Biologia foi por muito tempo minha matéria favorita. Eu amava a explicação de botânica e reprodução, e ver a teoria por trás das coisas, ver como tudo funcionava. Eu normalmente prestava atenção em todas as aulas, ansiando pelo conhecimento bem-vindo, mas naquele dia, me concentrar parecia uma tarefa impossível, por um motivo em especial. Havia esse garoto, chamado Patrick. Estudávamos juntos desde a sétima série, mas eu sempre fui muito tímida, e acabamos nunca nos tornando amigos de verdade. Ele sempre foi meio isolado de todos, e por algum motivo, ele me chamava muito a atenção. Mas eu me sentia puxada, como se houvesse uma atração magnética entre nós. Me peguei perguntando se ele pensava do mesmo jeito, se é que ele sequer notava a minha existência como um todo. Suspirei, apoiando o rosto em uma das mãos e momentaneamente fechando os olhos.

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Uma voz interrompeu minha linha de pensamento. “Lilly, saberia nos dizer a resposta?” Meus olhos se abriram de repente, meu rosto começando a esquentar. O professor me olhava com uma certa decepção. Era incomum eu devanear em sua aula, ele sabia o quanto eu gostava da matéria. Senti todos os olhares da sala se voltarem para mim. Inclusive o de Patrick. Um arrepio percorreu meu pescoço, e eu olhei timidamente para o professor, negando com a cabeça e me encolhendo na carteira. “Página dezessete, favor acompanhar.”

Folheei a apostila, tentando focar minha mente, mas aquele garoto sentado na carteira ao lado da minha, me prendia mais. Eu sabia que era o tipo de paixonite não-correspondida. Como poderia ser de outra maneira? Não havia contato algum entre nós. A voz do professor se tornou distante mais uma vez, e o quadro todo anotado ficou turvo. Só restavam quinze minutos de aula, e eu os gastei analisando - talvez a fundo demais - o como Patrick me afetava, e como isso era possível, sendo que não éramos mais do que colegas de classe.

Olhei para ele de revesgueio e tomei uma decisão, um tanto quanto brusca. Eu não deixaria a timidez me derrotar antes mesmo de tentar, eu iria me aproximar daquele garoto até o final do ano letivo. O que me dava pouco mais de um mês. Yikes.