A Escolhida

Trinta e sete


Uchiha Sasuke

Era ascendente: dez de novembro 1523, Segunda-feira.

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Estupefato foi a primeira reação que tive ao ver Ino e Gaara se enroscando como enguias. Incredulidade foi a segunda, já que demoraram cerca de oito segundos para notarem que estavam sendo observados. Rei de Suna, onde está sua cautela?

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— Eu... Posso explicar. — foi a primeira coisa que Ino diz.

Ela está vermelha e ofegante, fruto do ato libidinoso que os dois fizeram há segundos. Ao escutar o que ela diz, a raiva domina o meu ser. Não consigo entender como ela pode ter uma explicação plausível para o acontecido sem que nenhum dos dois fossem, de fato, culpados. Como podia então dizer algo assim?

— Ah, tenho certeza de que tem uma explicação que vai justificar a traição que fizeste com o teu reino. — a minha voz sai em puro sarcasmo, e Ino fica branca de medo.

Eu entendo a vontade de Gaara. Ino é uma das garotas mais belas que já vi em toda a minha vida. A proporção de seu rosto e corpo é perfeita, como se fosse desenhada por um artista em evidência. Mas isso não é motivo para acontecer o que aconteceu. Gaara é um rei que acaba de fazer uma aliança comigo, o príncipe. Em menos de uma semana, já está em uma situação íntima com uma das minhas pretendentes. Não me importo com Ino, no geral. Já ia mandá-la para casa, de qualquer forma. Mas o significado que isso poderia ter caso esse ocorrido seja de conhecimento geral é inadmissível. Vergonha cairia sobre Konoha, principalmente a mim. E a Gaara, uma confiança contestável.

— Vamos conversar em um lugar apropriado. — Gaara nos pede após pigarrear.

Quando andamos em direção a fora do salão, Ino tem a audácia se tentar ir para outro lugar.

— Você também participará da conversa. — digo, ríspido, e ela abaixa a cabeça.

Quando chegamos a uma sala muito bem isolada do evento, Gaara se senta em uma cadeira de mogno acolchoada.

— Tens noção da desgraça que cairia em Konoha e em sua reputação com esse deslize de luxúria? — indago, firme e direto.

O meu tom não é mais tão apossado de ira, mas de repreensão. Duvido muito de que ninguém mais viu a cena, e sei que isso está passando na cabeça de Gaara nesse momento.

— Bebida em excesso faz isso com as pessoas.

Tenho vontade de socá-lo. Como pode dar uma resposta tão imatura? Que criação este rei teve?

— Tenho de lembrar que és o rei de Suna? Não tens o direito de ser imaturo, independente de qual sejas a tua idade.

Gaara se enfurece com a minha indagação, sinto em seu rosto. Mas não posso deixá-lo controlar a situação, pois ele é o culpado e não a vítima. Em paralelo, Ino fica observando a nossa discussão com os olhos arregalados e os lábios entreabertos.

— E eu tenho de lembrá-lo que está em meu domínio, e que mereço mais respeito?

Touché. Um fato, mas que ainda não justifica nada. No jogo do poder, as aparências significam mais do que deveriam.

— Queres falar de respeito com o que aconteceu? Sabes que a nossa aliança virará uma chacota com tudo isso. Não estou bravo apenas por Ino, mas pela consequência deste ato.

— Eu estraguei tudo? — Ino pergunta.

Não a respondemos. Embora não seja de todo uma verdade. Não sei o que aconteceu exatamente, mas a culpa cai nos dois, pois ninguém foi forçado. Na verdade, a culpa deveria cair mais em Gaara, por ter tido uma educação própria para esse tipo de situação não acontecer.

— Basta. Já entendi e concordo. O que sugere, príncipe de Konoha?

Não sou o melhor estrategista do mundo, mas a situação tem apenas um único escape.

— Sugiro matrimônio.

O olhar de surpresa de Ino é cômico. Eu poderia rir disso, mas como sou um Uchiha, permaneço impassível.

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— Eu mal o conheço! — exclama Ino.

Reis e rainhas geralmente não se conhecem tanto antes do casório. Infelizmente, é realidade no mundo inteiro. Não poderia fazer nada sobre isso.

— Também não me conhecia. — digo a Ino.

Ela parece tentar encontrar alguma justificativa, mas aparentemente está sem saída.

— Eu não sei nem falar a língua de Suna.

— Podes aprender. Se ambos se unirem em um casamento, aquela cena não será nada. Apenas era um segredo que foi descoberto. Vocês se amam tanto que não conseguiram se segurar. — a última frase foi sarcástica, o que fez Gaara soltar uma risada fraca.

— Seria romântico para a população. E fora a escravidão, um motivo bom para fazer as pazes com Konoha: se apaixonar por uma mulher. Hah, soa como um livro de romance!

De fato, daria uma boa narrativa para uma história de amor. Mas isso fica para a imaginação da população de Suna, e talvez do distrito de Ino.

— Mas não somos apaixonados! — Ino diz entredentes. — E mal nos conhecemos. Foi um ótimo momento, é claro, mas...

Não compreendo o desespero de Ino. Ela havia aceitado se casar comigo, a quem nunca havia visto ou conversado. Talvez estivesse receosa do choque cultural?

— Ino... Atos íntimos com o soberano de um país não aliado é crime, se for relacionada com alguém da corte real. A aliança ainda não fora concretizada, então Suna é hostil a Konoha. Está na lei. Como não és rainha, não seria a execução a tua consequência, mas tu deverias ser presa, pois está parcialmente comprometida com o príncipe. Isso foi dito a ti antes de ir para o palácio Uchiha, de certo. Casar com Gaara irá lhe deixar livre, mas em outro país. Tens o direito de escolha, é claro.

Ino, vendo que não tem uma saída mais amigável, engole em seco. Sinto uma pontada de dó, mas não tem muito o que se fazer. Ela foi sortuda em conseguir burlar a lei.

— Não te preocupes, querida, não irei lhe cobrar fidelidade. Nem nos conhecemos direito. Mas não pode cobrar isso também. — sinto um asco ao ouvir a voz rouca e cheia de sotaque de Gaara falar em tom de flerte.

Como se eu tivesse presenciando uma conversa particular. E eu realmente não queria saber nada do relacionamento aberto ou fechado dos dois.

— Terei aulas para falar a língua de Suna? — Ino parece mais familiarizada com a opção; até sorri.

— Sai se encarregará disto. — Gaara fala, como se algum de nós soubéssemos quem, com todos os diabos, é Sai.

Com o assunto resolvido, decido finalizar a minha noite. Imagino que Gaara queira conversar com os seus estrategistas também sobre o assunto. Talvez os termos mudem um pouco, mas no final das contas, o casamento deve mesmo ser feito. Não há outra saída.

— Então está decidido. Irei me retirar por hoje. Os dois podem conversar sobre seus próprios termos, desde que não interfira mais em Konoha. — dito isso, saio da sala, esgotado.

O final da noite fora uma tremenda dor de cabeça. Fico imaginando a cena em que Naruto fará quando descobrir o escândalo que aconteceu. E meu pai... Estaria bem? Vivo? Gostaria de vê-lo novamente.