá fora, não é?

- Concordo plenamente.

Com um feitiço Accio, os gêmeos convocaram suas vassouras do escritório de Umbridge, que observava a cena em choque.

- Nós não te veremos logo, eu diria. – Fred pronunciou enquanto montava em sua vassoura.

- Não somos do tipo que mantêm contato, sabe? – George concordou, sorridente, fazendo o mesmo com a sua Cleansweep.

- Se alguém quiser comprar pântanos como esse, venham ao 93 do Beco Diagonal, As Gemialidades Weasley! – Fred anunciou em voz alta para a multidão admirada. Troquei um olhar com ele quando percebi que estava fazendo. Arquejei, não sabendo se devia chorar ou gritar ou ficar admirada. Principalmente, eu queria que ele tivesse me dado uma chance de me despedir. Fred juntou as sobrancelhas, murmurando um simples “Sinto muito”.

- Descontos especiais para alunos de Hogwarts que usarem nossos produtos para expulsar essa morcega velha! – George adicionou, apontando para a diretora, que ficava cada vez mais vermelha, com os punhos cerrados. Aparentemente, o choque estava passando, e eles sabiam disso.

- Peguem eles! – Ela berrou, mas os gêmeos já haviam levantado voo.

- Dê o inferno a ela por nós, Pirraça! – Os dois gritaram em uníssono para o poltergeist, que tirou seu chapéu e saudou os gêmeos, coisa que nunca o vi fazer.

Depois de um último olhar de despedida para mim, Fred se juntou a George, acelerando pelas portas abertas em direção a um pôr-do-sol digno de uma saída triunfal como aquela. Era tarde demais para uma despedida, e a saída de Fred recaiu sobre mim com força total.