Scott estacionou o carro em frente a casa da Katie, desde que ele havia me tirado da escola, eu não havia conseguido dizer qualquer outra palavra. Ele entendeu e respeitou.

Eu estava totalmente vaga, minha mente me fazia escutar dezenas de vezes as palavras do Tommy, tentei recusa acreditar, mas ele havia confirmado.

Tommy me disse, ele realmente estava com a Lucy.

Depois de tudo o que aconteceu entre nós dois, obvio que não foi muita coisa pra ele porque se fosse, ele não tinha ficado com ela.

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Eu era uma burra.

Tommy me usou. – E era exatamente assim que eu me sentia, usada!

— Charlie? – Scott me chamou cuidadosamente.

— Me desculpa por isso. – disse, minha voz estava falha. – Obrigada por me trazer aqui Scott! – falei tirando o sinto de segurança e abri a porta.

— Calma... – Scott falou rápido, sua mão alcançou a porta, e ele a fechou novamente. – Me preocupo com você, Charlie...

— Eu sei. – disse, virei meu rosto limpando as lágrimas.

— Ei...? – Scott pegou no meu queixo e me fez olha-lo. – Me conta o que aconteceu?

— Não posso.

— Foi ele, não foi? – Scott controlava o máximo seu tom de raiva, mas seus olhos revelavam tudo.

— Por favor Scott, preciso ir... – falei. – Obrigada por tudo. – forcei um sorriso, mas uma lágrima desceu, Scott a olhou, e depois olhou em meus olhos.

— Ele nunca vai te merecer Charlie! – abri a porta e sai do carro.

Scott foi embora enquanto eu caminhava lentamente até a porta da casa da Katie. – As lágrimas desciam, simplesmente desciam, eu sentia meu mundo desabar. Meu coração estava partido. Poderia sentir os cacos querendo atravessar meu peito.

Ela atendeu a porta, Katie me olhou assustada.

— O que foi? – perguntou nervosa. – Charlie?

Desabei em seus braços, me deixei chorar, me deixei gritar, me deixei sentir dor, porque tudo aquilo estava acontecendo? Eu me sentia tão traída.

— O Tommy... – disse com a voz fraca, Katie havia me conduzido até seu quarto. – Ele me traiu com a Lucy.

— Não pode ser! – Katie ficou indignada – Charlie, deve haver algum engano...

— Não tem engano! – falei – Ele me contou.

Contei tudo a ela, as lágrimas haviam sessado – apesar de que as vezes eu ainda queria chorar – Katie me abraçou muitas vezes, me escutou e disse que tudo aquilo passaria. Mas ainda assim ela não acreditava.

De certa forma, nem eu.

(...)

Abri a porta de casa, já se passavam das oito da noite – passei muito tempo na casa da Katie, ela até me convidou para passar a noite, mas tudo o que eu queria era a minha cama.

— Onde você estava? – Cody se levantou do sofá, seu rosto mostrava que estava com raiva. Ele achava que eu estava com Tommy.

— Na casa da Katie. – olhei para Jas no sofá, ela nos observava.

— Na casa da Katie? – Cody repetiu deixando óbvio que ele não acreditava em mim.

— Sim. – fui em direção as escadas e comecei a subir.

— Você estava com ele! – Cody gritou – Charlie!

— Me deixa em paz! – falei baixo, mas cortante, friamente. – Não tenho tempo pra vocês!

Entrei em meu quarto e fechei a porta, estava escuro, larguei a mochila em qualquer lugar, me sentei na cama, fechei meus olhos e soltei um longo suspiro.

Batidas na porta me fizeram enxugar uma lágrima que queria descer.

Não respondi – não queria ser incomodada por mais lições de moral do Cody e escutar como Jas estava ao seu lado.

— Posso? – escutei sua doce voz perguntando.

— Não! – respondi, mas mesmo assim Jas ligou a luz e entrou em meu quarto, eu permaneci de olhos fechados.

— O que aconteceu? – indagou preocupada. – Char..?

— Porque você não sai daqui? – falei abrindo os olhos olhando para ela.

Eu estava tão cansada, e não queria ouvir um “eu avisei”, não queria escutar como meu irmão tinha razão. Como ele sempre esteve certo.

— Eu te conheço, sei que não está bem, você pode me contar.

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— Mas eu não quero! – gritei. – Mandei você sai daqui!

— Charlie. – Jas me olhou sem entender – O que eu fiz?

— Deixou de ser minha amiga! – falei. – Se é que um dia você foi! Não é?! Sempre foi pelo Cody, sempre foi porque você tinha uma paixãozinha por ele!

— Nunca foi por isso! Charlie, eu sempre fui sua amiga! – lágrimas se formaram em seus olhos.

— Você deixou de ser quando não esteve ao meu lado no momento que eu mais precisei! – falei sentindo que iria chorar. – Vai embora!

— Eu.. Charlie... Me perdoa. – Jas falou entre lágrimas. – Não sabia que tinha te machucado, eu só queria te proteger!

— Não quero sua proteção! Quero distância de você. – fui até a porta e abri – Sai.

Narrado por Tommy.

Cheguei em casa por volta de umas nove horas, passei horas dirigindo. Achei que me ajudaria a não pensar no erro que cometi.

Eu havia mentido, machucado e supostamente, na cabeça da Charlie eu tinha a “traído”. – Minha covardia em contar sobre a aposta agora só me fez empurrar uma bola de neve ainda maior.

— Droga!

Meu alívio em ver a casa vazia me fez fazer algo que eu não fazia a tempos, fui até o escritório do meu pai e peguei uma garrafa de whisky. Comecei a beber.

Pensei no rosto dela, em como ela me olhou com mágoa. A forma que ela saiu daquela sala. Charlie nunca me perdoaria.

A campanhinha tocou – fui até a porta e abri com a garrafa ainda na mão.

— Você? – falei e dei as costas a loira que estava a minha porta com uma expressão de fúria.

— O que você fez seu idiota? – Katie indagou irritada.

Dei mais um cole na garrafa e ofereci a ela.

— Me da essa merda aqui! – Katie disse, e eu dei a garrafa achando que ela iria beber, mas ao invés disso colocou em cima da mesa que havia na sala. – Vamos conversar, sério!

— Ela já te contou? – dei um sorriso sem ânimo, me sentei no sofá e coloquei meu rosto sobre minhas mãos.

— Ela chegou devastada na minha porta! Que história é essa com a Lucy? Isso é mentira não é?!

— Claro que é! – respondi ainda de cabeça baixa.

— Como isso foi acontecer? – Katie perguntou nervosa.

— Noah contou a Lucy, aquele desgraçado! – a raiva começava a subir.

— Conte a verdade a Charlie! – Katie falou. – já chega de mentiras, ela merece saber. E se vocês acabarem, que seja pela verdade!

— Não posso! – levantei a cabeça e a olhei.

— Por quê? – Katie me olhou furiosa.

— Ela ameaçou contar a todos sobre a aposta! Eu não poderia deixar todo mundo saber disso! Já imaginou como a Charlie ficaria?! As pessoas são cruéis, Katie.

— Eu sei. – Katie disse me encarando. – Estou olhando pra uma delas.

Suas palavras me atingiram com força. Me senti triste, e isso era estranho, porque eu havia criado uma proteção, mas agora eu estava desarmado, Charlie me desarmou, e Katie havia me jogado na realidade. – Eu fui cruel, fui sujo, e eu a usei, não me importei. Ela nunca me perdoaria.

— Eu vou embora. – ela foi em direção a porta, peguei a garrafa e joguei contra a parede oposta, antes de sai, Katie se virou assustada, mas depois sua expressão se normalizou. – Se é assim que você quer resolver as coisas, então boa sorte! – ela bateu a porta.

Bebi mais. – Eu já não estava me aguentando em pé. Tinha vidro por toda a sala da garrafa quebrada. – Olhava para aqueles cacos, me sentia como parte de um deles.

— A meu Deus! – minha mãe entrou pela porta. Havia me esquecido que ela voltaria hoje. – O que houve? Tommy!

— Nada. – tentei levantar mas cai no sofá.

— Ainda bem que sei pai não está aqui! – disse triste e se aproximou de mim, abaixei minha cabeça, fitei o chão e senti algo molhado escorrer pela minha bochecha. – O houve querido? – perguntou paciente, como ela conseguia ser essa mulher doce? – Tommy? – sua mão foi até meu rosto e ela o levantou me fazendo olhar em seus olhos azuis, tão cansados, mas ainda lindos. – Está chorando meu amor? Quanto tempo não o vejo chorar? Você sempre foi tão forte! Algo horrível deve ter acontecido... Me diga o que foi...

— Eu machuquei a Charlie. – disse olhando-a, mamãe sorriu triste.

— Aqui? – ela apontou para o meu coração. Eu afirmei que sim. – Sempre soube... Um dia você também descobriria.

— O que mãe?

— Que você a amava. Eu sempre soube. – ela sorriu.

— Não faz diferença, ela me odeia agora.

— Isso não foi o que você sempre achou? – minha mãe me fitou. – Se vocês se amam querido, isso tudo vai passar, mas não o amor, ele nunca passará. Você a ama não é?!

— Eu a amo. – engoli em seco. Era estranho dizer que eu a amava, era estranho me sentir tão quebrado. – Eu amo a Charlie.