A Escolhida

Cinco


Uchiha Sasuke

Era Ascendente: Dois de outubro de 1523, Sexta-feira

— Vossa Alteza, acho que o seu guarda está lhe chamando. — escuto Sakura dizer para mim.

Sempre tive conhecimento de que quando uma pessoa está mentindo, ela tem algum tipo de tique nervoso, e isso não fora diferente com a garota dos cabelos rosas. Ela olha rapidamente para baixo e aperta suas mãos em seu vestido, como se de repente estivesse desconfortável com eles.

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Tento ao máximo não demonstrar a raiva que cresce em meu peito. Sim, raiva. Sakura – aparentemente pela primeira vez – estava mentindo na minha frente. Na primeira vez em que nos vimos a analisei bem o suficiente para ter certeza de que ela queria ajudar-me, e parecia verídico. É claro que seus motivos são completamente desconhecidos por mim. Provavelmente algo idiota como conseguir poder, glória e riqueza. Não é apenas isso que as pessoas sem a verdadeira ganancia almejam?

Estreito os meus olhos para a garota, desconfiado de qual era o motivo daquilo, mas acabo assentindo.

— É, estou vendo. — o sarcasmo da minha voz é sutil. — Siga-me, Sakura, vou lhe mostrar o que havia dito.

Por cerca de meio segundo, observo a confusão no olhar da garota dos cabelos rosas, até que ela percebe o motivo da mentira.

— Mas já? — a voz da Yamanaka sai manhosa. — Depois apareça para conversar novamente comigo, Vossa Alteza.

Não respondo Ino, uma vez que a malícia implícita em suas palavras deixa-me levemente tenso. Vejo a reverência das duas loiras e limito-me a apenas virar as costas e ir em direção a um guarda qualquer com Sakura. Espero o tempo suficiente para ficarmos longe das duas – e de qualquer guarda – e paro bruscamente, fitando os olhos esmeraldas com uma certa desconfiança.

— Por que você fez isso? — indago sem delongas.

A Haruno dá um singelo repuxar dos lábios, formando um sorriso mínimo para mim. É evidente que eu a intimido, mas não me preocupo realmente com isso, afinal estou acostumado com as pessoas serem assim.

— Eu queria te ajudar... Vossa Alteza. — ela não olha diretamente para mim e tenho que dizer que isso é deveras irritante.

— Você não vai receber nada em troca. — acuso a garota, sentindo a raiva novamente dominar-me.

Não me dou o trabalho de esconder o estado de meu humor, até para ela ver que não estou de brincadeiras. Pouco importa a sua ajuda, tenho certeza que não fora por algum motivo nobre.

— Eu não quero nada em troca. — vejo uma pequena indignação em seu tom de voz? — Eu só queria reafirmar o que havia dito a Vossa Alteza ontem. Gostaria apenas de ajudar.

Ajudar? Por quê? Ninguém ajuda alguém com um status como o meu simplesmente porque é boazinha ou algo do tipo. Principalmente uma garota que está aqui com o intuito de ser minha esposa, afinal de contas, se ela não quisesse isso, poderia negar o chamado e continuar em seu distrito.

Confesso que fico surpreso, até porque eu não esperava essa conversa de novo, ainda mais quando deixei bem claro que eu não aprovara o seu intuito no dia anterior. Viro as costas e vou embora sem dizer nada.

A minha sorte é que ela não corre atrás.

.

.

Era Ascendente: Três de outubro de 1523, Sábado

— Sasuke... — algo em Naruto definitivamente está errado, porque ele nunca me chama pelo nome sem ter algum tipo de insulto no meio. — Qual é o seu problema?! Sinceramente... Ouso dizer — ousa? Naruto sempre ousa dizer besteiras, tsc. — que você é um completo babaca. — volta ao seu sorriso habitual com um resquício de zombaria. — Isso não é uma novidade para ninguém que o conhece, é claro.

O imbecil começa a rir como se fosse uma pessoa genuinamente engraçada, o que eu definitivamente não acho. Sei que sou um Uchiha, e sendo Uchiha não tenho um senso de humor alto, mas isso não implica que eu nunca fosse apreciar alguma piada. Aliás, a única piada que eu estou apreciando no momento é Naruto achar que faz piada.

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Estalo a língua, demonstrando desgosto para o comentário inútil do loiro, que não passa despercebido por ele. Infelizmente.

— Eu estou falando sério! — exclama com exasperação. — Francamente... A coitada da menina salva você puramente sem nada em troca e você ainda larga a coitada sozinha sem falar nada? Não é assim que você deve tratar uma pessoa altruísta!

Não pude deixar de rir em forma de escárnio com o comentário do Uzumaki. Eu não deveria mesmo ter contado a ele sobre o dia anterior.

— Altruísta? — digo em meio as risadas, que logo cessam. — Pro inferno a Sakura e o seu altruísmo! — rebato com raiva e incrédulo por ele achar algo assim.

Até parece que uma pessoa que nem me conhece seria bozainha a ponto de querer ajudar alguém simplesmente porque sim. Ela queria fazer isso por algum motivo, motivo que eu não sabia ainda. Mas iria descobrir.

— Você não tem fé nenhuma nas pessoas? — o loiro indaga parecendo emburrado com algo.

— Eu não tenho fé no altruísmo. — corrijo-o. — Você acha mesmo que existe alguém assim? No mundo atual? Eu não sei o motivo que aquela garota tem para querer me ajudar, mas eu ainda vou descobrir.

— Suponho que não vá mandá-la embora até saber.

— Hn. — resmungo irritado pelo loiro descobrir o meu plano que agora não era mais secreto.

Ficamos em silêncio depois disso. É claro que um dos grandes defeitos do loiro é não saber de forma alguma apreciar o silêncio, então ele começa a rir de uma forma deveras bizarra.

— O que é? — indago irritado, porque o maldito não para de rir a mais de três minutos.

— Estava pensando... — uma novidade para mim, Naruto pensar. — Qual seria o motivo dessa Sakura querer ajudar você?

— Sei lá! — respondo irritado com o rumo da conversa.

O loiro sabe bem que eu não gosto de ficar sem respostas, coisa que está acontecendo neste exato momento. Vendo o sorriso debochado de Naruto, provavelmente viria uma resposta nada agradável para mim, também.

— Talvez ela te ama tanto que não aguenta...

Mas que diabos? Fuzilo Naruto com os olhos, praticamente explodindo de raiva e partindo para cima daquele idiota completo. Ele sabe muito bem que não lido bem com essas coisas de declaração e mesmo que isso fosse mentira – o que eu tenho a mais pura certeza de que é – não posso deixar de sentir-me desconcertado e tenso.

— Naruto... — solto um grunhido contido e vejo a palidez chegar no rosto do Uzumaki logo depois que para sua risada escandalosa.

E é bom que fique pálido, porque ele acabara de me fazer perder completamente a paciência.

♦♦♦

— Então quer dizer que eu não posso ver o meu primo? — a ruiva Karin observa o guarda chateada logo que saio dos aposentos do loiro. — Ah, boa tarde, Vossa Alteza! — ela faz uma reverência até a mim, mas não sorrio e nem respondo.

Não queria ser realmente grosso com a ruiva, uma vez que ela é uma das poucas das garotas que eu realmente apreciei a companhia no primeiro contato, mas as insinuações absurdas de seu primo havia tirado qualquer resquício de bom humor em mim por hoje.

— Imagino que Naruto tenha irritado muito a Vossa Alteza. — ela comenta com espontaneidade e um sorriso divertido. — Eu recomendaria que o açoitasse durante duas horas.

Obviamente, Karin havia feito apenas uma sugestão de brincadeira, mas não pude evitar de imaginar a cena do loiro sendo açoitado, o que melhorou – um pouco, apenas – o meu humor.

— É uma boa ideia.

O rosto da prima do loiro ilumina-se com a minha resposta e quase demonstro confusão sobre isso. Não é como se eu houvesse dito algo tão legal a ponto da sua felicidade ser tão grande... Garota estranha.

— É verdadeiramente uma coisa muito cruel eu não poder ver o meu primo... Mesmo ele sendo do jeito que é. — a menina comenta antes que eu pudesse ir embora.

Franzo o cenho da garota, vendo a decepção em seu rosto e abro um sorriso mordaz em sua direção.

— Não é crueldade, é igualdade. — respondo a garota que olha para mim com certa confusão. — Naruto sabe muitas coisas sobre mim.

Na verdade, não acho verdadeiramente que isso fosse fazer alguma diferença, até porque conhecendo o loiro, provavelmente ja havia contado tudo que sabia sobre mim a sua prima, visto o jeito que ela olhava para mim. Como se me conhecesse desde sempre. Só que eu não a conhecia, e isso é bizarro.

Enfim, quem havia proibido fora meu pai e eu não iria o contrariar por algo sem muita importância. Com toda certeza os dois não iriam morrer sem se verem por algumas semanas.

— Eu jamais faria algo assim, Vossa Alteza! — ela exclama contrariada com a situação.

Realmente, não acredito que Karin fosse utilizar algum conhecimento de Naruto – é até engraçado colocar Naruto e conhecimento em uma só frase – para conseguir ser minha esposa. Verdade seja dita, estou convicto de que não irei achar o "amor da minha vida", apenas quero uma mulher que viva em paz comigo e que tenha interesse e conhecimento em política, pois como rege as leis de Konoha, ela reinaria comigo.

De qualquer forma, não irei dizer isso a ela, até porque não é algo típico a se esperar de alguém como eu, um Uchiha.

— Como eu vou saber? — indago com um sorriso mordaz. — Eu não a conheço.

♦♦♦

— E então, o que exatamente eu vou fazer com você? — fito os olhos perolados de Hyuuga Hinata com certo interesse.

Jamais imaginaria que a garota fosse me procurar – é claro que conseguiria, tinha os devidos contatos até no palácio, como filha de uma família influente mundialmente – para dizer que não tinha o mínimo desejo de casar ou reinar Konoha.

Como sempre, a morena parece deveras envergonhada. Desembaraça os fios negros com reflexos azulados com os próprios dedos, um sinal claro de que está completamente acanhada e talvez até mesmo com medo de mim.

— E-eu não sei. — confessa a garota ainda não olhando em meus olhos, como eu faço com ela. — Sei muito bem de que a Vossa Alteza não tem o mínimo interesse em mim... E por ser recíproco eu decidi que iria contá-lo.

— Hn.

Não que eu fosse um homem de muitas palavras, mas a verdade explícita na face da Hyuuga havia pego-me desprevenido e honestamente não sei o que dizer no momento. Ela está certa, é claro, não havia aprovado o seu comportamento. Não é uma personalidade ruim, apenas não se encaixa nos padrões de uma pessoa que governaria um país. Como ela o faria se nem ao menos consegue olhar nos meus olhos sem gaguejar e ficar tão vermelha quanto a cor de seu sangue? No entanto, não poderia simplesmente mandá-la embora. Vindo de uma família extremamente poderosa em todo o mundo, poderia ser uma ideia péssima em mandá-la embora, ao menos tão cedo.

— Você sabe que não posso mandá-la embora agora. — contesto o óbvio e ela assente, agora parecendo um pouco mais relaxada.

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— É verdade. — ela afirma dessa vez com palavras. — Eu entendo que com o poder que o meu pai tem, você não pode simplesmente me descartar. — vejo um resquício de amargura no tom de sua voz. — Só queria deixar claro a minha intenção, embora não tenha a vontade de sair do palácio por agora.

Olho para a garota meio confuso. Se ela não queria nada de mim, o que a prendia aqui? Com dois dias, não consigo imaginar que tenha arranjado algum tipo de amante.

— Por quê?

— B-bem... — dessa vez ela encara meu rosto, mas apenas por cerca de dois segundos. — Eu vivo presa em minha casa, e diferente daqui, não consigo conhecer ninguém. Sempre tive vontade de ter uma amiga. — seu rosto começara a ganhar uma cor avermelhada após confessar a falta de amizade. — É legal, para variar. Posso unir o útil ao agradável e dizer a Vossa Alteza quais garotas são fúteis e interessadas apenas no poder equanto fico aqui.

— E por que diabos, Hyuuga Hinata, você faria isso por mim?

— É apenas um preço a se pagar por continuar aqui... — ela diz com um sorriso pacífico.

— Hn. — compreendi o ponto de vista da garota, embora eu mesmo preferisse descobrir a índole das participantes.

É claro que eu não descartaria a opinião de uma Hyuuga. Embora fosse timida, claramente era perceptível a sua inteligencia, assim como os outros de sua família.

— Obrigada por escutar. — faz uma reverência desajeitada.

— E a sua irmã?

Não pude deixar de perguntar a morena. O que a família Hyuuga pretendia deixando duas herdeiras do líder no palácio de Konoha? Queria ele de toda forma ter algum tipo de influência por aqui? Isso, definitivamente, não é algo de meu agrado. Não poderia deixá-lo com raiva também, no entanto.

— Eu realmente não sei o que dizer. — ouço um suspiro pesado vindo de Hinata. — Meu pai não disse nada sobre isso, mas podemos somar um mais um e descobrir que ele quer uma filha governando Konoha.

— Eu não sou uma marionete do seu pai. — acabo pensando alto, tamanha a irritação que estou no momento em relação a Hyuuga Hiashi.

— Não, Vossa Alteza não é. E como a minha primeira dica sobre as garotas... Não confie em Hyuuga Hanabi. Ela é o fantoche mais flexível de meu pai. — a morena abaixa a cabeça tristonha.

— Entendo. Agradeço a sua dica.

— Até a próxima, Vossa Alteza.

Dessa vez ela não faz nenhuma reverência, e francamente, não dou a mínima.