Capítulo 4

Terminaram um beijo e ele reuniu ar e coragem:

– Eu te amo.

– Já? – Ela soltou uma risadinha.

– Não... Faz um tempo, e te trazer nessa viagem sempre foi com segundas intenções. – Ele sorriu safado.

– Ei! Bom, eu devo dizer que você tem me tirado o sono há um tempo... Lanie que o diga.

– E porque você não falou antes?

– Eu não ia falar! Pra mim, seu tipo é modelo, magricela, loira aguada e sem cérebro. Porque você não falou nada?

– Porque pra mim, seu tipo é inteligente, sério, com um corte moderno de cabelo.

– Da onde tirou isso?

– Sei lá.

– A verdade é que...

– Meu tipo é você. – Eles falaram juntos e riram envergonhados.

– Desde quando eu tenho te tirado o sono?

– Não se ache, por favor! – Ela riu. – Desde quando ficamos presos naquele congelador gigantesco. Eu percebi que não estava com medo, porque você estava ali, assim como em todos os outros momentos que quase testaram nossas vidas. E quando você falou que ia ficar longe do distrito, no dia primeiro de abril, foi tão real e eu acreditei, e não conseguia aceitar aquilo. Quando você se foi, eu só conseguia pensar em você. Eu te amo.

– Acho que já te conheço suficiente bem... Sei que você gosta do Metallica, toma uma taça de vinho toda quinta feira a noite e ama café descafeinado com baunilha e sem açúcar. Agora você tem uma escolha a fazer, pode sair daqui sendo minha companheira de crimes ou como minha namorada...

Beckett não conteve a gargalhada. Ela realmente amava aquele escritor de olhos claros que fazia piada com tudo o que pudesse, mas que tomou conta de cada pedaço dela. Beijaram-se no meio de “Soldier of Love”, justamente a música preferida da banda de Beckett, e talvez agora ela dividisse o pódio sua paixão por Metallica com Pearl Jam. Ficaram ali, ora agitando com as músicas, ora beijando-se e aproveitando o primeiro dos muitos momentos que passariam juntos.

Lay down your arms and surrender to me

Oh lay down your arms and love me peacefully.