— Você precisa mesmo de toda essa expansividade, Usoratonkashi? — acabei por não aguentar, quando recebi do loiro mais um tapa na cara porque o mesmo não conseguia parar quieto enquanto conversava com o Sabaku, que estava sentado na frente dele.

— Oras, desculpe, mas talvez se você não invadisse o meu espaço eu não esbarraria em você tantas vezes! — ele retrucou com os seus olhos azuis demonstrando irritação. Como se eu fosse culpado de alguma coisa!

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— Não estou invadindo nada! Você é tão estúpido que ainda não entendeu? As mesas são em duplas! Elas estão juntas! O seu espaço não envolve o arredor da sua mesa porque a droga da minha mesa está nele!

— Desculpe, Naruto, mas o Uchiha tem um ponto nessa. — o ruivo da frente falou.

O outro abriu a boca para responder, mas foi interrompido pela professora entrando na sala. Seus olhos logo se viraram em nossa direção e nós dois engolimos em seco. Ela sorriu e continuou seu caminho até a própria mesa.

Suspiramos em uníssono e eu revirei os olhos.

Aquilo já estava ficando ridículo.

Aquele inferno havia começado na primeira semana de aula.

Em resumo, eu e aquela coisa loira entramos na mesma turma, nos conhecemos e logo de cara percebi que a sua existência tinha sido feita pra perturbar a minha. Porém, ao mesmo tempo, todos os nossos professores pareceram ter armado um complô contra mim, porque eles decidiram que os lugares seriam marcados e que nós íamos sentar juntos. E, como se não bastasse, os grupos de todos os trabalhos seriam as nossas duplas de mesa.

Nós dois apenas concordávamos em um ponto: tínhamos que dar um jeito de mudar de dupla. Mas nossos planos nunca deram certo e já estamos no meio de agosto.

Nós tentamos tudo: mudar de lugar nos intervalos, separar as mesas, arranjar brigas para que eles nos separassem (se bem que essa parte não foi exatamente planejada) mas parecia que cada tentativa apenas os fazia insistir nisso com mais vontade.

Suspirei ao receber uma bolinha de papel na têmpora e lutei para não perder a calma de novo. Sabia por experiências anteriores que os professores nos passavam trabalhos extras se eles achassem que estávamos brigando demais.

Sério, eu já tinha até feito amizade com a Dona Kushina e o Sr. Minato — ainda não entendo como eles tiveram um filho assim — e ele já entrava lá em casa largando as coisas em qualquer canto e indo abraçar a minha mãe. Isso quando não ia pro quarto do Itachi e ficava lá conversando com ele — também não entendo como minha família diz que gosta do Naruto.

Certa vez ele dormiu lá em casa, porque começou a chover muito forte e a minha mãe ficou preocupada. Ela me obrigou a dormir no futon enquanto o Naruto ficava na minha cama, mas quando eu acordei no meio da noite, tinha um dobe no meu futon me usando como travesseiro.

Acho que foi a única vez que o vi quieto e sereno. Seus cabelos se espalhavam bagunçados em meu peito, e ele ostentava um pequeno sorriso. Descobri naquele dia que ele tinha medo de trovões.

Houveram várias outras ocasiões em que tive a oportunidade (fui obrigado) de conhecer mais coisas sobre ele. Seu amor por lamén; sua paixonite platônica pela garota Haruno; sua lerdeza por não perceber que a tímida Hyuuga gostava dele (mas essa não me surpreendeu nem um pouco); seu gosto por animes e mangás e seu empenho em tentar sempre ao máximo todas as coisas, tanto aquelas em que era bom quanto as que ele era péssimo.

Eu estaria mentindo se dissesse que não encontrei nenhuma qualidade nele nesse quase um ano que forçadamente passamos juntos. O modo como ele defendia as coisas em que acreditava, seus olhos brilhavam e seu sorriso poderia servir como um ótimo argumento. Porém......

— Eu não entendo, teme... — ele cochichou me despertando do devaneio — Como a Sakura-chan pode gostar de alguém como você?

Percebi que ele olhava para a de cabelos rosas enquanto falava. Suspirei exasperado.

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— Naruto, estamos no meio da aula. Cale a boca, estou tentando prestar atenção. É uma matéria importante.

— Não, sério — ele me ignorou categoricamente — 'Tá que você tem essa pinta de galã e coisa e tal, mas eu sou muito mais legal!

— Naruto...

— Você fica só aí todo "ah, eu sou bonito! Veja como meus cabelos são sedosos e brilhantes e fazem todos sentirem vontade de acariciar! Veja como meus olhos exalam mistério! Blá-blá-blá"

— Dobe, eu estou avisando…

— Mas eu sou divertido e carismático com as pessoas! Por que elas preferem essa bunda de pato que tem na sua cabeça?!

E então, de alguma forma, eu estava de pé e por algum motivo, eu tinha agarrado o seu uniforme e o puxado para um beijo.

Inacreditável.

Estúpido.

Completa e absolutamente sem sentido.

Maravilhoso.

Olhei para a sua cara embasbacada quando sentei de volta pro meu lugar. Ele sentou também e ficou encarando a própria mesa, bastante corado. Passei os olhos a minha volta e apenas notei que a professora parecia quase a beira de lágrimas e tinha um sorriso tão grande no rosto que eu senti medo dela ter pensado no pior castigo possível, como, sei lá, passar uma semana preso com algemas a esse estorvo. Porém, ela se limitou a continuar sorrindo e voltou a explicar o que estava explicando antes dessa cena toda.

Parece que eu finalmente arranjei um modo de conseguir fazer o Naruto ficar quieto e não ser punido. Ou melhor, ao que parece, ainda tenho a aprovação dos superiores.

É, acho que existem métodos piores, posso lidar com isso.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.