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Manhã de Surpresas


3 - Manhã de Surpresas

— Prometa! – Madalena gritava andando em círculos pela a minúscula sala, em uma tentativa de se acalmar. – Aonde você estava nessas duas horas? Você tem a noção do nível de preocupação que ficamos?!

Mackenzie estava sentada na pequena poltrona de couro falso. Não conseguia olhar para o rosto de sua mãe, pois provavelmente daria curtas risadas. Uma pena que a sua mãe se esquecia de que suas risadas eram de nervosismo.

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— Eu estou falando com você! – Berrou a mulher, assustando a menina pela a primeira vez. – Essa não é a primeira vez que você some e aparece, depois de horas, com as roupas sujas de terra. Você é uma moça de onze anos! Você não tem mais idade para ficar se sujando atoa!

Madalena silenciou-se quando viu que a menina sequer olhava para o seu rosto, então uma pontada de culpa se alojou em seu coração, pois por mais que estivesse irritada e preocupada com o sumiço da garota, gritar aos setes ventos não traria juízo para sua filha. Tratou de caminhar para a cozinha para tomar uma xícara de chá, a fim de se acalmar.

A sala de estar ficou silenciosa, e Mackenzie não queria fazer o favor de quebrar esse precioso silêncio. Estava cansada, e tudo o que mais queria naquele momento era um banho, e talvez um dos biscoitos de doce de leite, que a sua mãe de vez em quando fazia nas tardes.

O som da companhia tomou conta de seus ouvidos, e logo sua mãe apareceu para atender. Entretanto, Mackenzie sequer tinha levantado da cadeira, ainda estava pensando na conversa que tivera mais cedo com a Deusa.

— Posso ir para o meu quarto? – Perguntou Mack, ainda olhando para o seu colo. Ham estava sentando em seu ombro esquerdo, ouvindo e assistindo toda a cena. Alegrou-se um pouco quando se lembrou de que a fada tinha autorização da Deusa mãe para acompanhar-lhe em sua jornada.

— Pode sim, depois eu termino essa conversa com você. – Madalena respondeu, recebendo um aceno de cabeça como resposta.

Rapidamente, Mackenzie tratou de levantar e correr escada á cima em direção ao seu quarto, a fada segurava fortemente em seus ombros enquanto dava alta gargalhadas, ouvidas somente pela a sua escolhida.

— Pois não? – Perguntou sua mãe para o homem do outro lado da porta. Facilmente ela reconheceu-o, graças aos cabelos loiros e os inconfundíveis olhos castanhos, era o guarda que havia trazido Mackenzie mais cedo.

— Desculpe-me pelo o incomodo – Disse policial, com um jeito sem graça e envergonhado. – Espero que eu não tenha chegado em péssima hora, já que vocês estavam ocupadas.

— Eu não vou mentir, agradeço aos céus por você ter aparecido nessa hora. – Madalena soltou uma risada sem graça e perguntava a si mesma se tinha passado dos limites ou não.

— Eu gostaria de conversar com os responsáveis de Mackenzie, sobre um assunto que, provavelmente a senhora me expulsará de sua casa aos tapas.

A mulher arqueou a sobrancelha. Que tipo de polêmica tem nessa conversa a ponto de deixar o homem sem graça?

— O que aconteceu? É algo relacionado com o acontecimento de mais cedo? – Perguntou a preocupada mulher. – Entre!

O homem adentrou a casa, ainda procurando as palavras certas para aquele momento. Realmente, o ministério cometeu um grande erro em escolher Christopher Fawley para anunciar a existência de magia para os trouxas, já que o homem era alguém descontraído e com palavras diretas, sem dúvidas que Fawley sentia-se mais à vontade em seu trabalho de auror.

No pequeno quarto médio da casa, Mackenzie e Ham tentavam ouvir a conversa vindo do primeiro andar. Mackenzie tinha certeza que ele era o mensageiro mencionado pela a Deusa, já Ham não tinha tanta certeza assim. Sempre desconfiada demais.

— Você está viajando - Disse Mack para as provocações da fada. - Eu nunca vi policial puxando assunto igual que ele fez.

— E o que você sabe de delegacia e essas burocracias? Pelo o que você me contou, sequer deve prestar atenção na aula da sua escola. – Rebateu a fada com os braços cruzados.

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— Ah, cale a boca – A garota afastou a fada da porta com um simples balançar de mão e então voltou a prestar atenção na conversa de sua mãe com o oficial Fawley.

Ham ainda estava com dificuldade de acreditar que o mensageiro chegaria naquele dia, justamente no último dia de Agosto. Se não fosse pela a profecia da Deusa, a fada sequer acreditava que a garota embarcaria para a escola de magia ainda naquele ano.

— Não dá para ouvir direito! - Reclamou a fada.

— Você queria o que? Não para de bater asas.

— Bem, se eu ficar andando por ai, certeza que você iria me esmagar com esse seu pé de ogro.

— Meu pé não é grande, você que é exageradamente pequena, um alfinete pra você dá para ser usado de espada.

— O que você está querendo insinuar?

– Silêncio, eles começaram a chegar na parte importante.

— Parte importante só na sua cabeça.

— Que tal você fazer algo de útil e ir bisbilhotar a conversa alheia lá embaixo? Apenas eu posso te ver quando você está como fada.

— Eles não podem me ver, mas ainda podem ouvir. Você não acha que eles não vão ouvir minhas asas? Eu não vou ser confundida com um inseto e muito menos ser estapeada como se eu fosse um!

Mackenzie revirou os olhos com a infantilidade de Ham. Porém, tinha que concordar que talvez a fada tinha razão, ela apenas não tinha que saber disso.

— Assim que você descer, é só ir se sentar, simplesmente! – Mackenzie suspirou, em uma tentativa de tentar se acalmar.

— Tudo bem, com você é mandona! – Disse a fada com as bochechas extremamente vermelhas, voltando a voar de volta para a pequena sala.

Christopher se impressionou com a casa que a mulher morava. Por fora, parecia um local abandonado e sem vida, mas por dentro era um local incrivelmente decorado, a mulher tinha bom olho para decoração.

Assim que a fada os avistou sentados no sofá, tratou de sentar-se na pilha de revistas que tinha na mesa de centro.

— Eu juro que estou me esforçando para tentar de entender, senhor. – Disse Madalena olhando para ele com o resquício de risada surgindo em seus lábios.

A fada encontrava-se igual a mulher. Se não tivesse tido uma breve discussão com Mack, talvez saberia do que o assunto se tratava.

— Olha, eu sei que pode parecer loucura. Eu mesmo pensaria que seria loucura se eu estivesse no seu lugar, mas eu preciso que você acredite nisso. Meu nome é Christopher Fawley, e eu não sou um policial, e sim um auror.

Madalena o olhou com a sobrancelha arqueada e dessa vez deboche surgindo no seu olhar. Sentia-se dividida entre desconfiar do cara ou dançar ao ritmo da música.

— Sério, eu ainda não compreendo. - Respondeu por fim.

— Aurores são uma versão de policial do meu mundo, e Mackenzie faz parte dele.

— Você acabou de passar em um limite, meu caro amigo. - Madalena levantou-se do sofá e voltou para a cozinha para pegar mais uma xícara de chá. - Você quer alguma bebida?

— Não, obrigado.

Ham sentia-se cada vez mais entediada, sua vontade era de cochilar ali mesmo, porém estava ali com um objetivo, e sentia a necessidade de obedecê-lo. Suspirou, olhando para suas curtas unhas, imitando as garotas dos filmes que havia visto que passava numa das lojas de televisão.

— Como eu havia dito, aurores são como os policiais no mundo bruxo. O meu mundo, e o mundo que também pertence a Mackenzie. – Repetiu assim que a mulher voltou a sentar-se ao seu lado, começou a sentir o mais idiota da face da terra graças ao olhar debochado que continuava no rosto da mulher,

— Escute aqui rapaz, eu agradeço por ter ajudado a encontrar a minha filha, e não encare o que eu vou falar como uma ofensa, eu apenas não quero gastar a minha tarde com essas brincadeira. – Respondeu Madalena, por fim.

Christopher suspirou, vendo que não tinha outro jeito de fazer a mulher acreditar em sua palavra, puxou a sua varinha de dentro da bota, já que costumava guardá-la entre sua perna e a meia grossa. Sua varinha era ótima para defesa, feita de salgueiro e pelo de unicórnio, porém para Madalena sua varinha não passava de um pedaço de madeira com 38 cm.

— Vejo que eu te ofendi.

Christopher fez um movimento com a varinha e os vidros da sala quebrara-sem se exitar, e com um outro movimento eles voltaram a ser o que eram antes. Madalena ficou sem reação com o que acabara de acontecer. Rapidamente a fada tratou de voar para o quarto de Mackenzie.

— Que barulho foi esse? – Mackenzie perguntou, deixando de lado a sua boneca de pano que ganhou no seu aniversário de cinco anos.

— Você estava certa! É ele! É ele! – Gritava a fada entusiasmada, quase se desequilibrou quando começara a balançar os minúsculos braços.

— Eu avisei! – Disse Mackenzie, sem evitar de dá cinco pulos de excitação. – Mas é um pouco tarde, não é? As aula já começam amanhã, e eu não tenho nenhum material!

Mackenzie sentou-se no macio coxão, talvez ainda tivesse materiais usado nas prateleiras das lojas pronto para serem usados novamente.

— Se eu fosse você iria tomar um banho, e pensar depois! – Disse a fada com os braços cruzados e o nariz empinado. Mackenzie deu leve risadas, e concentrando no seu cheiro, percebeu que a fada estava certa.

— Tudo bem! – Resmungou levantando-se da cama. Pegou a sua toalha verde de algodão, que ficava pendurado ao lado da porta do banheiro. Caminhou para dentro do cômodo, e resolveu relaxar.