Sweet Connor

Capítulo 20.


Oliver Queen

Observei as longas pernas caminhar impaciente sob o meu carpete, enquanto tentava iniciar aquela conversa. Helena estava nervosa, e para mim era uma surpresa vê-la naquele estado.

― Helena eu posso..

― Não Oliver. - ela ergueu um dedo em minha direção pedindo silêncio, enquanto tomava uma lufada de ar. ― Me deixe falar.

― Tudo bem.

― É só que eu achei que seria mais fácil, planejei todo o meu discurso no caminho, mas ver Felicity sair daqui aniquilou com tudo.

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― Me deixe explicar?

― Eu não quero explicações, nem mesmo me interessa o que ela veio fazer em seu apartamento. - suspirou parecendo cansada. ― Tudo isso que a gente vem vivendo é muito novo para mim, e tem sido muito especial. A princípio eu pensei que tudo não passava de tesão, lance de pele sabe? A gente sempre se deu tão bem na cama que eu pensei: legal, será divertido. Mas foi mais, e eu me envolvi emocionalmente de uma forma que achei não ser capaz. Não me entenda mal, o lance é que eu nunca fiz a romântica.

― Helena, o que você quer dizer?

― Eu quero você. Droga, como eu quero você Oliver, mas não assim, não pela metade.

― Mas eu estou aqui. - forcei as palavras mesmo sabendo que não era verdade.

― Não minta para mim, não enquanto eu tento por um fim digno em nosso relacionamento. - engoli em seco as palavras duras da morena. ― Você nunca esteve aqui, sempre que eu procurei por você, por seus sentimentos eles pareciam inexistentes, e não digo que o nosso relacionamento foi ruim, foi bom, mas era só isso. Então bastava ela Felicity aparecer e os seus olhos brilhavam, você se torna outro na presença dela não tente negar isso.

― Felicity e eu não temos sentimentos românticos.

― Eu pedi para você não negar, não negue o óbvio, basta ver a forma como você a olha. É como se ela fosse de louça e super frágil e que a qualquer descuido seu ela vá quebrar. - baixei o rosto deixando que ela falasse. Ela precisava disso. ― Você a ama. - ergui meus olhos sentindo-me surpreso por suas palavras, não por ela afirmar com tanta veemência, mas por eu já não conseguir esconder. Abri minha boca tentando dizer algo, mas nada era formulado em minha mente.

― Eu...

― Você nem consegue negar. - riu pelo nariz, se encaminhando até a porta. ― Sabe o mais irônico? Você se apaixonar justamente por ela. Olha para vocês, são como água e óleo, pilares totalmente opostos. Ela busca segurança, instabilidade, compromisso... Tudo o que você me provou não é capaz de dar.

― Você está com raiva, está chateada, eu entendo. Mas eu estive comprometido com você.

― Quando? Quando transou com ela nesse apartamento há alguns minutos atrás? - abri a boca em puro choque. ― Não me tome por idiota Oliver, porque eu não sou.

― Me desculpa, Helena. - eu não queria e nem podia dizer mais nada. Eu não tinha esse direito, havia traído Helena e isso não tinha explicações ou desculpas.

― Eu não mereço isso. - ela passou a mão pelos cabelos. ― Eu quero mais da vida, eu mereço mais.

― Só quero que entenda que eu não planejei isso. Não planejei me apaixonar.

― Eu sei, e é por isso que eu resolvi terminar tudo, eu não posso levar essa relação adiante amando sozinha. Eu não posso amar por nós dois.

Ela estava abalada, eu podia ver em seu rosto, mas sabia que se não fosse ela, seria eu a por um ponto final nisso tudo.

― Eu só espero que você faça o certo com ela, Oliver. - falou antes de bater a porta.

Era isso, eu precisava fazer o certo com Felicity, estava apaixonado por ela e não podia esperar para tê-la novamente em meus braços. Desta vez sem culpa ou arrependimentos. Como se o destino resolvesse ajudar, o nome dela apareceu na tela do meu celular.

― Felicity. - não pude conter a empolgação dentro de mim.

"Oliver" – sua voz, ao contrário da minha, parecia tensa. ―"Teremos um jantar aqui em casa hoje a noite, e Connor exige sua presença" – meu sorriso enlanguesceu ainda mais com suas palavras. Ela estava me convidando para jantar, isso só podia ser um sinal.

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― Estarei aí. - respondi de imediato.

"Traga Helena" – pensei em contar-lhe o que tinha acontecido, dizer que Helena já não estava entre nós dois, mas isso era algo para se dizer cara a cara. Eu queria ver sua reação com a noticia, então resolvi apenas deixá-la concluir. ― "Não quero que fique mal entendido entre nós"

― Tudo bem, estarei aí às oito. - garanti me despedindo dela em seguida.

Talvez hoje fosse uma boa noite, afinal.

[...]

― Tommy está aqui. - essas foram as três palavras suficientes para esmagar qualquer ideia de felicidade que eu tivesse idealizando. Ela estava em outro momento e apesar de estar em seu direito, isso não me impedia de sentir uma raiva descomunal. ― Onde está meu filho? - cuspi as palavras tentando mantê-las o mais frias possível. Talvez Felicity e eu fossemos feitos para nos odiar, para estarmos afastados um do outro. ― Onde está Connor Felicity?

Ela ia retrucar, mas um mini furacão loiro adentrou a sala se agarrando a minhas pernas.

― Papai. - incrível como diante de Connor eu não conseguia manter meu humor carrancudo, ele aniquilava qualquer resquício de fúria que estivesse sobre mim.

― Hey campeão, onde estava? - perguntei bagunçando seus cabelos.

― Tommy me trouxe uma pista de carrinhos hotwells. - deu de ombros me fazendo rir ao lembrar que carrinhos não era o forte dele. ― Onde está Helena?

― A Helena não pode vir, carinha.

― Então o Tommy não precisa estar aqui? - indagou com um riso preso no canto dos lábios, e apesar de sentir orgulho por seu raciocínio, eu sabia que aquilo estava errado.

― Connor. - Felicity e Donna - que brotou de algum lugar - repreenderam o pequeno que baixou a cabeça imediatamente.

― Campeão, o Tommy é um amigo não só da Lissy, mas meu também. - me ajoelhei até estar em sua altura. ― Acredito que você esteja sendo um tanto grosseiro com ele. Vamos lá Connor, dê uma chance para que Tommy seja seu amigo, ele não é tão mal assim.

― Tudo bem, Ollie. - ele baixou a cabeça e se direcionou ao Merlyn, que parecia constrangido com toda a cena. ― Desculpa Tommy.

― Está tudo bem garoto. - sorriu cortês.

― Então, agora podemos jantar? - Donna se pronunciou mais uma vez.

O jantar correu de forma constrangedora e tensa, eu tentava a todo momento focar minha atenção apenas em Connor, que parecia alheio a tudo. Felicity, Donna e Tommy estavam entretidos em assuntos diversos, era obvio a preferência da mãe de Felicity pelo moreno, e depois de tudo que houve entre nós, eu não tirava sua razão.

― Tudo bem, mocinho, você já repetiu a sobremesa duas vezes. - Felicity ralhou com o pequeno que parecia não se saciar com o tanto de açúcar que ingeria.

― Por favor Lis, só mais um pouco. - Connor fez beicinho, manhoso.

― Não, Connor. - ela recolhia a louça com a ajuda de Tommy, enquanto Donna passava um café. ― Deus sabe o quão difícil é te por na cama com toda essa quantidade de açúcar em seu organismo, então por hoje chega.

― Sua mãe tem razão, carinha, amanhã você toma mais sorvete. - prometi. ― Agora vamos, eu te ajudo a escovar os dentes e ir para a cama.

― Tudo bem. - seu rostinho emburrado me fez querer rir. ― Boa noite vovó, boa noite mamãe, boa noite Tommy.

― Boa noite, Connor. - todos responderam em uníssono, enquanto ele subia nas minhas costas, rindo.

Subi as escadas com Connor me fazendo de cavalinho, enquanto ria de meus 'galopes'.

― Ollie. - ele chamou enquanto eu o cobria.

― Sim, Connor.

― A Lissy vai casar com o Tommy? - senti um desconforto com sua pergunta. Seus olhinhos incapazes de me encarar.

― Por que a pergunta, campeão?

― Eles se beijam sempre e hoje o Tommy perguntou se eu gostaria de ter irmãozinhos, e para me dar irmãozinhos, a mamãe precisa de um marido.

― E por isso você acha que eles vão casar? - ele deu de ombros parecendo confuso. ― Filho, eu não posso te responder essa pergunta, apenas sua mãe tem as respostas, mas o que eu posso te dizer é que irmãos são legais.

― Eu queria que vocês ficassem juntos, como uma família. Não queria que o Tommy fosse meu papai.

― Ei campeão, não vamos criar ruguinhas antecipadas, certo? Independente do que venha a acontecer, eu sempre estarei aqui pra te apoiar e amar, filho. - segurei sua pequena mãozinha. ― Eu sempre vou ser seu pai, sempre vamos estar juntos.

― Promete?

― Prometo. Agora dorme, campeão, amanhã você tem aula.

― Boa noite, papai.

Desci as escadas sentindo algo borbulhar dentro de mim, eu estava irritado por esse relacionamento entre Felicity e Thomas, estava irritado por suas indagações a Connor e por simplesmente estar irritado.

― Qual o seu problema, Thomas? Por que perguntou a Connor se ele queria irmãos? O que pretende com essa conversinha?

― Ei cara, calma. - ele ergueu as mãos em rendição. ― Eu só estava tentando conhecer seu filho, não sabia que ele levaria pra esse lado.

― Oliver. - levei meu olhar até Felicity que parecia irritada. ― Eu e você, lá dentro. - ela praticamente me arrastou até a cozinha. ― O que deu em você?

― Aquele cara lá na sala veio com uma conversinha sobre o Connor ter irmão, eu não imaginava que ele fosse jogar tão baixo pra ter você.

― Do que diabos você está falando?

― O que você pretende, por outro no meu lugar na vida do Connor? Você não percebe que está confundindo a cabeça do menino?

― Connor é uma criança inteligente, vai saber entender, o que eu não posso é parar minha vida para sempre, Oliver.

― E o que pretende, enfiar Tommy goela a baixo no meu filho?

― Eu não posso deixar de ter um relacionamento porque Connor quer os pais juntos, eu sou mulher Oliver, quero estar com alguém, mas alguém que queira estar comigo sem que eu corra o risco de na primeira complicação, ele fuja.

― Eu queria. - a essa altura já estávamos nas oitavas. ― Felicity, eu quero.

― Então me diz, Oliver, me diz o que você sente de verdade.

― Eu... É tudo muito novo, confuso. Hoje a Helena me disse coisas que me fez parar pra pensar, eu quero uma família, eu quero estar bem, me sentir bem.

― Esse é o problema, não se trata de você, percebe como você só pensou em si? E eu, Oliver? E Connor?

― Felicity, eu quero...

― O que você quer é brincar de casinha e família feliz por algum tempo, mas quando a responsabilidade pesar, você vai ver que não é nada disso que realmente deseja e então vai embora e sabe o pior? Eu não vou sofrer por mim, mas sim por Connor.

― Você não pode saber. - senti gotículas de suor escorrer desesperadas por meu rosto.

― Você sabe que é verdade.

― E Tommy, o que te faz acreditar que ele seria esse cara? Você nem o conhece. - trinquei o maxilar sentindo a fúria esquentar meu organismo. ― Na verdade você conhece sim, em menos de vinte quatro horas em que esteve na minha cama, já te encontro nos braços de outro. - na mesma velocidade em que as palavras saíram, senti todo o ardor do tapa esquentar meu rosto. Fechei os olhos arrependido pelo péssimo jogo de palavra.

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― Você não tem esse direito, não pode me julgar por você. Vai embora, Oliver.

― Eu vou, e você tenha uma ótima noite na companhia do seu perfeito Tommy.

Atravessei o hal da cozinha sentindo a raiva emanar de todos os meus poros, na foi assim que eu planejei a noite. Encontrei o olhar constrangido de Donna e Tommy na sala de jantar.

― Parabéns, Merlyn, você finalmente ficou com a garota. - cuspi as palavras com amargura, pouco me importando. Eu só precisava sair dali, ou sufocaria.

Felicity Smoak.

As palavras duras de Oliver dançavam na minha cabeça, me deixando tonta. Apoiei no balcão da pia tentando me manter firme, eu não choraria por ele, tinha prometido a mim mesma não voltar a derramar lágrimas por Oliver e estava disposta a cumprir com essa promessa. Suspirei notando a presença de Tommy no cômodo, ele parecia constrangido com tudo que tinha ouvido. Eu mesma estava.

― Tommy, me desculpa por tudo isso. - pedi sincera. ― Eu realmente não esperava que essa noite terminasse assim.

― Ollie nunca te contou sobre mim, não é? - não era uma pergunta, estava mais pra constatação.

― Digamos que Oliver e eu nunca tivemos uma conversa de verdade. - soltei o riso pelo nariz. ― Por quê?

― Na adolescência, eu era apaixonado por uma garota, ela era popular, mas não dessas entojadas. Laurel costumava ser gentil, solidaria, sempre falava com todos, era inteligente e generosa.

― Por que sempre tem que ter uma garota? - ironizei baixo, arrancando uma risada dele.

― Oliver e eu costumávamos ser playboys. - encolheu os ombros parecendo nostálgico. ― Encurtando a história, ele me ajudou a conseguir a garota e depois de alguns meses lutando para conquistá-la eu consegui que ela saísse comigo. Só foi preciso um encontro para que ela gostasse de mim.

― Gostar de você é a coisa mais fácil que existe Tommy.

― Eu sei. - empinou o nariz, recebendo um tapa no braço. ― Começamos a namorar e nós nos dávamos bem, nosso relacionamento podia ser rotulado como perfeito. Tínhamos confiança um no outro, amizade, amor, saiamos juntos e separados e o melhor: nunca brigávamos.

― Onde você quer chegar?

― Isso que você e o Oliver tem, não perca isso. - ele suspirou.

― Isso? Qual é Tommy, Oliver e eu no mínimo nos damos mal nos melhores dias. Você mesmo viu que não conseguimos ficar uma única noite sem brigar.

― Exatamente. - a esse ponto devia ter uma interrogação enorme na minha cara, devido minha confusão. ― Felicity, se eu e Laurel brigássemos um por cento do que vocês brigam, acredite, ainda estaríamos juntos. Minha mãe costumava dizer que os melhores relacionamentos são os que vivem por um fio, mas um fio de aço que suporta tudo.

― Tommy... - eu não sabia ao certo o que dizer, mal conseguia pensar.

― Você o ama e depois de hoje, está mais que obvio que ele ama você. - ele tocou meu ombro carinhosamente. ― Felicity, não sabote sua própria felicidade por orgulho ferido.

― Obrigada. - senti meus olhos umedecer por suas palavras. ― Ele não sabe a sorte que tem por ter um amigo como você.

― Acredite, ele sabe. - rimos. ― Bem, eu vou indo então.

― Eu te acompanho até a porta. - me adiantei a sua frente.

― Boa noite, Felicity. - cumprimentou na saída.

― Boa noite, Tommy.

Voltei para a sala sentindo todo meu corpo cansado, eu precisava de uma boa noite de sono para enfrentar o dia seguinte.

― Chá? - mamãe ofereceu.

― Não, obrigada. - sentei ao seu lado, encostando a cabeça em seu ombro.

― Ei bebê, está tudo bem? Digo, toda essa situação com Oliver, Tommy e você.

― Não sei, mãe. A verdade é que eu não gostaria de falar sobre isso agora, me sinto cansada demais.

― Vem, vamos dormir, amanhã será um longo dia. - se ergueu do sofá me levando junto.

― Não acredito que você vai me abandonar, Donna Smoak. Eu preciso de você aqui.

― Oh meu Deus, como meu bebê ta precisando de colo. - ela me abraçou apertado rindo baixo. ― Vem, vou te por na cama como nos velhos tempos.

Senti a maciez do edredom cobrir meu corpo, enquanto mamãe se encarregava de fazer um cafuné nos meus cabelo, pela primeira vez naquela noite eu me senti em paz, meus olhos pesando a medida que meu corpo ia relaxando no colchão.

Acordei pela manhã com um peso conhecido sobre mim, o cheirinho gostoso de seu shampoo infantil invadindo minhas narinas.

― Bom dia, macaquinho. - senti seu risinho baixo contra meu peito.

― Lissy, faz panquecas? - ele respondeu animado. ― As da vovó não ficam iguais as suas.

― Vem, vamos preparar panquecas. - levantei com ele em minhas costas.

― Eu te amo, Lissy. - soltou de supetão, me surpreendendo.

― Ao infinito e além?

― Ao infinito e além. - gritou animado, confirmando.

― Eu também te amo, amor. - beijo sua testa o encaixando em minha cintura.

O café da manhã apesar do clima de despedidas, foi divertido, assim como tudo que envolvia Connor. Depois da manhã de bagunças, fomos levar mamãe ao aeroporto, como já tinha deixado sobreaviso, Connor chegaria mais tarde a escola hoje.

― Eu não quero que a senhora vá, vovó. - meu pequeno estava agarrado ai pescoço de mamãe com toda sua manhã.

― Eu sei amorzinho, a vovó também não quer deixar você.

― Então não deixa, ué. - ri brevemente pela ingenuidade do meu bebê.

― Connor, a vovó precisa voltar para o trabalho dela, para os amigos dela e para a casa dela. Lembra quando fomos visitá-la ano passado e você sentiu saudades do tio Barry e da tia Cait? Lembra que precisamos voltar por causa da escola?

― Sim, Lissy.

― Então amor, com a vovó não é diferente, mas eu prometo que nas férias nós vamos visitá-la.

― Promete? - tive vontade de morder o enorme bico estampado em seu rostinho.

― Prometo. - ele por fim soltou minha mãe que a essa altura já tinhas os olhos úmidos. ― Boa viagem, mãe.

― Obrigada amor. - ela me abraçou desajeitado por Connor estar no meio. ― Eu amo vocês dois e estarei esperando pela visita.

― Ligue quando chegar. - pedi assim que ouvimos sua última chamada.

― Tudo bem. Eu amo vocês meus amores.

Olhei no relógio e só então percebi o quanto estávamos atrasados. Corri para deixar Connor na escola e só após pedir desculpas por ter atrasado mais que o previsto é que eu pude ir para a empresa. Entrei apressada, procurando o maldito crachá dentro do mundo perdido que eu chamava de bolsa, quando senti meu corpo se chocar com o de outra pessoa.

― Desculpa, eu estava distraída. - pedi olhando para cima e só então percebendo de quem se tratava. ― Ah, oi Helena.

― Felicity, que bom te encontrar, eu queria mesmo falar com você.

― Comigo? - perguntei surpresa.

― É, será que você tem tempo para um café? - ela sugeriu desconcertada.

― Na verdade eu acabei de chegar e bem atrasada, como pode ver.

― Você tem o horário do almoço livre? - fiz menção de negar, mas ela se adiantou. ― É importante.

― Tudo bem, te encontro no horário de almoço.

― Pode ser naquele restaurante da esquina? - balancei a cabeça em confirmação. ― Te vejo lá, então.

Não nego que fiquei curiosa com o convite e mais ainda com o suposto assunto que ela queria falar comigo, e se bem me conheço, agora mesmo é que não vou trabalhar em paz.

― Então, o que tem para falar comigo? - perguntei desconfiada, sentando a sua frente.

― Oliver. - ergui uma sobrancelha esperando que ela continuasse. ― Ele ama você.

― Sinceramente Helena, eu não estou querendo ter essa conversa, e mesmo que eu estivesse, não seria com você.

― Se você baixar sua guarda por um momento e me deixar falar, eu agradeço. - suspirei acompanhando seu bufo. ― Olha, não ache que eu estou feliz por ter essa conversa, eu não faço o tipo hipócrita e muito menos falsa. Eu queria que Oliver fosse meu, queria casar com ele e sim, eu o amo. Por um momento, eu realmente acreditei que depois de meses sendo apenas parceiros de cama, finalmente eu fosse construir um relacionamento sólido ao lado dele. - dessa vez ela quem suspirou. ― Mas quando eu vi a forma como ele te olhou no aniversário do Connor, como ele se ilumina perto de vocês dois... Foi ai que eu percebi que qualquer mínima chance que eu tinha, ruiu.

Não nego que as palavras de Helena me pegaram de surpresa, a sinceridade imposta ali me fez engolir em seco, numa tentativa falida de mascarar minha surpresa.

― Onde quer chegar com essa conversa, Helena?

― Eu não sou e nunca serei o melhor modelo de caráter, sou advogada de defesa, crio minhas táticas em cima de fraquezas do oponente. Mas isso aqui não é um tribunal, você não é juiz e Oliver não é um réu. - ela escorregou um envelope sob a mesa. ― Eu tomei a iniciativa de investigar teu passado, eu incentivei Oliver a pedir uma audiência pela guarda, inclusive eu mesma mexi meus pauzinhos para que a intimação chegasse mais rápido até você.

― Oliver não é criança, ele consegue pensar por sua própria cabeça. - falei analisando as folhas com todo o processo montado contra mim. Ali continha provas da minha ficha na polícia, nomes de possíveis testemunhas, relatos. Era um dossiê completo.

― Não, não é. - concordou avidamente. ― E eu não vim aqui para te incentivar a ficar com ele, quer fingir que não rola nada entre vocês? Ótimo, vá em frente, mas não esqueça que tem uma criança envolvida e ela precisa dos dois inteiros.

― Connor não está sendo afetado em nada.

― Até quando? Eu vi a forma como ele fez de tudo par manter vocês perto em sua festa, ele deseja isso, e é por ele que eu falo. Se não for ficar com Oliver, deixe-o ir de vez.

― Por que diz isso?

― Por que ontem quando eu disse que ele te amava, ele permaneceu calado. E apesar de estar abrindo mão do homem que eu amo, apesar de saber que ele não me ama, eu quero que você me faça um favor.

― Que favor? - senti todo meu corpo tencionar em antecipação.

― Se não for ficar de vez na vida do Oliver, corte os laços, faça enquanto ainda há tempo. Antes que você machuque a ele, a Connor e a si mesma.

― Eu...

― Ele não sabia que você iria receber a intimação para a audiência. - falou se levantando. ― Você tem duas opções, só precisa escolher.

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Observei a morena desfilar até a saída do lugar com seu ar superior abalado. Helena tinha acabado de ser honesta comigo e agra era minha vez, eu precisava ser honesta comigo mesma.

― O Mr. Queen está ocupado? - perguntei para a secretária que parecia se derreter com algo a sua frente. Olhei na mesma direção que ela para encontrar um Oliver totalmente despojado, sentado no chão brincando com Connor. Senti meu coração aquecer com a cena.

― Ele poderia ganhar o prêmio de pai mais gato. - a mulher pareceu falar só pra si. ― Mr. Queen pediu para não ser incomodado.

Ignorei suas palavras e fui em direção até a porta de vidro, a abrindo sem aviso prévio.

― Oliver. - chamei antes que toda a coragem fosse embora.

― Mamãe. - Connor se agarrou em minhas pernas, mas no momento eu não estava muito focada nele.

― O que faz aqui, Felicity?

― Connor, amor, você pode ir pedir algumas folhas sulfite para a secretária do papai? - observei o pequeno sair sem demora.

― E então, o que faz aqui? - ele perguntou novamente, impaciente. Eu não conseguia falar, na verdade nem mesmo queria, então me encaminhei até ele e fiz. Eu beijei Oliver, com volúpia e desespero, tentando passar através daquele beijo tudo o que não conseguia falar. ― O que foi isso? Por que me beijou? Você quer me enlouquecer? Tommy...

― Não existe mais Tommy. - colei meu dedo indicador em seus lábios antes que ele disparasse a falar. ― Não existe mais medos ou orgulho, apenas nós dois e de agora por diante o que vier a acontecer é por culpa exclusivamente nossa.

― Você sabe que ainda precisamos conversar, não sabe? - questionou estacionando suas mãos envolta da minha cintura.

― Mas não agora, agora eu só preciso que me beije. - Oliver colou nossos lábios sem perder mais tempo.

Eu sabia que precisávamos conversar, precisávamos nos entender com palavras e principalmente ver o que seria melhor para o Connor. Mas naquele momento eu só precisava selar a paz entre nós dois, por nós e por nosso filho.