Capítulo 7

Anna saiu da classe, e logo em seguida sentiu uma mão bater em seu ombro.

– E aí? Arrasou lendo o texto.
– Ah, James. Obrigada. Melhor aula que tivemos até então.- disse, caminhando pelos corredores.
– Mal vejo a hora de irmos à biblioteca. Você ainda quer ir, não é?- perguntou o menino.
– Sim, apesar da ideia de Luke ir junto ser perturbadora.- respondeu. De fato, a presença de Luke era desconfortável. Mas Anna sentiu que não podia culpá-lo. Não foi com a cara do garoto, e deixou isso bem claro para ele logo de primeira. E também não fora nenhum pouco agradável.
– Ele não vai te incomodar. Acho que não te falei. Disse para Melissa, mas Luke é meu colega de quarto.
– Pena de você.
– Ele me disse que, mesmo sendo o deslocado na família, fazia sucesso entre as garotas.
– É, bem que notei que Melissa e ele se darão bem. Acho que ele a conquistou com a piada do Luke Skywalker.
– Talvez. Ei, espera. Que aula é agora?- perguntou James, ao ver que ele e Anna estavam sozinhos em um dos corredores.
– Não sei. Cadê o pessoal?- perguntara Anna, tentando esconder seu pequeno desespero.
Estavam perdidos.

– Que bosta!- disse James.
– Shiiu! Falar palavrão em voz alta é uma bela maneira de nos denunciar!- Anna repreendeu-o.- Teremos de agir com calma. Okay?- perguntou.
– Okay. E como vamos 'agir com calma'?
– Vamos procurar o diretor da escola. Ele pode nos guiar até a sala. Não devemos ser os primeiros alunos a se perder.
– E onde fica a sala do diretor?- perguntou James.
– E eu tenho cara de quem sabe?- perguntou Anna, sarcásticamente.
– Foi você quem falou!- defendeu-se James.
– Tá. Vou entrar nessa sala, inventar uma desculpa esfarrapada, e tirar a gente dessa situação. Espere.- Anna o instruiu. James concordou, encostou-se na parede, e sentou-se calado.
Anna foi até a sala mais próxima, bateu na porta e ouviu a voz conhecida de um professor.
– QUEM É O INFELIZ QUE BATEU NA PORTA?!?- berrou.
Era Sr.Heyman.
'Ferrou. Vou morrer. Ou pior, ser expulsa. Vão me mandar para casa.' pensou Anna desesperada. Ela rapidamente saiu de perto da porta, agarrou o pulso de James, que já havia se levantado, e correu o mais longe possível.
– Ai, ai, ai! Anna, tá apertando uma veia! Solta!- ele falou, tentando soltar o pulso, mas Anna o segurava com tanta força que não conseguira. Ao chegar perto do banheiro feminino, Anna soltou James rapidamente.
– Qual...é...o...seu...problema?!- perguntou ofegante.
– Era...o Sr. Heyman. Teriamos...sido mortos. Ou pior, expulsos.- disse, ofegante como o outro.
– Você...precisa...rever...as prioridades!
– Vamos entrar.- disse, apontando para o banheiro.
– Que?! Não!
– Sim. Podemos falar tranquilos.- explicou Anna, abrindo a porta, puxando James pelo pulso novamente.
– Por que gosta tanto de agarrar meu pulso?- perguntou ele, quando entraram.
– Porque sim. Desculpe se te machuquei.
– Tudo bem. Qual seu plano?- perguntou James.
– Bem, primeiramente seria procurar um professor, dar uma desculpa esfarrapada para descobrir onde é a sala do diretor, explicar a situação em que nos metemos, e ele nos levaria para a aula. Bem, já perdemos essa. Mas a próxima, acho que dá para pegar.- explicara Anna.
– Tá bem. Mas...
James fora interrompido pelo som da porta abrindo. Anna novamente pegou seu pulso e o levou para dentro de um box.
– Silêncio. Se nos descobrirem, estaremos encrencados.- sussurou Anna, no tom mais baixo possível.
James assentiu, e eles tentaram fazer o maior silêncio de todos.
No lado de fora do box, havia uma conversa entre duas mulheres.
– Você está sabendo da ultíma?- perguntou uma voz, que Anna suspeitara ser de uma professora.
– Não. O quê?- disse outra voz.
– Uma aluna do quarto ano. Karoline Fulxy.
– Ah sim. Conheço ela.
– Então. Sua colega de quarto, uma de suas melhorem amigas também, disse que ela desapareceu durante a noite.
– Minha Nossa! Como isso aconteceu? Supreme Academy tem medidas de segurança extremamente rígidas.
– Eu sei. Ela veio para a escola e tudo mais. Há registros de que ela esteve aqui ontem a noite. Mas sumiu durante a noite.
– O caso chegou ao diretor?
– Com certeza. Sua colega, Amy Domphson o informou assim que notara que a outra não aparecera em nenhuma das aulas do dia. Contando o fato dela não ter a encontrado em seu quarto ou durante o café da manhã.
– Que horrível!
Anna olhara para James. Sabia que o amigo pensara na mesma coisa que ela. Ao ouvir o som da porta se abrir novamente, e depois se fechar, Anna abriu a porta do box e saiu, puxando James pelo pulso novamente.
– Você definitivamente adora meu pulso.- brincou. - Aquelas duas vieram ao banheiro só para fofocar?
– Sim. Fazemos isso.
– Cara, banheiro é lugar para fazer outras coisas. Não para fofocar.
– Ouviu o que elas disseram? Uma menina sumiu. Tenho certeza de que os Exedentes estão relacionados.- disse, ignorando o amigo.
– Você nem sabe o que são eles.
– Mas sei que são nossos inimigos. Pode apostar que estou certa.
– Olha, o caso é estranho. Mas o diretor cuidará disso. Nós somos alunos do primeiro ano! Há uma semana nem sabiamos que tinhamos poderes!
– Olha, você faz o que quiser. Mas eu sei que tem alguma coisa errada. E vou descobrir.
O sinal batera. Agora achariam o caminho de volta. Anna pegou o pulso de James, mas o garoto soltou e pegou o pulso de Anna, levando-a até o mesmo box que se esconderam antes.
– Que foi? Por que não saimos?- perguntou Anna.
– Se nos verem aqui, vão nos expulsar. Senta. Você pode enganá-los.
Anna se sentou na privada.
– Por que você não senta?
– Seus pés são delicados. Eu sou o pé grande em pessoa. Tenho 13 anos e calço 43.
– Nossa.- disse Anna. A menina,que agora já ouvia muitas vozes altas, fez um sinal de silêncio para James.
Deveriam ter se passado cerca de 5 minutos até todos que usavam o banheiro saírem. Anna e James só sairam depois disso.
Anna viu Melissa andando perto da porta, e se apressou para alcançar a amiga.
– Ei! Melissa! Espera!- disse Anna, cutucando seu ombro.
– Anna? James? Onde estavam?!- perguntou a menina, soando frenética.
– Nos perdemos. Nós estavamos conversando quando saímos da aula. Estavamos distraídos e nos perdemos.- explicou-se James.
– Não! Jura?- disse Melissa, sarcástica.- Perderam as ultímas aulas do dia. Vão se encrencar.
– QUÊ?! Pensamos que fosse só uma! Não ouvimos o sinal!- falou Anna, desesperada.
– Deveriam estar distraídos. Mas eu passo as lições para vocês. E explico o que perderam. Foi muita coisa.
– Não! Temos a biblioteca! E uma coisa muitíssimo importante para dizer! Devemos ir à biblioteca!- gritou Anna. Melissa precisava entender. Ela e James precisavam entender. A biblioteca era uma obrigação para Anna. Iria lá mesmo que fosse com a companhia de Luke.
– Anna, temos muita lição para o primeiro de aula. E é tudo para amanhã!- explicou-se Melissa.
– Que horas são? Ainda dá tempo?
– Hora do almoço.
– Dá tempo, Mel!
– 1. Não me chame assim. 2. Dá tempo, sei disso. Mas a quantidade de matéria é enorme. Sem contar que a biblioteca só abre depois do almoço.
– Dane-se a lição. Isso é mais importante.- Anna pegou Melissa e James pelo pulso os levou até o canto da parede. Ela contou a Melissa tudo o que ouvira no banheiro.
– Mas, acha que os Exedentes, seja lá o que eles sejam, sequestraram essa menina?- indagou Melissa, parecendo realmente curiosa.
– Sim. Só pode.
– Ahh, fala sério! Você apoia a Anna?- perguntou James, indignado.
–Sim, apoio. Ela tem razão. Podemos investigar ou no mínimo pesquisar. Você topa ir com a gente? Vai ser para valer, James. Não leve o Luke. Ele vai deixar Anna irritada.
'Obrigada!' pensou Anna.
James pareceu pensativo por um tempo.
– Olha, não precisamos da sua autorização para irmos. Queremos sua companhia.- falou Melissa.
James, que estava pensativo, pareceu convencido pela última frase de Melissa.
– Sim, topo.
– Ótimo. Na biblioteca, depois do almoço.- confirmou Melissa.
Por fora poderia não parecer, mas por dentro Anna sentia-se inteiramente satisfeita consigo mesma.