How We Used To Be

The Phone Call


“Hello, It’s me”

Ela sentiu as lágrimas caírem dos olhos, não podia fazer nada, a dor a consumia. Fechou os olhos, tentou normalizar a respiração, bebericou do vinho tinto e fungou, enquanto ouvia o telefone tocar pela quinta vez aquela manhã. De vez em quando, ela escutava a voz doce dele falando, a voz cansada de tanto tentar fazer contato e nunca ser atendida. Vez ou outra, ele deixava um recado na caixa eletrônica.
Mesmo depois de 7 anos sem o ver, ela ainda podia lembrar dos seus olhos azuis quando fechava seus próprios olhos. Ainda podia sentir os beijos doces, as mãos dele passeando por toda a extensão de seu corpo... Ela até podia criar a fantasia de que ele ainda estava ali, de que seu Robin, nunca havia a abandonado.
As memórias frescas da pequena vida que os dois compartilharam se fazia presente. Se lembrou de tantas vezes em que ele a amparou, que ele acreditou nela quando ninguém mais o fez. Regina se lembrou de como ele a reergueu e a tornou uma pessoa melhor. De como ele não julgou o passado da Rainha Má, e a viu somente como Regina.
Ela sorriu e tomou mais um gole da bebida.
Riu amargamente, ria da sua própria desgraça, da ironia da vida. Ela tinha sonhado tantas vezes com a possibilidade de um final feliz, sonhou errado. Perdeu o primeiro amor... Perdeu a chance de ter uma criança no futuro. Matou aos milhares, e ela gostava. Ela sorria para as carnes queimando nos vários ataques que ela fez as vilas da Floresta Encantada. Sorria para o desespero das crianças, para os gritos das reles mulheres, e as tentativas falhas de seus maridos vil ao tentarem salvá-las. Ela acabou com tantas vidas, e agora... Agora a dela estava arruinada. Embora já estivesse há muito tempo.
Robin foi um pequeno lampejo de luz, em meio a todas as trevas. Roland... Como a prefeita sentia falta daquele menino, que em pouco tempo, conquistou seu coração por completo.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

"I was wondering If after all these years you’d like to me, to go over everything...”

Ela o amava, nunca imaginou que poderia tanto amar alguém, nunca pensou que amar pudesse machucar tanto. O telefone tocou pela sexta vez, ela deixou tocar. Mais uma vez, a voz de Robin se fez presente.
“Regina? Quando ouvir essa ligação... Me liga, por favor.”
Regina engoliu todo o líquido vermelho que estava na taça, ergueu o objeto e tacou no espelho da parede de sua sala. O mesmo, se dividiu em vários pedaços. Ela olhou o próprio reflexo, cansado e sem vida. Andou até os cacos de vidro, os saltos fazendo um barulho irritante quando entrava em contato com os pedaços estilhaçados. A mulher se olhou naquele último pedaço, ainda pregado na parede. Viu uma lágrima descendo involuntariamente, e a secou rispidamente. Com um leve acenar das mãos, chamas apareceram na mesma e foram atiradas contra a parede. Agora, ela podia se ver em chamas.
Se aproximou do fogo, e começou a limpar a maquiagem manchada de lágrimas.
Regina mudou de direção, e se dirigiu até o sofá, aonde seu casaco estava apoiado. Ela o colocou sobre o corpo, e pegou também a bolsa, colocando o celular lá dentro. Pegou as chaves de casa e se dirigiu para a porta de saída. Mas, não antes de lembrar de sua garrafa de vinho. Ela voltou por ela, e sem utilizar um copo, Regina virou a garrafa na boca, bebendo quase todo o conteúdo em meio minuto.
Deixou a garrafa quase seca no criado-mudo e depois saiu.

XXX

“At least I can see that I've tried, to tell you; I’m sorry for breaking your heart..."

Ela sabe que a decisão foi dela. Que ela deixou Robin partir com Marian e Roland. Deus sabe o quanto ela se arrepende. Regina inspirou o ar da floresta, lembrava bem do dia em que encontrou Robin no mesmo tronco de árvore que estava sentada agora.
Ela se permitiu chorar um pouco mais, precisava lavar a alma. Storybrooke não iria parar, a cidade precisava de sua prefeita, mas, agora, ela precisava do momento em que se encontrava. O choro aumentava a medida que o tempo passava. Regina abaixou a cabeça e as escondeu no meio das pernas, ficando naquela posição por um tempo indeterminado.
Ouviu passos, não se atreveu olhar para quem quer que fosse. Não queria que as pessoas a vissem chorando. Sentiu mãos acariciando suas costas, e logo depois, sentiu a pessoa sentar ao seu lado. Ela sabia exatamente quem era, o cheiro familiar chegava nela e inebriava os sentidos.
Ele acariciou as costas dela, a envolveu em um abraço, e logo depois, começou a depositar beijos no topo da cabeça de Regina. Ela ergueu a cabeça para encarar Robin, o olhou nos olhos, aqueles que ela tanto amava e que agora estavam sem vida.
— Como isso é possível? Como você chegou aqui? — Regina perguntou, um tanto surpresa, um tanto assustada.
— Não importa! O que importa é que eu estou aqui, com você. — ele sussurrou perto da boca dela, a fazendo ter pequenos calafrios por todo o corpo.
Robin a beijou, beijou levemente e devagar, como se fosse um modo de dizer “oi”. Regina se deixou levar por alguns segundos, deixou que Robin a beijasse, que enterrasse as mãos no seu cabelo e que ele a tomasse pela cintura, e se aconchegasse cada vez mais nela.
Ela deixou que ele fizesse tudo isso, exceto que ele, não era ele. Aquele não era o seu Robin, aquele não era o seu beijo, aquele não era a pessoa por quem ela esperou por tantos, e tantos anos.
Regina já havia se acostumado. Já sabia como sua mente podia lhe pregar peças, peças essas, que foram aprimoradas ao longo dos anos.
— Vamos para casa? — ela se enganou novamente, olhou para o rosto de Rick e viu Robin. Ela sorriu e acenou com a cabeça. Ele a ajudou a levantar, e circulou os braços ao redor de sua cintura. — Fiquei preocupado com você! Acredita que invadiram nossa casa? Eu morri de preocupação, meu amor! E porque você estava chorando?
Ela olhou para Robin e riu.
— Calma! Não é preciso tanto, querido. Eu só... Precisava espairecer...
Ele olhou para a namorada, sabia que a pressionar não daria em nada, então ambos seguiram caminho.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

“Hello from the outside”

O suor descia pelo rosto dela, os cabelos curtos pregavam em seu rosto e a respiração era quase escassa. Então, num impulso, ela saiu daquele sonho ruim. Olhou para o lado e viu Robin dormindo pacificamente, bem, o seu Robin, levantaria junto com ela, a abraçaria e iria ajudá-la a dormir novamente. O seu Robin tinha um sono leve.
Olhou para a escrivaninha, precisava de um copo d’água. Ela pegou o objeto e bebeu todo o líquido, em quanto tremia. Ela não se lembrava do sonho, mas tinha certeza que não conseguiria dormir novamente. De repente, um barulho estridente soou nos seus ouvidos, o telefone tocava. Ela não iria o ignorar de novo. Se enrolou com o lençol fino da cama, e saiu do quarto, logo dando de cara com as escadas e correndo, para o mais rápido possível, atender o telefone.
Ela chegou já sem fôlego, se moveu com maestria até a mesa, e observou o objeto que tocava. Hesitou em atender, mas precisava fazer aquilo.
Tirou o telefone do gancho e o levou até a orelha. Não ouviu um barulho sequer, apenas uma respiração rápida, que ela já não sabia se era a dele, ou a dela.
— Olá, como você está?

"They say that time's supposed to heal ya but I ain't done much healing"

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.