Capítulo 7 - Pesadelos

P.D.V BELLA

Sinto dois braços na minha cintura. Coisa boa não era. Meu corpo estremeceu.

Fui levada ao canto do corredor e me viro pra ver aquela cara nojenta que tanto fugi.

- Meu deus Bella, que mundo pequeno – dizia James – nunca mais nos vimos, sua mãe me disse que você estava fora de todos os envolvimentos familiares e que era pra eu lhe deixar em paz, senão você iria me denunciar, que pena Bellinha.

- Se continuar a me perseguir eu irei – disse com todo o ódio que eu tinha.

- Eu não lhe persegui. Apenas mais uma conhecidencia da vida! Impressionante não é? – eu tentei me soltar mais estava difícil. Ele continuou – você namorando meu primo, dormindo com ele! Aproveitaram a noite ein? - eu sentia malicia na sua voz.

- CONCERTEZA – disse bem forte e dei um sorriso zombeirão. Vamos ver quem vence agora!

- Iria aproveitar muito mais comigo certo? – dizia ele. Eu sabia muito bem o que ele queria dizer.

- Eu se fosse você se afastava de mim.

- Porque minha branquinha? Tens medo de mim? Sei que não! E se você ousar me denunciar, meu priminho querido saberá de seus podres, de todas as besteiras e saber que namorada maravilhosa ele tem – disse James me ameaçando. E AGORA? Eu faria o que?

Se ele contasse a Paul, sei muito bem que ele não irá aceitar, irá me desprezar, e provavelmente Edward saberá também! Se ele souber também meu mundo cairá!

É bem capaz de James ainda fazer pior, meu pai! Todos os meus amigos.

- O que você quer James? – perguntei sem nenhuma paciência

- VOCÊ – ele disse me arrancando um beijo violento.

Eu sentia aquela coisa asquerosa que ele chama de lábios tocar os meus, e aquela outra porcaria chamada língua tentando achar uma passagem, mas eu não deixava.

Eu tentei me separar dele. Mas ficou impossível!

Ele encerrou o beijo! Ainda bem.

- Não podemos dar motivos pro Paul desconfiar não é mesmo – disse aquele ser que chamamos de James. Que nojo que eu tenho dele – agente se vê gostosa!

Depois disso, ele deu um tapa na minha bunda e saiu andando!

Não é possível. Será que a minha situação poderia acabar? Acho que sim.

Eu fui ao quarto e tomei um banho bem demorado.

Tentei pensar em soluções, o James me tinha em sua mão, não haveria como eu me livrar!

Sai do banho e me vesti com a roupa separada. Um vestidinho bege super solto e uma sandália.

Não poderia mais passar um dia sequer aqui.

Desci as escadas pensando no que iria dizer ao Paul! Seria falta de educação e acima de tudo um ato muito grosso de minha parte.

- Amor, sabia que você iria ficar linda nesta roupa, diria a você que está um pitelzinho! – disse o Paul tão carinhoso. Agora as coisas pioraram de vez!

Eu não posso sair agora, ficarei até de noite, somente agarrada nele. Assim o James não iria conseguir chegar até mim, e não ficaria sozinha nem mais um minuto.

- Você também não está nada mal! – dizia enquanto o Paul colocava a panqueca nos pratos.

- Hoje você engorda uns três quilos – eu não acredito que ele disse isso. Fiz a pior cara que podia fazer – calma aí amor estou brincando, e mesmo que você engordasse continuaria sexy.

- Está com toda a razão priminho – disse James entrando na cozinha! QUE DIABOS.

Quando Paul analisou a frase do “querido primo” fez uma cara de que iria matar um!

Esse é o meu homem.

- Então, vamos comer, porque eu estou com fome! – disse interrompendo antes que o Paul matasse o James.

- Eu já comi muito obrigado Paul – disse o James olhando pra mim. O que é? Ele é louco ou quer morrer, porque quem vai matá-lo serei eu.

- Comeu? – perguntou Paul confuso. Ainda bem que ele não entendeu o duplo sentido.

- Ah deixa pra lá Primo – disse James desistindo.

Ainda bem senão hoje ia ter carnificina aqui.

Mas claro que eu sabia que não pararia por aqui, e tive razão. O café-da-manhã inteiro o James jogava insinuações e frases de duplos sentidos, sem contar seus olhares. Ele me secava na frente do meu namorado.

Se eu pudesse estouraria aquela cara de imbecil dele e fazia-o ficar sem dentes.

Sim eu sou violenta, mas não é pra menos, ele estragou minha vida como minha mãe e aquele merda de “padrasto amante”. E agora ele volta com mil e um motivos pra me detonar.

É uma coisa difícil pra uma menina de 16 anos suportar, é muita coisa.

Eu só queria ter uma vida normal, como toda adolescente, ter segredos bobos como o garoto que eu gosto, ou a escapada da aula pra sair com ele. Coisas fúteis e idiotas porem seria bem melhor do que os meus segredos, os meus lados obscuros, um lado que eu tanto odeio ter.

Depois do maldito acordo com minha mãe e meu “padrasto amante” eu entrei numa depressão profunda, ficava trancada no meu quarto, me chingando a cada minuto gasto com aquela porcaria de vida. Pensei muitas vezes em suicídio, mas eu pensava no meu pai, ele só tem a mim, seus pais o abandonaram e ele não conhecia ninguém de sua família, era triste, e foi por ele que superei todos os árduos momentos após tal episodio.

Já minha mãe não ligava apenas me dava remédios pra me deixar calma e às vezes me drogava um pouco pra esconder minha real situação, ela tinha medo de eu por tudo a perder, e tinha razão, pensei milhares de vezes em contar ao meu pai, mas sempre caia na teia da Renée e acabava a abandonar de contar ao meu pai.

Eu nunca imaginava vê-lo de novo, e muito menos que ele fosse primo do meu “namorado”.

Na verdade eu imaginava encontrá-lo, só que não por agora. Chega uma hora que nós temos de enfrentar nossas fobias e nossos pesadelos, lutar contra nossos traumas e ânsias.

Se não como seria minha vida? Drogada, largada, totalmente pirada? Tinha todos os motivos para estar nesta situação, mas eu não daria o gosto desse a eles. JAMAIS.

Nem que pra isso eu tenha que passar por tudo de novo, eu sei que a vida não será tão cruel, afinal, que culpa eu tenho?

Melhor parar de relembrar o meu passado, comparar a vida que poderia ter, já tenho um grande pesadelo a mais pra enfrentar.

No momento em que parei tentei me concentrar no desenho que passava na TV.

Estava eu abraçada com o meu homem, e na poltrona perto do sofá estava aquele energúmeno pagando de vela. Às vezes eu percebia os olhares de James, é impressionante.

Logo eu iria para casa e me livraria desse encosto pelo menos durante umas horas, porque essa porcaria provavelmente estudará na nossa escola. James tem 21 anos e ainda está no terceiro ano, ele é um baladeiro drogado que só pensa em sexo, drogas e rock n’ roll.

Um típico idiota, daqueles que é macho e arrota totalmente bruto, bruto em qualquer momento, sempre, e quando digo bruto em tudo é porque é em tudo.

Às vezes ele é meio galanteador, mas de cavalheiro ele não tem nada, e sim de cavalo.

Um cavalo que fala, anda com duas pernas e que ainda é mais burro que um cavalo normal.

Não me surpreende, a anfetamina e a maconha estragaram aquele cérebro loiro e já podre por natureza.

Eu às vezes lastimo muito, sua família era muito boa, sua avó um amor de pessoa!

É explorada pelo neto que só faz merda na vida e ainda mal tratada.

Não iria pensar mais nele. Apertaria a tecla SAP e deixá-lo de lado, só existe Paul e eu neste momento. Depois pensaria no que fazer! Depois.

\"Quem teme sofrer já sofre o que teme.\" ( Michel de Montaigne )