I've Got You Under My Skin

NÃO USE O CELULAR!


— Querida! Trago boas notícias! – Afrodite entrou na sala, enquanto eu e Charles comíamos nosso café da manhã. Lá vem...

— Ótimo! Estamos precisando de coisas boas por aqui... – respondi, interrompendo minha refeição. Era melhor me preparar.

— Adivinha só qual foi a Deusa linda e maravilhosa que arranjou uma casa de praia para vocês dois?

— Não sei... Atena? – talvez provocá-la não fosse a ideia mais sensata.

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— Engraçadinha. – jogou o cabelo para o lado, e juro que Charles acompanhou o seu movimento. Homens... – Não, querida, fui eu! Vocês vão passar o ano novo numa praia paradisíaca! Isso não é o máximo?

— Ahn... Oi? – deixei minha tigela de cereal de lado. – Com que dinheiro?

— Ora, isso é apenas um detalhe! Já está tudo preparado! Inclusive, aqui estão as passagens. – me entregou um envelope. – Vocês vão partir amanhã bem cedo. Primeira classe, viu?

— Uou. Nem sei o que dizer. – isso é o que eu chamo de presente.

— É só agradecer, meu amor. Ah, é um lugar tão lindo! Vocês vão amar!

— Onde fica?

— No Havaí. Prefiro o Tahiti, mas é pouco longe demais...

— Está ótimo, perfeito! – eu poderia pegar um bronzeado!

— Sim, sim! E vão ficar numa casa de praia ma-ra-vi-lho-sa. Vai ser bom para o treinamento de vocês. – deu um sorrisinho suspeito. – Emma, querida, será que podemos falar em particular?

Nós suas subimos para o meu sótão, e ela se sentou na minha cama. Pelo jeito, toda essa viagem teria um preço. Sempre tinha.

— Desembucha, Afrodite.

— Olha, você sabe que você é minha filha de Apolo favorita, não é?

— Sou a filha de Apolo favorita de todo mundo. – onde estava minha humildade? Debaixo do tapete. – Fala logo. O que eu vou ter que fazer pra conseguir essa viagem?

— Nada demais. – pelo seu tom, SERIA demais. – É que eu gostaria de ver algumas cenas românticas, sabe?

— O máximo que posso fazer por você é um beijo.

— Vai precisar de mais do que um beijo pra me convencer. – analisou suas unhas. – Eu quero algo mais profundo, mais intimo...

— O quê?

— Quero que você transe com Charles. – já devia imaginar.

— Mas nem pensar! Eu mal me recuperei de minha amnésia!

— Exatamente! Você não pôde aproveitar a experiência, pois não se lembra! – e desta vez, foi categórica. – Se você não aceitar minha proposta, pode esquecer! Não vai aproveitar o sol do Havaí tão cedo!

— Mas... Eu quero ficar bronzeada. – será que estava sendo infantil demais?

— É tudo ou nada, querida. Você decide. – pegou um espelhinho em sua bolsa. – Vou retocar a maquiagem. Tem dois minutos para escolher.

Muito bem, Emma, seja racional. Veja os prós e os contras; eu iria para uma ilha paradisíaca, voo de primeira classe, casa de praia, sol, paz e tranquilidade. Porém, teria que dormir com Charles. E se ele recusasse?

— Mas, Afrodite, eu estaria traindo Hermes.

— Vocês dois mantêm uma amizade colorida, não é? – disse, enquanto colocava seu rímel. – É uma relação aberta; pode continuar saindo com outros rapazes.

— Mas... Não há outra coisa que eu possa fazer? Sei lá, qualquer coisa...

— Não, não e não. Você tem que transar com ele. – guardou toda a sua parafernália de beleza. – Se quiser escolher outro nome, tudo bem; sexo, amor, oba-oba, afogar o ganso, molhar o biscoito... Não importa. Ah, o seu tempo acabou.

— Ah, não! Mas eu ainda não me decidi!

— É tudo ou nada, Emma! Eu já te disse! – se levantou de repente. – Te dou mais três segundos. Um... Dois...

— Tá, tá! Eu durmo com ele! – as palavras saíram, e nem tive tempo de pensar.

— Promete pelo rio Estige?

— Prometo.

— Então está tudo pronto! – deu palminhas alegres. – Não vai se arrepender, meu amor! Suas roupas novas já estão na mala. Eu mesma escolhi cada biquíni. Boa sorte!

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E evaporou, me deixando com a pulga atrás da orelha. Será que eu tinha feito uma boa escolha?

.

— E aí, o que ela queria? – Charles perguntou, quando eu desci para a sala.

— Nada demais. – é claro que eu não iria contar para ele. Pelo menos, não agora... – Acho melhor começar a fazer as malas, viu?

— Tá, tudo bem. Eu acho que estou mesmo precisando tomar um sol. – ri, vendo sua pele pálida.

— Se você acha, eu tenho certeza. Você está da cor do papel.

— Rá rá, sua engraçadinha. – fez uma careta. – E eu vou poder exibir esse meu corpinho na praia. Vai ser uma beleza!

— Eu também, mal posso esperar! Faz tanto tempo que não vou a praia... – ele corou, e fiquei curiosa. – Que foi?

— Nada não. – apesar de estar mentindo, preferi não insistir; talvez fosse uma coisa pessoal. – Vamos treinar lá no Havaí?

— Mas é claro que sim! Vai ser fantástico! Se você errar um golpe, é só te jogar no mar.

— Ei, você é uma professora bem malvada! Ainda bem que não é filha de Poseidon...

— Pois saiba que ele me adora! Já batemos altos papos, viu? – era verdade; até me mandou uma cantada quando foi visitar o Acampamento.

— Estou em desvantagem! Isso não é justo!

— A vida não é justa. – me joguei no sofá. – Mas me diz, qual foi sua arma preferida? A partir de hoje, vamos só treinar a que você mais gostou.

— Ahn... Hm... Na verdade... – começou a gaguejar. – Eu gostei do arco.

— Jura? – será que tinha alguma coisa diferente por trás de sua escolha? – Isso é inesperado. Normalmente só os filhos de Apolo se interessam.

— É, eu até gostei. Você mata o inimigo e ele nem percebe. – fingiu que ia atingir a TV com uma flecha. – Bem legal.

— Eu sei, bem prático. – franzi o cenho. – Tudo bem, então. Vou arranjar uma mala para os alvos.

— Espera aí... Como você vai levar tudo isso? A polícia vai acabar te prendendo! – menino inocente, coitado...

— Eles iriam me prender, SE vissem as armas. Provavelmente vão achar que são brinquedos ou algo do tipo. – ele fez uma cara de “Ah, entendi”. – Agora, vê se acha alguma coisa que preste na TV que eu vou fazer chocolate quente.

.

Na manhã seguinte, acordamos bem cedo pra sair de casa. Vesti uma roupa quentinha, coloquei um cachecol grosso no meu pescoço e saí para as ruas geladas de Nova York. Nós dois teríamos que ir de metrô mesmo, mas a estação ficava bem longe de casa.

— Nossa, que deserto. – comentei, chutando uma pedrinha no chão. – Nem está tão cedo assim.

— Emma, são 5h da manhã. É MUITO cedo.

— Mas dizem que Nova York é a cidade que nunca dorme, né?

— Depende. Aqui no subúrbio é assim mesmo. – ele falava olhando para alguma coisa dentro de seu casaco, e supus que deveria ser um livro. – Todos por aqui estão cansados demais para pensar em fazer festa.

Continuamos andando, e fui ficando cansada. O frio estava congelante, e a neve caia impiedosamente sobre nós. Droga, deveria ter colocado um segundo casaco. Enquanto pensava em pegar um outro cachecol na mala, ouvi um rosnado.

— Ei, isso foi você? – perguntei para Charles.

— Não, eu não. Pensei que tivesse sido você.

— Desde quando eu rosno? – franzi o cenho ao escutar o som novamente. – Isso está ficando estranho. Será que...

Ia terminar minha frase, mas fiquei sem palavras ao ver um cão infernal gigante atrás de nós. Mas o que poderia ter atraído aquele monstro enorme? Seus dentes afiados me assustaram, mas peguei meu arco na mochila rapidamente.

— Charles, corre. – falei baixinho. – Vai para a estação e me espera lá.

— O que foi? – ele se virou, e quando viu o mesmo que eu, arregalou os olhos. – O. Que. É. Isso?

— Não dá tempo pra explicar. CORRE!

Antes de sair tropeçando, deixou cair alguma coisa no chão. Pensei que fosse o tal livro, mas vi que era um celular. EU NÃO TINHA DITO PARA AQUELE IMBECIL NÃO USAR MAIS ESSA PORCARIA?!

— Charles! Você me paga!

E comecei a atirar flechas contra o monstro.