Sternschnuppe
Capítulo Único - Sternschnuppe
Primeiro, veio a sirene. Longa, cadenciada, irritantemente alta. O pânico se espalhara por todos, e era um tumulto só. As ruas de paralelepípedos recebiam o som de centenas de pares de pés correndo e se atropelando, às vezes pisoteando seus amigos e vizinhos, apenas em busca de sua própria sobrevivência.
Ó maldita ganância humana! Os oficiais com braçadeiras vermelhas tentavam conduzir a multidão, mas mal notavam os que foram deixados para trás. Uma mulher e sua filha corriam para alcançar os outros, mas sempre que encontravam algum abrigo, ou um porão profundo o suficiente, já estava lotado de gente.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Era tarde demais. Os oficiais estavam se recolhendo, e os retardatários como elas corriam em círculos, procurando algum lugar para ficar. Mas a mãe sabia que era inútil. Até achar algum abrigo, já teria começado o momento de terror.
Com cuidado, ela se encolheu sob a marquise de uma alfaiataria, abraçando a pequenina em seus braços. Os olhos azuis puros e inocentes olharam para o céu estrelado com admiração.
- O céu está tão bonito hoje, não é mama [mamãe]?
- Lindo, mein liebe [meu amor]. - Ela sorriu, com sofrimento nos olhos.
- Você lembra quando nós sentávamos com o papa [papai] na varanda de casa e você me ensinava as constelações?
- Lembro, mein liebe - a mulher disse, sorrindo. Eles faziam aquilo quando seu marido ainda estava vivo. Maldita guerra, maldita braçadeira vermelha que seu marido teve que usar, malditos Aliados, maldito Führer.
A culpa da guerra nunca é só de um lado. Todos que fazem guerra estão errados, inclusive aqueles que são vistos como heróis para o resto do mundo. Todos que fazem guerra cometem atrocidades.
A mãe apertou sua filha entre os braços, esperando a morte. Sua filhinha continuava a olhar as constelações e a nomeá-las.
- Olha mama, aquela não é a Kleiner Bär [Ursa Menor]?
- Ja [sim], mein liebe. - Ela não estava prestando atenção, só se concentrava em sentir a menina loira nos seus braços.
- Mama!- ela a chamou.
- Ja?
- Faça um pedido, mama! Veja, veja, uma estrela cadente! - A filha sacudia a mãe, que ergueu a cabeça para o céu.
De fato, um cometa cruzava o céu naquele momento. A mulher sorriu, e pensou "Eu só quero paz".
Foi quando ela ouviu as turbinas dos as aviões. Mais um rastro de luz cruzou o céu, mas ele caía diretamente na direção delas.
- Outra estrela cadente, mama! - gritou a menina, empolgada - Faça outro pedido!
- Não é uma estrela cadente, mein liebe.
- O que é então? - perguntou a menina, confusa.
- É o que vai realizar meu desejo. - Foi a última coisa que disse antes do bombardeio atingir a cidade.
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