[LEIAM AS NOTAS FINAS]

*Ivye

A coisa toda era de partir o coração.

Dan havia simplesmente aparecido no escritório de Cupido e estava completamente desolado. Em poucas palavras, me explicou o que havia acontecido e o que ele havia feito.

Esqueça aquela história de enfrentar Cupido e seus Influenciados. Essa sim era a coisa mais corajosa que eu já havia visto.

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Dan tentou se manter forte, mas desabou assim que me encontrou. As lágrimas saíram incontrolavelmente, e não pensei duas vezes antes de oferecer meu ombro amigo.

Cupido não tinha energia nem para dizer a Dan que esteve certo o tempo todo. Ele ainda estava sentado no chão, repensando tudo o que havíamos conversado nas últimas horas.

Então ficamos os três, sentados no chão do escritório parcialmente destruído pelo acesso de fúria de Cupido. Os três desolados, olhando para o nada, num silêncio confortável. De volta à estaca zero.

Todos abalados, desolados, quebrados demais e sem energia para renovar o velho ódio. Apenas estáticos.

E assim ficamos, por horas. O silêncio só foi quebrado quando Cupido murmurou:

—Eu sinto muito, Daniel. Por tudo. Mas era inevitável.

Logo após, ele se levantou e foi até Lucy, que ainda estava desacordada.

—Daniel precisa de um momento para se recompor. Pode vir comigo, Ivye? Acho que vai gostar de ver isso.

Assenti, me levantando do chão e caminhei até Cupido. Ele agarrou meu braço e o de Lucy, e de repente seu escritório sumiu. Estávamos de volta ao hotel luxuoso, e Cupido precisou apagar a memória de várias testemunhas do seu breve confronto com Dan, e agora todos achavam que a invasão havia sido simplesmente uma torcida organizada de futebol muito fervorosa.

Funcionários já estavam espalhados por todos os lados reparando os danos, e no meio da multidão, Luke apareceu, ainda procurando Lucy. Cupido alterou sua memória, para ela achar simplesmente que adormeceu durante a invasão e a tornou visível para os outros.

No começo, ela pareceu atordoada, mas logo os sussurros de Cupido fizeram efeito.

Lucy!—Luke gritou desesperado, correndo em sua direção. –Ah, graças aos céus você está bem!

Ele a envolveu num abraço apertado e repleto de alivio.

—Onde diabos você estava?! Procurei a noite inteira, liguei até para a Sra. Murphy, mas você... Onde estava?! Eu achei que aqueles malucos tinham te sequestrado, ou coisa pior!

Lucy sorriu.

—Eu acho que peguei no sono. –ela respondeu, dando de ombros, e um sorriso de alivio preencheu o rosto de Luke.

—Você conseguiu dormir durante uma invasão?

—Ei! Prioridades! –Lucy exclamou, e então finalmente aconteceu.

Os dois ficaram em silêncio, com os sorrisos bobos no rosto, deliciados com o fato de apenas estarem ali, um ao lado do outro. Eles se aproximaram, Lucy nas pontas dos pés, os braços de Luke ao redor de sua cintura. Os narizes se encostando, as bocas a centímetros uma da outra. E ficaram assim, até que...

—Eu vou ter que assinar uma maldita petição, ou você vai me beijar de uma vez, seu idiota? –Lucy perguntou, e no meio de uma risada, os dois finalmente deram o tão esperado beijo.

—Bem a tempo. –Cupido me disse. –O prazo final de sua missão é hoje.

Então estávamos de volta a seu escritório. Dan já não estava mais sentado no chão e sim olhando muito atentamente os desenhos no teto mágico de Cupido. Talvez, com a esperança de ver Kate.

Cupido se virou para mim.

—Você acha que ele vai aceitar? –perguntou. Por um momento fiquei confusa, mas então me lembrei da ideia que havia dado a Cupido, quando ele decidiu que iria sim, finalmente, tentar mudar.

—Só iremos saber perguntando. –respondi, dando de ombros.

—Sabe... Você pode ir embora agora. Para sempre. Não há mais nada te prendendo a mim.

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—Acha que vai se livrar de mim assim tão fácil? Eu ainda quero te xingar muito, seu desgraçado, filho de uma...

Cupido riu, e meu coração otimista teve esperança de que, talvez, ele realmente conseguisse se tornar uma pessoa melhor.

—Chegou a hora. –eu disse a ele, e caminhamos até Dan juntos.

—Daniel. –Cupido começou. –Eu tenho uma proposta para te fazer.

Dan olhou para mim em busca de orientação. Ainda estava visivelmente abalado, mas tinha aquela firmeza de quem sabe que fez a coisa certa.

—Que proposta? –ele perguntou.

Cupido respirou fundo e olhou para mim em busca de apoio. Eu assenti com a cabeça, o encorajando.

—Já está mais do que óbvio que eu sou um péssimo cupido. O amor, para mim, representa minha pior lembrança. Eu sinto medo dele. Mas você, Daniel... Você não. –ele fez uma pausa, querendo ver a reação de Dan, mas ele continuava estático. Cupido prosseguiu:

—Você não teve medo de lutar pelo que sentia. Nunca deixou de acreditar. Amou com muita intensidade, como um verdadeiro humano. Colocou a felicidade de Kate acima da sua. Você sim, sentiu o amor de verdade, e entendeu o que ele é. E eu acho que... se você quiser... você é a pessoa mais adequada para assumir o meu posto. Eu honestamente não aguento mais.

Dan ficou boquiaberto.

—O que? Você está... me oferecendo o cargo de Cupido?!

—Só se você quiser.

O rosto de Dan assumiu aquela expressão de determinação que ele tinha ás vezes, e eu soube da sua resposta antes mesmo dela deixar seus lábios.

—Eu... eu aceito. –ele concordou baixinho, como se nem conseguisse acreditar que estava dizendo aquilo.

—Ótimo! –Cupido exclamou, parecendo genuinamente feliz.

—É, já está na hora de termos um Cupido legal. Porque você foi, sem sombra de dúvidas, péssimo.

Nem o próprio Cupido pode negar.

—Ei, sabe o que eu percebi? –disse. –Eu não sei o seu nome verdadeiro. Quer dizer, agora você não pode ser mais chamado de Cupido!

—Hmm... Meu nome real é John. John Dickens.

Revirei os olhos.

—Péssimo nome. Vou continuar te chamando de Cupido Idiota. Sabe, princípios.