Zugzwang
Capitulo 2
– Por que? Não tinha que manter minha rotina?
– Sim, mas do hotel. - JJ passou o braço pelo seu ombro, confortando ela. - Se o suspeito resolver mudar seu método, seria fácil ele entrar aqui.
– Ok. - Charlie falou e Morgan se levantou.
– Eu e Reid vamos falar com os pais das outras vítimas. Certo, garotão? - o moreno riu e Spencer assentiu para as duas mulheres a sua frente, com um sorriso tímido e se dirigiu para fora do apartamento, sendo seguido por Blake.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!– Vou providenciar um quarto pra você. - informou-a.
– E o dinheiro? - Charlie já estava quase paranoica achando que não conseguiria pagar as próprias contas.
– O FBI paga. - Alex piscou para ela e sorriu, saindo do apartamento com os outros dois agentes.
– Vamos. - JJ esfregou a mão no ombro da garota e a guiou até o quarto. - Vou te ajudar a arrumar suas coisas.
Charlie não recebia pessoas naquela casa por um bom tempo. A última pessoa além dela e de sua irmã a pisar ali fora Rick, o namorado da Frances. Parecia bom mudar um pouco as coisas. A agente Jennifer Jareau, como havia se apresentado, dobrava algumas blusas como sua mãe costumava fazer.
– Você é mãe? - perguntou após um tempo, percebendo o cuidado da agente com suas coisas e JJ assentiu, sorrindo.
– Henry tem quase cinco anos. É a criança mais linda do mundo.
– Todas as mães dizem isso. - brincou Charlie.
– Verdade, quem sou eu para dizer isso? - riu ela. E fechou uma mochila dela, vendo uns três livros lá dentro. – Você e Spence tem muito em comum.
– Ele parece legal - comentou ela, como se não ligasse muito, o que era verdade. - Matt era muito parecido com ele. No jeito de falar, se vestir...
– Spencer é uma das pessoas mais inteligentes que conheço, se não a mais.
– Não duvido. - ela fechou o armário e colocou a mala preta no chão. - Acha que vou ficar muito tempo?
– Não sei dizer. Uma semana, duas no máximo. O suspeito demorou esse tempo para sequestrar a irmã mais velha durante esses trÊs anos em que o crime se repete.
– Acha que isso não estaria acontecendo se Matt não estivesse morto? Dr. Reid disse que ele procura quem passou por uma experiência...
– Não se culpe, Charlie. – a loira a interrompeu, sabendo que não faria bem a garota. - É só mais uma característica. Você não poderia ter feito nada.
– Obrigada, agente. – disse Charlie, se referindo a ajuda em arrumar suas coisas. Pegou a mochila e a mala, mas a agente pegou a mochila.
– Me chame de JJ. – sorriu e as duas desceram, entrando em um dos carros pretos.
–--------X--------
– Ok, então o que eu devo fazer? Digo, vou viver em um hotel pela próxima semana e agir normalmente?
– Basicamente. – Morgan sorriu - Estaremos com você o tempo todo e qualquer pessoa suspeita nós iremos dar um jeito, certo?
– Ok.
– Você não parece muito convencida.
– É porque eu não estou. – a resposta os surpreendeu - O FBI entra na minha casa, eu faço minhas malas sem questionar muita coisa e por algum motivo eu não to achando isso muito estranho, o que mostra que tem algo estranho. - Charlie falou muito rápido, como se tivesse segurado desde que chegaram naquele café. - Desculpa, eu...
– Tudo bem, Charlie. - Morgan sorriu. - É muita coisa, ahn?
Charlie levantou as sobrancelhas em resposta, como dizendo "você acha?", fazendo-o rir um pouco.
– Não tem nenhuma chance de Frances estar viva ainda, né? - ela perguntou cautelosa, para nenhum daqueles agentes em especial. Eles estavam agora em uma cafeteria próxima ao hotel onde se hospedaram. Deduziram que café a acalmava, o que, ironicamente, era verdade. Era um dia com sol, mas ainda frio. Os óculos escuros de Charlie estavam na mesa, próximos de sua caneca quase vazia de um expresso duplo. O sol que batia em seu rosto, vindo da janela ao seu lado, fazia seus olhos azuis ficarem de um tom azul marinho quase claro, o que deixava quase impossível para Spencer não olhá-los.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!– Quase 10%. - ele falou finalmente. Estavam Reid, Morgan, Charlie, JJ e Blake em uma das mesas da cafeteria. Havia um piano mais para o fundo do lugar, junto com uma prateleira com algumas revistas e livros, e Charlie imaginou que a noite aquele lugar deveria ser fantástico. Música, pessoas lendo em umas poltronas que ficavam próximas ao instrumento e amigos se reunindo. Há quanto tempo não se encontrava com os colegas da faculdade? Eles diziam que ela estava ficando paranoica e que não daria nada pagar suas contas um ou dois dias atrasada. Mas ela não podia se dar esse luxo. Saia da faculdade, almoçava correndo e passava o resto da tarde trabalhando como secretaria em uma clínica hospitalar da cidade. Quando chegava em casa, Frances já havia jantando e ficava no quatro, fazendo sabe-se lá o que, o que dava a Charlie tempo e silêncio para revisar as matérias das aulas.
– Charlie, vamos deixar você no hotel e gostaríamos de falar com o namorado da Frances. - JJ falou cautelosa depois de lançar um olhar de reprovação à Spencer. - Tem o telefone dele?
A garota deixou a caneca na mesa e assentiu, pegando o celular no bolso da calça jeans, desbloqueando a tela e entregando para JJ, que enviou o número do rapaz para seu celular, pedindo para Garcia achar os endereços em que ele poderia estar, em seguida.
Os agentes e Charlie pagaram suas contas e começaram a andar em direção ao hotel. Ela já estava ficando meio irritada com toda aquela proteção. Sabia que tinha um maníaco atrás dela, mas ele não iria sequestrá-la enquando atravessava uma rua.
– O que você deveria estar fazendo agora na sua rotina normal? – perguntou Blake, parando em frente a porta do hotel.
– Deveria ficar em casa o dia inteiro. Não saio nos finais de semana. – ela respondeu mexendo nas mãos.
– O suspeito vai perceber. Tem paciência para analisar suas vítimas o ano inteiro. – Reid comentou, mas entregou a Charlie a chave do seu quarto.
– JJ e Reid vão falar com o Rick – Morgan disse, vendo o nome do ex de Frances no celular. – Eu e Blake vamos ver as famílias das outras vítimas. Hotch e Rossi estão falando com os polícias da cidade.
– Qualquer coisa iremos entrar em contado com você. Coloquei os nossos números no seu celular, você sabe... - JJ se virou para Charlie e sorriu. A garota passou grande parte da tarde no quarto, lendo e ouvindo musica.
–------x------
– E então? – Reid entrou na sala, colocando seu copo de café na mesa.
– Nada. - JJ maneou a cabeça. - Nervoso, como é esperado. Parece que não sabe por que está aqui.
– Não notou o desaparecimento de Frances? - Reid agora também analisava o garoto pelo vidro falso. Ele parecia uma sósia de Kurt Cobain, com os cabelos compridos parecendo sujos, camisa xadrez e jeans desbotados.
– Fiz perguntas mais pessoais, como família. - informou. - Ele disse que estava com fome, então pedi um lanche qualquer para ele.
– Ganhar confiança. - Reid assentiu. - Vamos interrogá-lo quando ele acabar.
Da outra sala, o garoto balançou o copo de plástico, vendo se havia mais refrigerante e foi quando JJ entrou na sala.
– Então... Há quanto tempo conhece Frances? – perguntou.
– Uns três anos. Começamos a namorar ano passado. - ele respondeu juntando as sobrancelhas. - Por que? Tá tudo bem com ela?
Seu tom parecia realmente preocupado. JJ se arrumou na cadeira.
– Ela desapareceu. Foi sequestrada. - Rick encarava a agente quase boquiaberto, sem querer acreditar naquilo.
– Como... Quando?
– Logo depois que vocês discutiram no shopping. Charlie me contou que vocês haviam brigado.
– Aquela vadia disse que fui eu?!
– Ei! - a loira levantou as mãos, pedindo para ele se acalmar. - Charlie só me contou sobre o que conversou nas últimas horas que passou com a irmã. - Rick balançou a cabeça, se acalmando. – Lembra se Frances saiu com alguém do shopping?
– Não sei... Eu estava muito irritado. Só levantei da mesa e sai andando.
– Por que brigaram?
– Ela era muito ciumenta e... - ele engoliu em seco - Meu Deus... A última cosia que eu disse pra ela foi... Meu Deus...!
– Eu sinto muito, Rick, mas eu preciso que você me ajude, ok? - ela sorriu minimamente para ele, que assentiu. - Vocês estavam falando muito alto? Alguém poderia escutar sobre o que falavam?
– Na verdade não. A gente é... Era. - ele segurou as lágrimas que ameaçavam cair. - Éramos discretos e estávamos naquelas mesas mais isoladas, não dava para ouvir a não ser que realmente estivesse prestando atenção.
– Ok. Obrigada, Rick. - JJ se levantou e voltou para a sala, onde Spencer parecia que filtrava cada palavra do garoto. - Ele não está em condições de falar nada agora.
Spencer assentiu e começou a andar pela sala gesticulando sozinho.
– Por que ele xingou Charlie? - perguntou.
– Ela disse que não se davam bem, lembra?
– Sim, eu lembro. Mas ele parecia muito irritado quando você mencionou o nome dela.
– Pelo jeito implicavam de verdade um com o outro.
– JJ, vou tentar falar com ele. - Spencer olhou pelo vidro. - Vai ver ele se lembra de algo.
– Agora? Tem certeza?
– É melhor, com os sentimentos à flor da pele.
– Cada um tem seu método. – a loira deu de ombros e se sentou em uma das cadeiras, enquanto Spencer saia da sala.
Rick franziu o cenho, segurando o riso, como se zombasse de Spencer quando ele entrou na sala.
– Oi. – ele se sentou. – Sou Dr. Reid...
– Dr.? – Rick riu abertamente, fazendo o agente olhar para os lados, como se controlasse a raiva, mas não demonstrou nada.
– Quantos anos você tem?
– 17. – Rick cruzou as mãos em cima da mesa. – Por que isso é importante, doutor?
– Nada. – Spencer o encarou por um momento. – Talvez você se lembre de algo, mas seu cérebro apenas bloqueou, talvez você...
– E como eu deveria lembrar, doutor? – ele sorriu sarcástico e na outra sala, JJ só queria espancar aquele garoto.
– Agradeceria se você não usasse esse tom. – Spencer sorriu. – Feche seus olhos, assim fica mais fácil de lembrar qualquer detalhe.
– Ok. – Rick revirou os olhos antes de fechá-los.
– Como estava o tempo quando chegaram?
– Frio, como hoje. Quando cheguei no shopping, Frances estava sentada em uma das mesas isoladas. Lembrei de agradecê-la mentalmente por ter esse senso.
– Enquanto conversavam, percebeu se alguém demonstrava um interesse a mais?
– Não. Mas... Tinham uns caras em umas mesas mais pra trás da gente. Eu conseguia ouvir eles rindo e eu tenho quase certeza de que um se levantou depois que eu saí. Devia ter uns vinte anos.
Spencer olhou para trás, onde tudo o que conseguia ver era seu reflexo e o de Rick, mas sabia que JJ estava vendo e lhe lançou um olhar confidente.
– Pode descrevê-lo? – perguntou cauteloso.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!– Não sei... – Rick mexia constantemente nas mãos e parecia que rodava um anel que não estava em seu dedo. - Quando estava saindo eu me virei para olhar pra Frances e só consegui ver o cabelo do cara que estava conversando com ela.
– Como era?
– Preto. Quase nos ombros. Usava um jeans escuro. – ele abriu os olhos, e lágrimas caíram sem ele conseguir impedir, fazendo-o limpá-las rapidamente. – É só isso que eu me lembro.
– Obrigado, Rick. – Spencer se levantou e saiu da sala, entrando na outra, onde JJ agora respirava nervosa.
– E agora? – ela perguntou. – Pedimos para Garcia procurar cada garoto de cabelo preto na casa dos vinte?
Spencer iria responder como não seria tão difícil caso usasse as palavras-chave corretas, mas foi interrompido pela mensagem de Rossi no seu celular.
– Conseguiram o vídeo da câmera de segurança do shopping. – informou-a – Acho que seria útil se Charlie olhasse, talvez reconheça o suspeito.
– Ok. – JJ assentiu pegando sua bolsa e entregando para Spence seu copo de café. – Passamos no hotel e vamos direto para o shopping.
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