Ivy Greene

Capítulo 12


O resto do dia passou num pulo. Depois do almoço eu fui ajudar a Sra. Weasley a arrumar a cozinha. Depois encontrei os gêmeos testando uma das suas novas criações para o Gemialidades Weasley.
– O que aconteceu com você depois que saiu da casa do Kingsley. – Jorge gritou por cima do barulho de umas bombinhas que explodiam perto de seu pé.
Tive que tampar os ouvidos, aquilo fazia um barulho em tanto.
Respondi só quando a sessão de explosões terminou.
– Bom, eu fui parar na loja de vocês. – comecei organizando meus pensamentos. – Eu fui para o Beco Diagonal e vi o Mundungo e fui atrás para saber se ele tinha alguma informação, mas seqüestradores me viram antes. Tentei fugir, eles me pegaram. – decidi não falar sobre a parte em que Malfoy teve um papel importante para isso. – Fui parar na mansão dos Malfoy e eles me mantiveram em uma cela no porão. Tentaram arrancar a localidade de vocês, mas eu não cedia. Eles me deixaram sem água e comida por alguns dias, eu estava praticamente aceitando que não sairia de lá. – engoli em seco com as memórias e Fred e Jorge pareceram fazer o mesmo. – Aí foi quando Malfoy apareceu, ele me tirou de lá e me escondeu no seu quarto, cuidou de mim, me alimentou e... Eu não estaria aqui se não fosse ele. – meu coração se apertou de uma forma esquisita, algo como gratidão. Nesse momento olhei para a janela do terceiro andar da Toca e lá estava ele, com seus olhos cinza me encarando, mantendo um olhar sério e calmo.
Segurei seu olhar, e por alguns segundos, me esqueci dos gêmeos que falavam comigo.
– Em, Ivy? – Fred chamou.
– Oi? – tirei o olhar de Malfoy e o mandei para o ruivo a minha frente que me olhava como se eu estivesse doente.
– Você está bem? – Jorge perguntou desconfiado.
– Aham! Ótima. – assenti.
– E como vocês fugiram? – Fred perguntou.
– Bellatrix me descobriu, ela estava quase me matando quando Fawkes apareceu e me tirou de lá junto com Malfoy. – disse pensativa.
– Dumbledore sabe mesmo o que faz. – Jorge disse.
– Aquele velho caduco sabia de tudo! – Fred concordou.
– Eu me pergunto... Como ele sabia que eu não iria com Harry, como ele sabia que em algum momento eu precisaria de Fawkes.
– Como alguém não precisaria dela? É uma fênix, pelo amor de Merlin! – Jorge se exaltou.
– Mas por que eu, Jorge? Por que não para o Harry? Ele com certeza precisa muito mais dela do que eu. Só Merlin sabe o que aqueles três estão passando. Eles precisariam de mim, Jorge! Eu me sinto uma inútil presa aqui enquanto eles estão lá fora passando por maus bocados!
– Não cabe a você salvá-los, Ivy. – Fred se sentou ao meu lado e tomou minhas mãos nas suas. – Ninguém gosta dessa situação, não gostamos mais do que você. Mas Harry sabe o que faz. Ele tem Hermione que é a pessoa mais inteligente da face da terra. O Rony é apenas um bobão, mas é leal ao Harry. Não importa o que aconteça. Não acha que eles estão preparados para isso?
Fred estava certo, não tinha como negar. Eles sabiam o que fazer. Assenti a cabeça em silêncio.
– Por que você não entra agora, daqui a pouco escurece e o jantar vai ficar pronto, descansa um pouco. – Jorge falou.
Concordei e, com um aceno, entrei na Toca.
Ajudei a Sra. Weasley com a janta e subi para chamar Draco para comer. Ele ainda estava parado na janela olhando para o horizonte.
– Malfoy, a comida ta pronta.
Ele continuou parado sem me responder.
– Ta ouvindo, Malfoy? – me aproximei e encostei em seu ombro, ele se esgueirou.
Franzi os cenhos.
– Olha... Se é sobre o que eu te disse antes... Eu... eu...
Ele se virou e me encarou, seus olhos gélidos caindo sobre mim, não conseguia mais dizer uma palavra.
– Malfoy. – foi a única coisa que minha boca pôde pronunciar.
Ele me encarou por mais alguns segundos sem me dizer nada e saiu do quarto.

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Nas últimas semanas tudo tem sido meio estranho na casa dos Weasley. O Malfoy já não dormia mais comigo no quarto da Gina, ele ficava com os gêmeos. O que me dava a noite inteira de insônias em que meus pensamentos eram tomados por medo e tristeza. Era notável como eu estava exausta e a Sra. Weasley havia tentado todos os chás e ervas possíveis para me ajudar a descansar, mas tudo fora inútil. Eu sabia do que eu precisava. Notícias. De qualquer que seja. E com o tempo isso passou para todos. Fred e Jorge andavam pela casa sussurrado sérios. A Sra. Weasley já não estava com sua feição tranquila e maternal e vez ou outra eu a pegava olhando para uma foto de um Rony bem mais novo e suspirando. o Sr. Weasley chegava do ministério calado e com a cara fechada, não devia haver notícias muito boas de lá também, já que estava tudo uma loucura. Já Malfoy, estava sempre calado e pensativo. Não trocamos mais que meia dúzia de palavras durante o tempo decorrido, e eu sabia que era por minha causa. Na primeira semana eu tentei me desculpar, mas ele apenas meneou a cabeça e saiu sem trocar uma palavra comigo. Eu sinto como se ele estivesse, de alguma maneira, arrependido. Arrependido de trair sua família, e no que ela acreditava, por alguém como eu, e ficar em um lugar onde ele sentia os olhares acusadores de todos, e eu sabia disso, e só tornei as coisas para ele piores.
Com o tédio e a casa cada vez mais tensa, passei à ouvir o rádio todos os dias, prestando atenção, de forma minuciosa, os nomes de pessoas desaparecidas.
Era uma manhã fria, faltava menos de uma semana para o Natal. E eu já sabia que não seria dos melhores natais. Eu apenas não esperava que seria o pior de toda a minha vida.
Eu estava na cozinha com a cabeça entre meus braços, com a cabeça doendo por mais uma noite não dormida, a neve caía lá fora, e os nomes passavam pelos meus ouvidos. Até que dois nomes em especial fizeram com que meu corpo ficasse mais frio do que o tempo do lado de fora da Toca. Anna Greene e Marcus Greene. Meu coração parou, levantei rapidamente a cabeça e o peso caiu pelos meus ombros.
Não, não, não, não, não.
Meus pensamentos repetiam e levantei-me num rompante da cadeira. Senti alguém na porta da cozinha e o loiro me olhava com os olhos espantados. Ele também entendeu. Ele ouviu o nome dos meus pais, eu não estava delirando pelas minhas noites acordadas.
Era real.
O baque veio forte demais para um corpo já muito fraco. Minhas pernas bambearam e fui de encontro à cadeira outra vez, sentindo minha cabeça pender para frente e meus braços caírem moles ao meu lado. Malfoy me alcançou em segundos e segurou minha cabeça, apoiando ela em seus ombros. E me abraçou.
Eu não consegui corresponder, estava sem forças sobre meu próprio corpo. Nenhuma lágrima veio. Mas meu peito subia e descia rapidamente, e comecei a me sentir sufocada, eu respirava, mas meus pulmões não recebiam o ar. Comecei a entrar em pânico.
– Ivy, respire! Preciso que você respire! - Malfoy me fez encará-lo e fazia movimentos de respiração para que eu o acompanhasse.
Não consegui, e meu corpo começou a ganhar vida tomando a frente o desespero da falta de oxigênio. Estava tendo uma crise de pânico.
Arranquei os braços de Malfoy que me seguravam e corri. Corri porta a fora e não parei quando senti a neve caindo e se derretendo em meu rosto quente.
Ar, eu preciso de ar.
Caí no chão quando meu corpo já havia esgotado toda da sua reserva de energia e encarei o céu tentando puxar o ar pela boca. Meu peito descia e subia. Mas nada absorvia. E minhas vistas estavam escurecendo.
Será que é assim que é morrer? Eu não vou ter nenhuma chance de ajudá-los? De salvá-los?
Não cabe a você, Ivy. As palavras de Fred me atingiram. Mas se não cabe a mim, a quem?
Alguém me chamava ao fundo.
Meu corpo estava gelado.
A neve caía.
Meu corpo conseguiu absorver uma pontada de ar de minha última tentativa.
Mas não era o suficiente.
E então, fechei os olhos. E descansei, em paz.
Quando acordei o céu estava escuro lá fora. Meu corpo estava enfim descansado, e meu pulmão estava cheio de todo o ar necessário. Mas minha cabeça estava aos cacos, e meu coração doía como se tivessem lhe tirado um pedaço.
O pensamento de que eles poderiam estar mortos não parou na minha cabeça. Eles sabiam se cuidar, se virar. E eles estavam fazendo exatamente isso. Mas não deixaria isso só pela conta deles. Eles precisavam de mim, e eu iria ao socorro deles.
Levantei da cama e fui tomar um banho gelado. Saí renovada e sequei meus cabelo colocando uma roupa quente, enrolei o cachecol no meu pescoço e coloquei a touca na minha cabeça, enfiei minhas botas e saí do quarto. A casa estava escura e silenciosa. Estava no meio da noite e todos deveriam estar dormindo. Desci o mais silenciosamente o possível e me dirigi à porta, estava para abrir a tranca quando um braço segurou-me pelo pulso. Levei um susto e quase dou um grito, mas os orbes cinzas que me encaravam seguraram o grito na minha garganta.
– Você está acordada! - ele sussurrou, seu alívio era quase palpável e antes que eu pudesse reagir de qualquer forma ele me puxou para um abraço e me envolveu como uma muralha.
Não sei quanto tempo ficamos assim, mas foi tempo o suficiente para que ele percebesse as minhas vestes e o que eu estava tentando fazer.
– Você está maluca? - ele quase gritou e tampei sua boca com minhas mãos cobertas pelas luvas quentes.
– Cala essa boca, ninguém pode acordar agora! - sussurrei me controlando para não gritar por sua estupidez.
– Qual o seu plano, Ivy? - ele falou nervoso, mas graças a Merlin, sussurrando. - Ir lá fora e sair pendurando cartazes de desaparecidos?
– E se for? - encarei-o mais nervosa do que ele. - Eu tenho que ajudá-los, Malfoy. Não posso ficar esperando essa porcaria de rádio começar a falar o nome de baixas que estamos tendo.
– Você não pode ir nessas condições, Ivy. Você teve um ataque de pânico e ficou desacordada por quase três dias. Tem que se recuperar, espere até o amanhecer e os Weasley vão te ajudar, até o Lupin e a Tonks...
Não consegui prestar mais atenção.
– Três dias?! - Não sussurrei e tampei a minha boca assim que as palavras saíram da minha boca.
Esperei alguns segundos, mas nenhum ruído foi ouvido em toda a casa.
Voltei a falar, dessa vez num sussurro quase inaudível.
– Eu perdi três dias! Não posso esperar mais, Malfoy, não aguento mais um minuto sem estar lá fora fazendo alguma coisa. Eles precisam de mim.
Minhas garganta se fechou e meu corpo tremeu. Minha voz saía desesperada, assim como o meu rosto estava.
Ele pareceu ponderar por alguns segundos. Sua pose se quebrando com a minha feição, mas antes que ele me deixasse sair ele disse:
– Você não pode sair por ai sozinha, Ivy! Por favor espere.
Abracei-o, enterrei meu rosto em seu peito e inalei o cheiro do Malfoy, ainda estava com seu cheiro habitual de menta e perfume caro, mesmo usando roupas dos Weasley, esse cheiro era a sua marca, um cheiro que começou a me trazer paz e conforto - mesmo que eu relutasse a admitir -.
Levantei meu rosto e encarei seu rosto. Ele aparentava estar cansado e da mesma forma que eu há alguns dias atrás, com noites mal dormidas e cabeça cheia. Mas mesmo assim ele mantinha a sua pose de forte e inabalável. Uma coisa que me impressiona nele.
Por isso não relutei em falar:
– Venha comigo.

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