Remember me

Capitulo 16 - Desabafo


Desabafo

Não há nada que eu possa dizer para você

Nada que eu poderia fazer para te fazer enxergar

O que você significa para mim

Toda a dor, as lágrimas que eu chorei

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Ainda assim você nunca disse adeus e agora eu sei

O quão distante você está


Avril Lavigne – I Will Be

Definitivamente a comemoração de aniversario de Peeta não havia saído como esperávamos, pelo contrario, eu estava começando a desejar estar em qualquer outro lugar que não fosse naquele café, na presença de Gabbe e Peeta. Afinal, a cada minuto que se passava eu sentia o clima pesar mais. Estava claro que ninguém estava se sentindo confortável, principalmente eu em ter que ser obrigada a ficar observando contatos físicos entre os dois.

Gabbe parecia querer esfregar na minha cara que Peeta é dela. Fazia questão de segurá-lo, abraça-lo, tocá-lo e embora ela me tratasse com simpatia, até um tanto exagerada demais, o que me fazia supor que tudo não se passasse de fingimento, eu conseguia ver em seus olhos que ela me via como um utensilio, ela sentia raiva de mim, o que me deixava até um tanto surpresa por uma garota tão bonita e popular sentir-se insegura e ainda ver eu como uma possível rival.

Depois que saímos do café eu senti-me aliviada, achei que poderia ir embora com Gale, e deixa-los para trás, mas Gabbe fez questão de ir a livraria conosco, Peeta até aquele momento estava quieto e tirando a mim, parecia o mais incomodado em estar nessa situação, já que seu rosto parecia estar até mesmo tingido de tão vermelho.

Quando chegamos á livraria, Gale e eu nos afastamos para olhar os livros das estantes, eu já tinha passado o olho em três livros que havia gostado muito, virei para trás e olhei para Peeta e Gabbe, eles estavam parados no meio da livraria, de braços cruzados, como se estivessem em um lugar desconhecido, desagradável e principalmente que não gostam.

— Eles até que combinam muito, não acha? – perguntei, desapontada por perceber isso. – Pelo menos parecem ter gostos iguais... – acrescentei.

— Não se torture com isso... – Gale respondeu, depois voltou a prestar atenção nos livros.

Eu bufei e também comecei a observar os livros, meus olhos pararam no livro “Vampiratas”. Sorri, e depois voltei a olhar para Peeta e Gabbe.

— Peeta, eu acho que você ia gostar desse livro aqui! – eu disse num tom alto, para ele escutar, Peeta rapidamente se aproximou, enquanto eu pegava o livro..

Ele parou ao meu lado, e olhou para o livro da qual eu segurava.

— Vampiratas... Como será? – Peeta falou, e nós dois então começamos a ler a sinopse do livro.

O ano é 2505. Os oceanos se avolumaram e uma nova era de pirataria se inicia. Connor e Grace são gêmeos, e ficam órfãos depois da morte repentina do pai viúvo. Assustados, decidem fugir e enfrentar o mar, mas uma terrível tempestade os separa. Dois misteriosos navios rumam para o resgate – cada um encontra um dos gêmeos antes de desaparecer nas brumas. Connor está em um navio pirata e rapidamente se junta à tripulação. Grace vai parar em um navio que só desperta quando escurece. Trancada em uma cabine na qual velas se acendem sozinhas e refeições se materializam do nada, ela não demora a perceber que está no navio dos Vampiratas.

Após terminar de ler, olhei para Gabbe, percebi que ela olhava fixamente para nós, seus braços estavam cruzados e ela nos encarava, seriamente.

Engoli um seco e desviei o olhar rapidamente para Peeta também.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Eu vou ao banheiro, eu já volto! – respondi entregando o livro para Peeta, depois afastei-me rapidamente em direção ao banheiro.

Entrei nele, fui até a pia, tirei o óculos e lavei o meu rosto, observei-me por alguns segundos, a imagem de Gabbe me olhando surgiu na minha mente rapidamente como um flash, eu não sabia o porque, mas sentia-me culpada por isso, era como se eu estivesse atrapalhando o relacionamento deles, o que fazia-me sentir uma vilã e eu não gostava disso.

“Eu não sou assim, eu não sou!”.

Eu afirmei para mim mesma em pensamentos, enquanto secava meu rosto com o papel toalha, respirei fundo e então caminhei para fora do banheiro, eu estava decidida a puxar Gale e ir embora, deixando finalmente os dois a sós.

Mas logo que estava saindo pela porta, deparei-me com Gabbe, que estava parada bem na frente dela, nos encaramos e então desviei rapidamente o meu olhar para o chão.

— Você é bem amiga do Peeta não é? – ela perguntou, eu a olhei e percebi que ela sorria para mim.

— S-Sim, nos conhecemos já a um bom tempo! – respondi.

— Ahhh é impressão minha ou você gosta dele? – ela perguntou, mas não deu tempo nem para que eu respondesse. – Não, não ache que eu estou irritada com isso, é até bonitinho te ver toda encantada pelo meu namorado, só que eu estou com dó de você sabe, porque esses amores platônicos doem, não é?

— C-Como? – eu gaguejei.

— Ai querida, serio eu não quero destruir as suas ilusões, mas sabe vou te dar um conselho querida, não sonhe muito alto, garotos para você são do estilo daquele ali, pois vocês combinam sabe?... – e então ela apontou discretamente para um garoto baixo, magricela, de óculos fundo de garrafa. – Agora não do estilo do Peeta, ele serve para garotas como eu, não queira quebrar a regra queridinha, você pode se dar muito mal...

Eu engoli um seco e discordei com a cabeça. Tá legal era idiotice, mas aquelas palavras atingiram-me no fundo da alma, senti como se ela estivesse me jogando no chão e pisado em mim como se eu fosse um verme. Ela estava dizendo na minha cara que eu era muita pouca coisa para Peeta, e claro, havia pegado no meu ponto fraco. Eu senti muita vontade de chorar, as lágrimas já estavam brotando em meus olhos e me segurei e muito para não começar fazer isso na frente dela.

Engoli o choro, e me afastei sem dizer uma única palavra o mais rápido que consegui, passei por varias estantes até chegar onde Gale estava, por sorte ele estava bem afastado de Peeta, Peeta por incrível que pareça estava distraído com o livro “Vampiratas” e não me viu, e então aproveitei para puxar Gale pelo braço e tirá-lo da livraria.

— Aonde estamos indo? – ele perguntou, enquanto ainda era arrastado por mim.

— Para o mais longe o possível, não quero ficar mais nenhum minuto próximo deles! – respondi, e em passos largos nos afastamos da livraria.

###

Logicamente eu não quis contar o que aconteceu a Gale, na verdade eu não queria contar o que aconteceu a ninguém. Aquelas palavras embora tenham sido poucas, havia me machucado. Tudo bem, não era nenhum segredo para mim que Peeta e eu éramos opostos, mas doía ouvir dos outros que eu era muita pouca coisa, tanto, que nunca seria o suficiente para ele. Embora, no fundo eu já soubesse disso, era diferente de ter a realidade esfregada em seu rosto.

Eu evitei encontrar Peeta e Gabbe pelo centro, tentei ficar em lugares mais isolados com Gale, por sorte havia dado certo, mas infelizmente eu sabia que não conseguiria evita-los no ônibus, sentei-me no fundo com Gale, e tentei evitar o máximo possível olhá-los, minha cabeça encostou-se a janela do ônibus e fiquei observando o lado de fora, estava começando a chover.

Soltei um suspiro e fiquei observando a chuva, eu sempre gostei muito de admirá-la, olhá-la me fazia esquecer um pouco os problemas, sem falar que eu gostava do barulho dela, me acalmava, e naquele momento a única coisa que eu queria era não pensar.

Com os minutos se passando, mesmo não querendo eu acabei olhando para Peeta, ele estava acompanhado por Gabbe, mas os dois estavam calados, eles não estavam sentado muito longe de mim, o meu coração disparou acelerado, ao perceber que ele encarava-me fixamente.

###

I will be all that you want

And get myself together

'Cause you keep me from fallin' apart

All my life

I'll be with you forever

To get you through the day

And make everything okay

###

Ao chegar ao colégio, a única coisa que eu queria era ir para o meu dormitório, tomar um longo banho e jogar-me na cama, dormir e esquecer pelo menos por alguns minutos o que havia acontecido.

Eu havia pensado o caminho inteiro e já tinha tomado uma decisão referente a Peeta, mas eu estava decidida a não tomar nenhuma atitude naquele dia, o cansaço já havia me dominado. Assim como todos os demais alunos eu estava caminhando para meu dormitório, eu andava pelos corredores em passos apressados quando escutei a ultima voz que queria escutar naquele momento. Era ele: Peeta. Meu coração disparou no mesmo minuto, eu aumentei os passos e fingi não ter escutado, só que escutei ele me chamando novamente.

— Katniss, Katniss... – ele continuava me chamando, cada vez que ele falava meu nome, mais eu apressava os meus passos, mas infelizmente não foram o suficiente, ele me alcançou e puxou-me pelo braço, obrigando-me a virar para ele e encará-lo.

Quando os meus olhos pararam nos dele, eu percebi o quanto ele parecia estar confuso, nos encaramos por alguns segundos até que então desviei o olhar rapidamente, não queria encará-lo, doeria mais.

— Por que você foi embora? – ele perguntou. – Ainda mais daquele jeito, sem sequer se despedir, eu fiquei o resto da tarde te procurando... – ele perguntou, eu não voltei a olhá-lo, estava difícil encará-lo. Por que você está me evitando? É por causa da Gabbe? Eu juro que eu não queria que o passeio terminasse assim, eu...

— Peeta, chega! – eu o cortei agora olhando-o finalmente, ele então se calou e me olhou com as sobrancelhas franzidas, eu estava tão nervosa, que eu não conseguia mais me controlar. – Eu estou cansada disso tá legal... – eu acrescentei, suspirando e então passei a mão no cabelo, senti os meus olhos começarem a encher-se de lágrimas e segurei-as com todas as minhas forças. – Desde que te conheci, o que mais faço na minha vida é tentar ser sua amiga, tentei com todas as minhas forças e com minha alma ser uma boa amiga, fui compreensiva, te ajudei, sem pedir nada em troca, afinal, a sua felicidade já era o bastante para me deixar feliz, eu só queria, eu só desejava, que você gostasse pelo menos um pouquinho, pelo menos um décimo do que eu gosto de você.. . – algumas lágrimas caíram de meus olhos, e eu limpei-as rapidamente, já com vergonha de ter as soltado. – Eu só quis ser sua amiga e eu já estava conformada com isso, acredite se Gabbe fosse uma garota legal até que eu ficaria feliz por você, mas sinceramente, ela é muito maldosa! – discordei com a cabeça enquanto lembrava-me do que ela tinha me falado. Peeta olhava-me mais confuso do que antes, ele deu um passo em minha direção, mas eu rapidamente recuei para trás.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Katniss – ele disse, tentando me interromper, mas novamente eu o cortei.

— Não eu não estou dizendo isso para fazer você sentir-se mal por não gostar de mim como eu gosto de você, eu nunca faria isso, pois você não é obrigado a nada, você não é obrigado nem a falar comigo... – notei que ele discordou com a cabeça e mordeu os lábios num gesto nervoso. – Só que agora eu vejo que não dá mais Peeta, não, não é raiva por você estar namorando, não estou ressentida, não estou com dor de cotovelo, eu só vi que não dá mais para ser o que éramos, porque assim como você não é o Peeta de antes, eu também não sou a Katniss de antes, e principalmente agora não têm só nós dois, na verdade eu percebi que eu estou sobrando... – finalizei, sentindo mais algumas lágrimas caírem dos meus olhos, virei-me rapidamente de costas para ele, para ele não vê-las e também para não olhá-lo mais, sim eu não tinha mais coragem de olhá-lo, eu sabia que ele me enfraquecia, que era só ver aqueles olhos brilhantes para eu querer voltar atrás da minha decisão, eu sabia que não precisava muito para eu querer agarrá-lo, abraça-lo e não permitir que ele me soltasse mais, era fácil eu mudar de ideia e aceitar apenas ser amiga dele, somente para estar perto, somente para poder compartilhar menos que seja pouco, algumas horas da companhia dele.

E então para isso não acontecer eu fugi, sai correndo sem voltar a olhar para trás, corri pelos corredores feito uma louca, até chegar a porta que levava ao pátio da escola. Parei por alguns segundos, enquanto observava a chuva, ela havia aumentado, cruzei os braços, senti mais algumas lágrimas caírem e então eu sai para fora, sem me importar com ela. Comecei a caminhar pelo pátio vazio, em passos apressados, enquanto sentia a chuva cair com violência em mim, estremeci, aumentei meus passos, até então chegar atrás da escola. Eu sabia que era idiotice ficar no meio da chuva, mas eu não tinha para onde ir naquele momento, não queria ir para o meu quarto, pois se eu chegasse com emocional tão abalado, eu não conseguiria disfarçar e então eu teria que escutar as perguntas de Annie, e eu não queria falar. Eu não queria discutir, eu não queria fazer mais nada, a única coisa que eu queria no momento é ficar sozinha.

Encostei minha testa na parede da escola, fechei os olhos e permiti que mais algumas lágrimas caíssem e rolassem por minha face, definitivamente eram as lágrimas mais dolorosas de toda minha vida até aquele exato momento. Pois, para mim aquele seria o final de tudo, sim era assim que acabaria toda a história, tudo bem que não era a primeira vez que eu desistia de Peeta, mas dessa vez as coisas estavam sendo diferentes, eu falei coisas que achei que nunca teria coragem, sentenciei o final de nossa amizade. Doeria, e muito, mas meu coração já não aguentava mais, eu estava me machucando, está na hora de eu pensar um pouco mais em mim e tentar correr e fugir enquanto ainda dá tempo.

Abri os olhos enquanto via tudo embaçado, meus óculos estavam todo molhado, assim como eu, ainda chorando retirei-o do rosto e comecei a tentar limpá-lo, só que era uma tarefa complicada quando sua roupa também está toda molhada.

— Katniss... – escutei ele me chamar. No mesmo momento parei o que estava fazendo e fechei meus olhos enquanto meu coração disparava ainda mais, por alguns segundos eu achei que estava ficando maluca, que eu estava delirando tanto que até estava escutando a voz de Peeta me chamar. É, seria mais fácil eu estar delirando do que ele estar mesmo parado no meio da chuva me chamando. – Katniss... – novamente escutei, agora mais alto e mais próximo, virei para trás e então senti a respiração começar a falhar, era ele mesmo, ele estava parado, assim como eu no meio da chuva, todo molhado apenas alguns metros de distancia de mim.

Engoli um seco e dei alguns passos para trás, enquanto ainda meus olhos mantinham-se grudados em Peeta. Ele estava mesmo parado na minha frente? Eu estava ficando louca? Mas não, eu pisquei uma, duas, três vezes e ele continuava no mesmo lugar, me olhando bastante sério, com os olhos totalmente vermelhos, mesmo sem óculos, mesmo vendo meio embaçado, eu ainda conseguia ver que era ele, tão bonito todo molhado, tão bonito com aquela expressão séria. Respirei fundo, enquanto tentava formular algo em minha mente para começar a falar.

— Peeta... – eu iniciei, notei que a voz estava um pouco fraca. – Acho que eu já disse o que eu tinha para falar, eu sei que você não gosta de mim, tudo bem, eu entendo e não estou com raiva, não precisa vir até aqui para... – eu dizia, mas me calei ao ver que ele começou a se aproximar, tão rápido que não deu tempo nem de eu raciocinar, ele colocou os braços em volta de minha cintura e me conduziu até a parede, prensando-me nela, foi tão rápido que até me assustei, meus óculos escorregou de minha mão, caindo no chão, e assustada coloquei minhas mãos em seu ombro, nossos rostos estavam muito próximos, e ele estava tão sério que eu não conseguia compreender o que ele estava querendo.

Não deu tempo de eu falar mais nada, e ele também não preocupou-se em falar, a sua boca foi aproximando-se da minha, tão rápido que em poucos segundos aconteceu, estava difícil de raciocinar, tudo parecia um sonho, mas não, quando eu senti nossos lábios se tocarem pela primeira vez, vi o quanto a sensação era real, o que me fez ver que tudo era realidade, sim, Peeta Mellark estava me beijando pela primeira vez.

Continua...