Simples

Capítulo Único - Simples Momentos


Eles eram tão diferentes, tão opostos um do outro, que chamavam atenção por onde andavam, a diferença em tudo era gritante. Eles chamavam muita atenção. Era impossível não olhar.

Um, era baixinho e carismático, sempre com um sorriso gentil no rosto, disposto a ajudar quem precisava.

O outro, era alto e enigmático, sempre com a típica cara "poker face" e "não ligo para nada", que trazia um certo receio às pessoas, para se aproximarem de si.

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Mas Escorpião, apesar da cara de "não ligo para nada", ligava sim.

Ele ligava, por exemplo, quando ele e Peixes iam a sorveteria para o baixinho tomar um milkshake de morango que ele tanto gostava.

Se sentavam em uma mesa na qual eles poderiam ver as pessoas passando nas ruas, observavam, soltavam algum comentário ou riam de pessoas que corriam, atrasadas pro trabalho, de algumas outras, que pareciam perdidas com a agitação da cidade grande, e algumas até usavam 'adereços' estranhos, faziam isso, e de vez em quando Peixes comentava algo sobre "Aquário estar conversando muito com Sagitário" ou "Acho que vou comprar uma bóia nova" e Escorpião soltava algo como "Achei um livro muito bom" e "Virgem está mais calmo do que de costume".

Coisas do cotiadiano. Mas eles se importavam com esse momento que tinham, esse pequeno momento de uma felicidade plena que sentia quando estavam juntos.

Ligava, quando ouvia as batidas na porta do seu quarto, perto da meia-noite. Ele dava um pequeno sorriso de satisfação, que, se você não observase direito ou o conhecesse bem, pensaria que era uma miragem, uma ilusão, mas estava lá, pequeno, raro, e somente para Peixes. Se levantaria para abrir a porta, sabendo quem era. Os passos, ecoando pelo assoalho, no pequeno caminho até a porta, abria-a, e, logo, sentia um pequeno par da braços calorosos em volta de si, ele fechava a porta e iam para a cama dele, entre tropeços por estarem abraçados, sem querer se soltar. Se deitavam, Peixes agarrado a Escorpião, com a cabeça no peito dele e suas pernas enroscadas entre as dele, Escorpião puxava a coberta para cobri-los.

Eles ficavam assim, em silêncio, agarradinhos, aproveitando o calor humano um do outro, sem precisar de palavras ou muitas coisas, uma vez ou outra era um encostar de lábios que acontecia, as vezes, mãos se esbarravam e se entrelaçavam, outras, leves carícias eram feitas, na curva da cintura, no rosto, no braço...

Era cômodo para eles apenas apreciar a presença um do outro. Ficar, apenas ficar, sentir o outro ali, amando-o sem precisar de palavras.

E depois de um tempo, eles dormiam, tão plenos, se sentindo tão preenchidos, sabendo que, amavam, e eram retribuídos com a mesma (e até mais!) intensidade.

As palavras, serviriam para o outro dia.

A noite, eram apenas eles dois, e o palpável amor que eles sentiam um pelo outro.

Escorpião, também ligava quando Peixes queria cozinhar algo novo e precisava (queria) da sua ajuda, e ele, ia de bom grado. Mãos bobas aqui e ali, um ingrediente roubado e um beijo, um pouco de farinha no avental de um, massa no de outro, algum líquido não identificado no dos dois, e a receita pronta.

As vezes, o prato não ficava bom, eles simplesmente se encaravam, depois de provar. Peixes era o primeiro a falar, triste.

"Não deu certo dessa vez"

E então era vez de Escorpião, em consolo.

"Tentamos de novo na próxima" prometia "Você quer sair pra comer?" e logo após, fazia o convite.

Peixes sorria, feliz, balançava a cabeça, e então, eles arrumavam a cozinha com a mesma empolgação de que fizeram a comida. Pratos eram lavados, risadas ecoavam, o chão era varrido, um beijo era roubado, a pia era limpa, e eles saíam.

Estava tudo bem não ter dado certo, eles não acertariam sempre, mas só a experiência de ter feito tudo lhes fazia feliz. O contato e a cumplicidade que tiveram para fazer tudo.

Em outras, o prato dava certo, eles simplesmente se encaravam, depois de provar, mas Peixes tinha um sorriso no rosto ao falar.

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"Ficou ótimo!" ele ria e pegava mais um pouco, Escorpião fazia o mesmo, e falava depois:

"Ficou. Temos que fazer mais vezes" concordava.

Comiam com gosto o que quer fosse que preparavam, conversavam, sentados na bancada de mármore. Um prato, duas colheres e dois copos com algum líquido. Suco, água, refrigerante. Risadas e bocas se mexendo, seja beijando, ou falando.
Depois, arrumavam a cozinha, pratos eram lavados, alguém comentava algo, a mesa era limpa, as risadas ecoavam, os ingredientes eram guardados, um beijo era dado, e eles iam fazer alguma coisa. As vezes, faziam a tal coisa juntos, ou cada um seguia seu rumo, porque eles não precisavam estar o tempo todo juntos, mas gostavam de passar o tempo todo juntos. De vez em quando, um mandava uma mensagem pro outro do tipo: "Áries e Sagitário estão brigando aqui na sala", outras, "Seminário de faculdade é um saco", coisas simples. Mas que tanto Escorpião quanto Peixes ligavam.

Exatamente porque eram simples. Escorpião gostava do silêncio, de paz. Ele sentia paz quando estava com Peixes, mas não apreciava tanto o silêncio em sua companhia, não tanto quanto a voz do outro, contando alguma coisa que tinha acontecido, ou rindo sobre algum vídeo idiota do grupo do aplicativo de mensagens instantâneas.
Peixes não precisava ficar calado para agradá-lo.

Assim como Escorpião não precisava ajudar todo mundo, como ele, e andar sempre com um sorriso no rosto, por aí, somente porque Peixes achava que "Sua carranca afasta as pessoas", Escorpião balançava a cabeça, quando ele dizia isso, com um sorrisinho, e apertava a mão pequena, branquinha e quente, que estava entrelaçada com a sua. E Peixes, retornava a dizer:

"Você poderia botar um sorriso no rosto... Você fica mais bonito quando sorri" e dava uma coradinha irritantemente fofa.

"E você poderia parar de ser tão gentil, é irritante como você atrai a atenção das pessoas com esse sorriso" reclamava, afinal, Peixes era só seu, o sorriso que atraia tanta atenção estava incluso no pacote. E era só seu.

Peixes ria com o ciúmes dele, e dava um sorriso brilhante, que fazia Escorpião bufar, e então, os dois desistiam.

Porque, afinal, eram as características do caráter e da personalidade deles que fazia um amar o outro, as particularidades que um tinha que o fazia especial, como, por exemplo, Peixes sorria, ria, gargalhava, e era tudo realidade. Ele sorria por dentro e por fora. Escorpião, já não gostava de demonstrar tanto sentimento assim, se ele estivesse sorrindo por dentro e ele soubesse disso, bem, já era o suficiente. Ele não precisava estar sorrindo por fora para estar realmente feliz...

Mas, bem, agora seus sorrisos, por menores que fossem, eram mais frequentes.

E vocês já devem saber o motivo dele.

Os momentos, não acabariam tão cedo para esses dois, continuariam acontecendo, rápidos como um beijo, ou longos como a noite, um quarto, roupas no chão e gemidos abafados. Poderiam ser simples como um toque de mãos acidental ou extravagantes como um pedido de casamento.
Mas seriam momentos, momentos que eles gostariam que fossem eternos, mas não são, mas que eles o fariam, eterno enquanto durar.

"O amor é abstrato demais, e indiscernível. Ele depende de nós, de como nós o percebemos e vivemos. Se nós não existissemos, ele não existiria. E nós somos tão inconstantes... Então, o amor não pode não o ser também. O amor se inflama, morre, se quebra, nos destroça, se reanima... nos reanima. O amor talvez não seja eterno, mas a nós ele torna eternos... Para além da nossa morte, o amor que nós despertamos, continua a seguir o seu caminho"
Azul é a Cor Mais Quente, Julie Maroh.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.